Revista entrelinha 1

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12,1% para pessoas que vivem sozinhas. Essa realidade é nada trágica ou preocupante, como muitos pensam. A maternidade solo ,assim como todos esses outros números positivos sobre a maternidade, mostram apenas o ressurgimento da mulher na sociedade e como ela pode e é forte. Mas então, e agora, o que eu faço? Bom, a vida continua, planejada ou não, sonhada ou não e ideal ou não. Da tarefa árdua que pouco de nós conhecemos, essas mães sabem de cor e salteado o que fazer. E o mais incrível: sozinhas e fortes.

Vane gosta de passar as tardes pensando em como será seu bebê e diz “Eu não precisei de relacionamentos, para realizar meu sonho, como é o comum. Eu não precisei de um papel de comunhão de bens, reconhecido em cartório, para dizer que eu sou uma cidadã responsável pelas minhas escolhas. E por esse motivo, eu não sou mãe solteira. Eu sou mãe. E é assim também com todas as outras que tiveram um parceiro amoroso e disso veio os filhos. Não é necessário um ‘bambolê’ no ane- lar esquerdo

para ser mãe. E é isso que somos. Mães! E somos mulheres, guerreiras e livres de rótulos.” *Nomes fictícios para proteger a imagem dos entrevistados

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ro. E obviamente ele não quis saber. Mas eu não baixei a cabeça. A melhor coisa é criar meu filho sozinha, mesmo com todas as milhares de dificuldades. Quando me perguntam de quem ele é filho, eu encho a boca para falar: é meu!” O problema para elas não é carregar o filho na barriga durante nove meses e depois no colo por anos. O que realmente as atormenta é ter que carregar a culpa de uma gestação, que em muitos casos não é planejada, e principalmente, a escala social de mãe desquitada. Ser solteira no mundo social da maternidade é ser rebaixada para “não segurou o macho” ou “abriu as pernas agora aguenta”, segundo Grazi “eu ouvi de tudo desde que tive o João, desde coisas mais pesadas, até que eu deveria dar um pai para ele logo antes que ‘tudo fique caído de vez’.” Essa classificação carrega junto a função feminina dentro da família tradicional brasileira, ou seja, a família constituída por pai, mãe e filhos -todos héteros-. Mas isso não é mais uma obrigatoriedade na viwda delas. O CENSO 2010, em uma comparação com os últimos levantamentos, apresentou um aumento de famílias tendo a mulher como responsável de 22,2% para 37,3% e 9,2% para

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