O JORNAL QUE RI Nº 35 JUN 2023 HQ Os Grifos, do Bira Dantas PÁGINAS 21,22,23 SOLUÇÃO: CPI DA LACRAÇÃO ERNANI SSÓ American Way of Life PÁGINA 17 POR AQUI O Rio Grande está à venda PÁGINA 13
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Páginas
| GRIFO 35 JUN 2023 | 2 | editorial
Por uma única CPI
As CPIs do Brasil:8 de janeiro, MST,Apostas esportivas, Americanas, Criptomoedas.
Todas propostas pelos paladinos da honestidade, que votaram contra a equiparação salarial entre mulheres e homens. Arthur Lira se esbalda na criação delas, para acomodar diferentes partidos em várias funções (e, quem sabe, talvez, teoricamente, ter boa base numa eventual sucessão a Lula. Vá que, né?).
Os proponentes também têm seus motivos nobres e democráticos: fazer reels e memes detonando governo, saúde, educação, qualquer coisa que melhore a vida dos brasileiros. A tática foi treinada e praticada quase diariamente nos cinco meses do ano: os primeiros 30 minutos dos trabalhos parlamentares de cada sessão são ocupados pela extrema direita com seus discursos lacradores. E assim essa coisa vai se retroalimentando (o pessoal que acreditou que se comunicaria com extraterrestres pela lanterna do celular no dia seguinte passou a acreditar em outra coisa e até agora não houve tempo para pensar no que mesmo está acreditando).
Lira, instaure a CPI da Lacração, convoque influencers para deporem sobre as técnicas geradoras de cliques e adesão de seguidores. Uma CPI integrada apenas por lacradores. Um lacrando o outro. Influencers lacrando deputados, senadores zoando influencers, tu mesmo, Lira, teria o direito de lacrar Rodrigo Pacheco, e ele te zoaria.
O Grif0
Jornal de humor e política,desde outubro de 2020.
Eletrônico, mensal e gratuito.
Publicação de cartunistas da Grafar (Grafistas Associados do RS)
Editores: Celso Augusto
Schröder e Marco Schuster.
Editores adjuntos: Celso
Vicenzi e Gilmar Eitelwein
Editor gráfico: Caco Bisol
Mídias sociais: Lu Vieira
Participam desta edição: Rio de Janeiro: Latuff, e Miguel Paiva, Vitor Vannes
Rio Grande do Sul: Bier, Carlos Roberto Winckler, Donga, Edgar Vasques, Ernani
jornalgrifo@gmail.com
Ssó, Eugênio Neves, Fabiane Langona, Gilmar Eitelwein, Jeferson
Miola, Lu Vieira, Máucio Rodrigues, Moisés Mendes, Santiago, Schröder, Uberti
Santa Catarina: Celso Vicenzi.
Roberto Campos Neto daria um ótimo depoimento sobre lacrar a economia com juros altos. João Paulo Lehmann defenderia as vantagens da concentração de renda. Roberto Salles peroraria (ah, eles peroram) sobre o lucro que o país teria vendendo madeira bruta. Quem sabe Damares Alves, usando rosa, colabora com sua argúcia sugerindo uso de réplicas plásticas para criticar o aborto?
Enfim, são tantas possibilidades, que nem precisaria de outra CPI.
Apenas uma grande e única CPI
Grifo do Eugênio Neves
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São Paulo: Bira Dantas, Jota Camelo, Mouzar Benedito Expediente
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Nossa lacração jamais será vermelha!!! (disse um bolsominion)
No Brasil das CPIs, a taxa de juros continua alta, uberista faz greve com apoio do governo, fakes news continuam sem lei, grandes empresas jornalísticas fazem entretenimento e negócios sempre e às vezes jornalismo, e a direita faz arruaça.
O mês é do trabalhador, que virou empreendedor sem determinar seus lucros, que não existem, e quem ganha dinheiro mesmo são os gestores de aplicativos de comida, transporte individual ou informação, e especuladores acomodados em salas climatizadas e confortáveis.
De vez em quando tem um golpe numa cadeia de lojas, que quase vai à falência, mas os proprietários ficam mais ricos ainda. Down, down, down, no high-tech society.
Num dia qualquer, se descobre ajudante de ordens depositando dinheiro vivo na carteira de uma distraída ex-primeira-dama, que tam-
bém não percebe um pote de jóias num canto da cozinha. Tá certo que não eram os anéis de Saturno, mas não é coisa tão discreta.
Outro dia, um sujeito é nomeado para uma superintendência regional e, ó, surpresa, descobre-se que além de aliado do antigo governo, o cara é inimigo do atual. E aceita o cargo!!!
Toda semana, o Congresso convoca alguém do governo, e a preferência é Flávio Dino, para prestar esclarecimentos. Os depoimentos são bons, mas a divulgação da verdade não chega a todos. Muita gente recebe a informação de que parlamentares da oposição lacraram os ministros.
No Brasil de congresso e imprensa condicionados pela direita, um parlamentar tentou presentear o ministro Silvio Almeida, numa dessas sessões de esclarecimento, com um feto de plástico para simbolizar a luta contra o aborto (mais uma lacração).
Piores que cobra cascavel, Rita Lee.
| GRIFO 35 JUN 2023 | 3 | CPI da Lacração
O Vírus do Fascismo
Miguel Paiva
É como aquela doença que custa a ir embora e às vezes vai, mas fica sempre o vírus no ar. É isso. O fascismo é um vírus que não desaparece. Nós o evitamos com os cuidados a serem tomados e as vacinas existentes. A melhor de todas é a Democracia, com seu antídoto e elementos que evitam o mal maior. Você não fica curado, mas pode viver a vida toda com sustos previstos que te obrigam a estar alerta.
É assim que estamos tentando reconstruir um país, entrar na rota do crescimento novamente, eliminar a fome e outras situações vergonhosas e exercer o direito à cidadania que nos foi roubado faz um tempo.
Os fascistas não desistem. Dependendo da competência deles podem ser mais perigosos. Ainda não conseguimos classificar os nossos. Demonstram incompetência próxima ao cômico, mas ao mesmo tempo usam e fazem propaganda das armas, matam,
agridem, ofendem e abusam das redes sociais. Continuam nos ameaçando com mentiras e com a total ignorância dos fatos e da realidade. Não querem saber e como bom gado que são só escutam o patrão. Bolsonaro bate direto no desejo deles com aquela ignorância, rudeza e violência peculiares. Roubam, se apoderam, desvirtuam com tamanha desfaçatez para satisfazer essa parcela do eleitorado que se formou na ignorância, na falta de civilidade e de humanismo.
São pessoas duras, sem sensibilidade e sem projetos coletivos. Vivem a vida sem propósito maior que pisar no próximo para tentar subir um pouco mais nessa escada ilusória da classe média fascista. Eles formam a base de apoio não político, mas prático de uma ideologia da violência. Mal sabem eles que não serão nunca beneficiários de um eventual sucesso no poder. O fascismo beneficia uma casta pequena e comandante da economia de mercado que não necessita da ajuda da classe média para
sobreviver. Vive da especulação de um dinheiro que, aí sim, a classe média ajuda e contribui, mas não vê retorno, ou melhor não tem cashback, para usar um termo que eles adoram.
A democracia é inimiga mas é quem os elege. Eles usam, abusam, exigem que a democracia funcione para que eles tomem o poder. Criticaram a manobra parlamentar que o Senador Randolfe usou para aumentar a participação do governo na CPMI. Ora, ora, o que eles queriam? Colocar os próprios investigados para investigar? É assim que eles agem. Usam as prerrogativas democráticas para desvirtuar e ao tomar o poder acabar com ela. Já vivemos isso na tentativa de implantação do governo Bolsonaro, na eleição democrática ameaçada e na tentativa de golpe. O fascismo é esse vírus. Está ali na virada da curva espreitando. Assim como nos vacinamos contra a Covid vamos atualizar a vacina da democracia como único método eficaz de evitar essa doença.
| GRIFO 35 JUN 2023 | 4 | CPI da Lacração
| GRIFO 35 JUN 2023 | 5 | CPI da Lacração
| GRIFO 35 JUN-2023 | 6 | CPI da Lacração
| GRIFO 35 JUN 2023 | 7 | CPI da Lacração
Um tiro de CPI no próprio pé
Jefferson Miola
A oposição bolsonarista fabrica pedidos de impeachment do presidente Lula e pede CPIs contra o governo na mesma proporção com que produz mentiras e dissemina discursos violentos e de ódio. Nos últimosdiasos ultradireitistas conseguiram emplacar duas CPIs: a do MST, totalmente sem fundamentolegal;e a da intentona golpista de 8 de janeiro. Para isso, contaram inclusive com apoio de parlamentares desleais, de partidos que comandam ministériosno governo Lula.
A extrema-direita não debate projetos para o país, até porque a comparação com o desastroso governo fascista-militar que jogou o país no precipício a deixa em inapelável desvantagem.
Por isso, no lugar de uma oposição racional e programática, continua empenhada na guerra fascista contra a democracia. Esta guerra não cessou com a derrota da chapa militar na eleição de outubro passado e está bem longe de acabar. No Congresso e no debate públiconas redes sociais e mídia, essa extrema-direita age como uma malta de baderneiros dispostos a destruir tudo o que encontram pela frente; a começar pela destruição da verdade factual e histórica.
No seu estado de transe permanente, os bolsonaristas tinham a ilusão de que com a CPI dos atos golpistas conseguiriam substituir a realidade dos acontecimentos pela “narrativa” delirante de que o governo foi deliberadamente omisso e, pasme, teria estimulado um autogolpe!
O governo Lula nunca temeu esta CPI.Apenas evitava sua instalação
por considerar que a responsabilização dos criminosos, já em curso no âmbito da PF e do STF, liberaria o Congresso Nacional para canalizar toda a energia política e a agenda institucional no enfrentamento das graves urgências nacionais ao invés de se distrair com espetáculos grotescos armados pelos fascistas.
Agora que a CPI foi aprovada, os bolsonaristas dão sinais de que poderão recuar. Inventam todo tipo desubterfúgio para retardar sua instalação. Perceberam, enfim, que a CPI é um tiro no próprio pé. Imagine-se o enredo fabulosoque poderá ser escrito a partir de depoimentos de exemplares representativos da família militar, a começar pela Dona Cida, esposa do general conspirador Villas Bôas e contumaz frequentadora do acampamento criminoso no QG do Exército, onde orgulhosamente proclamava o grito de guerra “Selva!”.
É extensa, também, a fila de oficiais de altas patentes, da ativa e da reserva, principalmente do Exército, que deverão ser convo-
cados para tentarem explicar o inexplicável – dentre outros, os generais Braga Netto, Júlio César Arruda, Henrique Dutra, Augusto Heleno; o coronel Élcio Franco; os tenentes-coronéis Mauro Cid e Fernandes da Hora e uma longa lista de militares delinquentes que se assemelham a milicianos fardados.
A CPI pode ouvir, também, delinquentes civis. Neste rol se enquadram o ministro do TCU Augusto Nardes, que se reunia na caserna e conhecia de perto a conspiração, assim como Anderson Torres, parlamentares, ativistas digitaise financiadores do terrorismo.
E, por óbvio, o banquete de depoimentos de elementoscriminosos envolve, naturalmente, o miliciano Bolsonaro e seu clã.
Se pudessemvoltar no tempo, é provável que os fascistas teriam desistido da péssima ideia de CPI. A estratégia rocambolesca deu errada.
Se a CPI for de fato instalada, a extrema-direita ficará ainda mais desnuda, com suas vísceras golpistas totalmente expostas.
| GRIFO 34 ABR 2023 | 8 | CPI da Lacração
Extrema direita na América Latina
Carlos Roberto Winckler
Um espectro assombra e seduz o mundo capitalista, a emergência de novas formações de direita radical, que lembra a transição para o fascismo nos anos vintetrinta do séculoXX. Após a crise de 2008, com o declínio relativo do modelo neoliberal e as questões recolocadas pela epidemia da Covid surge uma transição ideológica, onde se reorganizao discurso. Termos como “soberania”, “segurança” e “estabilidade” retornam ao léxicopolítico como demandas políticas as quais se pode dar respostas políticas diferentes.
Para a direita combina-se proteção dos proprietários, a defesa do nacionalismo e individualismo; para a esquerda, neoestatismo, proteção social com reforço da noção de solidariedade e politicas ambientais. No limite, pode emergir pela direita uma espécie de estado social fascistizante e etnicamente exclusivista, um chauvinismo de bem estar como propugnado pelo atual primeiro ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, e pela primeira ministra da Itália, Giorgia Meloni, do partido Fratelli d’Italia. Isso caso se considere a Europa. Na América Latina tem-se a “estranha não morte do neoliberalismo”, defendido pelas elites locais e pela alta classe média com apoio de setores populares e de classe média empobrecidos, capturados pelo individualismo, reforçado pelo conservadorismo moral difundido por igrejas neopentecostais e esferas católicas. A retomada do progressismo reformista em anos recentes, mais tímido em relação ao dos anos dez desse século, realiza-se em meio à desconfiança das instituições políticas, à fragmen-
tação partidária, ao declínio da direita tradicional e crescimento da ultradireita, que acusa a direita tradicional de tíbia no enfrentamento à esquerda reformista, criminalizada, acusada de comunista e de fraudar eleições, não bastasse aestigmatização, pela extrema direita, de determinados grupos como responsáveis pelacrise. Nesse sentido, há uma “internacional do ódio”, com um discurso unificado em encontros internacionais,think tanks e fundações. A Carta de Madrid é a síntese desse projeto, potencializado pelas redes sociais. Como projeto está alinhado aos
EUA- é também uma crítica a crescente presença chinesa na região - e à ultradireita européia, em particular à instituições ligadas ao Partido Vox da Espanha, que articula alianças na Europa e que tem estreitos laços como o trumpismo, com a extrema direita brasileirabolsonarista, a direita peruana e o uribismo na Colômbia. Mais recentemente emergem outras estrelas, José Antônio Kast – um dissidente da direita chilena tradicional que retoma o ideário pinochetista e que perdeu por pouco a eleição presidencial no Chile, um dos responsáveis pelo controle pela direita e ultradireita do Conselho Constituinte recém eleito no Chile; o economista Javier Milei do partido La Libertad Avanza quealcançou 19% dos votos em Buenos Aires em eleições intermediárias, apontado em pesquisas eleitorais como favorito na próxima eleição presidencial. Se autodeclara anarco-capitalista, com discurso messiânico, e se vê como “homem branco, loiro e de olhos azul claros”.
No limiar do rompimento da relação entre capitalismo e democracia liberal como conhecemos na América Latina? Nossos vizinhos tem algo a nos advertir.
| GRIFO 35 JUN 2023 | 9 | por lá
| GRIFO 34 ABR 2023 | 10 | por lá
Quem diria? É mais seguro ser nazista em Blumenau do que em Kiev.
Algumas pessoas contraem matrimônio. Outras, covid, HIV, peste bubônica...
Paciente - Não posso me distrair com aquela gente! Urologista - É, abre bem o olho.
O preço do extintor de incêndio, em Brasília, já ultrapassou disparado o do gás.
Um bozolento foi provar que a fome o obrigava a comer cachorro. Perdeu uma orelha, um olho, uma bola, quatro dedos e levou 247 pontos.
A grande imprensa pensa que Bozó precisa de droga pra ter confusão mental...
Bozó “incorporou” mais de 9 mil itens da República ao acervo pessoal. E eu, que não incorporo nem a Pomba Gira, vou em cana!
Entendam: como é que eles iriam mobiliar 51 imóveis sem saquear o Planalto?
Quem votou em Bolsonaro não tá autorizado a chamar o Rei Charles III de parasita.
Abra livros e pernas e o mundo será melhor.
Estudando línguas mortas: latim, grego antigo e português.
Vai faltar Papuda nesse papo...
Você já imaginou o que tudo cabe dentro de um etc?
Fernanda entrou no bar, sentou-se com a gente e disse que teve um sonho muito estranho. Pior: que havia machucado a cabeça contra a cabeceira da cama. A trama a levou a pular sobre uma criança no meio da rua pra evitar o atropelamento, e a marca do sonho era um galo na sua testa. A conversa derivou pra sonhos e seus sobressaltos. Quem lembrava de algum? Duca saiu na frente.
- Eram soldados fardados de vermelho seguindo um superior a cavalo. Amarrado pelas mãos, eu caminhava atrás da montaria sob a vaia do populacho. Um dos guardas da escolta apontou a baioneta e veio em minha direção. Aquele cara me odiava desde a infância. Desviei o ataque com um pontapé. Na segunda investida, defendi o golpe com mais força e derrubei seu fuzil. O dedão do meu pé esquerdo destroncou. Aí eu acordei. Tinha chutado a quina do baú que tava ao lado da minha cama.
Fez uma pausa, suspirou e concluiu: - É por isso que agora eu tô mancando.
METEOROLOGIA
Calor imenso Se anuncia
Tua lembrança
Me abre em janelas
Voam cortinas em ondas Que me inundam
De frios na barriga .........
LEMBRANCINHA
Teu cabelo
No meu travesseiro É um fio perdido
Involuntário
Desenha teu rosto Sobre o tecido
| GRIFO 35 JUN 2023 | 11 | diabo rosa | bier
| | 12 | cartumundo GRIFO 35 JUN 2023
Vai tudo pra privada
Uma grande disputa no Rio Grande do Sul é sobre quem privatiza a água mais cedo. O governo do Estado saiu na frente, e já no ano passado leiloou a estatal (Corsan) que cuida da água e esgoto da maioria das cidades gaúchas. Um leilão tão suspeito que foi cancelado em novembro e segue em debate judicial.
A prefeitura de Porto Alegre, uma das poucas cidades do estado que têm estrutura própria (DMAE) para água e saneamento, está correndo para entregar à iniciativa privada uma empresa que já foi modelo nacional. Claro, primeiro, houve um sucateamento lento para justificar a venda.
O prefeito, que não se incomoda com apelido Melonaro, atua em outra frente como igual esforço predatório: deixar a administração do Mercado Público, um prédio do século 19 que reúne pequenos comerciantes de alimentos, com uma empresa privada. A melhor que frase ilustra essa política é da Corsan. Ao ser questionada sobre abastecimento, saiu-se como essa: “Estamos fazendo o possível para corrigir o problema, mas quando privatizar, vai melhorar”.
| GRIFO 35 JUN 2023 | 13 | por aqui
Globo News inconformada porque “mercado” reage bem com anúncio da nova política de preços da Petrobras, que teve aumento nos preços de suas ações.
Mãos e olhos para o alto após os gols, beijos em correntinhas ou escapulários e agradecimentos a Jesus nas entrevistas podem ser sinais evidentes de participação no esquemão de corrupção do futebol brasileiro.
Polícia militar do Rio Grande do Sul disputa excelência nacional. Tem 100% de letalidade, ninguém que cruza à sua frente escapa vivo. Índices são muito superiores aos de situação de guerra.
Cristina Ranzolin em êxtase por mais um Cristo de concreto construído no Rio Grande do Sul. A cisão no cristianismo se deu exatamente em função do uso da idolatria que se afasta da doutrina. Mas para o telejornalismo gaúcho este debate é extraterrestre.
Confusa articulação e jabuti indecente enterram PL da Fake News. Tentativa de misturar regulação e taxação inviabilizam projeto e obriga governo a tirar taxação. Negar regulação faz parte da natureza das empresas de comunicação, nacionais ou internacionais, analógicas ou digitais.
RBS- Bem pra ti. Certamente por descuido meu não conhecia o slogan da RBS e imagino que ele deva significar alguma coisa.
Os Beatles são incríveis. O filho do Paul McCartney, por exemplo, é mais velho do que o pai.
Fraldão em falta
Valdemar Costa Neto, o boca de gamela, é um pândego. Criou um partido para extorquir dinheiro nas horas vagas da troca de cheques com a Michelle . Se diverte falando bobagens e contando causos. Agora diz que Bolsonaro é acima da média e afirma que as acusações de roubo de joias, genocídio e tudo o mais não colará na candidatura(?) de Bolsonaro. Ele fala com conhecimento de causa, sabe que moralidade não é exatamente a qualidade de sua tropa.
A foto de Dallagnol, cassado sumariamente de seu mandato pelo STF, rodeado por Bibo Nunes, Eduardo Bolsonaro, uma valquíria nazista e uma quadrilha de respeito parece demonstrar que ética, para o bando, é apenas uma etiqueta falsa a ser removida. Como não é mais possível supor que a adesão a Bolsonaro ainda se dê por ignorância ou desinformação é legítimo afirmar que não há antídoto para os zumbis contaminados. Como os personagens de Romero, o que restou em torno do ex-presidente são inumanos sedentos de sangue e carne humana criados pela mídia maniqueísta, embalados pelo fim da política e amamentados pelas tetas do fascismo digital.
A cassação do mandato de Dallagnol é mais do que a justiça finalmente se apresentando. A perda de mandato do imberbe procurador neopentecostal revela a possibilidade da sociedade brasileira se reencontrar com a verdade, a racionalidade e, principalmente, o sinal de que o fim do Moro também se aproxima. Daí sim a justiça se realizará.
quer que eescreva?
| GRIFO 35 JUN 2023 | 14 | quer que desenhe? | schroder
Kayser
| GRIF 35 JUN 2023 | 15 | tirasaqui, botas ali
BIOMA PAMPA Celso Schröder
BLAU Bier
Lu Vieira
AEDES, O MOSQUITO DENGOSO João Xavier e Diomar Konrad
MORGANA, A BRUXINHA Celso Schröder
RANGO Edgar Vasques
| GRIFO35 JUN2023 | 16 | tirasaqui, botas ali
Fabiane Langona
American Way of Life
Com tanta notícia sobre a guerra na Ucrânia, lembrei de velhas séries, tipo Papai sabe tudo e Caravana para o oeste Lula fala em paz e Biden faz cara de que lida com os Três Patetas em um. Pior, boa parte da imprensa, lá e cá, faz o mesmo e até alerta para retaliações gringas. Todos fingem que Lula não sabe quem ganha e por que com a guerra e exibem a pose da inocência e da sapiência em preto e branco do papai e do guia da caravana. Não é típico do american way of life?
Segundo os americanos, o modo de vida americano é o melhor. O macaco desceu das árvores pra ser americano. A democracia seria apenas uma palavra sem o modo de vida americano. A democracia é o modo de vida americano em ação, por excelência. Dizer, como Freud, que eles deviam trocar a estátua da liberdade pela de um macaco abanando com uma Bíblia (faltou uma pistola na outra mão), é coisa de ressentidos.
Sei não. Em Caravana para o oeste vemos gente boa, que só quer um cantinho pra viver em paz, atacada por índios impiedosos. O fato dessa gente boa ter roubado a terra deles, ter violado todos os tratados propostos por ela mesma e matado milhares a bala, ou de doença, ou de fome, nunca entra na conta. Quem dera isso fosse só falta de noção dos roteiristas.
A terra da liberdade e da oportunidade tem a maior população carcerária. Quase toda preta e pobre. Às vezes soltam
um inocente, depois de uns 30 anos, porque se descobriu que as provas tinham sido forjadas pela polícia. Não lembro de nenhum inocente branco. Os brancos estão habitualmente entre os que forjaram as provas.
Mas eles, ao contrário de nós, punem exemplarmente os corruptos. Como na big fraude de 2008, lembra? Os culpados receberam uma grana preta pra investir na recuperação da economia. Investiram distribuindo a bufunfa como bônus entre seus executivos.
Um diploma de um universidade americana é prova de inteligência, garante a entrada no céu e, dizem, cura piorreia. Apenas o modo de vida americano explica que gente com evidentes transtornos mentais como Bush e Trump se formem por
elas: podem pagar as mensalidades milionárias. Outro coisa maravilhosa do modo de vida americano, na área de educação, são os massacres em escolas. Parece inclusive haver um campeonato entre os assassinos pra ver quem mata mais em menos tempo.
O modo de vida americano leva milhões à obesidade mórbida. Hambúrguer é iguaria, Coca-Cola é hidromel. Isso, mais o cidadão transformado em consumidor, é a moldura da felicidade. Enfim, o que houve quando a caravana chegou no oeste? Seguiu pra Hiroshima e Nagasaki, pra Coreia, pro Vietnam, pro Oriente Médio – complete a linha pontilhada. Os métodos usados são os mesmos aplicados aos índios, somando alguns milhões de mortos. Esperar o que de um país que fez da guerra seu melhor negócio? O orçamento militar (57 centavos por dólar) é muito maior que os orçamentos da Educação e da Saúde.
Podemos parafrasear Sartre, na lógica do modo de vida americano: os genocidas são os outros. Ai de você se botar no mesmo balaio um escroque como Putin, um palhaço corrupto como Zelensky e a atual reencarnação do papai sabe tudo.
| GRIFO35 JUN2023 | 17 | borracheiro&exorcista | ernani ssó
Na sina dos desassistidos
José Weis
Salvar o Fogo é o novo romance de Itamar Vieira Junior, publicado pela Editora Todavia (São Paulo,2023), desde já é um dos mais aguardados do ano. O livro anterior,Torto Arado (2020) foi laureado com três importantes prêmios literários, LeYa,Oceanos (Portugal) e Jabuti de romance, Brasil. Baiano, nascido em 1979, Itamar Vieira Junior é geólogo e doutor em Estudos Étnicos e Africanos pela UFBA. Essaformação, seu trabalho e vivências estão à flor da pele dos textos. O autor tem sua atenção voltada ao que define como a “sina dos desassistidos”. E prossegue : “as vidas àminha volta se projetaram entre luzes e sombras, e é essa alternância que conduz pelos meandros a escrita” , afirma em um dos texto do material de divulgação da Editora Todavia.
O bem recebido Torto Arado descreve a dura realidade de um Brasil profundo, esquecido, porém há em toda a narrativa a memória viva das comunidades descendentes
de quilombolas e sua luta por dignidade e pela terra onde sobrevivem há gerações. Essa história revelou um autor que já é considerado um dos primeiros clássicos brasileiros deste novo milênio, no uso da linguagem, da maneira como criou seus personagens, em especial as mulheres, pela força da linguagem inovadora.
Em Salvar o Fogo as temáticas desenvolvidas no livro anterior se aprofundam à medida que o cerco e a violência dos donos do poder, sejam eles grandes proprietários e sua ganância, políticos aproveitadores da miséria alheia e até eclesiásticos.
Em cena, uma família nordestina, seus segredos, pequenas vitórias em meio a uma diáspora conhecida de todos que vivem de uma forma severina: "... concluíram que os pobres não tinham direito sequer à própria cova. A terra jamais seria dos pobres, nem mesmo depois de mortos” (pág. 219), como não lembrar de João Cabral de Melo Neto e seu famoso poema. Mas há outras situações que reafirmam uma tradição e ao mesmo tempo uma atualização da tragédia do povo esquecido daquela região: “Era tudo uma rudeza de gatos, porque o mundo tinha nos tirado em algum tempo o desembaraço de manifestar o que éramos capazes de sentir” (pág.97) recriando situações descritas pelo mestre Graciliano Ramos, em Vidas Secas, quase um século atrás. Aliás, a pa sagem do tempo também chama a atenção o recurso utilizado por Itamar: “Minha mãe morreu no dia de São José” ou “eu volto no tempo de São João”, estas referências a datas da religião católica se devem à presença de uma congregação religiosa que domina a comunidade de Tapera. Por sua vez, todos vivem à margem do Rio Paraguaçu.
É onde se encontram os perso-
nagens Moisés, Luzia, Maria Cabocla e os demais. Sempre são mulheres que têm a força e coragem para enfrentar o poder e a prepotência dos que querem impor e decidir sobre onde e como devem viver os excluídos.
A violência dos que decidem tudo na base de um discurso simplificado “nossas terras, nossas regras”, ainda tão presente neste Brasil afora que Itamar Vieira Junior vem denunciando nos seus livros. O próprio escritor denomina como “uma trilogia da terra, não são narrativas voltadas para um tema em particular, contudo tentam acessar uma percepção mais abrangente da Historia. Nossa formação social foi atravessada por eventos duradouros de violência”. Essa forma de escrever, contundente e ao mesmo tempo elegante, suave é uma característica dos textos de Itamar. Temos um autor que renova mas não esquece dos que vieram antes para contar a história de um povo sofrido há séculos neste Brasil que sempre tenta se reinventar para melhor, no entanto mas parece nunca sair de um lugar e de um tempo circulares.
SALVAR O FOGO (Editora Todavia, São Paulo, 2023, 320 páginas)
| GRIFO 35 JUN 2023 | 18 | periodista restaurador| zé weis
wwPaulo de Tarso
Agora, faz falta você
Nascida em 31 de dezembro de 1947, Rita Lee Jones adotou uma data própria de aniversário: 22 de maio, dia da padroeira Santa Rita de Cássia. Ela que sempre brincou com esse fato, nos deixou para sempre no dia 9 de maio. Fica o legado de alguém fundamental na história da música brasileira, uma rica discografia e alguns pioneirismos. Como, por exemplo, o de ser a primeira a tratar de temas como o poder feminino e os prazeres do sexo. Sem falar em política, a obra da corintiana Rita era política na veia, transgressora, avançada, sempre à frente de seu tempo. Foi revolucionária, sim. Já imaginou quantas vezes você, caro(a) leitor(a) namorou ao som de Rita? Achava cafona o título de ‘rainha
do rock brasileiro’, preferia ser chamada de ‘padroeira da liberdade’. Sem ela, certeza que o mundo vai ficar menos divertido e ainda mais careta do que já é. Por ironia do destino, sua mãe queria que ela fosse freira, e ela se transformou num mix de fada e feiticeira. Rita morreu aos 75 anos em consequência de um câncer no pulmão, descoberto em 2021.
Estrela brazuca
Ao todo, foram 40 álbuns, 34 em carreira solo. Rita foi um símbolo de liberdade para as mulheres. Debochada e bem humorada, colocou em um patamar elevado tudo que conhecemos no mundo da composição.
Era uma linda hippie, sua filosofia era paz e amor livres. Pagú resume um pouco sua visão: “Nem toda
A PEDIDO
feiticeira é corcunda/Nem toda brasileira é bunda/ Meu peito não é de silicone/Sou mais macho que muito homem”. No início de março deste ano, anunciou o lançamento da segunda parte de sua história, o livro “Outra Autobiografia”.
E explicou: “Em Uma Autobiografia (2016) o livro marcava, de certo modo, uma despedida da persona Rita Lee, aquela dos palcos, uma vez que tinha me aposentado dos shows. Achei que nada mais tão digno de nota pudesse acontecer em minha vidinha besta. Mas é aquela história: enquanto a gente faz planos e acha que sabe de alguma coisa, Deus dá uma risadinha sarcástica”.
| GRIFO 35 JUN 2023 | 19 | entrevero
Gilmar Eitelwein
de Mouzar Benedito Vicenzi, o excelsior
– O cargo é de “ajudante de ordens”. Mas tem aquela turma – não tem? – que acredita que ele fez tudo por iniciativa própria.
– O grevista foi demitido por justa causa, mas saiu com a certeza de que a causa é justa.
– Subiu o juro? Esconjuro!
– Alfaiate engajado está sempre costurando o tecido social.
– A velhice é um livro aberto nas páginas amarelas.
– Tão vaidoso que não se contentava só com o reconhecimento de seus pares.
Também queria dos ímpares.
– Os mosquitos proliferam num país em que o saneamento está entregue às moscas.
– Spam na caixa de e-mails: “aumente aquilo que você mais queria que fosse grande”. Seria a conta bancária, mas parece que não se trata disso.
– A especialização é muito mais antiga do que se imagina. Já na selva era “cada macaco no seu galho”.
– Camisa não ganha jogo, dizem. Mas embeleza os jogos! Celso Vicenzi
RISO DE ANTANHO Antologia de piadas velhas
Dizia um ébrio habitual:
- Se o corpo te pedir água, dá-lhe vinho, pois não deve um homem escravizar-se às veleidades do corpo. Se ele lhe pedir vinho, dá-lhe; posto que não é conveniente andar sempre castigando o corpo
(Eu sei tudo, Agosto, 1924)
Paulo gostava muito da branquinha. Quando ele deixou o botequim, portou-se na porta viu passando um sr. fardado: - O chaufeur! Por favor, um carro.
-Seu sem vergonha! Eu sou capitão da Marinha.
- Então, por favor, um navio ! (revista Gaúcha, n º1 , agosto de 1938)
Cão que ladra não morde. Sabendo disso uma ladra Queria um cão que morde E arrumou um que não ladra.
Quem nasceu pra ser babaca, Nem tente querer consertar. Se tem na cabeça uma cloaca Seu lema é no erro perseverar!
Lisos como sabão, Craques em ciladas, Políticos do Centrão Comem pelas beiradas.
Para governar o Brasil, A regra é o toma lá, dá cá. Se foge disso, como já se viu, Como a Dilma, cairá.
Não sei prever o que vem pela frente, Confesso que sou um profeta incapaz!
Mas pra chegar lá, seremos, ó xente, Empurrados pelo que vem por trás.
Peido que estrala não fede, Diz o velho ditado brasileiro... Quem diz pode ouvir bem, Mas seu nariz não sente cheiro.
Ex-presidente com valentia postiça, Só faltava puxar uma arma no coldre.
Quando se viu diante da justiça, Disse que estava doente, podre.
Quando faço o que quero, Dizem que sou maluco e eu rio. Gosto que façam esse lero-lero E não mexam com meu desvario.
Bem-sucedido por “meritocracia”: Mas e se fizermos um inquérito?
Talvez nenhum sucesso mereceria: Só nasceu rico. Isso não é demérito?
Falando em nome de Jesus, Mas com espirito de capeta, O cara acha que me seduz E de mim escuta: que picareta!
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