Liderança no Feminino - 2021

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Liderança no Feminino é uma publicação da responsabilidade editorial e comercial de Sandra Arouca | Periodicidade mensal | Venda por assinatura 8€

#36 MAIO 2021

“O FUTURO PASSA POR UM SISTEMA CENTRADO NAS PESSOAS, NA PREVENÇÃO E NOS RESULTADOS EM SAÚDE" Filipa Fixe, Diretora Executiva da Glintt

35 ANOS DE LPM Catarina Vasconcelos, Diretora Geral da LPM Comunicação

“ESTAR À FRENTE DE UMA EMPRESA COMO A ÁGUAS DO TEJO ATLÂNTICO É UM ENORME PRIVILÉGIO” ANA SILVEIRA, PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA ÁGUAS DO TEJO ATLÂNTICO


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ÍNDICE 4 | Editorial 6 | "Estar à frente de uma empresa como a Águas do Tejo Atlântico é um enorme privilégio." Ana Silveira, Presidente do Conselho de Administração da Águas do Tejo Atlântico 12 | “O futuro passa por um sistema centrado nas pessoas, na prevenção e nos resultados em saúde."" Filipa Fixe, Diretora Executiva da Glintt 16 | "Fortalecar as Capacidades mentais para enfrentar o futuro." Tânia Gaspar, Psicóloga, Mestre em Saúde Pública, Diretora do Instituto de Psicologia e Ciências da Educação/Faculdade de Ciências Humanas e Sociais 20 | Catarina Viana, Comunicadora nata apaixonada pelo Porto." Catarina Viana, Ceo da CommuniCate Porto 24 | “Uma marca é muito mais que um logo ou uma imagem.” Sílvia Amado, Ceo da Giraffe Mission 28 | Os sistemas alimentares e o clima são parte da agenda do planeamento das cidades." Cecília Delgado, Associação QUERCUS e docente da Universidade Nova de Lisboa

FICHA TÉCNICA Direção e Edição: Sandra Arouca Jornalistas: Ana Moutinho, Ana Duarte e Cristiana Rodrigues Web Developer: Ana Catarina Gomes Design e Paginação: WLX-design Marketing e Gestão de Redes Sociais: Catarina Fernandes

34 | 35 anos de LPM, uma escola de comunicação sempre a inovar." Catarina Vasconcelos, Diretora Geral da LPM Comunicação 38 | O Coração a sua assinatura. O sorriso doce a sua marca." Associação Sara Carreira

Contactos: geral@liderancanofeminino.org redacao@liderancanofeminino.org Registada na ERC com o n.º 126978 Propriedade de Sandra Arouca Sede e Redação - R. Nova da Junqueira, 145 4405-768 V.N.Gaia Periodicidade mensal Liderança no Feminino® tem o compromisso de assegurar os princípios deontológicos e ética profissional dos jornalistas, assim como pela boa fé dos leitores. O conteúdo editorial da Revista Liderança no Feminino é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico. Todos os artigos são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião da editora. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução total ou parcial de todos os artigos, sem prévia autorização da editora. Quaisquer erros ou omissões nos artigos, não são da responsabilidade da editora.

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| MAIO 2021

EDITORIAL Líderes que inspiram Muitos consideram que por trás de um líder, há sempre uma grande história, e como tal, damos destaque na edição de maio às líderes que invocam o seu lado mais imparcial e motivacional. Nesta edição destacamos o trabalho desenvolvido pela Águas do Tejo Atlântico, sob a direção de Ana Silveira. Assegurando a sua atividade com perseverança e eficiência, acompanhada por uma equipa de profissionais conscientes do impacto das suas funções na qualidade de vida dos cidadãos dos 23 municípios que prestam serviço. Em dezembro de 2020 a água para abastecimento público começou a ser negociada na bolsa de Nova Iorque como uma commodity, à semelhança do que já acontece com o petróleo ou o ouro. Administradora Executiva da Glintt, Filipa Fixe, conta-nos como a tecnologia e a medicina são indissociáveis e como a tele-saúde é o futuro. Fala ainda sobre a falta de representatividade das mulheres no mundo das TIC e o que se pode fazer para mudar a situação. Tânia Gaspar, Diretora do Instituto de Psicologia, uma profissional multifacetada que se desdobra em vários projetos. Conta-nos sobre o seu percurso, o impacto da COVID-19 na saúde mental e como a psicologia pode ajudar na vida pós-pandemia. Cecília Delgado, Colaboradora da QUERCUS, é urbanista e investigadora, pós-doutorada em Políticas Públicas Inter- sectoriais no âmbito do Ordenamento Territorial, Sistemas Alimentares

e Desenvolvimento Local. Acredita nas causas sociais e no conhecimento académico como veículo para melhorar as comunidades. Três dos projetos em que está envolvida e que serão apresentados nesta edição. Catarina Viana, Ceo da CommuniCate Porto sempre foi apaixonada por escrever e comunicar. A CommuniCate Porto pretende mostrar a “verdadeira essência do Porto”, numa viagem personalizada para cada cliente. Sílvia Amado, Ceo da Giraffe Mission, com 20 anos de experiência em consultoria, gestão e marketing, decidiu lançar a sua própria empresa, pouco antes do início da pandemia. Sem medo de arriscar, superou todos os desafios ao longo da sua carreira e planeia superar este também. Sílvia conta-nos sobre o seu percurso profissional e como a Giraffe Mission quer criar girafas empresariais, que tenham um impacto positivo no mundo. No ano que a LPM celebra 35 anos, Catarina Vasconcelos, diretora geral, conta-nos como foi o seu percurso até ao topo e como a agência continua a inovar, mesmo durante a pandemia. A Revista Liderança no Feminino, associa-se a mais uma causa, apoiando a Associação Sara Carreira que vai ajudar crianças e jovens. A Associação terá como principal missão apoiar crianças e jovens com poucos recursos na concretização dos seus sonhos, fazendo-os evoluir e apoiando-os ao longo da sua formação. Histórias que inspiram. Boas leituras!

Sandra Arouca

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ANA SILVEIRA

“ESTAR À FRENTE DE UMA EMPRESA COMO A ÁGUAS DO TEJO ATLÂNTICO É UM ENORME PRIVILÉGIO” Ana Silveira sempre gostou de trabalhar com pessoas e para pessoas. No setor público encontrou o seu “habitat natural” e aprendeu muito sobre trabalhar intensamente. Agora é Presidente do Conselho de Administração da Águas do Tejo Atlântico, a maior empresa de saneamento portuguesa, e orgulha-se de prestar um serviço que ajuda a melhorar a qualidade de vida dos habitante da Grande Lisboa e Oeste.

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Ana Silveira, Presidente do Conselho de Administração da Águas do Tejo Atlântico

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Ana Silveira, Presidente do Conselho de Administração da Águas do Tejo Atlântico


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Em criança, Ana Silveira quis ser Presidente da República, astronauta e até veterinária, mas das muitas profissões com que sonhava jornalista foi aquela que mais a marcou. Quando escolheu o curso de Direito era em jornalismo que estava a pensar, mas achou que direito lhe abriria mais portas no futuro do que Comunicação Social. Mesmo após terminar a licenciatura, enquanto realizava o seu estágio de advocacia, inscreveu-se no CENJOR determinada a experimentar a área. Frequentou um curso de jornalismo de um ano, fez um estágio de 3 meses na Antena I e até colaborou num suplemento regional encartado no Jornal Público. Contudo, acabou por terminar o estágio de advocacia e enveredou por esse caminho. Tirou ainda duas pós graduações, em Direito Civil e em Direito Público. Entre o setor privado e o público, desde a área das telecomunicações, banca e transportes e até ao ambiente, a sua carreira pautou-se muito pelo aconselhamento legal e jurídico bem como a consultoria. Não foi nada planeado - “fui fazendo um caminho e o caminho foi-me construindo enquanto profissional e foi a gestão de equipas e de projetos que me foi realizando ao longo do tempo”, conta. Ana encontrou no setor público o seu “ habitat natural”. É o que conhece melhor e onde sente que o seu trabalho tem mais impacto. Ao longo da sua carreira trabalhou em vários gabinetes ministeriais, como o ministério do ambiente e o ministério do mar. ”Tive a sorte de trabalhar com pessoas excecionais e de assistir diariamente ao processo de tomada de decisão que impacta diretamente na vida das pessoas”, afirma Ana. Foram anos de aprendizagem muito intensa, com um ritmo de trabalho alucinante - “temos de acompanhar esse ritmo muito rapidamente ou não conseguimos acompanhar de todo.” Para a Ana, a principal diferença entre o setor público e o setor privado recai na agilidade, flexibilidade e facilidade de tomar decisões e colocá-las em prática. “O setor público tem um espartilho maior, pelas restrições orçamentais que enfrenta, pelo conjunto de controlos e reportes a que está obrigado, pelas regras de contratação pública que dificultam a implementação célere de projetos”, explica. O setor público marcou muito o seu percurso, porque Ana gosta principalmente de pessoas, de trabalhar com elas e para elas. Atualmente, é Presidente do Conselho de Administração da Águas do Tejo Atlântico e trabalha para 2,4 milhões de pessoas, os habitantes da Grande Lisboa e Oeste. Para Ana, “estar à frente de uma empresa como a Águas do Tejo Atlântico é um enorme privilégio” e motivo de grande orgulho, pois acredita que o trabalho que desenvolvem tem um verdadeiro impacto na qualidade de vida das pessoas. Em junho de 2020, iniciou as suas funções como presidente. Começar um mandato a meio de uma pandemia é inevitavelmente um desafio acrescido. O COVID-19 impediu a proximidade e o contacto

“Se há tantas ou mais mulheres qualificadas do que homens, porque é que elas não chegam habitualmente a lugares de topo? Enquanto a sociedade não refletir esses números, continuarei a defender a igualdade de oportunidades. Um dia será o mérito a ser escolhido e não o género.”

com as pessoas, o que obrigou a centrar as atenções no planeamento e reorganização das equipas. Para o seu mandato, as palavras de ordem são as pessoas, a excelência do serviço e a utilidade social. “Sem pessoas qualificadas e motivadas não há serviço, e sem serviço não há utilidade social”, justifica Ana Silveira. Por isso, pretendem investir na qualificação e valorização dos trabalhadores, melhorar as condições de segurança, a organização interna e a qualidade de serviço bem como apostar na inovação interna. Segundo Ana, estar no cargo de presidente implica um compromisso com a causa pública que se traduz na responsabilidade de prestar um serviço essencial à população. Para ser eficiente sem descurar a sua vida pessoal é necessário encontrar um equilíbrio que permita responder a todos os compromissos profissionais “sem perdermos de vista o meio que nos rodeia, sem deixarmos de participar na sociedade e em outras iniciativas que permitam manter o equilíbrio e o necessário discernimento para as escolhas/decisões que todos os dias temos de tomar”,esclarece a presidente. A organização e a disciplina são essenciais para essa conciliação. CONSCIÊNCIA AMBIENTAL DA ÁGUAS DO TEJO ATLÂNTICO Nos últimos anos, têm-se observado um crescimento significativo da preocupação com questões ambientais e uma maior consciencialização para a

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necessidade de adotar estilos de vida sustentáveis. Portugal não é exceção ao movimento. Ana Silveira admite que houve uma grande evolução ao nível do comportamento mas que é essencial continuar este trabalho. A Águas do Tejo Atlântico acredita que a proteção do ambiente e sustentabilidade do planeta está dependente da mudança de comportamentos e por isso mesmo, desenvolve anualmente um plano de educação ambiental, mais dirigido para a população escolar no qual abordam o ciclo urbano da água, focando especialmente no tratamento de águas residuais. Em 2020, inauguraram um centro de educação ambiental, na Fábrica de Água de Beirolas, que servirá de apoio às ações de educação ambiental desenvolvidas pela empresa e pelos 23 municípios abrangidos pelos serviços das Águas do Tejo Atlântico. Servirá também como plataforma para a criação de parcerias com outras entidades que partilhem os mesmos objetivos de “ adoção de bons comportamentos e de boas práticas ambientais”. A empresa faz ainda campanhas para a população em geral, através de outdoors e das redes sociais, como a campanha “Já perguntou o que acontece quando carrega neste botão?”, que pretende relembrar o que pode prejudicar a operação do tratamento dos esgotos. Como defensores da economia circular e focando sempre na lógica dos 3R’s - reduzir, reciclar e reutilizar - estão também a apostar em desenvolver projetos para melhorar a sua eficiência operacional, como aproveitar as lamas dos processos de tratamento para transformar em composto orgânico para a agricultura; produzir energia verde (biogás) para autoconsumo através das lamas e produzir água para reutilização a partir da água residual tratada, com a finalidade de a fornecer para lavagem de ruas, rega de espaços verde e para usos industriais. A Águas do Tejo Atlântico não se preocupa apenas com questões ambientais. As questões sociais também pautam as parcerias da empresa. Recentemente, fez uma parceria com a Professional Women’s Network (PWN) Lisbon. “É muito importante para as organizações promover a diversidade no seu todo, passando pelo género, pela cultura, e sobretudo pelas ideias. As empresas são tanto mais ricas quanto maior for a diversidade e o equilíbrio, incluindo o de género”, afirma Ana Silveira. Ao longo da sua carreira, nunca sentiu que tenha sido discriminada no mundo empresarial por ser mulher. “ Mas eu não sou a regra. Sou a exceção que confirma a regra “ diz Ana. “Se há tantas ou mais mulheres qualificadas do que homens, porque é que elas não chegam habitualmente a lugares de topo? Enquanto a sociedade não refletir esses números, continuarei a defender a igualdade de oportunidades. Um dia será o mérito a ser escolhido e não o género.” A presidente acredita que esse dia chegará se continuarmos a falar sobre o

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tema e, principalmente, a criar condições para que tal aconteça. Para as jovens que estão a começar agora a sua carreira, deixa dois conselhos: nunca desistir de acreditar nos seus sonhos e não ter medo de falhar ou cometer erros. “Errar não é errado. Errado é não tentar. Errado é desistir, é ficar a meio do caminho, onde fica tanta gente. Com os erros também se aprende o que se tem de fazer melhor da próxima vez.”A formação é também um ponto chave para o crescimento. Ana Silveira, mesmo após as duas pós graduações, tirou, em 2016 um MBA Executivo na Universidade Católica na busca pelo conhecimento atualizado num mundo em constante evolução. Aliar essa formação a muito trabalho, persistência e motivação é a chave para conseguir alcançar os objetivos traçados. “Um dia a sorte bate à porta e é preciso estar-se preparado”.

“Errar não é errado. Errado é não tentar. Errado é desistir, é ficar a meio do caminho, onde fica tanta gente. Com os erros também se aprende o que se tem de fazer melhor da próxima vez. Um dia a sorte bate à porta e é preciso estar-se preparado”.


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Ana Silveira, Presidente do Conselho de Administração da Águas do Tejo Atlântico

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FILIPA FIXE

“O FUTURO PASSA POR UM SISTEMA CENTRADO NAS PESSOAS, NA PREVENÇÃO E NOS RESULTADOS EM SAÚDE."

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Filipa Fixe, Administradora Executiva da Glintt


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Administradora Executiva da Glintt, Filipa Fixe conta-nos como a tecnologia e a medicina são indissociáveis e como a tele-saúde é o futuro. Fala ainda sobre a falta de representatividade das mulheres no mundo das TIC e o que se pode fazer para mudar a situação.

Segundo um estudo do Eurostat, em 2017, dos 2,7 milhões de pessoas empregadas na área das TIC na UE, 83,7 % eram do género masculino. Em Portugal, representavam 83,3%. Filipa Fixe fazia parte dos outros 16,7%. Licenciada em Engenharia Química, Mestre em Engenharia Bioquímica e Doutorada em Bio/ Nanotecnologia no desenvolvimento de chips de DNA, o percurso académico de Filipa foi motivado pela paixão pela componente laboratorial de experimentação, investigação e a possibilidade de novas descobertas na área. Ao longo da licenciatura, descobriu uma ligação muito forte com a saúde e é nessa área que trabalha atualmente enquanto Administradora Executiva da Glintt, liderando a unidade de negócios Healthcare. Esta diferença acentuada das mulheres no mundo das TIC é para Filipa também uma questão cultural. “Na grande maioria dos lares portugueses, a mãe ainda continua a ser a figura central na dimensão familiar. Existe ainda muito preconceito relacionado com o papel e responsabilidade da mãe, que importa contrariar ou que, pelo menos, não deve constituir uma barreira na progressão da carreira”, esclarece. Para isso é necessário que as organizações criem condições de equilíbrio, através de medidas concretas, seja formações especializadas ou simplesmente, ”promovendo boas práticas como “proibir” a marcação de reuniões a partir de determinada hora, não obrigando nunca a pessoa a optar por uma ou outra dimensão da sua vida”. Filipa Fixe realça um estudo de 2020 da Harvard Business School - “The Old Boy’s Club” que concluiu que homens liderados por homens têm promoções mais frequentes na carreira do que as mulheres lideradas por homens. Já quando são as mulheres a liderar, a percentagem de homens e mulheres promovidos é muito similar. Esta conclusão pode ser explicada pelo networking feito nas “pausas sociais” ou fora do ambiente de trabalho. Apesar de já se perceberem claras mudanças na sociedade portuguesa, com mais mulheres em cargos de gestão e de topo e mais homens a estenderem as suas licenças de paternidade, ainda há muito por fazer. Nesse sentido, a Glintt criou em 2019 o Programa TECH WOMEN do qual faz parte a iniciativa - Glintt Women Tech Talks, que pretende ser palco para partilha de experiências, num momento descontraído de networking entre os colaboradores e colaboradoras

da Glintt, e os oradores(as) convidados(as). Enquanto Administradora Executiva, Filipa Fixe é, desde 2018, responsável pela vertical de Healthcare, gerindo a área comercial, desenvolvimento e consultoria de negócio e o desenvolvimento do produto da área hospitalar. As soluções tecnológicas da Glintt são utilizadas em mais de 200 hospitais e clínicas e em 14 mil farmácias na Península Ibérica. Um dos maiores desafios do cargo é “garantir a motivação das diferentes equipas e que cada uma entenda o propósito do que faz no seu dia-a-dia”, conta Filipa Fixe. Outro desafio é “procurar, de forma contínua, que a inovação proporcionada pela saúde e tecnologia seja adotada pelos nossos colaboradores e incorporada pelos nossos clientes através das nossas soluções.” A Glintt acredita que a tecnologia é um dos alicerces para melhores cuidados de saúde, com mais equidade a custos controlados. Filipa é também membro da direção da APSDI (Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade de Informação) e é professora convidada da Universidade de Lisboa. Gerir o tempo é um desafio diário - “é importante que todos os dias consigamos percecionar o valor que conseguimos aportar, sentir que fizemos acontecer, que cumprimos o nosso objetivo." Trabalhar na área que faz os olhos de Filipa “brilhar” torna a sua jornada mais fácil. “Se tivermos gosto

“Se tivermos gosto pelo que fazemos e se formos capazes de reconhecer o impacto que estamos a criar, seja no mundo académico, seja no profissional, acordarmos de manhã para ir trabalhar fica muito mais fácil.”

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pelo que fazemos e se formos capazes de reconhecer o impacto que estamos a criar, seja no mundo académico, seja no profissional, acordarmos de manhã para ir trabalhar fica muito mais fácil. Isto é já 50% da energia que precisamos para o resto do dia!”, revela. "Mesmo antes do COVID-19 surgir, Portugal já tinha investido na área da saúde e do digital. São exemplos disso: as teleconsultas, a linha do SNS24 ou a prescrição eletrónica de medicamentos, tal como exemplifica Filipa." A pandemia obrigou à agilização do processo - “o que tipicamente demoraria anos, aconteceu em semanas ou meses”. Não obstante as exigências colocadas, o SNS conseguiu adaptar-se com a celeridade que a pandemia exigia. Foi criado um novo sistema online de triagem no site do SNS, específico para a COVID-19, e existem vários grupos de médicos voluntários que prestam apoio gratuito à população, por telefone, email ou videochamada em várias áreas da saúde. Muitos foram os profissionais da área que se mobilizaram e se reinventaram, marcando uma forte presença no mundo digital. Tendo em conta a alta taxa de transmissão do vírus, é essencial otimizar a assistência à saúde e utilizar novos modelos de assistência populacional.

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"O futuro da saúde passa por promover uma vida saudável e ativa evitando o aparecimento de doenças, através da descentralização, da monitorização e da personalização, capacitando o cidadão e habilitando os profissionais de saúde.”


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Neste contexto, a teleconsulta e a telemonitorização são fundamentais para evitar as deslocações aos hospitais e diminuir assim a sobrecarga, atuando como fortes aliados do SNS. “Já não é possível falar de saúde sem considerar o papel da tecnologia”, afirma Filipa. Desde os hospitais às farmácias, “os softwares que existem, hoje em dia, permitem criar perfis e acompanhar cada utente, desde a fase da prevenção ao tratamento, possibilitando assim melhores cuidados de saúde, a custos controlados. A tecnologia assegura, cada vez mais, a sustentabilidade dos sistemas de saúde e o caminho é este.” A tecnologia pode facilitar os processos hospitalares, como é o exemplo das triagens nas urgências. “É possível que a triagem possa ser feita, por exemplo, por um algoritmo pré-definido e/ou com um chatbot, dependendo da severidade, que identifica se o utente tem de ir para uma sala de urgência ou se pode ser atendido, remotamente, ou se é preferível dirigir-se ao centro de saúde“, diminuindo assim o tempo de espera e agilizando todo o processo. No entanto, segundo o Barómetro de IA e Telessaúde, desenvolvido pela Glintt em conjunto com a Associação Portuguesa de Administradores Hospita-

lares (APAH), apesar de 87% dos hospitais públicos recorrerem à telemedicina, apenas 44% dos profissionais de saúde estão, realmente motivados para a sua utilização. Filipa acrescenta que existe ainda “uma visível falta de know-how e de infraestruturas de TI adequadas nesta valência.” Para Filipa Fixe, agora, mais do que nunca, faz sentido o desenvolvimento e adoção de soluções digitais neste setor. É, contudo, necessário ter em atenção que o aumento da tecnologia na medicina pode aumentar o risco da perda da ligação entre o paciente e o médico e levar à alienação de pacientes que não tenham acesso a recursos digitais ou literacia digital. Para tal, é “fundamental apostar na formação contínua na área do digital, na literacia em saúde e na definição de processos que permitam implementar de forma transversal as novas tecnologias na área da saúde, bem como transmitir a todos os envolvidos que se há aspeto que a tecnologia nunca irá substituir é o contacto humano”, explica Filipa Fixe. “O futuro da saúde passa por promover uma vida saudável e ativa, evitando o aparecimento de doenças, através da descentralização, da monitorização e da personalização, capacitando o cidadão e habilitando os profissionais de saúde”, aponta Filipa Fixe.

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Tânia Gaspar, Diretora do Instituto de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade Lusíada, docente e investigadora.

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TÂNIA GASPAR

FORTALECER AS CAPACIDADES MENTAIS PARA ENFRENTAR O FUTURO Diretora do Instituto de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade Lusíada, docente e investigadora, Tânia Gaspar é uma profissional multifacetada que se desdobra em vários projetos. Conta-nos sobre o seu percurso, o impacto do COVID-19 na saúde mental e como a psicologia pode ajudar na vida pós-pandemia.

Curiosa e interessada no ser humano, as suas relações e emoções, os pensamentos e comportamentos, Tânia Gaspar decidiu licenciar-se em Psicologia. Após fazer um estágio na área da saúde mental, percebeu que a intervenção precisava de ter em conta não só a pessoa mas também as suas relações mais próximas e o seu contexto socioeconómico e cultural. Por isso, decidiu tirar o mestrado em Saúde Pública. “Foi muito importante para ter uma visão mais macro da saúde e da doença, numa perspetiva de promoção de saúde, prevenção da doença e reabilitação psicossocial”, conta a psicóloga. Ainda focada na saúde e nas oportunidades, fez o seu doutoramento em Psicologia na área da Saúde e Qualidade de Vida. De momento, está a tirar um segundo doutoramento em Gestão, com o tema da Gestão e Qualidade das Organizações de Saúde. Desde 2002 que é docente da Universidade Lusíada de Lisboa e já foi docente convidada em universidades da Alemanha, EUA e Espanha. Considera “uma honra e um gosto contribuir para o desenvolvimento de futuros Psicólogos”. Em 2009 aceitou o “desafio” de ser Diretora do Instituto de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade Lusíada de Lisboa. É ainda presidente da Aventura Social Associação, uma IPSS constituída maioritariamente por psicólogos que tem como objetivo a intervenção psicológica e social e promoção de saúde da população em geral, com especial dedicação à intervenção junto de grupos de risco e populações desfavorecidas. O segredo para conciliar todas as responsabilidades e atividades é “a paixão, a autorregulação no estabelecimento de objetivos, prioridades e perseguição desses objetivos, bem como salvaguardar o equilíbrio com a vida familiar e atividades de lazer” conta. “ Acima de tudo contar com pessoas que partilham a mesma paixão e dedicação.” Tânia sempre se envolveu em vários projetos. Mesmo antes de terminar a licenciatura, já estava investida no mundo da investigação. Começou por colaborar com a equipa Aventura Social da Motricidade Humana da Universidade de Lisboa. Atual-

“A saúde mental era frequentemente vista como “doença mental”, agora muitos mais valorizam o bem-estar, a sensação de nos sentirmos felizes, a sensação de realizarmos atividades que nos dão prazer, a sensação de estarmos com os que mais gostamos.” mente, coordena o grupo de investigação “Qualidade de Vida, Intervenção Psicossocial e Cidadania” do Centro Lusíada de Investigação Serviço Social e Intervenção Social (CLISSIS). Para a Diretora, a investigação é fundamental “para colocar o conhecimento científico da psicologia ao serviço da intervenção psicológica e multidisciplinar, promove o trabalho em rede e permite que as políticas públicas sejam baseadas na evidência. “ A psicóloga é ainda diretora do jornal Psicologia da Criança e do Adolescente e muitos dos seus projetos de investigação focam-se nesta população. A primeira investigação em que colaborou estava relacionada com o impacto da publicidade nos comportamentos das crianças. Tânia passou horas a ver publicidade dirigida a crianças e a registrar informação potencialmente de risco para a saúde e comportamento das mesmas. Este ano, coordenou o XI Congresso Internacional de Psicologia da Criança e do Adolescente que se focou nas emoções, um tema “especialmente pertinente agora neste momento da pandemia, onde

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a literacia emocional, a autorregulação e a gestão emocional são fundamentais para uma melhor adaptação aos desafios recentes, presentes e futuros”, afirma. Desde 1999 que faz parte da rede de estudo Health Behaviour School-aged Children colaborativo da OMS e recentemente assumiu a coordenação nacional e a cocoordenação dos países mediterrâneos do estudo. Esta rede conta com mais de 50 países e estuda e monitoriza os comportamentos de saúde de crianças e adolescentes de 4 em 4 anos através de amostras nacionais. A próxima recolha será em 2021/2022 e avaliará o impacto da pandemia na saúde das crianças e adolescentes portugueses. Apesar de todos terem sentido os efeitos da pandemia, Tânia Gaspar realça que o impacto ao nível da saúde mental foi diferente de pessoa para pessoa. É necessário considerar a situação prévia à pan-

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demia - “se a pessoa antes da pandemia já tinha dificuldades ao nível da saúde bio-psico-social como por exemplo níveis de stress e ansiedade muito elevados, sintomas depressivos, doença mental”, entre outros, estes elementos podem ter sido agravados afetando negativamente a pessoa ao nível da saúde mental. Por outro lado, é também importante ter em conta pessoas que, devido à pandemia, “perderam rendimentos ou o trabalho, que tiveram infetados, que tiveram alguém próximo infetado ou que perderam alguém significativo, ou que pertencem a um grupo de maior risco, que viveram a situação pandémica mais isolados, que tiveram mais dificuldade de acesso à escola e aos amigos à distância (no caso das crianças e adolescentes) e ainda que ficaram em teletrabalho com crianças pequenas ou com necessidades educativas/saúde especiais” enumera a psi-


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cóloga. “Estas pessoas tendem a ter uma experiência pessoal mais negativa e consequentemente um maior impacto na sua saúde mental.” Contrariamente, as pessoas que tinham previamente uma situação mais favorável conseguiram enfrentar a pandemia com maiores níveis de saúde mental, estilos de vida mais saudáveis, melhor gestão do stress e incerteza e manutenção do equilíbrio e bem estar pessoal, familiar e laboral. Em Portugal, faltam muitos psicólogos no SNS para responder à procura real e os cuidados de saúde mental acessíveis monetariamente são escassos. As consequências da pandemia a nível psicológico aumentaram a consciencialização da população em geral para o tema e salientaram a importância da saúde mental na opinião pública. “A saúde mental era frequentemente vista como “doença mental”, agora muitos mais valorizam o bem-estar, a sensa-

ção de nos sentirmos felizes, a sensação de realizarmos atividades que nos dão prazer, a sensação de estarmos com os que mais gostamos”, explica. A psicóloga espera que a saúde mental seja uma prioridade acompanhada com verbas dos apoios financeiros europeus para “ dar melhores condições aos psicólogos em atividade, contratar mais psicólogos e alocá-los a diversos setores nomeadamente na saúde, educação, justiça, área social e laboral. “ “A pandemia Covid-19 remeteu-nos para uma nova realidade, mas que pode repetir-se e por isso é fundamental desenvolver um trabalho preventivo de robustecimento da saúde mental das pessoas e da sua capacidade de adaptação a situações de crise”, conclui. É necessário avaliar as consequências da pandemia na saúde mental da população e delinear, implementar e avaliar planos de intervenção psicossocial junto das pessoas mais afetadas.

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CATARINA VIANA, COMUNICADORA NATA APAIXONADA PELO PORTO Catarina sempre foi apaixonada por escrever e comunicar, mas quando em 2018 se viu desempregada decidiu arriscar e criar a sua própria marca na área do turismo. A CommuniCate Porto pretende mostrar a “verdadeira essência do Porto”, numa viagem personalizada para cada cliente.

Catarina Viana começou a falar muito cedo e nunca ficou envergonhada no que toca a comunicar com outras pessoas. Desde jovem que gostava de ficar horas a escrever histórias no papel, porque para si, escrever diretamente no papel é o segredo para as ideias fluírem mais facilmente. Percebeu que o seu percurso profissional tinha que passar pela comunicação, “era isso que fazia sentido” e que a fascinava. Assim, escolheu jornalismo em Coimbra e aí percebeu a magia de conhecer e contar histórias, o nervosismo antes de entrar em direto na rádio, a paixão pela área. Estagiou na TimeOut e mais tarde escreveu esporadicamente para o P3 e para o Repórter Sombra. “Aprendi muito em cada um desses sítios e a paixão pela escrita nunca morreu”, afirma Catarina. Quando era criança, muitas vezes a tratavam por Catarina Variações, porque era tal e qual como a música: “só estava bem onde não estava, só queria estar onde não ia”. Por isso mesmo, viu a mudança do percurso do jornalismo para uma comunicação mais focada no mundo empresarial como algo bom. “Bom porque senti que o jornalismo me limitava bastante. Já na comunicação, tenho muito mais liberdade de escolha”, explica Catarina. Considera-se uma pessoa “inconformada por natureza”, sempre à procura de desafios novos, cargos diferentes e experiências que a motivem e realizem. Foi nesse sentido que em 2014 decidiu voltar à vida académica com uma pós-graduação em comunicação empresarial. Pretendia procurar o que realmente gostava e conhecer melhor a área. “Aprendi imenso, conheci pessoas que mais tarde me abriram portas no mundo profissional e consegui perceber o que queria fazer dali para a frente”, revela. Sempre em busca de novas aventuras, nesse mesmo ano juntou-se ao G.A.S Porto como voluntária. Foi uma experiência dura mas gratificante. “Conheci histórias aterradoras e condições de vida completamente desumanas. Durante semanas fui para casa chorar porque não conseguia compreender como é que havia pessoas a viver naquelas condições e outras, como eu, com todas as condições do mundo”, relata Catarina. Esta experiência moldou-a enquanto pessoa, foi uma “lição de humildade” que a ajudou a relativizar os seus problemas.

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No final de 2018, ficou desempregada e deparou-se com um dilema: ou arranjava um emprego que realmente a realizasse ou “ganhava coragem” e começava a sua própria marca. Com o apoio do seu pai, a pessoa que sempre a aconselhou e que admira, e com o suporte financeiro do subsídio de desemprego, uma mera idealização tornou-se realidade e a CommuniCate Porto nasceu. Em apenas duas semanas pensou no conceito: criar planos de viagens totalmente personalizados, desde o primeiro contacto até ao momento que o cliente deixa a cidade, neste caso o Porto. Catarina Viana já viveu em Coimbra, Barcelona e no Rio de Janeiro. Aos 16 anos, o seu maior sonho era “pegar numa mochila e viajar por aí”. Mas percebeu mais tarde que, por mais que gostasse de ir, gostava ainda mais de regressar à “sua” cidade. Uma cidade tão especial para os portuenses. Não só os que nasceram e foram criados na cidade, mas também todos os que a escolheram para assentar e viver o resto da sua vida. O seu amor pela Invicta foi uma das principais motivações para criar o seu negócio. No início da criação da CommuniCate, Catarina saiu de casa com um bloco de notas e uma caneta na mão e foi bater à porta de restaurantes, cafés e museus. Queria saber a história de cada lugar de uma forma mais pessoal, queria perceber o que faz da cidade uma das mais acolhedoras do mundo. “Fui recebida com simpatia e com muita abertura para me contarem a sua história. E isso é uma coisa muito portuense: o saber receber como ninguém! “, conta. A nível mais técnico, teve de contratar um web designer e dois programadores. Criaram um site

Considera-se uma pessoa “inconformada por natureza”, sempre à procura de desafios novos, cargos diferentes e experiências que a motivem e realizem.


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Catarina Viana, CEO da CommuniCate

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do zero e uma aplicação exclusiva que permite que cada cliente tenha acesso ao seu próprio plano de viagem, feito exclusivamente para ele. No final de 2019 estava tudo pronto. A CommuniCate Porto foi lançada e em poucos meses, até ao início da pandemia, conseguiu trazer 21 pessoas ao Porto, vindas da Holanda, do Peru e de França. Foram estes clientes que permitiram testar e aprovar as ideias iniciais e que motivaram Catarina a não desistir da marca quando o COVID-19 surgiu - ”fiquei com zero rendimentos a entrar, sem ver uma luz ao fundo do túnel mas, principalmente, ficava extremamente revoltada sempre que pensava na possibilidade de ter que desistir de um projeto que tinha dado tanto trabalho e pelo qual tanto tinha lutado. “ Para contornar esses sentimentos decidiu meter mãos na massa. Criou uma rubrica nas redes sociais - CommuniCate with us - onde contou histórias de pessoas em confinamento em Portugal, na Alemanha e em Espanha. Depois, criou gift vouchers que as pessoas pudessem oferecer em dias especiais, como o dia da mãe e do pai ou aniversários. O objetivo era mimar as pessoas mais importantes na vida dos seus potenciais clientes, porque toda a gente gosta de se sentir especial e mimada. Para Catarina, é esse o segredo da CommuniCate Porto - o cuidado que tem com cada cliente, as surpresas que preparam ao longo da estadia a pensar no cliente, a disponibilidade que demonstram durante toda a viagem e a atenção na criação de cada plano. Catarina sublinha que personalizar não é simplesmente “ ter lá o nome da pessoa”. De todos os planos que criou, nenhum é igual porque não existem clientes iguais. Essa dedicação e cuidado levou a CommuniCate a ser reconhecida num artigo da Beau Monde Traveler

Conhecer a verdadeira essência é ir além dos lugares mais conhecidos. A CommuniCate esforça-se por recomendar lugares que valem a pena visitar e que fogem aos roteiros mais convencionais. “Escusam de estar a perder tempo a pesquisar, correndo o risco de ir apenas aos lugares mais “mainstream”. Connosco, garantimos que irão tirar o maior partido da sua viagem.” 22

Catarina Viana, CEO da CommuniCate


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Catarina Viana, CEO da CommuniCate

como a melhor companhia turística para partilhar a verdadeira essência portuense. Conhecer a verdadeira essência é ir além dos lugares mais conhecidos. A CommuniCate esforça-se por recomendar lugares que valem a pena visitar e que fogem aos roteiros mais convencionais. “Escusam de estar a perder tempo a pesquisar, correndo o risco de ir apenas aos lugares mais “mainstream”. Connosco, garantimos que irão tirar o maior partido da sua viagem.” Atualmente, Catarina trabalha também como Copywriter na People. Este cargo veio não só preencher o seu gosto pela escrita como a necessidade que tem de novos desafios e de conviver ainda que à distância com outras pessoas - “eu preciso de sentir que está alguém do outro lado.” Gerir as responsabilidades deste cargo com a CommuniCate Porto é um desafio mas o trabalho nunca assustou Catarina. “Assusta-me a falta de reconhecimento e de resultados. Mas faço sempre questão de equilibrar a minha vida pessoal com a profissional.” A gestão do tempo é a chave. “Acredito mesmo que as horas de trabalho não representam produtividade. Vejo muita gente que está sempre a trabalhar e depois não fez nem metade do que era suposto. Não adianta trabalhar e ficar doente, para depois ter um chefe que diz que o trabalho não está bem feito e alguém em casa a dizer que nunca temos tempo. Dedicar tempo a quem mais gostamos e ao que realmente nos realiza, é e será sempre o mais importante!" Catarina Viana, CEO da CommuniCate

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SÍLVIA CORREIA AMADO

“UMA MARCA É MUITO MAIS QUE UM LOGO OU UMA IMAGEM”

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Sílvia Correia Amado, CEO da Giraffe Mission


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Com 20 anos de experiência em consultoria, gestão e marketing, decidiu lançar a sua própria empresa, pouco antes do início da pandemia. Sem medo de arriscar, superou todos os desafios ao longo da sua carreira e planeia superar este também. Sílvia conta-nos sobre o seu percurso profissional e como a Giraffe Mission quer criar girafas empresariais, que tenham um impacto positivo no mundo.

Em adolescente, Sílvia era muito curiosa pelo mundo político. “Achava que tinham, nas mãos, a capacidade de fazer a diferença”, relembra. Chegou a ir algumas vezes à Assembleia da República acompanhar debates, discursos e iniciativas, contudo concluiu “que uns falam muito sobre os temas, mas os outros fazem acontecer”. Esses “outros” são, para Sílvia, as empresas que impactam diretamente a sociedade com as suas mensagens e produtos. Assim, empenhada em também ter impacto e poder decisor, escolheu gestão no ensino superior e, posteriormente à licenciatura, tirou uma pós-graduação em finanças. Os primeiros anos da sua carreira estiveram muito pautados pelo mundo da consultoria. Em 2005, decidiu embarcar num MBA de Estratégia e Marketing, para refrescar ideias, abrir horizontes e focar-se de novo nos seus sonhos. Foi uma decisão complicada, tanto a nível profissional como pessoal. Nessa altura, Sílvia tentava fazer crescer a sua família e ter o seu primeiro filho. No trabalho, pediram-lhe que adiasse a ideia de seguir o MBA porque estava “em ano de promoção”. “A conjugação desses fatores atrasaria tudo por pelo menos 2 anos. O que me levou à situação inevitável de ter que fazer escolhas. Na altura decidi arriscar - sabia que se ficasse, na essência tudo ficaria na mesma e eu sentia o apelo da mudança.” Investiu assim na formação, para um reposicionamento profissional e seguiu com o seu desafio familiar. “Tive sorte, os astros alinharam-se a meu favor e correu tudo bem!”, revela. Há momentos na vida em que é necessário arriscar e Sílvia já provou que não tem medo de o fazer. Em Fevereiro de 2020, criou a sua própria empresa - a Giraffe Mission. E porquê uma Girafa? “A Girafa é dos animais mais únicos e distintivos do mundo animal!”, responde a CEO. “É um animal marcante, com um conjunto de características únicas, que todos reconhecem facilmente, que fascina toda a gente e que não deixa uma pegada negativa no mundo. Pelo contrário, a Girafa cria sinergias com as espécies à sua volta, tanto animais como vegetais, num ecossistema positivo de colaboração.” A Missão da Giraffe Mission é exatamente essa: ajudar a criar as girafas do mundo empresarial - ” empresas únicas e memoráveis, que

Há momentos na vida em que é necessário arriscar e Sílvia já provou que não tem medo de o fazer. Em Fevereiro de 2020, criou a sua própria empresa a Giraffe Mission.

trabalham para criar um impacto positivo no mundo à sua volta”, explica. A ideia de criar uma empresa já estava presente desde a altura do MBA, mas só no final de 2019 é que Sílvia sentiu que os astros estavam novamente alinhados para seguir o seu sonho. O que os astros não previram foi uma pandemia mundial que chegaria a Portugal no mês após o lançamento da empresa, que obrigou Sílvia a viver o seu sonho “mais devagarinho e com mais cautelas”, em termos de investimentos e de crescimento. Apesar de tudo, sente-se grata e não se arrepende da decisão que tomou. O COVID-19 obrigou a Giraffe Mission a recorrer à criatividade para reformular os processos de trabalho previamente definidos, já que dependiam de sessões conjuntas de brainstorming com equipas e requeriam um grande envolvimento e cooperação dos clientes. Os canais de comunicação passaram a ser digitais e por isso Sílvia teve de investir, logo de início, nas componente tecnológica e reforçar as competências digitais da empresa. Tudo mudou, incluindo as necessidades dos clientes e a Giraffe Mission,tal como muitas outras empresas, teve de se adaptar. “Que ofertas fazem sentido neste contexto? Como colocar o propósito da empresa em

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ação nesta conjuntura? Como se vive a marca assim?” são algumas questões que surgiram com a nova realidade. Para Sílvia, o branding é algo extremamente importante no sucesso de uma empresa, ainda mais nesta altura. “Uma marca é muito mais que um logo ou uma imagem”, afirma. A marca reflete os valores da empresa e impacta a forma como esta se expressa. É importante definir quais são as mensagens chave para o posicionamento da empresa para os seus diferentes stakeholders. E é nisso que a Giraffe Mission se propõe a ajudar definir com o Brand and Purpose audit. “Com as mudanças estruturais que temos vindo a sentir, muitas empresas sentem que “perderam o norte”.. É necessário revisitar o propósito, os seus valores e perceber como estão a ser vividos, como estão a ser percebidos pelos diferentes stakeholders, como estão a impactar o dia a dia da empresa e como o deveriam estar a ser”, explica a CEO. Com mais de 20 anos de experiência nas áreas de consultoria, gestão e marketing, foram muitos os projetos que a marcaram e que recorda com carinho especial. “Há marcas que são quase como “filhos” porque foram literalmente criadas por mim e pela minha equipa, há serviços / produtos que me fazem sorrir quando os vejo ser mencionados…”, conta. Acima de tudo, Sílvia realça as pessoas como o mais marcante durante estas duas décadas. “São essas que nos tocam, que nos mudam para melhor e que nos ficam para a vida. E aí sim, as “minhas” equipas de marketing, das quais fiz parte nas diferentes empresas onde

“Há marcas que são quase como “filhos” porque foram literalmente criadas por mim e pela minha equipa, há serviços / produtos que me fazem sorrir quando os vejo ser mencionados.”

estive, são essas que me enchem de orgulho. “Não só nos bons momentos, mas também nos maus. “Se há algo que aprendi nestes anos, é que os desafios não se superam sozinha, mas sim em equipa. Superam-se com alinhamento, com colaboração e quando as pessoas, em conjunto, sentem que estão “a remar” no mesmo sentido. “ Em todos os desafios que teve ao longo da sua carreira, pequenos ou grandes, afirma ter superado em conjunto com a sua equipa, com os fornecedores, com os parceiros que trabalharam consigo e até com os clientes. Sílvia admite que alguns desses desafios foram acrescidos pelo facto de ser mulher. “Quando somos novas, muitas vezes não somos levadas a sério porque “parecemos miúdas”. Temos que aprender a nos “impor” e a lidar muitas vezes com mundos profissionais maioritariamente masculinos.” Depois, segue-se a “fase perigosa”, como lhe chama Sílvia. Esta é a fase em que a mulher planeia ter filhos e é para muitas um teste à sua estabilidade profissional. Por fim, chegam os 40, e segundo a CEO, no mercado português essa idade ainda é vista em muitas empresas como um “limite de validade. “Passamos muita da nossa carreira a ter de ultrapassar os estigmas associados a sermos mulheres”, afirma Sílvia. Muito ainda tem de ser feito em Portugal para ultrapassar esses estigmas e para isso é necessário trabalhar em conjunto e ser solidárias umas com as outro. “É como qualquer desafio: só em conjunto pode ser ultrapassado. E nós, mulheres, estamos juntas nisto!”

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OS SISTEMAS ALIMENTARES E O CLIMA SÃO PARTE DA AGENDA DO PLANEAMENTO DAS CIDADES Cecília Delgado, é urbanista e investigadora, pós-doutorada em Políticas Públicas Intersectoriais no âmbito do Ordenamento Territorial, Sistemas Alimentares e Desenvolvimento Local. Acredita nas causas sociais e no conhecimento académico como veículo para melhorar as comunidades. Foi este espírito de missão que a levou a: 1) cofundar em 2018 a plataforma nacional Alimentar Cidades Sustentáveis; 2) a coordenar em 2020 o E-book Alimentar Boas Práticas da Produção ao Consumo Sustentável, ou mais recentemente; 3) a traduzir para Português a Declaração de Glasgow para a Alimentação e Clima. Três dos projetos em que está envolvida e que serão apresentados aqui.

Ao longo dos anos tem trabalhado fundamentalmente como professora e investigadora: Universidade Lusíada do Porto (1999-2013); Laboratório Nacional de Engenharia Civil (2014 a 2017). Mas também como coordenadora de planeamento urbano, no Programa Polis em Vila Nova de Gaia (2000-2007), um projeto nacional com uma forte componente ambiental e de reabilitação liderado pela Parque Expo 98. Atualmente é investigadora na NOVA.FCSH - Faculdade de Ciências Humanas e Sociais - Nova Universidade e afiliada do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais, na Universidade Nova de Lisboa. No âmbito da sua atividade profissional tem conhecido vários países onde recolhe informação primária sobre iniciativas relevantes de Agricultura Urbana e Sistemas Alimentares Urbanos, nomeadamente em: Lima (Peru); Belo Horizonte (Brasil); Singapura; Viena (Áustria); Paris (França); Berlim (Alemanha); Toronto e Vancouver (Canadá); Bangkok (Tailândia). COLABORAÇÃO COM A QUERCUS Colaborar como voluntária especialista da QUERCUS, tem sido segundo a própria, uma oportunidade ímpar para refletir sobre o impacto dos Sistemas Alimentares no ambiente e clima a nível nacional e internacional, com uma equipa inspiradora (de mulheres!). A participação em eventos nacionais e internacionais dinamizados pela Quercus, como o recente webinar “Em Busca da Cidade Verde” com a Green European Foundation, ou a representação junto de parceiros internacionais como a Pesticides Action Network Europeia, ou ainda a federação de organizações ambientalistas EEB - European Environmental Bureau, tem sido um espaço de aprendizagem mútua e de divulgação do conhecimento a uma comunidade alargada no contexto europeu. A Quercus é um dos parceiros da plataforma nacional Alimentar Cidades Sustentáveis desde a sua fundação. Por exemplo, a candidatura ao apoio do Projeto Make Europe Sustainable for All - Projeto Europa no Mundo que financiou o E-Book já referido, foi possível através do suporte institucional

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da QUERCUS, uma vez que a plataforma nacional é uma rede informal de cidadãos. Foi também muito importante a divulgação feita pela Quercus à publicação, nas redes sociais e através do programa televisivo Minuto Verde. A disseminação em Portugal da Declaração de Glasgow para a Alimentação e Clima foi possível através dos canais de comunicação da Quercus, e estimulada também pelos contactos da associação com os municípios Portugueses nomeadamente, no âmbito do Pacto de Autarcas para o Clima e a Energia.

Colaborar como voluntária especialista da QUERCUS, tem sido segundo a própria, uma oportunidade ímpar para refletir sobre o impacto dos Sistemas Alimentares no ambiente e clima a nível nacional e internacional, com uma equipa inspiradora (de mulheres!)


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Cecília Delgado, Associação QUERCUS e docente da Universidade Nova de Lisboa

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A PLATAFORMA ALIMENTAR CIDADES SUSTENTÁVEIS Fundada em 2018 a rede ALIMENTAR CIDADES SUSTENTÁVEIS pretende associar todos os atores e sectores do sistema alimentar nacional, reunindo atualmente 350 membros (2020). Tem como missão: (1): Partilhar conhecimento, fundamentado e plural, como instrumento para ampliar o entendimento da diversidade de sectores e atores, ao longo da cadeia que compõe o sistema alimentar; (2): Construção coletiva de conhecimento, como instrumento para qualificar as decisões e as políticas públicas que conduzam a sistemas alimentares com melhoria nos impactos ao nível ambiental e económico, e socialmente mais sustentáveis. Para além da partilha de informação e de eventos realizada de forma individual e voluntária pelos membros deste “google-group”, são desenvolvidas pontualmente atividades e projetos entre as quais o e-book – Alimentar Boas Práticas: da Produção ao Consumo Sustentável 2020 e debates mensais virtuais. O E-BOOK – ALIMENTAR BOAS PRÁTICAS: DA PRODUÇÃO AO CONSUMO SUSTENTÁVEL 2020 A publicação do e-book - Alimentar Boas Praticas da Produção ao Consumo Sustentável 2020 inseriu-se nas atividades definidas como prioritárias pela plataforma nacional – Alimentar Cidades Sustentáveis. O e-book, lançado em Março 2020, compila 46 iniciativas nacionais que ilustram, de forma não exaustiva, o panorama das ações, projetos e programas do sistema alimentar nacional. O conjunto de iniciativas apresentado apresenta um leque extremamente variado e rico de áreas de

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atividade da cadeia alimentar em Portugal, designadamente: recursos e inputs agrícolas; produção; processamento; logística; comercialização; restauração; consumo; valorização de resíduos; sensibilização/ educação; programas alimentares locais; marketing, e “outros”, que se autoalimentam internamente a partir das diferentes ações desenvolvidas pela iniciativa e que coexistem no território. A publicação que se espera vir a ser uma 1.ª Edição, demonstra a diversidade territorial das iniciativas existentes à escala nacional, intermunicipal, municipal e local (freguesias). À escala nacional sobressai o sector privado, mais habilitado à replicação das iniciativas. Há ainda um conjunto significativo de iniciativas à escala intermunicipal dinamizados frequentemente pelo terceiro sector. A maioria das iniciativas documentadas à escala municipal demostra o papel preponderante das autarquias na dinamização dos sistemas alimentares e a importância do envolvimento e vontade política para que as iniciativas aconteçam, sem desmerecimento pelas iniciativas desenvolvidas pelo terceiro sector, ativo, inovador e empenhado na mudança positiva dos sistemas alimentares, mesmo na ausência de políticas públicas que facilitem os processos. Por fim, mas não menos importante, o conjunto de iniciativas à escala local (freguesias) reforçam o papel preponderante da vontade política e a força e criatividade dos líderes locais na dinamização das iniciativas. As iniciativas reunidas atestam ainda a multiplicidade de pontos de entrada do sistema alimentar que pode ter como alavanca o ambiente, saúde, formação profissional, redução da pegada ecológica, consumo consciente, emergência social, redução do desperdício alimentar, a manutenção da agricultura


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Cecília Delgado, Associação QUERCUS e docente da Universidade Nova de Lisboa

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de proximidade, o estreitamento de relações de comunidade, etc.. O sucesso do e-book que ultrapassou os 1500 downloads em 6 meses (Abril a Setembro 2020) e os feedbacks extremamente positivos, justificam a continuidade da compilação que servirá para assegurar a necessária visibilidade, acompanhamento e reconhecimento da excelência, criatividade e inovação das iniciativas existentes. A DECLARAÇÃO DE GLASGOW PARA A ALIMENTAÇÃO E CLIMA Em Novembro de 2021, a COP26 em Glasgow irá enfrentar a monumental tarefa de colmatar o fosso entre os atuais compromissos climáticos dos países e as significativas transformações necessárias para enfrentar as emergências climáticas e naturais. O ímpeto está a crescer para ligar a alimentação, a natureza e o clima numa série de eventos chave a decorrer este ano, incluindo a primeira Cimeira da ONU sobre Sistemas Alimentares, tornando a COP26 uma oportunidade única para colocar a reforma dos sistemas alimentares na linha da frente do debate sobre o clima. Com os sistemas alimentares atualmente responsáveis por 1/3 das emissões globais de “Gases de Efeito Estufa”, está a tornar-evidente que não podemos cumprir o Acordo de Paris sobre o Clima assinado em 2015, sem incluir os sistemas alimentares. Contudo, a alimentação interceta diferentes áreas políticas o que conduz frequentemente a contradições e discordâncias políticas. A menos que todos os impactos dos sistemas alimentares sejam considerados em conjunto, as estratégias de mitigação e adaptação às alterações climáticas associadas à produção e consumo de alimentos serão provavelmente ineficientes. Uma abordagem dos sistemas alimentares integrada considera a diversidade de atores e fatores socioculturais, económicos, biofísicos e institucionais subjacentes que moldam os nossos sistemas alimentares e facilitam o desenvolvimento de políticas coerentes, a resolução de tensões e a concretização da transformação dos sistemas alimentares, necessária para enfrentar os urgentes desafios ambientais e nutricionais. Graças aos esforços na tradução da Declaração e do site para Português a Declaração já foi assinada por três municípios portugueses: Mértola; Torres Vedras e Maia. E pela cidade de São Paulo no Brasil. O PRAZER DE FAZER PARTE DE UMA EQUIPA DEDICADA, ALTRUÍSTA E MOVIDA PELO ESPÍRITO DE MISSÃO A crise de 2011, que culminou com a entrada do FMI em Portugal, foi uma oportunidade para nos reinventarmos. Face ao cenário de decréscimo populacional na Europa, bolha imobiliária e crise financeira, tornava-se evidente uma mudança de paradigma. As cidades são cada vez mais o espaço de inovação, que

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O sucesso do e-book que ultrapassou os 1500 downloads em 6 meses e os feedbacks extremamente positivos, justificam a continuidade da compilação (...).


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Cecília Delgado, Associação QUERCUS e docente da Universidade Nova de Lisboa

exige uma visão multissetorial e multi-atores e, neste sentido, construir pontes entre a academia e as organizações no terreno, como a Quercus impunha-se. Estes são também os princípios que norteiam a Declaração de Princípios da Quercus. A Quercus considera indispensável, para o cumprimento dos seus objetivos, o contributo da comunidade científica, e o exercício de um saudável espírito de interdisciplinaridade (princípio 8); norteando a sua intervenção cívica e política pelos valores da independência e da autonomia (princípio 5); e fundamentando as suas atuações no respeito escrupuloso pelo rigor e honestidade intelectual a que toda a crítica e/ou intervenção construtiva obrigam (princípio 6). Resumindo, a liderança e o ambiente exigem convicção, coerência, ética e um conjunto alinhado de valores, algo que está presente na equipa dedicada de mulheres que lideram a Quercus. Fica o apelo a todos e todas para que se juntem a nós!

Mais informação disponível aqui:

Para fazer parte da Plataforma Alimentar Cidades Sustentáveis: alimentarcidadessustentaveis@gmail.com Para aceder ao E-book Alimentar Boas Práticas – da Produção ao Consumo Sustentável 2020: www.quercus.pt/ebook-alimentar-boas-praticas Para aceder à Declaração de Glasgow sobre a Alimentação e o Clima: pt.glasgowdeclaration.org/ Os resultados da investigação e os projetos desenvolvidos por Cecília Delgado estão publicados em vários artigos de revistas e capítulos de livros e podem ser consultados através do link: www.researchgate.net/profile/Cecilia-Delgado-4

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CATARINA VASCONCELOS

35 ANOS DE LPM, UMA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO SEMPRE A INOVAR Catarina trabalha na LPM há 23 anos e há 11 que é diretora-geral, sucedendo ao seu mentor e fundador da agência. No ano que a LPM celebra 35 anos, conta-nos como foi o seu percurso até ao topo e como a agência continua a inovar, mesmo durante a pandemia.

Catarina estava tão decidida a seguir o curso de Relações Públicas e Publicidade que se dedicou a estudar num ano a matemática que não tinha tido durante o secundário inteiro. O esforço compensou e conseguiu uma das poucas vagas no Instituto Superior de Novas Profissões. Quando entrou na licenciatura, sonhava ser uma diretora numa grande multinacional de publicidade. Apesar de ter poucos exemplos em Portugal de mulheres nesses cargos, admirava o seu trabalho. Na altura, o curso era lecionado apenas à noite e Catarina trabalhava em part-time, o que exigia uma grande dedicação e muito método para alcançar bons resultados. Quando se licenciou, surgiu a oportunidade para estagiar numa agência de publicidade em Londres, mas devido à grande crise de 1992, que afetou de forma intensa o Reino Unido, decidiu que não era a melhor altura para arriscar já que tinha de suportar todos os custos. Após trabalhar um ano numa Agência de Comunicação, decidiu tirar uma pós-graduação em Comunicação Empresarial em horário pós-laboral. Passou ainda pelo departamento de marketing de um jornal até ser convidada, pela segunda vez, para ir para a LPM, onde trabalhou nos últimos 23 anos e onde é, atualmente, Diretora Geral. Começou por ser coordenadora de um projeto da Comissão Europeia e rapidamente foi promovida a Team Director and Clients Director. Durante os 12 anos que ocupou esse cargo teve como mentor Luís Paixão Martins, o fundador da LPM. “O Luís “formatou-me” à cultura da LPM. Aprendi muitas lições - nem sempre foi fácil- desde o pensamento estratégico, à forma como lidar com determinadas situações e pessoas; à rapidez e eficiência na entrega de resultados. Mas, diria que as maiores lições foram o rigor e a determinação”, conta Catarina. Na LPM, são ensinados a contradizer o ditado “ Depressa e bem não há quem”, e isso foi algo que aprendeu com Luís ao longo dos anos. Em 2010, foi escolhida para ser Diretora- Geral, sucedendo o seu mentor. A pressão era enorme. “Substituir” o Luís Paixão Martins é impossível! Logo, decidi, desde a primeira hora, que teria de ser eu mesma, seguindo as pegadas do Luís. Claro que fui sendo preparada para o cargo ao longo de anos… não foi uma decisão repentina. Foi um grande desafio que

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agarrei com muita força e entusiasmo”, revela. Há 11 anos que ocupa o cargo e faz um balanço positivo da última década - são um grupo de comunicação que continua a liderar o mercado das agências de Comunicação, tem “ in house” todas as competências e disciplinas de Relações Públicas e, acima de tudo, têm “ grandes equipas, excelentes profissionais e clientes de alto perfil", enumera a Diretora. “Somamos, multiplicamos e exponenciamos soluções e resultados.” Um dos maiores desafios do cargo foi incentivar e educar na cultura LPM. “ Somos uma verdadeira escola de comunicação. A nossa cultura é de rigor, foco, profissionalismo e de entrega de excelência. E estamos sempre a inovar.” Mesmo em 2020, em plena pandemia, a LPM investiu e desenvolveu novas ofertas, novos produtos de comunicação, que levaram a experiências únicas e de vanguarda para os seus clientes e trouxeram ótimos resultados. Desde a criação de um estúdio virtual, nos escritórios em Lisboa, a novas plataformas e suportes de comunicação como press rooms virtuais interativas, webinars, podcasts, visitas virtuais interativas para museus e até o desenvolvimento de uma plataforma de congressos virtuais imersivos on demand com áreas de exposição e interatividade. "Trabalhámos juntos mais do nunca. E, mais uma vez, ficou provado que somos o maior centro de competências de Public Relations em Portugal”, afirma a Diretora. Quando começou a sua carreira, Catarina relembra que existia um grande estigma e preconceito nas empresas -”havia a ideia de que os homens representavam melhor as empresas, que eram mais respeitados, mais afirmativos”. Atualmente, e com várias mulheres em cargos de topo, nas mais diferentes áreas, acredita já termos evoluído além disso. Catarina Vasconcelos tem duas filhas, a sua “prioridade na vida”, e não foi fácil conciliar a sua carreira profissional com a vida familiar. “Fui educada para ser uma mulher trabalhadora e independente e são também esses os valores que passo às minhas filhas.” A consultoria de comunicação é muito exigente e requer imenso trabalho. “ Passamos de um assunto para outro constantemente. Temos de estudar inúmeros dossiês, sobre inúmeras áreas de atividade, temos crises para gerir de forma rápida


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Catarina Vasconcelos, Diretora Geral da LPM Comunicação

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e eficaz. Lidamos com muitas pessoas com feitios muito diferentes”, explica. Catarina confessa que a idade ajuda a gerir tudo com mais calma e ponderação, tornando mais fácil relativizar os assuntos. “Tive também a sorte de ter muito apoio da minha mãe e da senhora que trabalha comigo há mais de 25 anos e que é uma verdadeira “segunda-mãe” das minhas filhas. “ Encontrar o equilíbrio saudável entre a vida familiar e profissional pode nem sempre ser fácil mas é essencial, pois para Catarina só com vida fora do trabalho se consegue ser uma pessoa interessante. Apesar de ser uma área bastante exigente, o pensamento estratégico e a gestão de crises atraíram-na e mantiveram-na interessada nos últimos 20 anos. “Sentimos que estamos a jogar xadrez e, muitas vezes, batalha naval, porque não sabemos a reação que virá do outro lado. E eu gosto mesmo desse desafio intelectual. Enfim, é exigente, mas muito estimulante.” Em 2021, a LPM celebra 35 anos. Para Catarina, são 35 vezes a começar de novo -”a LPM inova nas Public Relations. Trabalhamos sempre para a excelência e continuamos a ser o maior centro de competências de Public Relations em Portugal.” E é nas Relações Públicas que acredita estar o futuro da comunicação, por ser uma atividade multidisciplinar que ” trabalha a reputação num xadrez muito complexo que engloba marcas, personalidades e instituições”, conclui.

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“Quando começou a sua carreira, Catarina relembra que existia um grande estigma e preconceito nas empresas -”havia a ideia de que os homens representavam melhor as empresas, que eram mais respeitados, mais afirmativos”. Atualmente, e com várias mulheres em cargos de topo, nas mais diferentes áreas, acredita já termos evoluído além disso.


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Catarina Vasconcelos, Diretora Geral da LPM Comunicação

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LIDERANÇA NO FEMININO | Maio de 2021

ASSOCIAÇÃO SARA CARREIRA VAI AJUDAR CRIANÇAS E JOVENS A CONCRETIZAR OS SEUS SONHOS As crianças e jovens que sonham com a oportunidade de desenvolver o seu talento têm agora a possibilidade de chegar mais longe com a Associação Sara Carreira. A Associação terá como principal missão apoiar crianças e jovens com poucos recursos na concretização dos seus sonhos, fazendo-os evoluir e apoiando-os ao longo da sua formação.

Dar continuidade aos sonhos de Sara Carreira e homenagear o seu modo generoso de estar perante os outros é o desígnio e a razão de ser da Associação Sara Carreira que visa lançar sementes em talentosas crianças e jovens carenciados. Segundo a família Carreira, ‘A Sara sempre foi uma jovem presente na vida de todos, que acreditava nos sonhos e lutava por eles com trabalho e dedicação. A Associação refletirá tudo aquilo que ela é e concretizará os sonhos de quem mais precisa’. A Associação Sara Carreira pretende assim proporcionar um futuro às crianças e jovens que tenham talento em qualquer área de formação, mas que infelizmente passam por dificuldades financeiras não podendo contar com a apoio da família na concretização do seu sonho. São estes os futuros candidatos que a Associação Sara Carreira visa apoiar através de bolsas de estudo que lhes permitirão fazer crescer, com trabalho e resiliência, proporcionando-lhes a oportunidade de vingar e viver o seu talento. A Associação Sara Carreira será responsável pela atribuição de 21 bolsas de estudo este ano, precedida de uma fase de candidaturas que arranca a 2 de maio e termina a 30 de junho de 2021. As candidaturas serão avaliadas por um júri composto por três elementos designados pela Direção da Associação e os bolseiros serão conhecidos em agosto. Podem candidatar-se através do site www.saracarreira.com todas as crianças e jovens, residentes e a frequentar estabelecimentos de ensino sediados em Portugal, que na data da candidatura apresentem a idade mínima de 12 anos e a idade máxima de 21 anos. A título excecional e mediante avaliação da Direção da Associação poderão ser admitidos candidatos que apresentem uma idade diferente. Os candidatos terão ainda de submeter a respetiva declaração de rendimentos anuais do agregado familiar e a candidatura apenas pode ser considerada elegível no caso das crianças e jovens terem um aproveitamento escolar considerado suficiente pela Associação. Mesmo depois de selecionados, os bolseiros que receberem os apoios da Associação terão de enviar no final de cada período letivo um

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relatório com o comprovativo das notas e avaliação correspondentes. Além do direito à bolsa de estudo, a cada um dos eleitos será atribuído um padrinho ou uma madrinha que acompanhará todos os passos desta nova jornada rumo à concretização de um sonho. Os Padrinhos/Madrinhas são profissionais que têm como objetivo ajudar o bolseiro nas suas dificuldades e avaliar se a formação que está a receber é a adequada ao seu perfil. Os bolseiros contarão com o apoio dos(as) seus(suas) padrinhos/madrinhas e de uma equipa multidisciplinar que os acompanhará ao longo do período de formação. Um alargado conjunto de Embaixadores vão ajudar na divulgação da Associação Sara Carreira através dos seus depoimentos e testemunhos. Estes embaixadores são figuras públicas, artistas e amigos que têm uma forte ligação ao percurso da Sara Carreira e que se associaram de imediato à causa, dando o seu contributo através da partilha, divulgação e participação em várias das ações que decorrerão ao longo do ano.


QUEM SOMOS

Versão - novembro 2020

LIDERANÇA NO FEMININO | Maio de 2021

Fundada em 2018 a rede ALIMENTAR CIDADES SUSTENTÁVEIS pretende representar todos os atores e setores do sistema alimentar português, reunindo atualmente 350 membros.

MISSÃO (1) Partilhar conhecimento, fundamentado e plural, como ferramenta para ampliar o entendimento da diversidade de setores e atores, ao longo da cadeia que compõe o sistema alimentar; (2) Construção coletiva de conhecimento, como instrumento para qualificar as decisões e as políticas públicas que conduzam a sistemas alimentares ambiental, económica e socialmente mais sustentáveis.

O QUE FAZEMOS Para além da partilha de informação e de eventos realizada de forma individual e voluntária pelos membros deste “google-group”, são desenvolvidas pontualmente atividades e projetos entre as quais o e-book – Alimentar Boas Práticas: da Produção ao Consumo Sustentável (2020). https://www.quercus.pt/ebook-alimentar-boas-praticas

ADESÃO Enviar email para: alimentarcidadessustentaveis@gmail.com

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As candidaturas realizam-se através do site da ASC | www.saracarreira.com/projetos/ até 30 de junho


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