Urbano

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São Paulo, 07 de Novembro de 2011

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Arena Palestra gera discórdia na Pompeia Falta de infraestrutura do bairro é a principal preocupação dos vizinhos Foto: Reprodução

Arena Palestra deve ficar pronta em 2013 Por Juliana Fernades e Tonia Machado “O Palmeiras deixou de ser um clube aonde as famílias iam se divertir nos finais de semana com as crianças para ser um clube de futebol, que atrai milhares de pessoas ao bairro a cada jogo”, constata Maria Antonietta Lima e Silva, 75, advogada e presidente da Associação Amigos da Vila Pompeia. Moradora do bairro desde que nasceu Maria Antonietta lamenta a transformação do clube do Palmeiras na Arena Palestra, um espaço multiuso que abrigará, além do clube e do estádio, um anfiteatro, um centro de convenções, lojas e restaurantes.

A polêmica sobre as obras — iniciadas há um ano e com previsão de término para abril de 2013 — vai muito além dos torcedores e dirigentes do clube e atinge também moradores e comerciantes da região. Existem aqueles que são contra a construção, como Maria Antonietta, mas também os que são favoráveis, como a educadora Fernanda Migliore Rodrigues, 39. Segundo ela, “o Palmeiras foi o primeiro a se instalar aqui e tem plenos direitos de desenvolver seus equipamentos e modernizá-los, pois o bairro todo está crescendo e não seria justo que justamente ele não tivesse chance de se modernizar e se manter

nessa região”. O principal motivo da discórdia é o impacto que um empreendimento tão grande pode trazer ao dia-a-dia de quem vive ou trabalha na região. “Imagine o transtorno nos dias de jogos e shows: o barulho, a sujeira, o trânsito. E até agora não existe nenhum projeto de adaptação nesse sentido.”, adverte Maria Antonietta. O acesso à região também preocupa Liberato Brito Bonfim, 37, sócio-proprietário da Pastelaria Brasileira, vizinha do estádio há 36 anos. “Com certeza o trânsito vai aumentar muito e atualmente a região não tem estrutura suficiente para suportar isso.”, afirma. Tanta preocupação

se explica devido aos problemas que o bairro já enfrenta antes mesmo de a Arena estar pronta. O Palestra Itália está localizado entre a Rua Turiassú e a Avenida Francisco Matarazzo. Em dias de jogos e shows essas vias costumam ficar intransitáveis devido ao fechamento do tráfego na Turiassú e a Matarazzo ser então a única alternativa de acesso a bairros como Lapa, Água Branca e Vila Romana. A presença do Shopping Bourbon, ao lado estádio, também aumentou o fluxo de carros e pessoas no bairro, sobretudo aos finais de semana. Outro transtorno enfrentado pela população são as constantes enchentes que

assolam o bairro e que, se continuarem, representarão um problema ainda maior em dias de eventos na Arena. Segundo Antonietta, “a Pompeia foi feita para ser um bairro de operários, sem um projeto urbanístico e formado por 44 ruas estreitas. Não existe estrutura para receber os 45 mil torcedores em dias de jogos na Arena”. A educadora Fernanda propõe mudanças que melhorariam a rotina do bairro: “certamente o bairro precisará de metrô, talvez um bolsão de estacionamento, além de adaptação das mãos das ruas, temporização de semáforos, readequação da Guarda Civil Metropolitana.” No entanto, acredita que tais problemas são de responsabilidade de órgãos competentes como a Prefeitura e a CET e que não devem ser empecilho para o crescimento do clube. “Se o Palmeiras não crescer primeiro, outras grandes obras serão feitas a sua volta e da mesma forma o bairro crescerá, dando prioridade aos que chegaram depois, o que não seria justo.”, conclui. Fernanda refere-se aos prédios, empresarias e residenciais, que não param de ser construídos na região. Na opinião de Bonfim, a Arena agrada tanto aos comerciantes quanto aos torcedores do Palmeiras. “Para o meu comércio significa mais público, aumento nas vendas e imóveis mais valorizados. Mas para os moradores que não torcem não deve ser tão bom”.


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