Comunicação Política e Eleitoral no Brasil: perspectivas e limitações no dinamismo político

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sobrecarrega um fato e quanto mais oculto está um fato a ser denunciado, mais pleno de valornotícia ele será. Já o pressuposto básico, talvez, para o interesse público seja: onde há dinheiro público, há interesse público e deve haver transparência em torno da informação sobre sua alocação, sobre como foi gasto e quais os resultados obtidos com ele. No entanto, o autor ressalta que “nem só de dinheiro, porém, vive a vida pública; mas, sobretudo, da publicidadeem torno das ações que afetam a vida pública”. (2006, p. 50). Sobre a esfera pública, Silva (2006) afirma que é um espaço de mediação – da produção de sentido - e midiação – enquadramento por parte da mídia -, sendo, assim, o espaço da polêmica. O autor delimita três categorias distintas de interesse público: 1ª) relacionada com o princípio da publicidade e corresponde ao princípio da visibilidade da coisa pública, que combina duas práticas de democracia: a vigência de um governo aberto e o direito de saber de todo cidadão; 2ª) relacionada com o conjunto de informações de utilidade pública, produzidas não só pelo Estado e pelos governos, mas também pelos espaços sociais, que produzem informações a serem “plasmadas” no espaço público e na esfera pública e 3ª) corresponde à produção, difusão e ao consumo de informações sem status de coisa e utilidade pública, mas que atendem ao “desejo de saber” do público. Acerca desse mesmo assunto, Seabra (2006, p. 138) cita Nelson Traquina ao discutir o papel do jornalismo. Traquina identifica três importantes papéis para o jornalismo: 1) deve dar aos cidadãos informações úteis e necessárias para poderem cumprir o papel de interesse na vida social e no governo do país; 2) deve ser o espaço do contraditório e da pluralidade de opiniões, uma espécie de mercado de ideias; e 3) tem o papel de proteção contra os abusos de poder, sendo um “cão de guarda” da sociedade. Para o autor, essas três funções resumem bem o papel do jornalismo político: “informar, formar opinião e fiscalizar”. (Traquina apud Seabra. Entrevista ao Observatório da Imprensa, nº 225, em 20 de maio de 2003. www.observatoriodaimprensa.br). Sobre o jornalismo e as novas tecnologias, Seabra (2006, p 137) argumenta que estas geraram uma maior rapidez no processo de obtenção de informações, o que resultou no “aumento quantitativo da oferta de noticiário”, mas que essa cobertura mais extensiva é mais abrangente, porém, não imune ao erro e que a popularização dos meios eletrônicos de comunicação vem transformando o jornalismo político. “Os blogs e sites de notícia nos fazem lembrar a imprensa brasileira em seus primórdios, quando uma profusão de folhas alimentava o debate político e desencanava a segurança dos poderosos” (Seabra, 2006, p. 139). No entanto, apesar das premissas do jornalismo vinculadas ao interesse público, o que se percebe, na análise da imprensa brasileira, é um evidente descumprimento das regras


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