O Homem Secreto

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sentar também. Falou que ela precisava confiar na mãe, que uma tinha que ser amiga da outra, que a maior amiga que uma moça pode ter é a sua própria mãe, que ela era compreensiva e poderia ajudá-la, que essa era a sua preocupação, ajudá-la. Nadine ficou vermelha, sentiu as orelhas em fogo, por que diabos eu tenho tanta vergonha de gostar de menina? Qualé? E resolveu assumir, contar tudo prà mãe. — Minha filhinha, você está usando drogas? — Droga? Que drogas? — Eu senti um cheiro esquisito no seu quarto, vocês estavam cheirando maconha? Nadine respirou aliviada e tentou disfarçar o alívio, não dar mais bandeira ainda, e explicou pacientemente (e feliz toda vida): — Mãe, eu te juro que nem eu nem a Lua fumamos nada. O cheiro que você sentiu é de incenso, uma espécie de perfume do ar, mas totalmente inofensivo. — É aqueles pauzinhos que os Hare Krishna vendem nos ônibus? — É isso mesmo. Todo mundo usa. — E esse negócio não é tóxico? — Não, mãe, eu garanto pra você. O charme da suave marginalidade. O pai veio comer pastelão e entrou na conversa e garantiu à esposa que incenso tudo bem, barra limpa, deixa as meninas, o pai adorava a Nadine, sua filha única, e também simpatizava demais com a Laura Amélia. Ao voltar pro quarto encontrou a Lua comendo as unhas. — Calma, menina, ela não sentiu o cheirinho de... amor. Ela só farejou o incenso, e surtou que era Maria Joana.

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