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GERAL - 9

Jornal de Barreiros JDB - Maio 2014 - Maio 2014

Foto Luis Augusto Araujo

Uma obra-prima em beleza e qualidade Sorte dos catarinenses que essa “foi uma obra-prima em beleza e qualidade de engenharia e execução”, afirma o engenheiro civil Roberto de Oliveira, profissional de engenharia estrutural por 16 anos, com atuação em projetos que envolveram mais de 300 mil metros cúbicos de concreto armado e mais de 50 mil metros quadrados na construção civil. “O projeto da nossa ponte foi ainda melhor do que o de outras similares construídas no mundo”, explica Oliveira. “O projetista estrutural não era um comerciante-engenheiro e sim um zeloso intelectual amante do que fazia”, acrescenta. Com 37 anos como professor da UFSC e mais quatro como voluntário, atualmente na Pós-Graduação de Arquitetura e Urbanismo, Oliveira diz que “esta ponte é um exemplo para a engenharia mundial”.

Manutenção e recuperação consumiram R$ 300 milhões O deputado Dirceu Dresch (PT), em discurso recente na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, criticou a demora na recuperação da ponte Hercílio Luz e disse que apoia a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, proposta pelo deputado Sargento Amauri Soares (PDT) para investigar o gasto elevado e o atraso no cronograma das obras. “Os catarinenses estão pagando caro demais por essa obra. Já foram investidos cerca de R$ 300 milhões para recuperar a ponte, somente entre 2002 e 2013 e a ponte continua em situação lamentável”, afirmou. Esse valor equivale a praticamente metade do que deve ser investido na construção da ponte Anita Garibaldi, na BR-101, em Laguna, que terá 2,8 quilômetros, enquanto a Hercílio Luz tem apenas 821 metros. Para o engenheiro mecânico Honorato Tomelin, no entanto, consideradas as características da ponte Hercílio Luz, se dividíssemos o total por 88 anos, o custo de manutenção “seria razoável, para não dizer irrisório”.

Para o engenheiro civil Roberto de Oliveira, o custo cresceu muito justamente porque não foram realizadas as obras de manutenção preventiva. Ele citou a Lei de Sitter, que coteja diversos custos numa fase de projeto até o uso. Quando o projeto já incorpora a manutenção, seus gastos são da ordem de um para um. “No entanto”, explicou Oliveira em uma apresentação na Associação Catarinense de Engenheiros, em maio de 2013, “se esses cuidados preventivos são pensados apenas durante a execução, os custos se multiplicam por cinco. Se é feita a manutenção preventiva após o término da obra, os custos são 25 vezes maiores que se tivéssemos pensado esta ação ao tempo do projeto. E quando a manutenção só acontece na fase corretiva, o custo é 125 vezes maior, que é o caso da ponte Hercílio Luz”, comparou. Sempre que o poder público não cuida da manutenção de obras de engenharia, paga-se muito mais caro pelo abandono. Fato, aliás, que não é exclusividade apenas dessa ponte. Também na

ponte Pedro Ivo o vão central é metálico e precisa de manutenção adequada, sempre postergada. E mesmo as pontes de concreto – como quaisquer outras obras – precisam de cuidados. “Infelizmente, nossas escolas de engenharia não dão muita importância à manutenção predial”, queixa-se Oliveira. Segundo ele, também a rodoviária de Florianópolis e várias pontes e viadutos precisam de conservação constante, o que nem sempre acontece, e ocasiona o aumento dos riscos e das despesas que terão que ser bancadas, mais adiante, pelo poder público, chegando, é claro, ao bolso do contribuinte. Tanto descuido com obras de engenharia públicas, para Oliveira, tem uma explicação. “Se as escolas não ensinam, como um governo vai empreender a manutenção?”, pergunta. E antecipa uma resposta: “Manutenção também não dá voto, todos os governos só gostam de inaugurar. Este é o binômio da destruição do patrimônio público: nada tem verba para manutenção”, resume o professor.


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