GRIFO 30

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Nº 30 01-31 DEZ 2022 JORNAL DOS CARTUNISTAS DA GRAFAR PÁGINA 3 Transicao nada facil Mas Lula sabe como se esquivar do entulho e sabotagem lor

Ouro de tolo

Ouro não é metal pe sado ou tóxico como o mercúrio, arsênio ou chumbo, mas não é die ta recomendável por nu tricionistas sérios e com petentes. Isto não impede que ele seja usado como condimento de churrasco em refeições cujo propos ta, muito longe de saciar a fome, é de saciar a vaidade.

Algumas personalidades esportivas brasileiras par ticiparam de um rega-bofe temperado com este tem pero narcisista e idiota que, se não causar problemas estomacais, certamente não faz bem para o senso comum e para a mora lidade. Comer ouro é a extrema ação distintiva de uma sociedade que, para além de acumular riqueza para o con forto, precisa garantir a miséria para a distinção. Aceitar comer ouro para se sentir privilegiado está além da estu pidez e da alienação, é a ação distinti va suprema de uma elite econômica

O GRIFO do Eugênio Neves

que se apresenta como a síntese do ridículo. Os comensais de tal extra vagância são conhecidos partícipes do jogo da exclusão e da exploração nacional e servem como especie de símbolo do período que se encerra e anunciam a volta da dieta normal e necessária da democracia, da liberda de, da racionalidade e, principalmente, da igualdade.

O Grifo

Jornal de humor e política, desde outubro de 2020.

Eletrônico, mensal e gratuito.

Publicação de cartunistas da Grafar (Grafistas Associados do RS)

Editores: Celso Augusto Schröder e Paulo de Tarso Riccordi.

Editor gráfico: Caco Bisol Mídias sociais: Lu Vieira

Participam desta edição: Bahia: Cau Gomez

Brasília: Kleber Sales

Ceará: Rafael Limaverde

Minas Gerais: Janete Chargista, Lor, Quinho, Rico Uai

Paraná: Tiago Recchia Pernambuco: Thiago Lucas

Rio de Janeiro: Allan Sieber, Aroeira, Máximo, Miguel Paiva, Nando Motta

Rio Grande do Norte: Brum

Rio Grande do Sul: Alisson Affonso, Bier, Carlos Roberto Winckler, Donga - Ricardo Freitas, Edgar Vasques, Edu Oliveira, Elias Monteiro, Ernani Ssó, Eugênio Neves, Fabiane Langona, Jeferson Miola, José Weis, Kayser, Lu Vieira, Marco Antônio Schuster, Roberto Silva, Rodrigo Stumpf González, Santiago, Schröder, Tarso, Uberti.

*Estreando: Beatriz Abreu Affonso (10 anos!)

Santa Catarina: Celso Vicenzi

São Paulo: Bira Dantas, Caco Bisol, Carlos Castelo, Céllus, Dálcio Machado, Fernandes, Fernando Vasqs, Gilmar Machado, Jota

Camelo, Luiz Hespanha, Marigoni, Mouzar Benedito, Ohi, Orlandeli, Paulo Caruso, Spacca, Zepa Ferrer

E MAIS: Argentina: Adão Iturrusgarai

China: Fan Lintao

Colômbia: Elena Ospina

Cuba: Jorge Sánchez Armas

Irã: Mansoure Dehghani

Turquia: Engin Selçuk, Erdoğan Başol, Oguz Gurel

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jornalgrifo@gmail.com

O maior desafio da história

Dizíamos, acertadamente, que a eleição de 2022 seria a eleição mais importante das nossas vidas. De fato, foi a eleição mais fundamental da história; vital para a sobrevivência da democracia brasileira.

Em contrapartida, a vitória do Lula em 30 de outubro significou a grande vitória das nossas vidas. Pro tagonizamos a vitória mais essencial; a vitória da vida sobre a barbárie, da democracia sobre o fascismo.

A democracia venceu, e esta é a notícia que anima a celebração da vi tória do Lula no mundo inteiro.

É preciso ter consciência, porém, que o fascismo não desapareceu, como tampouco desapareceram as ameaças à democracia.

A extrema-direita chegou para ficar, não está apenas para uma breve passagem.

O agravamento da barbárie e do conflito distributivo derivado do fracasso neoliberal favorece a emer gência de saídas de extrema-direita, de perfil nazi-fascista e sentido sal vacionista. O extremismo fascista é uma resposta do próprio capitalismo à crise do sistema.

A presença engajada, violenta e militarista da extrema-direita na cena pública modificou drastica mente o padrão da disputa política no Brasil.

A luta antifascista e de resistência democrática não se encerra, portanto, com a conquista da presidência da República pelo campo democrá tico e popular. Esta luta assume ca racterísticas e condições político-ins titucionais novas, mais favoráveis, que precisam ser estrategicamente aproveitadas no contexto do gover no eleito.

Não será nada fácil, como prefigura o processo de transição de go verno.

As cúpulas militares resistem a aceitar o resultado eleitoral e tensio nam para manter seu protagonismo político ilegal e a tutela da democra cia. A governabilidade do governo Lula, a sobrevivência da democracia e a questão militar são variáveis in terdependentes.

Além dos estamentos militares, o poder econômico é outro vetor de crise e instabilidade. Mesmo os setores do capital que embarcaram na “arca de Noé” da chapa Lula/ Alckmin para salvar a democracia parecem se comportar como os in conformados que não aceitam o re sultado eleitoral.

No Congresso, deus-mercado tenta impedir que o governo Lula execute o programa vitorioso nas urnas. Defende a baliza do teto de gas tos sociais – a joia da coroa do golpe que rompeu o pacto constitucional de 1988.

Não aceitam nada menos que o programa máximo do mercado, ou

seja, a preservação do fluxo de transferência de cerca de um trilhão de reais por ano na forma de pagamen to de juros da dívida. Às custas da fome, da falta de remédios no SUS, de merenda escolar nas escolas e da emergência humanitária.

O mercado silencia em relação ao desastre econômico e ao desfalque de mais de 400 bilhões nas finanças nacionais. Mas, ao mesmo tempo, brada contra a política econômica ainda inaplicada, de um governo que ainda nem tomou posse.

O capital exercerá pressão permanente para abocanhar os fundos públicos e a riqueza nacional no pa drão pornográfico inaugurado com o golpe de 2016. E os militares so mente ficarão no seu devido lugar se o Presidente exercer a autoridade de mando conferida pela Constituição.

A eleição do Lula, que representa a vitória das nossas vidas, melhora as condições para enfrentarmos os maiores desafios da história. Para o êxito desta equação, entretanto, será essencial o protagonismo do povo organizado.

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rico vasqs orlandeli

jeff portela eugênio neves

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O vexame furou o teto e a farda

Desde 1880 que os militares metem bedelho e relho na política brasileira, quando não tomam o poder com o apetite e a truculência que a história re gistra. Suas intervenções sempre tiveram o apoio dos latifundiários, como no fim da Monarquia. Em 1964, sob a supervisão dos EUA, contaram também com a gene rosidade de banqueiros, indústria e mídia. Tudo sob as bençãos de quem rege os movimentos e sen timentos da classe dominante: o Deus Mercado, divindade tão antiga e poderosa quanto Zeus ou Anúbis, adorado por quem se auto-oferenda com patrimônios, físicos e virtuais.

Novos tempos, novos golpes. Como o jurídico-midiático praticado con tra Dilma e Lula, que teve a prisão forjada por um juiz laranja do U.S. Departament of State. Sem tan ques e torturas, mas nem por isso menos violento. Com os generais à espreita, é claro. Temer, o literato de sarcófago, levou Etchegoyen para o ministério. Toffoli abrigou Fernando Azevedo Silva no STF. Luiz Roberto Barroso, agora adepto do “Perdeu, Mané”, levou militares para o TSE como reconhecimento dos saberes eleitorais dos fardados.

Quem tem o autoritarismo como prática sempre combina o medo que propaga com a ameaça das ar mas que dispõe. Eternos guardiões da liberdade vigiada, os militares tem até uma interpretação parti cular do art. 142 da Constituição. Estão sempre alertas para afastar o fantasma do comunismo e o tal marxismo cultural, bichos-papões da ordem, progresso, fé e da família papai-mamãe.

Lembra do tuíte do general Villas Boas e do agradecimento do presi dente eleito em circunstâncias nada acidentais? Villas Boas pode merecer a piedade do Senhor, não da Demo cracia. O general, como boa parte dos militares, odeia eleições. Ódio que, como diria Brizola, vem de longe. A formação militar brasileira nunca ri mou com eleição. Por isso, sempre é tempo de punir quem acha que qualquer força armada é instrumen to golpistas e não de defesa de um povo, nação e democracia. Mas, será que isso não acontece exatamente por conta dos privilégios concedidos pelo topo da pirâmide, que faz delas uma central de serviços antidemo cráticos quando convém?

Essa superioridade, leia-se privi légios, se faz presente no holerite. Levantamento do deputado Elias Vaz, PSB/GO, no Portal da Transpa rência, mostra que o general Braga

Netto, candidato a vice de Bolsona ro, recebeu R$ 926 mil de salários em dois meses de 2020. O almiran te Bento Albuquerque, ex-minis tro de Minas e Energia, recebeu R$ 1.037.015,42. Em junho de 2021, o comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Jr., recebeu R$ 818.902,09. Dos quase 8 mil milita res acampados no desgoverno, pelo menos 1,6 mil recebem benefícios acima de R$ 100 mil.

Guiados por um ex-militar e político facistóide mancharam ainda mais a própria história. Seria uma tentativa de superar Ustra&Cia? A obediência cega ao comando dos EUA na 2ª Guerra; o servilismo de generais-pre sidentes como Eurico Dutra (aque le que ao ouvir de Harry Truman o “How do you do Dutra?” teria res pondido “Tal tu iú tu Truman?”), soam infantis diante do apoio dado a terra planistas. A infra bancada por trans portadoras nos atos golpistas soa bem em muitos ouvidos fardados.

Até a contrainformação foi desmo ralizada. Oficiais bolsonaristas estão sendo chamados de melancia, ver de por fora e vermelho por dentro. Enquanto isso patriotas cantam o hino para pneus e louvam a pátria agarrado em caminhões. Provavel mente sob as ordens de generais como Benjamin Arrola, Eulino Zaphi e Jalin Habbei.

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zepa

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thiago recchia

Os EUA e a esquerda latino-americana: a nova URSAL vem aí?

Em um dos seus primeiros discursos após a divulgação dos resultados das eleições, o futuro Presidente da República afirmou que “O Brasil voltou”, referindo-se à proposta de reconstrução de uma política externa baseada na cooperação internacional e no multilateralismo.

Seja nas mãos de Celso Amorim, seja de um novo Ministro das Relações Exteriores, o desafio é maior do que foi nas últimas décadas. Será preciso reconstruir a credibilida de dentro das instituições internacio nais e na relação com outros países e o respeito ao profissionalismo e ao pensamento racional e científico no Itamarati, para colocar em prática uma nova política de relações exte riores. Os governos anteriores lidera dos pelo PT apostaram no aprofun damento das relações com países em desenvolvimento e formação de blocos alternativos, como os BRICS.

O cenário latino-americano traz perspectivas positivas, com governos ideologicamente mais próximos ten do vencido eleições recentemente, o que pode permitir um relançamento da UNASUL. Mas o cenário mundial mudou, assim como as condições in ternas. Os recursos para praticar uma política de investimentos como diplo macia econômica são mais escas sos. Um reaquecimento do Mercosul deve depender de colocar em prática o acordo comercial com a União Eu ropeia, que colocará em pauta um posicionamento sobre a guerra na Ucrânia, mas pode pôr em cheque a

relação com os BRICS. Os países do Pacífico já criaram um novo bloco. Mas é impossível pensar no conti nente sem levar em conta os EUA.

Diferente de duas décadas atrás, em que os olhos dos estadunidenses estavam voltados para a Ásia e o jihadismo, hoje não estaremos livres da tentativa do grande irmão do Norte para influir nas decisões sempre que sentir seu controle geopolítico ameaçado.

A posição dos EUA, hoje é de aber to confronto com a China para manter um papel de hegemonia internacional. Nesta perspectiva, os últimos presi dentes dos EUA deram pouca impor tância para a América Latina, porém não abandonaram de todo os resquí cios das Doutrinas Monroe e Truman,

com o alinhamento de um bloco de governos de esquerda provavelmen te sendo visto com maus olhos, ainda mais se isto significar aumento da in dependência para negociar com paí ses como Rússia ou China.

Assim, há uma janela de oportu nidade para o estreitamento de laços econômicos e políticos entre os paí ses da América Latina, em uma pers pectiva progressista, mas que não deve contar com o apoio do EUA. Lá, como aqui, o anticomunismo como discurso nunca desapareceu. Os mé todos de oposição já não serão o do apoio a golpes de Estado, mas o apoio direto ou velado a oposições con servadoras e a permissividade das redes sociais sediadas naquele país para espalhar notícias falsas contra os governos, que apontarão qualquer novo pacto como socialismo disfar çado, não são de se descartar. As de núncias contra o surgimento de uma nova URSAL vem aí.

* Cientista Político e Professor da UFRGS

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brum spacca Ohi
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cau gomez maringoni
orlandeli

A agonia das horas e o precipitar dos acontecimentos

exploração da natureza. Às Forças Armadas interessa a manutenção de privilégios reforçados desde o golpe de 2016, a não responsabilização pelo desastre dos últimos anos e uma re tirada lenta dos cargos.

Talvez aceitem entregar a família Bolsonaro , mas que se esqueça os Bragas, Pazzuellos e Helenos. Fazem juras à Constituição, se veem como casto e desinteressado poder mode rador em meio ao providencial con flito. Usam a tolerância como arma. À Bolsonaro e cúmplices interessa a tensão como arma de chantagem, que garanta,talvez, um salva conduto. Já há projeto de lei a ser apresentado anistiando golpistas.

Já decorreu praticamente um mês desde a vitória de Lula da “Coliga ção Brasil da Esperança” a qual se somaram setores de centro direita no segundo turno. À angústia da espera da posse em 1º de janeiro soma-se a resistência dos setores derrota dos, que utilizam táticas trumpistas de guerra de desgaste permanente e que apostaram, já antes das elei ções, em caso de derrota, na possi blidade de anulação das eleições via contestação das urnas eletrônicas, o que foi rechaçado pelo TSE e por relatório oblíquo e nada inocente do Ministério da Defesa.

A pá de cal foi a recente decisão do ministro Alexandre de Morais multando o PL, partido onde se alo jou Bolsonaro, por litigância de má fé. Mal foi declarado o resultado final das eleições explodiram bloqueios de estradas, organizados e financiados pelo agrofascismo e transportado

ras. Contaram com a mobilização da pequena burguesia de pequenas e médias cidades rurais e a leniência da PRF. Investigações exigidas pelo Ministro Alexandre de Morais iden tificaram financiadores, multas fo ram emitidas. a maior parte dos blo queios foi desfeita. Algumas prisões efetuadas. Aos bloqueios somaram -se acampamentos organizados em frente aos quartéis com tolerância dos comandos militares.

O acampamento de Brasília é visto como epicentro irradiador do golpismo, nas capitais regionais e ci dades interioranas repete-se o mo vimento. Nas capitais assume papel relevante a chamada família militar, o que dificulta a repressão direta dos atos golpistas. O movimento como um todo parece estar em certo reflu xo, mas pode persistir até a posse de Lula. Aventuras não são descartáveis, Aos derrotados interessa manter, no futuro, uma situação de incertezas. Ao agrofascismo interessa a manu tenção das formas predatórias de

Na frente vitoriosa contra o fascis mo se procura articular um governo de transição que resgate certa racionali dade institucional e econômica após uma gestão ultraliberal criminosa.

Setores burgueses neoliberais, que se desprenderam do campo fascista, persistem na idéia de que a disciplina fiscal precede a qualquer outra. Polí ticas sociais são vistas com descon fiança. A substituição da Lei do Teto de Gastos ficou para um futuro próximo. Por vezes, os grupos de transição, en carregados de realizar um diagnóstico da situação do Estado brasileiro e pro por medidas prioritárias para os pri meiro cem dias, se veem como grupos de discussão de programa de governo. Liberais conservadores em maioria no Congresso, recém descolados do go verno, procuram barganhar. A urgente retomada do Bolsa Família e progra mas conexos via PEC da Transição, pa rece estar condicionada a recondução de Artur Lira à presidência da Câmara e a um marco temporal de dois anos.

O prestígio de Lula e sua firmeza de propósitos estabeleceram, por en quanto, um dique à tentativa de res tauração conservadora.

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allison elias
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dálcio
miguel paiva fernandes kleber salers

Gol é orgasmo

- Bola na trave é masturbação. Pênalti é ejaculação precoce. Gol é orgasmo.

- Deus é brasileiro. Por isso, quando a seleção perde, só tem uma explicação: Deus zebra!

- Não importa o adversário, a seleção da Jamaica sempre vai apertar. E depois fumar, é claro.

- Jogador que é cobra sempre chuta a bola com veneno.

- No futebol, só o goleiro bota a mão. E, às vezes, o juiz.

- O time era uma droga. Só o aceitavam em campo com um farmacêutico responsável.

- O Ibama vai proibir gol no ângulo porque é "onde a coruja dorme".

- Quando jogava na seleção, Dunga era 8. Ou 80!

- Tem muito jogador que é milionário, mas quando entra em campo fica devendo.

- Gol de canela, tempero do futebol.

Ex-goleiro procura emprego de guarda. Longa experiência como guarda-meta, guardarede e guarda-vala.

- Na época em que o Saci jogava, a torcida vibrava: Uh, Pererê! paulo caruso

- O craque brinca com a bola. Quando erra, a bola brinca com o craque.

- Para dinamitar algumas defesas é só provocar o zagueiro de pavio curto.

- Nem sempre o futebol é uma caixinha de surpresas. Às vezes, é um baú de problemas.

- Sou tão antigo que no meu tempo só existiam duas posições: no gol e na linha.

- Não adianta ter a vitória nas mãos se não souber garanti-la com os pés.

- O único cartola que caiu nas graças do povo viveu na Mangueira.

- Mesmo quando não bebem, alguns treinadores são um porre.

- Tem jogador que carrega o piano. Mas bom mesmo é aquele que joga por música.

- Quando o adversário fecha a porta, é preciso escalar um jogadorchave.

- Jogadora de futebol, quando erra a tabelinha, engravida.

- Dia de chuva e trovoada é ótimo para fazer golrelâmpago.

- Para um jogo equilibrado, a receita é escalar jogadores que desequilibram.

- O gol de peixinho, por ironia, nunca é feito por um cabeça de bagre.

- Todo time precisa de um jogador que saiba costurar o jogo. Principalmente se o adversário entra rasgando.

Frases do livro "Gol é orgasmo," de 2010, de Celso Vicenzi, editora Unisul, ilustrações de Paulo Caruso.

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Futebol tem regra. Sexo, infelizmente, também.
Celso Vicenzi

brum

engin selçuk, turquia erdogan

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allan sieber fan lintao, china

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adão Iturrusgaray thiago lucas

Uma jornalista silenciada, agora revelada

“É

preciso não esquecer que lembrar é um ato po lítico”, garante Christa Berger, autora do livro Jurema Finamour- A Jornalista Silenciada, pela Libretos. Professora, pesquisadora e, antes de tudo, jornalista. Christa trabalhou por quatro anos em bus ca de vestígios para contar sobre a vida de Jurema, uma mulher que amiga de intelectuais e personalidades do seu tempo, publicou livros, escreveu em importantes jornais, criou publicações com visão femi nista, construiu sua carreira e ficou esquecida por muito tempo.

Esse apagamento fez com que a biógrafa saísse em busca de respostas e na tentativa de contar a vida de quem foi amiga de Heloísa Ramos, antes e depois da partida do Velho Graça de poetas, como Drum mond e Neruda, de artistas, como Di Cavalcanti, um livro prefaciado por Leonel Brizola. Nas palavras de Christa Berger; “em longas viagens, conheceu muitos países e culturas, participou de congressos interna cionais, conviveu com militantes políticos e conquistou sua indepen dência”.

Christa Berger leu os livros de Jurema Finamour que consegui en contrar, valeu-se depoimentos, documentos e entrevistas como deve ser um trabalho jornalístico digno.

Jurema nasceu em São Paulo, em 1919, ela sempre foi uma mu lher do seu tempo, que amou e tra balhou no que gostava e que precisa ser celebrada. Conheceu personalidades que fizeram a historia do sé culo XX, no Brasil e no Mundo, ela os entrevistou e registrou estes con

tatos em jornais e revistas onde ela trabalhou, pessoalmente conviveu com Leonel Brizola e sua família, em exílio no Uruguai. E outros lí deres, como Fidel Castro. Também fez reportagens importantes, com a que saiu em forma de livro Bem Te Vi, Amazonas. Também foi tradutora e editora de uma coleção de autores latino-americanos.

Seus livros abordavam desde culinária – uma de suas paixõesaté o que denotavam os pés de barro de um ídolo, o poeta chileno Pablo Neruda, um livro que lhe custou muito caro, Pablo e Dom Pablo –Três vezes secretária de Neruda. Na verdade, quase custou sua carreira. Talvez por isso mesmo, a biógrafa Christa dedicou um espaço especial no livro, onde Jurema descreve uma historia que vai da devoção ao poeta laureado com o Nobel de literatura, a um patrão sovina e injusto.

Pablo e Dom Pablo – três vezes secretária de Neruda foi publicado em 1975, menos de dois anos de pois do sangrento golpe no Chile, que derrubou e matou o presiden te Allende e o sonho de uma nova

pátria. No Brasil, sob uma violenta ditadura, houve quem acusasse a autora, de oportunista à mentirosa. Jurema Finamour sobrevivera mais 21 anos. Ela morreu aos 75 anos, possivelmente em decorrência de um AVC. Foi tamanha força que fizeram para apagar Jurema Fina mour da memória que teve seus os sos transferidos para ossário do Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro.

“A responsabilidade é de dar voz, corpo e alma à Jurema que vi veu intensamente o melhor do seu tempo e, por isso mesmo, foi aban donada e jogada no vale do esque cimento”, completa Christa Berger. Jurema Finamour, a jornalista silenciada (Libretos Editora, 300 páginas, R$55).

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A história que me contaram

Um sociólogo e um antropólogo escolheram na minha estan te alguns dos livros que mais me impressionaram ao longo da vida e disseram: - Não é bem assim... e me mostraram o porquê no seu livro “O des pertar de tudo – uma nova história da humanidade”, de David Graeber e David Wengrow.

Ao longo da leitura, fui me tornando cada vez mais agradavelmente surpre endido pela revelação de aspectos da história que, - agora percebo, - não fa ziam sentido na narrativa que me con taram e que eu vinha repetindo.

O título pretensioso se justifica: eles passaram dez anos revisitando as princi pais obras que moldaram o pensamen to histórico, sociológico, antropológico e político contemporâneo e concluíram que precisamos mudar nosso modo de pensar a humanidade.

Desde os bancos escolares fui apren dendo uma história evolutiva: o capitalis mo atualmente dominante seria resul tado inevitável da civilização ocidental, que se originou dos regimes feudais na Europa, que surgiram dos impérios romano e grego, que descendiam dos povos do Oriente Médio, egípcios e ba bilônicos, que haviam formado estados, depois que os sumérios desenvolveram a escrita, que teria sido uma necessidade de organização burocrática por causa do crescimento da população reunida nas cidades, que apareceram em decorrên cia da invenção da agricultura e da do mesticação dos animais, revoluções no modo de produção que teriam surgido como um passo inevitável para os povos coletores-caçadores, os quais represen tariam a forma de vida dominante até o final da Era Glacial.

Se você compartilha os aspectos básicos desta sequência evolutiva da humanidade, prepare-se para se sur preender com a leitura do “O despertar de tudo”, pois a farta documentação científica que os autores apresentam desconstrói grande parte dessa narra tiva, que teria sido construída, segundo

os Davids, como uma reação ideológica dos pensadores iluministas às críticas que receberam dos filósofos indígenas americanos ao modo de vida branco eu ropeu.

Se você se espanta com a última fra se, saiba que ela não é a principal reve lação do livro, pois há muitas, entre elas a existência de repúblicas democráticas indígenas, de civilizações amazônicas e o grande resgate que os autores fazem do papel das mulheres na política em muitas culturas que foram jogadas na vala comum da chamada “pré-histó ria”. Em parte, este descaso com o papel das mulheres e dos povos originários se deve à discriminação das mulheres na ciência, neste caso, especialmente no campo da antropologia, abrindo espaço para uma narrativa histórica feita quase que exclusivamente por homens bran cos, norte-americanos e europeus.

Neste livro, talvez a evidência mais transformadora para mim tenha sido de que não há (ainda, pelo menos) regras na história, ou seja, não há leis históri cas descobertas que apontem necessa riamente o caminho de uma população, de uma cultura ou o nosso destino atual (parece que Galileu, o frango, não concor da com isso na ilustração acima...). Por tanto, o capitalismo não era inevitável (nem desdobramentos supostamente científicos dele) e outros mundos são possíveis. Isto é alentador, especialmen te neste momento crítico de crise climá tica e de grande desigualdade provoca das pela exploração capitalista.

Não vou dar mais spoilers , primeiro, porque não seria capaz de resumir as

556 páginas de revelações interessan tíssimas (rabisquei e fiz anotações em quase TODAS as páginas do livro) e, se gundo, porque descobri que história é outro dos assuntos nos quais não me considero mais capaz de dar palpites (somado aos temas passarinhos da Serra do Cipó, plantas e vacinas), ou seja, me libertei um pouco mais da necessi dade de opinar sobre tudo (completando outro passo na retirada voluntária das redes sociais).

Mas antes que você comece a dis cordar de alguma coisa neste meu co mentário, os autores chamam a aten ção para um mecanismo psicológico fundamental na formação de diferenças entre as culturas, denominado “cismo gênese”, que consiste em, a partir de uma pequena divergência de opinião entre duas pessoas, para reforçar o pró prio argumento, cada uma delas vai se distanciando da outra, até que, ao final, elas podem estar em campos diame tralmente opostos.

Não fosse por nada mais, o livro vale ria por me apresentar o conceito de cis mogênese, essa tendência humana de nos apegarmos à vaidade das mínimas diferenças entre vizinhos, que pode ter contribuído para as diferenças culturais entre os milhares de povos que vêm for mando nossa plena humanidade.

Se você ler e quiser conversar sobre este livro, estarei aqui doidinho para en contrar concordâncias.

Novembro 23, 2022

Obrigado, Juliano Viana, pela sugestão da leitura.

genildo ronchi | | 18 | livros

Além de uma sólida carreira publicitária como diretor de arte, caracterizada pelo bom gosto e elegância, Fernando Uberti tem desenvolvido uma trajetória na ilustração editorial, na charge, no cartum e nos quadrinhos. Em cada uma dessas áreas, nos últimos quarenta anos, tem produzido verdadeiros clássicos. Nos quadrinhos, em 1974, escreveu e desenhou "A Infância de Teixeirinha", versão em HQ do filme "Coração de Luto", enorme sucesso do cantor gaúcho. Nas tiras de humor, começa a produzir a série "As Panelas", humanização brilhante (bem antes do Disney de "A Bela e a Fera") de utensílios de cozinha, com verve gaúcha e um bico de pena econômico e preciso, complementado pela perfeita colorização eletrônica. E no cartum, mais originalidade: apenas olhando a praça Marquesa de Sevigné, fronteira à sua janela, imagina sucessivos cartuns, reunidos na coletânea "Graça na Praça" (2010, Ed. L&PM, P.Alegre).

Já na casa dos oitenta, Uberti segue inventando e graficando, sendo um dos decanos do humor gráfico do RS e do Brasil."

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Edgar Vasques Dia do Teatro Dia do Aposentado Dia da Mundial do Pedestre Dia do Cavalo Dia do Inativo da Marinha Dia do Escrivão de Polícia

O ilustrador Donga - Ricardo Freitas, de Arroio Grande-RS foi selecionado para o 17º salão internacional de Humor de Caratinga, Minas, com as caricaturas de Santiago, Edgar Vasques e Veríssimo.

Beatriz Abreu Affonso, 10 anos, filha do nosso colaborador Alisson Affonso, premiada na VIII Mostra Cultural sobre Diversidade Sexual e de Gênero, evento organizado pelo Grupo de Pesquisa e Sexualidade e Escola da FURG, universidade pública! Bia representou sua escola municipal EMEF Mate Amargo, de Rio Grande. Ela foi premiada também com o segundo lugar no Salãozinho de humor de Piracicaba do ano passado com a caricatura da Frida Kahlo.

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premiados

PALAVRAS DA SALVAÇÃO

Morro da Fumaça: imigrantes jamaicanos são presos por causa de horta comunitária no Assentamento Bob Marley.

É inverídica a informação de que uma clínica de traumatologia abriu pista de patinação na Oktoberfest.

Não é verdade que Frida Kahlo evitava usar sapatos fechados.

Os políticos só deveriam receber salário depois que todo o funcionalismo estivesse pago.

Existe maior sinal de pobreza do que amarrar cachorro com fio de luz?

A OTAN tá em guerra com a Rússia e quer que Putin pegue leve com a Ucrânia?

Se todos os sonegadores que tão no Qatar pagassem o devido, o Braziu tava sarvo!

Já é Natal e você ainda tá pagando as contas da Páscoa. Ho,ho,ho,ho...

Atitude é uma coisa que se toma depois de passar o efeito do uísque.

Verei se minha formação me habilita a ministrar oficina de metalinguagem.

Com 39 Kg qualquer milico faz uma grande carreira...

Esse pessoal que tá aderindo à rede social indiana vai rodar no teste da farinha.

Perguntam como chegamos a 8 bilhões de habitantes. Fodendo, uai.

Se você quer ver extraterrestres, beba Conhaque de Alcatrão São João da Barra.

BAR DO NEREU

Todo sujeito que chegar contan do sobre o maior porre de sua vida pode ser chamado de mentiro so. Do maior de todos ninguém se lembra. O máximo que se consegue é recordar o início. Do maior pileque ficam apenas vestígios, calafrios, de dos encolhidos dentro dos sapatos. Alguns só conseguem lembrar do pior deles num centro espírita. E, depois da sessão, o médium será obrigado a tomar um sal de fruta. Ao sobrevivente fica aquela sensação de que algo foi perdido para sempre. Ao que não resistiu, restará a danação eterna da lei seca.

Pior do que a bebedeira – esse gesto que leva a razão, o bom senso e séculos de civilização a dançarem num barranco que desmorona -, é o retorno, também conhecido como ressaca. É nessa hora que os an jos da guarda pedem as contas ou são afastados por estresse. É aí que Nosso Senhor deixa São Pedro de so breaviso e vai para um canto roer as unhas. A ressaca é a Via Sacra inver

tida, na qual o sujeito sai do Vale da Morte e se arrasta de volta aos es combros.

Houve tempos em que o dragão da ressaca era enfrentado no osso do peito. Não havia o escudo do ativador hepático, a lança da injeção de glicose e o capacete dos comprimidos para dor de cabeça. Se ainda restasse um nome a zelar, o retorno era a prova máxima de que o cavaleiro merecia a honra de sentar-se à mesa com o rei.

A verdade é que não há retorno sem ruínas. No bom fogo os bom beiros chegam tarde e o desgraçado precisa reerguer a casa, resignada mente, munido da paciência de quem não faz seguro contra incêndio.

Quanto mais desonesta for a be bida, tanto mais honesta será a res saca. Não há nada mais sincero do que o bebedor que, ao voltar a si, de pois de conseguir abrir um dos olhos, berra janela afora:

- Nunca mais eu bebo!

A promessa vale só até que lhe passe a dor de cabeça...

| | 21 | diaborosa | bier

Eca!...

Ogolpe de 2016, iniciado em 2013, ainda está em andamento. Tivemos uma considerável vitória agora sobre ele, mas o bicho ainda se move. Assim como determinados répteis ou vermes sem cabeça, o corpo continua se movendo. Neste caso, inclusive, continua com a cabeça. A cabeça deste golpe foi a mídia comercial brasileira com a ajuda amiga do judiciário e da banda podre do parlamento. Temer e Bolsonaro foram apenas os carnegões do furúnculo.

Bolsonaro foi extirpado, mas a mosca varejeira ainda nos sobrevoa. Este inseto que deixa suas larvas para se reproduzir é um bicho ladino.

Ainda com a ferida aberta e dolorida, com vermes de verde e amarelo rondando a pústula a mídia já volta ao seu normal e, defendendo ardorosamente o tal mercado, procura esvaziar a histórica vitória da frente construída por Lula manietando o futuro governo nos seus compromissos sociais e elege a contabilidade como a nova sociologia.

Pixs

Acho que vamos conseguir o quase impossível, depois de eleger Lula vamos ganhar a Copa derrotando o Neymar. Inglaterra e EUA fizeram meia em público com audiência global.

Os acampamentos em torno dos quartéis se tornaram tão relevantes e importantes quanto os quartéis.

Bem, pelo menos recuperamos as camisetas da seleção. Zumbis devem estar se sentindo nus.

Tá, mas o Neymar precisava chorar no fim?

Na Copa do Mundo gaúcha do Catar a notícia é, claro, a repórter gaúcha.

Nardes é um ex-vereador da Arena de Santo Ângelo que teve seu minuto de fama quando, como ministro indicado do TCU, inventou as pedaladas fiscais para derrubar Dilma. Agora se apresenta de novo como uma espécie de ave agourenta de um golpe contra Lula. Na verdade é apenas o ex-vereador da Arena tentando mais um minuto de fama.

E o Valdemar, hein? A Micheque subiu no meu conceito. Alô Malan, Arminio e Bacha, não amolem. Jornalistas precisam estar à altura de suas fontes e de seu público. A jornalista da Globo News contestar a fala aclamada de Lula com o argumento pueril de que o conceito de multilateralismo não está mais na moda é lamentável.

querqueescreva?

| | 22 | querquedesenhe? | schröder

DICIONARIO CASTELO DA LÍNGUA PORTUGUESA

BOLSONARISTA. Indivíduo que canta o Hino Nacional para pneus.

CELEBRIDADE. s. Pessoa conhecida por pessoas que não conhece. CÓDIGO-FONTE. Fonte de discórdia. ESTADOS UNIDOS. Grosseria mercantil.

INCONGRUENTE. adj. Libertário que tem ereções ao ouvir marchas militares.

LOCKCLOWN. Quando um lockdown vira uma palhaçada.

MERCADO FINANCEIRO. Ser imaginário. Através de seu poder invisível, promove o capitalismo, a qualquer preço, derrubando obstáculos, reputações e até outros mercados financeiros. Não há vacina contra sua ação.

MERDÍOCRE. adj. Pessoa insignificante, que não presta para coisa alguma. E, ainda por cima, é pouco capaz e sem qualquer talento.

NEYMAR. Lesado lesionado.

PARDINHEIRO. s. Prédio velho, caindo aos pedaços que, no passado, foi a sede de um banco.

POESIA. s. Composição em versos, cujo conteúdo apresenta estados de alma, sentimentos, impressões subjetivas, quase sempre expressos por associações imagéticas. Ver Narcisismo.

RICARDO SALLES. Membro da Sociedade Destruidora dos Animais.

SINCRETINISMO RELIGIOSO. s. Fusão de diferentes doutrinas religiosas, com reinterpretação de seus elementos para fins comerciais e lucro.

SOTURNIDADE. s. Tristeza de dicionarista.

VIDA. s. Conjunto de preocupações subalternas.

A cada minuto morre um idoso golpista e nascem dois.

A situação estava tão tensa em outubro que um dia me deu s audade da doutora Havanir.

Se isso for patriotismo, quero ser lesa-pátria.

Vai, caminhoneiro, ser droite na vida.

A prova de que o Mercado é criminoso: você ir ao mercado e ser assaltado.

Uma burrice a menos é uma esperança a mais.

Cada Bolsonaro com a sua mania. Pintar os cabelos é hipocrisia capilar.

Antes era preciso construir presídios, agora é a vez dos manicômios.

O negócio é ser pobre ou milionário.

Não deu. Mas Bolsonaro foi o melhor Mussolini que pôde.

Ser classe média é falta de classe.

Vão-se os anéis, fica o Centrão.

Está aí uma coisa que Bolsonaro conseguiu: levou a plateia à loucura. Eu sou do tempo em que os presidentes abriam estradas.

A dívida interna nos governa há três anos e sete trilhões de reais.

| | 23 | entrevero kleber sales

Só uma pessoa totalmente sem noção pediria ao Geraldo, o Vermelho de Pinda, para nos livrar do comunismo.

Lula quer a COP no Brasil em 2025. Espero que esquerdistas senis não se aliem a direitistas vis e saiam por'raí gritando "Não vai ter COP", "Não vai ter COP"....

Os atos golpistas merecem ser colocadas numa cápsula para serem vistas séculos adiante. As gerações futuras precisam conhecer o grau de estupidez e mediocridade da era bolsozóica.

Senador Vitalício? Presidiário Vitalício é mais adequado, porque foi muito além das quatro linhas da Constituição.

Atenção desempregados, desalentados e desesperados de lares e viadutos. Vamos todos à Bolsa de Valores orar ao Deus Mercado, aos Santos Investidores e seus porta-vozes na mídia pelo milagre diário da distribuição da miséria.

Inesquecível a live "Ramboletiana" de Vitor Fasano sobre liberdade e Constituição. De deixar os Mários (Frias e Gomes) e o Cigano Igor morrendo de inveja.

O Brasil merece uma uma minissérie chamada “Ridículos em cena”. O primeiro capítulo poderia ser um monólogo do Maílson da Nóbrega sobre combate à inflação.

Sérgio Moro vai disputar a presidência da Academia Brasileira dos Semi Iletrados. Muito justo, justíssimo.

07/11/2002 virou uma data histórica. Foi o Dia da Greve Geral Pró-Manutenção da Estupidez e da Imbecilidade. Nem o Piquet fez piquete.

Fala-se muito da sobrevivência do bolsonarismo sem Bolsonaro. Mania de acadêmico brasileiro de repaginar a história. É nazifascismo redivivo. Ponto.

O esforço que Eliane Cantanhede faz para que a gente note que ela existe é (sejamos machistas) hercúleo.

Luiz Hespanha

| | 24 | entrevero
quinho

Bozo está sumido. Parece que foi desligado da tomada.

Aposto que deus é comunista. Na surdina, falam que Jesus Cristo também era.

Deus não tem partido, existem familias de pais do mesmo sexo e a pátria é de todos. O que os patriotários não entenderam?

Modelo novo: caminhõesjá virão, de fábrica, com um patriotário agarrado nano parachoques.

Dúvida: a pistoleira perseguiu o jornalista porque era negro, ou perseguiu o negro porque era petista?

Onde a gente lia bolsominion, leia-se patriotário (não sei a quem agradecer o termo)

Realidade paralela é o inverso do que você lê aqui.

Caco Bisol

Muitos jogadores de futebol, quando têm que pensar, metem os pés pelas mãos.

Curar pé-de-atleta é difícil. A cabeça de muitos deles, mais ainda.

General de quatro estrelas, quando promovido, vira conhaque, que pode ser de cinco estrelas.

Alguém aí esperava que os milicos bolsonaristas iam facilitar a transição?

Futebol no deserto: para o Neymar, entrou areia.

Mouzar Benedito

Morri

No último de meus dias, espero que a resposta à pergunta "morreu de quê?" seja apenas "com essa idade, precisa de motivo?"

Paulo de Tarso Riccordi

Calma! Tudo que não der errado vai dar certo.

Militares não viram fraude. Já os bolsonaristas precisam ver urgentemente Freud.

Acho que vai ser preciso criar o Ministério da Camisa de Força Amarela pra cuidar desse enorme público pedindo a volta dos militares.

Vai chegando um tempo em que a gente participa mais de obituários do que de aniversários.

Já somos 8 bilhões no planeta. E tem gente que ainda insiste em querer mais espaço para o seu ego.

As brigas e o bate-boca são tão grandes que não dá mais para chamar de redes “sociais”.

Escrevo sempre com uma régua ao lado do teclado. Para medir as palavras.

Desde cedo, mesmo sem ler a Bíblia, o perna-de-pau sabe que muitos são os chamados e poucos os escolhidos.

O tempo não perdoa. E em alguns casos parece querer se vingar.

Se o casamento engorda, faça uso do regime matrimonial. Celso Vicenzi

K a i. K a i s

Se faço falsos haicais, por que fazer só de três versos?

Para quem estava Sem esperança e triste, Aqui vai uma lembrança: O futuro existe!

Ameaças, chatices... Gente cheia de bronca. Já mijei muito no mar, Que também ronca!

Os generais não resolvem? O sujeito olha pro céu e vê Algo concreto pra acreditar E faz uma apelação ao ET.

Malucos porto-alegrenses Já fizeram a sua parte; Agora é esperar socorro Que deve vir lá de Marte.

Se não vierem de Marte, Que venham pelo menos Os discos voadores Com muitos ETs deVênus.

Para salvar do comunismo Que deixa a gente soturno, Apelemos também aos ETs De Júpiter, Netuno e Saturno!

Espantados por quê? Essa parte da população, É aquela alucinada Que elegeu o Mourão.

Ditado para golpistas Que para nós quer chicote: “Quem monta na mula Que aguente o trote”.

Do alto o mandão A sua turma atiça: Não há urubu Sem carniça.

Caminhoneiros se exaltam E me convencem nestes dias: Que merda foi Acabar com as ferrovias.

Mouzar Benedito

| | 25 | entrevero
4
DE

Gazeta da Gondwana (ou da pangeia)

Este site não é recomendado para menores de 60 anos

Um grupo de dinossauros do jornalismo tem mantido reuniões seguidas com o objetivo de lançar um jornal. Desta vez, digital. Eles já passaram por tantas tecnologias que uma a mais não faz diferença. Para quem trabalhou no tempo do chumbo, tv preto e branco, teletipo, telefoto, ondas médias e curtas e enfrentou offset, tv colorida, fm, antena parabólica, telefone celular e internet, rede social não assusta. O que lhes importa é a notícia e a máxima de informar o que alguns querem esconder.

Mas, como são dinossauros, estabelecem princípios e critérios. “Eu olhei pra cima”, alguns argumentam,”e sei como é necessário se cuidar, mas não se esconder”. Pensam que o nome pode ser “gazeta da gondwana”, por não se acharem tão velhos assim e por identificação geopolítica. Mas há quem prefira “da pangeia”, não tanto por precisão histórica, mas por ser mais fácil de divulgar. Enfim, eles gostam de discutir: "porque aquela vez, em mil novecentos e lá vai cascalho tu disse que eu estava errado em apoiar o fulano e eu estava certo”; “certo nada, só deu sorte”. O fato é que depois sentam-se à mesa, tomam uns chopes e cantam abraçados. “Boemia, aqui me tens de regresso…”.

Mas a coisa anda. Me liberaram alguns princípios acertados para divulgar:

Não são notícias sobre o passado, são pessoas do passado noticiando e comentando o presente.

Todos os que escrevem ali têm mais de 60 anos: repórteres, redatores, ilustradores, humoristas, colunistas. Mas estão abertos a dar oportunidades a jovens, maiores de 50 anos, evidentemente.

As colaborações poderão ser mandadas assim que eles conseguirem dominar essa ferramenta moderníssima, o e-mail.

Alguns personagens: Assurbanipal editor chefe Odisseu correspondente em ítaca; analista de política internacional Dom quixote analista de literatura, cultura Dom casmurro humorista

Y juca pirama analista de política nacional Velho do saco analista de economia

O pessoal procura adesões.

| | 26 | jurássicos
oguz gurel, turquia
| | 27 | tiras
MORGANA, A BRUXINHA Celso Schröder Carlos Castelo e Bier Céllus RANGO Edgar Vasques
| | 28 | tiras
BIOMA PAMPA Celso Schröder Lu Vieira Jorge Sánchez Fabiane Langona

O Bananão em 8 takes

Take 1. Papo numa sala de espera. Uma senhora tipo classe média alta, entre 70 e 80: “O Bonner disse que ele era inocente. E ele acreditou”. O sorriso dela era meio de pena, meio de incre dulidade. Me caiu a ficha: essa gente não pode nem considerar a hipótese da inocência do Lula. Se considerar, periga desabar o mundo.

Take 2. Um parente bolsonarista: “Es tou de luto pelo meu país”. Sim, está de luto pelo país dos cem anos de si gilo, da milícia, da rachadinha, do se cretão, da fome, da estupidez. Está de luto porque o vírus poupou os co munistas e daí esse paraíso caiu nas mãos deles.

Take 3. Extremistas foram vistos can tando o hino nacional pra um pneu numa estrada. Bom, do bozo pra um pneu já é um progresso.

Take 4. Gore Vidal em campanha para o senado. Uma senhora pergunta: “O que eu, como dona de casa, posso

fazer pra combater o comunismo? E mais uma coisa, senhor Vidal: o que é comunismo?”. Perfeito, não? Mas aqui senhoras como essa não têm dúvida sobre como combater o comunismo: basta mandar bala no Lula. Nem se dão conta da própria ignorância.

Take 5. Não é que tem gente querendo resolver a punição do coiso com três Ave-Marias e um Pai Nosso?

Take 6. Adolescentes, em vários colé gios de elite, demonstraram a quali dade do ensino privado do Bananão: o nazismo tinha razão, é preciso matar o Lula e reescravizar o Nordeste. Estra nho. Não era essa gente que pedia es colas sem partido? Claro, pedia escolas sem o partido dos outros.

Take 7. Que merda, morreu a Gal Costa. Gosto de vozes desesperadas, tipo Billie Holiday, Janis Joplin, Amy Winehouse, Beth Hart. Gosto de vozes dramáti cas, tipo Elza Soares, Elis Regina. Gosto também de vozes alegres e sensuais,

como a da Joss Stone, tão distante dos uivos de gata no cio da Janis.

Mas quem cantou como a Gal? Sim, era alegre e sensual, cada palavra dita por ela era um convite: vem pra cama co migo. Mas que suavidade nesse convi te – um convite anterior a todo pecado. Talvez Eva falasse assim antes daquele entrevero com a serpente. A voz da Gal é uma voz de animal saudável, essa espécie tão rara e tão temida e caçada pelos tarados religiosos.

Pra completar, Gal Costa alterou pra sempre o cenário musical do Ba nanão. Sem manifestos, sem alardes, sem perder o humor.

Take 8. Sinto que os anos 70 estão acabando aos pouquinhos em meio ao apocalipse zumbi que vivemos. Morreu Ivan Lessa, Aldir Blanc e Ru bem Fonseca. Luis Fernando Veris simo e Milton Nascimento saíram de cena. A bala de prata, pra mim, será Dalton Trevisan.

| | 29 | borracheiro&exorcista | ernani ssó

Cultura popular deve muito a Boldrin

Oh,época terrível em que estamos perdendo pessoas tão importantes na cultura e nas artes do país!

Rolando Boldrin foi um desses. Ator de rádio, telenovela, teatro, cinema e, ainda, apresentador de maravilhosos programas que louvavam a música, o artesanato, as histórias, a cultura popular do fundo do Brasil. Seu programa mudou de canal e de nome (desde 1981, com Som Brasil, na Globo, Empório Brasileiro, na Bandeirantes, Empório Brasil, no SBT, e Sr. Brasil, na Cultura, desde 2005) e sempre foi capaz de nos tirar da cama domingos de manhã pra ouvir moda de viola, repentes, poesia, cordel e causos, principalmente rurais.

Boldrin foi um baita contador de causos. Também era compositor, cantor, violeiro. Com Tom Zé, ele compôs esta divertida moda de viola, a Moda do fim do mundo:

Cumpadi,emBrasíliaespaiaram um boato muito chato: queomundovaiseacabá. Vancêfiquedeoreianorádio, vancêfiquedeoionojorná, porque,vôticontá, nodiaqueomundoseacabá nessedianóistemoqueresolvê quenóistemoqueescondê aquelegalobolinha, prádispoisdofimdomundoagentetê ummachoprasgalinha, ummachoprasgalinha.

Cumpaditambémtemoqueescondê aqueletourogaranhão, grandãoearruacêro, pradispoisnofimdomundoagentetê obichoquesabefazerbezerro, obichoquesabefazerbezerro.

Vancêfiquedeoreianorádio, vancêfiquedeoionojorná, porque,vôticontá, cumpadipensebemnoDiaD, queporvavaifedê etudonóisvirámingau,

pradispoisdofimdomundoagentetê umcasaldobichoquefazmiau, umcasaldobichoquefazmiau.

Cumpaditambémtemoquealembrar easetechavenóisguardá o cachorro e a cachorra, pradispoisdofimdomundoagente evitáquearaçamorra.

Vancêfiquedeoreianorádio, vancêfiquedeoionojorná, porque,vôticontá, cumpadiacabeidemealembrar, queojegueIrará tambémtemoqueesconder, pradispoisdofimdomundoajegatê umjeguepralhecomê, umjeguepralhecomê.

Cumpadi,sabequenaafobação agenteatéqueseesqueceu deguardáumacumadi, pradispoisdofimdomundoagentetê umpecadinhopraconfessápropadre, umpecadinhopraconfessápropadre.

Gal, Boldrin, Bebeto, Pablo Milanés, Isabel, Hebe de Bonafini, Erasmo. Terrível novembro!...Está morrendo tanta gente maravilhosa que iluminou minha vida, que já ando olhando por cima do ombro... Paulo de Tarso Riccordi

| | 30 | armazémbrasil
dálcio

miguel paiva

Abre, pai!

Do lado de dentro, um choro aba fado. Ruído de descarga de vaso sanitário. Água na pia.

- Paaai. Paiê!

Afora o grasnar da ema viciada em cloroquina, o resto é silêncio.

- Abre aí, pai.

Nenhuma resposta do lado de lá da porta, se não o ranger da cama.

- Não dá pra você ficar trancado no quarto até o final do mandato! Tem um monte de gente aqui fora aguardando decisões suas.

- ...

- Os generais da Casa querem que na transição o senhor exija a incorpo ração do abono pras próteses penia nas e garanta o auxílio pijama.

Arrastar de chinelos, leve aumen to do som da tevê.

- Pai, é sério, abre aí. O Nine tá fa lando que vai revogar nossos sigilos. A casa vai cair!

- Qual delas, porra?!

- Pois é. Até o Merdal tá pergun tando como são tantas.

Som de algo pesado, como o corpo de um ex-atleta, jogando-se na pol trona.

- A madrasta tá reclamando que o Queirós sumiu. Tá falando em se

exilar no gabinete da Damares. O tradutor de Libras também desa pareceu.

Ao longe, se ouve o som de uma moto solitária.

- Tem coisas a decidir antes da re tirada. O TCU voltou com a lista dos 79 mil militares que receberam auxí lio emergencial. Enviamos os patrio tas pra porta do Tribunal pra dar um escracho nos ministros?

- ...

- Paiê, tem quartel que não deixa patriota entrar, que não divide o rancho com os piquetes. O Xandão bloqueou os bens de 43 empresas de amigos nossos que financiaram os bloqueios das estradas. Tem fa zendeiro que tá com medo e já não quer mais doar carne pra churras cada na porta dos quartéis. Tão di zendo que é pra pedir picanha pro Lula.

Algo foi lançado contra a porta, som de pilhas rolando no chão. 02 deu um tempo e retomou:

- Você tem que dar uma voz de comando. O Braga e o Ramos estão vagando pelo palácio, esperando or dens. O Heleno só faz é telefonar pra se assegurar que os aviões da FAB estejam abastecidos.

- ...

- Precisa escalar guardas pro Al moxarifado. Tem gente do baixo es

calão metendo a mão nas caixas de viagra.

- ...

- Outra coisa, o senhor tem que alinhar a nossa bancada. O Pazuello agora só quer saber de decorar seu gabinete na Câmara. Já nem atende telefonemas nossos. Mandou dizer que "só obedece quem precisa".

- ....

- O Bananinha, ao invés de dis tribuir os pendrives às organizações amigas, ficou no Qatar assistindo a Copa. Hoje em dia, de confiança mes mo só a Cássia Kis e o Nardes.

- Ô 02! - Finalmente, ouvem a voz do Comandante em Chefe. Todos co lam ouvidos à porta -. Que gritaria é essa lá fora? Nosso apoio está che gando?

- Não, não tem vindo mais nin guém nem pro cercadinho. Isso daí é na churrasqueira. Tem gente levando pra lá pilhas de caixas. Tem cheiro de papel queimado...

Ranger de molas da poltrona, pas sos apressados, a porta do quarto se escancara. Dezenas de caixas estão abertas, papéis pelo chão.

- Eu primeiro, eu primeiro! - grita S. Excia. - Tem hierarquia nessa por ra! - e sai apressado dos aposentos, buscando os ajudantes de ordens para arrastarem as caixas pra pira dos segredos eternos.

| | 31 | causídico | paulo de tarso riccordi

beatriz allison, brasil

Decapitação de manequins femininos pelo

Talibã.

OTalibã é famoso por decapitar qualquer um que vá contra eles. Agora, eles levaram essa loucura para o próximo nível e estão mirando em objetos não vivos. Manequins femininos e instrumentos musicais, dois sinais-chave de uma civilização progressista, são os novos alvos do tirânico talibã.

erdogan, turquia

| | 32 | mulheresiranianas
mansoure dehghani, irã mansoure dehghani, irã elena ospina, colô

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