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Saúde 21

Porto Alegre, Dezembro de 2010 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

Perigo: complexos vitamínicos ■

Janaina Foss

C

ompostos de vitaminas vilões ou suplementos alimentares? Muitas pessoas consomem compostos vitamínicos sem informar-se sobre o risco que cada vitamina, em excesso, pode causar ao organismo. Com a correria do dia-a-dia, procuram a solução para superar o cansaço diário nos complexos vitamínicos, minerais e naturais, com o objetivo de se manter acordados por mais tempo. Contudo os laboratórios responsáveis não alertam aos consumidores que os produtos podem causar diversos riscos à saúde. Da vitamina A ao zinco, nacionais e importados, os suplementos com vitaminas e minerais fazem parte do cotidiano de milhões de pessoas em todo o planeta. Segundo a Organização Mundial da Saúde, pelo menos um terço da população global toma estes complexos diariamente. Só nos EUA existem 29 mil marcas à venda. Tanto lá, como aqui no Brasil, pouco se sabe sobre o funcionamento ou a necessidade destes micronutrientes. A nutricionista Zilda Albuquerque explica que é preciso ter muito cuidado com as vitaminas. Ela sempre procura trabalhar antes com a melhoria dos há-

bitos alimentares, mas alerta que vitaminas são necessárias ao organismo em quantidades pequenas, assim, uma alimentação variada supre a falta. No entanto, em algumas situações pode haver a necessidade de suplementação. Para muitos pacientes, dependendo a ausência de alguma vitamina, é feita uma avaliação criteriosa, e indica-se o uso de vitaminas. “Vale ressaltar que vitaminas em excesso também podem apresentar efeitos colaterais indesejáveis, por isso não devem ser ingeridas indiscriminadamente sem a orientação de um profissional”, salienta. Albuquerque explica que, na maioria dos casos, esses medicamentos são indicados para doenças causadas pela ingestão alimentar inadequada, períodos de convalescença, gestação, lactação, atletas em fase de treinos intensos. Períodos de estresse também podem necessitar de uma suplementação dependendo das queixas que o paciente apresenta. A nutricionista afirma que o objetivo dos consumidores é sempre melhorar os processos metabólicos, pois as vitaminas são cofatores enzimáticos, e o uso delas não apresenta um efeito visível e palpável. Talvez a referência mais comentada por pacientes em uso é a melhoria da

➜ Dra. Zilda em análise de trabalhos sobre complexos vitamínicos

disposição e do apetite, em alguns casos há relatos de melhoria em algum aspecto da pele, firmeza das unhas e brilho nos cabelos. A nutricionista ressalta que o cansaço e o estresse não são indicações para o uso de suplementação vitamínica, pois não há benefício algum nesta conduta. O consumidor Gerson Centeno afirma que um dos complexos vitamínicos que utiliza tira todo o cansaço que o corpo adquire com o passar das horas de trabalho, além de melhorar o poder de concentração em atividades diárias. Mas em relação ao outro, ele não ficou desperto e nem acordado como consta na bula. Mesmo ele que utiliza os suplementos alerta que devemos procurar um médico especialista antes de ingerir diversos suplementos, porque ele sentiu diversas vezes sintomas como irritabilidade, algo que ele nunca teve quando não os consumia.

A normas para venda A farmacêutica Alexandra Biazus explica que quem normatiza a venda destes complexos é a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). É um orgão Federal regulador que controla a produção e a comercialização de medicamentos. No caso dos suplementos, a Anvisa esclarece que eles são isentos de prescrição médica, porque não causam efeitos colaterais e reações adversas importantes. Alexandra afirma que a cultura popular transforma a automedicação em uma prática

Fotos: JANAÍNA FOSS

O abuso dos complexos alimentares para enfrentar dias de trabalhos em excesso e reduzir o cansaço pode ter efeitos graves sobre a saúde e, inclusive, causar alterações cardíacas

➜ Suplementos são vendidos em farmácias sem exigência de prescrição médica

comum e perigosa, como um há- necessidades. “É dever do probito, pois as pessoas buscam isso fissional farmacêutico alertar por comodidade, desinforma- os consumidores sobre os posção ou impossibilidade de assis- síveis efeitos indesejáveis, que, tência médica. “Devido a estes neste caso, estão mais ligados a motivos, acabam adquirindo es- hipersensibilidade a algum dos ses suplementos para solucionar componentes da fórmula”, alerquadros físita. Ela explica, cos de fad ipor exemplo, ga, desânimo “O grande problema que a Vitamie i nd isposina A e E em não é o fato de o ç ão, p or s e excesso são suplemento causar prejudiciais à autodiagnosticarem com saúde. “A vitaefeitos colaterais, déficit de vimina A (betamas de “mascarar” o taminas (por caroteno) tem real quadro clínico efeitos colavezes erroneamente), o que tera is qua npara o qual este muitas vezes do utilizada indivíduo deveria pode ser soluem g ra ndes cionado com estar sendo tratado” quantidades. uma dieta baAs principais lanceada”, comenta, ressaltando manifestações são problemas de que “o grande problema não é pele, como descamação, queda o fato de o suplemento causar de cabelo, sangramentos no naefeitos colaterais, mas de “mas- riz e problemas nos olhos. Já a carar” o real quadro clínico pa- vitamina E (tocoferol), mesmo ra o qual este indivíduo deveria em altas doses não representa estar sendo tratado”. risco significativo à saúde, soA farmacêutica reconhece os mente é contra indicado para perigos, porém afirma que de- pessoas que fazem tratamento vido aos raros efeitos colaterais com anticoagulantes, pois a vimuitas farmácias não informam tamina E pode aumentar os risaos consumidores seu efeitos e cos de sangramentos”, explica.


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