EDIÇÃO N.º 40 JANEIRO 2022
UNITED TO REMAKE QUER UNIR MARCAS E EMPRESAS PARA DIMINUIR O DESPERDÍCIO FRANCISCA SHEARMAN DE MACEDO
AS EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS COMO MOLDE DA LIDERANÇA MANUELA DOUTEL HAGHIGHI
Liderança no Feminino é uma publicação da responsabilidade editorial e comercial de Sandra Arouca | Periodicidade mensal | Venda por assinatura 8€
LIDERANÇA NO FEMININO NA APOTEC ISABEL CIPRIANO
O SERVIÇO JURÍDICO FOCADO NO CLIENTE PATRÍCIA DE JESUS MONTEIRO
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ÍNDICE
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05 | Editorial 06 | O serviço jurídico focado no cliente Patrícia de Jesus Monteiro PJM Advogados 12 | Não é sobre perfeição, é sobre conexão Rita Aleluia
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20 | United to Remake quer unir marcas e empresas para diminuir o desperdício Francisca Shearman de Macedo 24 | As experiências internacionais como molde da liderança Manuela Doutel Haghighi, responsável do Delivery, Operations e Customer Excellence na Microsoft 30 | Liderança no feminino na APOTEC Isabel Cipriano 38 | HUAWEI junta-se à aliança para a igualdade nas TIC
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EDITORIAL
Neste início de ano, trazemos-lhe histórias de vida inspiradoras, de mulheres que viajaram o mundo e criaram a sua própria forma de liderar no feminino, que alcançaram cargos de topo, ou que escolheram sair da sua zona de conforto para tentar tornar o mundo melhor, como Manuela Doutel Haghighi e Francisca Shearman de Macedo. Patrícia de Jesus Monteiro conta-nos os desafios atuais dos advogados e a forma como a imagem do profissional mudou ao longo dos anos. O comprometimento da PJM é com os seus clientes, num sentido de proximidade e profissionalismo.
42 | Um São Valentim para recordar na Quinta das Lágrimas
46 | Your Trend: a nova empresa de personal branding e comunicação digital em Portugal
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Rita Aleluia leva-nos por uma viagem de reflexão sobre as nossas conexões com os outros e com o nosso interior. Com foco na relação pais-filhos, relembra-nos que precisamos de saber quem somos e aceitarmo-nos para conseguir viver uma vida em harmonia. A Huawei juntou-se à aliança para a igualdade nas TIC e a APOTEC teve a primeira mulher presidente desde o 25 de abril, Isabel Cipriano. Alguns passos na direção certa para uma sociedade melhor e com mais representatividade feminina. Com o dia de Valentim à porta, não podíamos deixar de sugerir um plano romântico numa das quintas mais belas de Portugal – Quinta das Lágrimas. Boas leituras!
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O SERVIÇO JURÍDICO FOCADO NO CLIENTE Patrícia de Jesus Monteiro é advogada há mais de uma década e fundou o seu próprio escritório – PJM Advogados. Viu a advocacia a mudar, quebrando a ideia fria e inacessível tradicional do advogado, e a entrada na era digital. Nesta entrevista, conta-nos como utilizou a tecnologia a seu favor para ajudar os seus clientes e reflete sobre as desigualdades de género no acesso a cargos de topo, deixando conselhos para as mais novas juristas.
Patrícia de Jesus Monteiro
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Patrícia de Jesus Monteiro
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Desde os 11 anos que Patrícia sonhava ser advogada. Ajudar o próximo faz parte da sua essência e, enquanto filha de pais divorciados, sentiu na primeira pessoa a necessidade de uma maior defesa. “Ainda hoje defendo que, por exemplo, na área da família, todas as crianças deveriam ter acesso a um defensor nomeado, independente dos pais, em caso de conflito parental”, afirma. Em 2009, fundou a PJM Advogados, que se tem tornado ao longo dos anos num escritório de referência. Diferenciam-se, principalmente, pela proximidade ao cliente. “Temos a preocupação constante de aferir todas as informações relevantes para a situação em apreço e, posteriormente situarmos os factos no Direito, analisarmos e delinearmos a melhor estratégia de atuação possível”, explica. Conscientes de que os problemas podem surgir a qualquer momento, estão quase sempre contactáveis, quer por telefone, WhatsApp, SMS, email ou pelas redes sociais. Orgulham-se de primar pela celeridade de reposta às solicitações. Nos seus 10 anos de carreira enquanto advogada, Patrícia sente que o/a advogado/a deixou de ser visto como um profissional de “difícil trato, intocável, com muitos conhecimentos e com valores de honorários incomportáveis.” Todavia, a maior mudança a que assistiu nesta profissão ainda muito tradicional foi a entrada na era digital. Com a progressiva evolução tecnológica, os cidadãos têm acesso a mais informações e com mais facilidade. Quando se dirigem aos advogados, são mais exigentes e comparam informação e valores. Assim, o profissional de Direito tem de estar mais preparado, ter conhecimentos atualizados e saber utilizar as novas tecnologias, quer para dar respostas aos clientes quer para desempenhar o serviço jurídico. Ao longo do seu percurso, Patrícia tem se adaptado com sucesso a este novo modelo de trabalho. “Verifico que se obtém muitos benefícios, principalmente para o cliente”, conclui. Com um clique, os clientes podem procurar na internet a informação que precisam. No entanto, essa informação avulsa carece de uma orientação e de uma confirmação. É neste sentido que a PJM Advogados vai de encontro ao cidadão para lhe apresentar inúmeras situações e alerta para o que pode acontecer ou o que pode prevenir. Recorrendo às redes sociais, partilha conteúdo relativo aos temas da atualidade relacionados com o Direito. “A nossa missão é dar significado e compreensão, explicar, numa linguagem simples, adequada e acessível a todos os cidadãos inúmeras questões que surgem nas diversas áreas do Direito”, elabora. A PJM está sempre a procurar inovar e melhorar os seus serviços, tendo em conta as necessidades dos seus clientes. No futuro, pretendem desenvolver o departamento de formação e criar
um serviço de maior apoio na área de registos e notariados, com profissionais específicos, para complementar o serviço jurídico disponibilizado atualmente. O objetivo é prestar um “serviço jurídico completo de excelência”, para que o cliente consiga, num só lugar, resolver as questões que o preocupam. É importante destacar que este apoio não deve ser procurado apenas quando surgem problemas, mas também num ponto de vista preventivo. “O que acontece, na maioria dos casos, é que o cliente só procura o advogado depois de receber a notificação ou de estar em incumprimento e, neste caso, o profissional limita-se a tentar encontrar a melhor resposta e estratégia de acordo com o que já sucedeu, não conseguindo por vezes ir ao encontro do que o seu cliente deseja”, conta. Por isso, é crucial que o cliente se aconselhe com um profissional antes do problema surgir, facilitando o processo de resolução.
"A nossa missão é dar significado e compreensão, explicar, numa linguagem simples, adequada e acessível a todos os cidadãos inúmeras questões que surgem nas diversas áreas do Direito”
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PJM Advogados
Desigualdade no acesso a cargos de topo Desde 2006 que a taxa de participação feminina na área da advocacia é superior à masculina. Contudo, poucas são as mulheres em posição de topo nos grandes escritórios. Como mulher num cargo de liderança, Patrícia de Jesus Monteiro reconhece que a área de Justiça nos cargos de topo é ainda muito marcada pela presença masculina. Portugal é “um país muito paternalista, em que o homem é visto como aquele que é capaz de ter uma profissão para sustentar a família e a casa”, ilustra. Continuam a ser atribuídas ao homem como características inatas a capacidade de gerir, liderar, representar e ser objetivo. “Estes advogados ao estarem em determinados cargos também não estão disponíveis para colocarem mulheres que mais, cedo ou mais tarde, irão substituí-los”, revela. Quando surge uma vaga para estes cargos, para além do processo de seleção por vezes ser através de pessoas próximas, mesmo quando há concursos, privilegiam-se os candidatos homens. Para Patrícia, a escolha devia ser feita através de um processo complexo de seleção de competência, com provas de aptidão e de conheci-
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“No nosso escritório somos pessoas muito humanas, que estamos “alerta”, valorizando bastante o papel da mulher que nos chega na nossa sociedade”
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mentos, de modo a ser escolhido o melhor profissional para o cargo em causa. “Defendo sempre que há profissionais mais competentes que outros, e desvalorizo a questão do género”, acrescenta. Para além disso, conciliar a vida familiar e a vida profissional é ainda difícil, o que leva muitas mulheres em determinada idade a abdicarem do exercício da sua atividade para darem apoio à família. Esta desigualdade não se verifica apenas no acesso a cargos de liderança. A justiça portuguesa ainda tem um longo caminho a percorrer no que tange à desigualdade de género, o que se reflete nas decisões/acórdãos dos Tribunais. Tome-se como exemplo o acórdão que, em 2018, manteve em liberdade com pena suspensa dois homens que violaram uma mulher inconsciente na casa de banho de uma discoteca. Ou o acórdão de 2019 em que Neto de Moura relativizou o crime de violência doméstica com o facto de a vítima ser adúltera. Patrícia atenta que a crise pandémica trouxe à tona a crise de valores que se encontrava mitigada. Para muitos, esta é uma fase de autorreflexão, que tem alavancado mudanças a todos os níveis
incluindo a desigualdade de género. “No nosso escritório somos pessoas muito humanas, que estamos “alerta”, valorizando bastante o papel da mulher que nos chega na nossa sociedade”, diz. Para melhorar a situação sugere que os profissionais de Direito, nomeadamente os advogados, sejam mais independentes, que representem na íntegra o seu cliente, lutando pelo seu superior interesse. “Deverá agir, com verdade, honestidade e confiança e não deve sujeitar-se a outras ideias que não as suas”, explicita. Para as jovens juristas e advogadas estagiárias que estão a iniciar a sua vida profissional no mundo da advocacia aconselha-as a serem “versáteis, ouvintes, intuitivas, com capacidade multitarefa e sólidos conhecimentos nos projetos que visam abraçar.” Numa altura em que a concorrência é alta e a exigência ainda maior, as jovens juristas e advogadas estagiárias, devem ser idóneas, isentas, saberem subsumir factos ao direito e acompanharem as noticias e jurisprudência atual. Realça esta última parte, como o segredo para o cliente ficar mais satisfeito com o serviço jurídico. “Um cliente satisfeito volta sempre que precisar e recomenda o serviço a outras pessoas”, garante.
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RITA ALELUIA
“NÃO É SOBRE PERFEIÇÃO, É SOBRE CONEXÃO” “Não é sobre perfeição, é sobre conexão”, afirma Rita Aleluia, no início deste bom encontro (como gosta de chamar às entrevistas que entrega). Lembra que na história recente da humanidade, não há memória de um tempo no qual seja mais necessário do que agora gerar, nutrir e manter conexão e compaixão para dar sentido às profundas mudanças que todos nós, globalmente, atravessamos. “Não podemos resolver muitas questões urgentes que nos são agora colocadas, a todos os níveis, sem antes sabermos quem somos, sem antes nos aceitarmos e honrarmos, sem ganharmos autoconsciência”.
Nos últimos 12 anos de vivência pessoal, investigação, pesquisa e acompanhamento a famílias, em todo o mundo, Rita comprovou que enquanto não nos (re)conectarmos com a inteligência do nosso coração, enquanto não a expandirmos aos demais sincronizando com o campo quântico, não encontraremos o terreno fértil dentro de nós que nos ofereça a coragem, a resiliência e a confiança para abraçar o amor, para abraçar a nossa própria vulnerabilidade e os nossos dons únicos. Para acolher, integrar e transcender o que ainda quer ser visto e/ ou curado, para navegar na grande incerteza que é a condição humana. Nas palavras de Rita, “quando vivemos conectados com o coração, vivemos em unidade e desde este lugar não existe separação, apenas infinitas possibilidades, mesmo quando não sabemos o que está a acontecer, mesmo quando não conhecemos o destino final”. Mãe (de duas ‘gurus’) e da parentalidade generativa, autora, pnl master trainer e conferencista internacional, defende que os nossos filhos chegam a este mundo inteiros a iluminar onde é ainda possível crescer na nossa humanidade. Uma dança com passos que exigem presença de dentro para fora. Rita questiona e desafia os mitos da educação tradicional e oferece práticas que permitem aos pais curarem a sua própria criança interior, libertando-se de quem os fizerem crer ser e, assim, libertando as próximas gerações para que cresçam a manifestar o seu eu autêntico. Licenciada em Ciências da Comunicação, especializou-se em jornalismo e fez deste casa ao longo de 16 anos. Reconhece que o guardou, com muito carinho, numa gaveta, no dia em que olhou para a sua primeira filha, na altura com três anos, e perguntou a si própria: “Quem és tu, meu amor? Sei que saíste de mim, mas também sei que não te conheço...”. Este aperto no peito foi uma chamada à ação. Sentiu que tudo o que conhecia sobre comunicação era manifestamente insuficiente e na busca pela excelência da comunicação, inscreveu-se num PNL Practitioner. Este é um ponto de viragem na sua vida, na vida
da sua família e dos que a rodeiam. Emocionada confessa, “descobri que a distância entre mim e a minha filha era apenas a distância entre mim e eu mesma!” Com este insigth veio a certeza de que “o que acontece na infância não fica na infância!” Passou a ser óbvio que nem a sua filha, nem criança alguma precisa de conserto. “Precisam sim, tal como nós, de poderem ser e manifestar a sua essência, livremente, em aceitação e inclusão. Precisam de ser vistas e reconhecidas além das fantasias dos pais”. Na procura por mais informação prosseguiu os estudos dentro da PNL. Na altura, em todo o mundo, nesta área não existia nada publicado acerca da sua aplicação consciente na parentalidade, muito menos generativa. “Existiam sugestões que se aproximavam muito da manipulação, onde os pais definem um mapa educacional, com base (totalmente inconsciente) nas suas experiências pessoais (a maioria traumática) impedindo que a criança seja e manifeste quem é. Tudo feito de forma sinuosa, muitas vezes com nomes positivos. Não era, não é nada disso que quero ver no mundo”. Foi na Holanda que se especializou em PNL sistémica e famílias. Começou assim, a criar a parentalidade
Rita Aleluia, London Conference
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Rita Aleluia
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generativa. Seguiram-se quatro anos consecutivos de estudos e investigação na NLP University California, o berço da PNL, com sede na UCSC (em Santa Cruz), hoje representada em Portugal pela Rita e onde é também professora. É embaixadora em Portugal da ANLP (The International Association for NLP). Certificada em Conscious Leadership and Resilience, Generative Coaching, Generative Consulting, em trauma e resiliência, aluna do Dr. Gabor Maté, Dr. Dan Siegel, entre outros, fez uma imersão profunda em neurociência, neurocardiologia, epigenética e física quântica, que em muito contribuem para a maturidade desta proposta parental disruptiva e multidisciplinar. “A parentalidade generativa oferece, na verdade, o que os nossos ancestrais tão bem conheciam e que os tempos modernos nos fizeram esquecer, oferece-nos um mapa de regresso a casa, ao nosso coração”, lembra. “É uma forma de vida intencional, coerente, que alinha coração - cérebro, permitindo criar em autenticidade e a partir do campo quântico.” Em 2016 lança o primeiro livro, “Mães do Mundo – a PNL ao serviço da Educação com Ética”, em 2019 é publicado pela Penguin Random House Portugal o segundo, “Gurus de Palmo e Meio”. É co-autora, ao lado de alguns dos maiores nomes mundiais da PNL, da neuropsicologia, da psicoterapia e neurociência, dos livros: “Power By NLP 2 – The Evolution of NLP” e “Power By NLP 3 – Breaking Waves, Turning Tides”, publicados em Londres, pela GWiz Publishing. Este ano e agora desde o Brasil, chega o quinto livro, “PNL Humanizada, o Mundo pede para ser curado”. Em todos destaca que “curar a família é curar o mundo.” Salienta que um bom indicador de uma parentalidade saudável são os pais que acolhem, integram e transcendem a sua criança interior. Somos melhores pais quando ganhamos consciência e sabemos o que fazer com ela. Uma equação onde não cabem as expectativas, “o veneno das relações e as que temos relativamente aos nossos filhos podem destruir a relação. Mesmo as expectativas que não são verbalizadas. As crianças sentem intuitivamente (porque vivem com o coração coerente) quando desejamos que sejam diferentes de quem são. Muitas cedem à pressão e o mundo perde uma oportunidade única de avançar”. O problema não são as crianças, são as feridas que nos habitam e teimamos em não querer sarar. “Será que já refletimos com honestidade sobre a possibilidade de cada um de nós ser uma casa de hóspedes?”, pergunta. “Então, e se cada pensamento, sentimento nosso, for um hóspede? Devemos acolher, com igual curiosidade, disponibilidade, dignidade e apreço, todos os hóspe-
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"A parentalidade generativa oferece na verdade, o que os nossos ancestrais tão bem conheciam e os tempos modernos nos fizeram esquecer, um mapa de regresso a casa, ao nosso coração” des que nos chegam, certo? Por mais longa ou breve que a estadia seja. Ficaremos curiosos para saber quem são, como se chamam, de onde nos chegam e quais as suas intenções na nossa terra. E ofereceremos um quarto acolhedor a cada um, ou hão-de pernoitar na entrada? Então, porque havemos de querer perder a oportunidade de conhecer mais sobre o que nos habita e dos presentes que tem para nós? Porque havemos de fugir, esconder, ignorar os sentimentos e emoções que emergem, correndo o risco de abrir a porta da casa e sermos invadidos por uma avalanche de desconhecidos que nos subterra?! Como seria se lhes déssemos as boas-vindas, desde um lugar de curiosidade e generosidade, dizendo-lhes: É interessante; Tenho a certeza que tem sentido; Há aqui algo que quer ser visto, ouvido, acolhido, curado… Bem-vindo! "Ganharmos esta consciência, saber gerir e co-criar estados de recurso, internos e externos, é essencial, para nós, para os nossos filhos, para todos!" conclui. Ainda no campo da vivência das emoções lembra que embora haja cada vez mais famílias e organizações a despertar para a importância da inteligência emocional, da necessidade de observar e regular as nossas emoções, de reconhecê-las no outro, as famílias esquecem-se ou nem sequer é de senso comum que “é perigoso etiquetar emoções (e pessoas) e colocarmo-nos no lugar do outro, sem antes nos conectarmos com o nosso coração, com as nossas emoções generativas e com o nosso corpo. E para isso é preciso conhecer as emoções generativas, saber gerá-las, nutri-las e expandi-las”. Cautelosa na utilização da palavra empatia, diz não acreditar ser possível saber o que o outro sente porque “não passamos pela experiência pessoal da ou-
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Rita Aleluia e a sua família
tra pessoa. Não temos as suas memórias, não lemos os seus pensamentos, não sentimos o que o outro sente. A nossa neurobiologia leva-nos a comparar os acontecimentos da outra pessoa com os nossos e muitas vezes o que acontece é uma alucinação e sem verificação projetamos no outro a nossa história pessoal, as nossas experiências subjetivas, as histórias que andamos a contar na nossa cabeça (que é um órgão dual, com hemisfério esquerdo e direito), dizemos que é uma intuição e chamamos-lhe empatia”. Para que esta situação se altere, garante ser imperativo ver, escutar, sentir com o coração. Afinal, este, ao contrário do cérebro cognitivo é um lugar de totalidade. E assim, “podemos escutar e entender o outro, sem necessidade de termos razão.” É a primeira portuguesa a subir ao palco das principais conferências internacionais de PNL. Palestrante na NLP International Conference (em Londres), NLP Conference Índia, The International NLP Confex for Business Excellence, entre outras, este ano leva a parentalidade generativa também à Grécia. Apesar de muito grata pelo reconhecimento internacional, não se deslumbra, diz que “não somos o resultado do que fazemos, primeiro somos autênticos e com isso fazemos algo único, contribuindo, em inteligência coletiva, para o avanço da humanidade”. Reconhece que tudo isto só é possível graças ao apoio incondicional da sua família. “Tenho a bênção das minhas filhas e marido serem incríveis, aceitando-me tal como sou”. Quanto ao facto de ter sido até hoje a única portuguesa e das poucas mulheres em todo o mundo a ser nomeada e a receber um NLP Award (o ‘Oscar’ da PNL) relembra “não é sobre mim, nunca foi, não é sobre vencer, é sobre direitos humanos!”, como destacou nas primeiras palavras
que dirigiu ao mundo no dia em que recebeu este prémio, em Londres. Acompanhar famílias e organizações em todos os continentes, fazendo investigação num vasto mapa multi-cultural permiti-lhe declarar que amor e pertencimento são necessidades irredutíveis para todas as pessoas e, na ausência dessas experiências, há sempre sofrimento e desconexão. “Basta ver o mundo atual, imerso em dualidade, separatismo, em certo e errado, bom e mau, onde se confunde hipercomunicação com conexão. Sociedades que promovem medo, controlo, que por sua vez cria competição e insegurança. É o reflexo da forma inconsciente e desconectada de como temos vindo a educar desde há gerações”, conclui. Assegura que caímos na armadilha que nos prende ao cérebro cognitivo (que nos conduz permanentemente a analisar, a julgar) e esquecemos os restantes cérebros, sobretudo o coração (cérebro cardíaco). E “é precisamente a conexão com o nosso coração que nos permite aceder à fonte maior de intuição e sabedoria”, reflete. E num mundo pautado por listas e necessidade de controlo, Rita avança que “enquanto não aceitarmos que primeiro somos e com esse ser único podemos então fazer algo singular e obter um resultado específico, não só para nós como para o todo, nada muda.” E esta é uma mudança que começa nas famílias. Até porque estas “são o microcosmo do mundo, curar uma família é curar o Planeta!”. Desafia famílias e organizações a vivenciarem a holonarquia, em vez do modelo hierárquico ainda tão bem vigente. Garante que “estamos no mundo num processo de re-parentalidade. Só depois de nos reeducarmos é que podemos guiar
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uma criança.” Partilha que a mãe ainda hoje diz que a Rita (irmã mais velha de duas) foi sempre uma criança difícil. “Um dia pedi à mãe para especificar ´difícil´. Na verdade, não era eu que era difícil, a dificuldade estava onde está sempre: aceitar que somos diferentes dos nossos pais, da herança de crenças familiares, culturais, sociais incontestadas, as quais tendemos a carregar por sete gerações até que, um de nós desperta e diz: basta! Eu tenho a minha voz e luz únicas e vou colocá-las no mundo! Nas famílias que conheço e vejo viverem em harmonia, existe sempre esse elemento disruptivo.” “Uma das queixas mais frequentes que escuto dos pais e professores é que as crianças não obedecem.” Obediência significa, estar sob determinado comando ou dependência, cumprimento da vontade alheia, submissão. Esta pauta promovida pelo modelo hierárquico traz consequências: “Crianças que crescem a obedecer sem questionar, tornam-se adultos submissos. São crianças, adolescentes e adultos que não sabem definir limites pessoais, nem dizer não. Tornam-se vítimas fáceis de violência verbal, psicológica e física. Dependem de terceiros para tomarem decisões por si. Não sabem que podem ter opinião própria, demonstrar necessidades, ou desejos. Têm uma autoestima frágil e dependem de validação externa permanente. Desenvolvem doenças psicossomáticas porque cumprem a ordem, contrariando o seu coração, calando as emoções e os sentimentos. Como não conhecem a cooperação, tendem a tornar-se adultos ditadores, perpetuando o ciclo de obediência e controlo.” E sem pestanejar diz que “não precisamos de nada disto! É possível fazer diferente, acolhendo cada pessoa como é, na sua totalidade, respeitando a sua essência e a do próximo. Com amor e dignidade. Trazendo a criatividade para o palco da humanidade. Só assim algo francamente novo emerge. É esta a proposta da parentalidade generativa! Portanto, da próxima vez que nos sentirmos desafiados pela não obediência dos filhos, pode ser interessante voltar os holofotes para dentro de nós mesmos e investigar onde nasce essa necessidade de subjugar o outro. É válido também para casais!” Já na prática da holonarquia, todos têm algo a contribuir na família. Existe a vivência da igual dignidade e a consciência de que o que acontece a um, acontece a todos. “Cada um de nós é um campo de energia e a informação do nosso estado emocional passa através desse campo
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Dr.BruceLipton, Gregg Braden e Rita
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vibracional. Não é o que dizemos, é a qualidade da nossa energia. Se vivermos em coerência e harmonia, esse bem-estar emocional, físico e espiritual estende-se ao todo. O contrário também. Já está comprovado pela ciência.” Recorda que “todos sabemos, por experiência própria, que quando vivemos presentes em nós, os nossos corpos estão relaxados e calmos, as nossas mentes estão mais despertas e conscientes, deixamos de agir em modo piloto-automático e sobrevivência, suspendemos o sentimento de perigo, ameaça, ansiedade ou preocupação com o próximo momento. Em vez disso, acontece um fenómeno interessante: estamos muito presentes e, ao mesmo tempo, conscientes com muita alegria. Esse é o efeito colateral da coerência do coração e do cérebro. Este é o efeito de viver as emoções generativas!” Alerta que há mudanças urgentes a introduzir para viver em plenitude a relação mais espiritual e generativa de todas, a relação pais – filhos. “Quando um filho diz ´tenho medo´, se respondermos: ‘está tudo bem, não precisas de ter medo’, negamos a experiência da criança e a possibilidade desta reconhecer, descodificar e transcender a mensagem que o medo tem para ela. Bem diferente é respondermos: ‘sim, consigo sentir que tens medo, vem comigo, investigamos juntos!’ A última resposta cria segurança na criança, que passa a sentir-se vista, reconhecida no todo e gera sincronização emocional, aproximando e conectando pais e filhos. A neurocepção - responsável por detetar se as pessoas, as relações, as sensações e o ambiente são seguros ou inseguros - gerada quando alguém sente que é sentido, é a de que ambos estão seguros. Ou seja, existe um vínculo seguro. ‘Não estou apenas ao teu lado, estou ao teu lado, sinto o que tu sentes e como me sentes.’ É este tipo de relações que causa impacto transformador na vida individual e coletiva. Quando incorporamos esta prática, significa que assumimos o nosso papel único na ativação do sistema imunitário global.” Acredita no poder infinito de cada ser humano e das comunidades, “é preciso uma aldeia para educar uma criança”. Reforça a importância de honrarmos e manifestarmos o nosso valor de forma ainda mais elevada. “Quando o fazemos, desafiamos outros a assumirem o seu próprio poder e responsabilidade pessoal e valorizamos o todo. Comportamento gera comportamento. É uma questão de direitos e deveres humanos e
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"Um bom indicador de uma parentalidade saudável são os pais que acolhem, integram e transcendem a sua criança interior. Somos melhores pais quando ganhamos consciência e sabemos o que fazer com ela" universais.” Roga que coloquemos os olhos e os corações nas culturas que educam em comunidade, em cooperação, em contacto com a natureza (que é também o que somos), no apoio que é oferecido às mães e famílias de recém-nascidos para que mantenham corpo e espírito em harmonia e possam assim, conectar-se, em toda a extensão da sua humanidade, com o novo ser que chega ao mundo, “desde um lugar de amor incondicional, sem separação física do bebé, no caso da mãe: amamentando-o, abraçando-o nos seus braços, junto ao peito, ajudando assim o bebé a auto-regular-se, enviando validação ao nervo vago, gerando uma neuro-química de segurança, expandindo uma clara mensagem de que o bebé pertence, é parte de quem são, parte do todo. Estes gestos ajudam não só o bebé e a sua família direta, como toda a comunidade que lhe dá as boas-vindas, gerando um movimento coletivo que age em coerência, colocando o coração e a razão ao serviço da tal aldeia que falava anteriormente, celebrando o que é único em cada um e o todo que são.” Vê a educação como um processo de desenvolvimento pessoal e social, no qual, partindo da liberdade individual, assumindo responsabilidade de intervir na comunidade tornando o espaço social partilhado melhor, todos contribuem. “Porque todos somos chamados a ser agentes de
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transformação do mundo!” Afirma que esta intervenção individual e coletiva não pode ser apenas de emergência, “é urgente colocarmos o foco na cocriação de estratégias de desenvolvimento a longo prazo, que rompam os círculos de dor, sofrimento, trauma e pobreza!” Por acreditar que todas as crianças e famílias têm direito à educação, ao processo de desenvolvimento pessoal e social, à dignidade, aceitou apoiar comunidades de crianças emprobrecidas e refugiadas no Irão. Um trabalho que desenvolve em parceria com organizações locais, às quais oferece formação e acompanhamento gratuitos. A proposta parental que criou é reconhecida em todos os continentes e por nomes da ciência atual, entre outros, o Dr. Bruce Lipton, Gregg Branden e o Dr. Dan Siegel. E é com base na validação da ciência que Rita afirma que, até aos sete anos, as crianças herdam, de forma inconsciente, as crenças limitadoras dos adultos de referência, primeiro dos pais, núcleo familiar e depois da escola e restante comunidade. Crenças que nos retiram poder pessoal. “Os nossos filhos não vieram
ao mundo para ser mini-me! Tal como cada um de nós, as nossas crianças têm uma impressão digital única, são merecedoras e dignas de aceitação e amor incondicional. Não vêm para satisfazer as nossas necessidades emocionais, para cumprirem os sonhos que não tivemos oportunidade ou coragem de alcançar! Haverá missão mais bonita para um pai, uma mãe do que a de guiar um filho, um ser humano novo e único? Se é fácil? Não! Mas é possível! Sempre que escolhermos ser o tal elemento ´diruptivo’ e assumirmos responsabilidade pessoal, acolhendo, integrando e transcendendo o que ainda quer ser visto, acolhido ou curado. É possível fazer diferente! É possível incorporar a diferença que faz a diferença! Com curiosidade, generosidade e criatividade.”
Rita Aleluia e as suas filhas
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FRANCISCA SHEARMAN DE MACEDO
UNITED TO REMAKE QUER UNIR MARCAS E EMPRESAS PARA TRANSFORMAR O DESPERDÍCIO Francisca Shearman de Macedo saiu da sua zona de conforto, com anos de experiência na banca, para criar uma start-up amiga do ambiente. A United to Remake surge para reduzir o desperdício, oferecer acompanhamento e encontrar novas formas de upcycling. A United To Remake pretende lembrar-nos de que “refazer” (remake) as vidas das pessoas pode e deve ser uma tarefa eficaz. Este projeto é também um Remake da minha vida e quero ajudar outros a faze-lo.
De acordo com a Agência Portuguesa do Ambiente, a produção de resíduos urbanos em Portugal continental manteve-se, em 2020, em aproximadamente 5 milhões de toneladas, o que corresponde a uma capitação anual de 512 kg/ habitante por ano, ou seja, uma produção diária de 1,40 kg por habitante em que considerável parte ainda vai para aterro. Apesar de nos últimos anos ter havido um aumento no número de infraestruturas para a recolha seletiva, a mesma não teve os reflexos proporcionais nos números dos resíduos recolhidos seletivamente. A recolha indiferenciada continua a ser a preferencial para os resíduos urbanos. Quando Francisca Shearman de Macedo começou a fazer reciclagem em casa e a separar os resíduos apercebeu-se do problema. Decidiu desenvolver campanhas de sensibilização interna e entendeu que a melhor forma de consciencializar é através da evidência. “É obrigatório confrontar as pessoas com a quantidade de resíduos que produzimos”, afirma. A taxa de circularidade de matérias-primas é de 8,6% quando o mínimo desejável seria de 17%. Tendo em conta que a maioria das empresas provavelmente não tem a capacidade instalada para se debruçar sobre o tema, Francisca criou a start-up United to Remake (U2R). “Acredito que a U2R dá resposta a esta lacuna e ajuda as empresas que ficam com uma equipa que trata do tema de A a Z e está totalmente focada na resolução dos impactos ambientais que a empresa gera”, explica. O objetivo principal da U2R é contribuir ativamente, de forma inovadora e em parceria direta com marcas e empresas, no sentido de reduzir o desperdício, oferecer acompanhamento e encontrar novas formas de upcycling – reciclar e transformar. Assim, apresenta-se como uma empresa de consultoria, com duas linhas de negócio. Em primeiro lugar, a criação de um portefólio de programas de recolha, logística e reciclagem patrocinados por empresas conscientes, com a finalidade de viabilizar a recolha e a separação
correta de resíduos e até mesmo a sua transformação em novos. “Por exemplo, uma empresa que fabrica shampoos e produtos de beleza deve ter uma preocupação de recolha das suas embalagens vazias e, como tal, desenha com a nossa ajuda um projeto de logística reversa para garantir que os seus clientes devolvem as embalagens vazias e continuam a recomprar”, ilustra. “Com estes resíduos podemos fazer milhares de coisas e voltar a inserir a matéria-prima no ciclo de valor.” Em segundo lugar, a promoção de produtos de upcycling de parceiros, numa lógica B2C e B2B, através da qual representam empresas ou ONGs que, com a sua orientação, podem reutilizar os seus próprios resíduos na criação de peças de merchandising ou outras peças de upcycling. Inovar fora da zona de conforto Desde sempre que Francisca foi sensível a questões ambientais, no entanto este é o maior desafio da sua carreira. Licenciada em Relações Internacionais toda a sua experiência profissional foi construída na Banca. A sua ambição era seguir a carreira de diplomata, mas começou a trabalhar no Millennium BCP quando ainda estudava.
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Com funções comerciais de telemarketing, uma área de vendas em grande desenvolvimento na altura, vendia todo o tipo de produtos bancários. Após a graduação permaneceu no BCP por mais 10 anos, dedicando-se à área de crédito de consumo. Francisca Shearman foi das primeiras mulheres a trabalhar no BCP. Ao longo do seu trajeto chegou a ouvir algumas piadas que insinuavam que os seus resultados só se deviam ao facto de ser mulher, “graçolas” que nunca levou a sério. “Se pintava as unhas perguntavam se tinha entalado as mãozinhas! Mas tudo de forma divertida e respeitosa, nunca me senti minimizada ou ofendida por ninguém”, garante. “Tenho muitas saudades deste tempo e ainda hoje me divirto a recordar os disparates que aprendi com aquelas “criaturas”.” Alerta, no entanto, que o seu exemplo não é representativo. “Continuamos a discriminar e é imperativo continuarmos a combater qualquer forma de segregação”, apela. Em 2004 foi convidada para a equipa do Barclays Bank onde se tornou Gestora de Parcerias no Barclaycard e mais tarde Diretora Comercial de Retalho de Cartões. Em 2008, testaram uma nova abordagem para um programa de incentivo de vendas que consistia num programa de investimento comunitário chamado “Sorrisos da Rita”, onde trabalhavam com crianças com paralisia cerebral e falta de recursos. O programa foi reconhecido como o Melhor Projeto Barclays Português de Cidadania em 2010. Em 2011, foram nomeados para os prémios de cidadania do Grupo Barclays com o projeto “Make a Wish”. Foi neste programa que surgiu a sua paixão por assuntos de Responsabilidade Social Corporativa. Foi indicada para Southern Europe Citizenship Head, onde desenvolveu vários projetos nacionais e internacionais. São muitas as mudanças na sociedade em termos de ecologia e os planos traçados pelos governos. No mundo empresarial, existem cada vez mais oportunidades de trabalho para Chiefs of Sustaintability, conta Francisca. “Há dois anos isso era impensável.” No entanto, os números são incontornáveis e os planos têm de passar do papel para a realidade. Passar do Greenwashing para efetivamente reintegrar os seus resíduos na cadeia de valor. “O nosso projeto, pretende ajudar a materializar tudo isso e com a área de consultoria pretendemos exatamente acompanhar nesse processo”, diz. A United to Remake nasceu no verão de 2021 e tem estado fortemente envolvida no apoio à Ocean Sole. A organização remove do oceano ín-
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“Continuamos a discriminar e é imperativo continuarmos a combater qualquer forma de segregação” dico e rios resíduos de borracha gerados por chinelos e transforma-os em peças de decoração que “são a melhor forma de mostrar as potencialidades de transformação de resíduos e de mostrar que o lixo pode ser um assunto sexy”, brinca. No catálogo têm ainda garrafas feitas com resíduos de cana-de-açúcar e peças da Cais Recicla, um projeto da Associação Cais que privilegia processos de criação artística para capacitar pessoas em situação de sem abrigo e risco de exclusão social. Através da reutilização de desperdícios produzem peças de eco design personalizadas de acordo com a imagem corporativa dos seus clientes. A receção por parte das empresas que têm preocupações ambientais tem sido positiva e foram convidados para participar em várias iniciativas de economia circular. Acabamos de fechar uma parceria com a Aplanet que gere soluções tecnológicas de sustentabilidade para organizações gerirem os seus resultados ESG – Ambientas, Sociais e de Governação – uma ferramenta que Francisca considera excecional para ajudar os seus clientes a gerirem os dados não financeiros de uma forma ágil e precisa. Estão também a formalizar um acordo com uma empresa brasileira especializada em rastreabilidade de resíduos para desenvolverem uma aplicação para os clientes finais. Para além da questão ambiental, a U2R tem também um cariz social - 20 % dos resultados da linha de logística reversa reverte para a associação Crescer, com o objetivo de potenciar a criação de oportunidade de capacitação e criação de emprego verde. Estão também a formalizar um acordo com uma empresa brasileira especializada em rastreabilidade de resíduos para desenvolverem uma aplicação para os clientes finais. A prioridade principal é lançar o primeiro projeto e fechar o ano com um segundo parceiro. A U2R ambiciona ser uma referência na área, a nível ibérico. “Sustentabilidade não é só ambiente e reciclagem, é sermos eficientes e eficazes”, conclui.
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Manuela Doutel Haghighi, responsável do Delivery, Operations e Customer Excellence na Microsoft
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MANUELA DOUTEL HAGHIGHI
AS EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS COMO MOLDE DA LIDERANÇA Manuela Doutel Haghighi tem 44 anos e já viveu em 3 continentes e 7 países. Trabalhou em 4 empresas e conheceu muitas pessoas de culturas, idades, gostos e feitios diferentes. De Toulouse a Oslo, passando pelo Reino Unido e pela África do Sul, desenvolveu a sua liderança em torno das suas experiências, aprendendo a importância da união feminina e da persistência. Ligada à área da tecnologia há anos, é atualmente Diretora de Delivery, Operations e Customer Excellence na Microsoft. Manuela Doutel Haghighi é um nome incomum, mas que faz questão de usar sempre por completo, pois é o seu “melhor cartão de visita”. “As pessoas lembram-se sempre de histórias invulgares, por isso conto a minha história”, explica. Com mãe portuguesa e pai iraniano, os seus primeiros anos foram passados entre Paris e Teerão, “entre revoluções e guerras”. Os aromas, sabores e jardins da Pérsia preencheram a sua infância e Trás-os-Montes foram o seu refúgio nos verões calorosos que viveu com os avós, primos e tios. Em 1984 começou a estudar em Portugal no Liceu Francês. Aos 18 anos, “com uma vontade imensa de descobrir o mundo”, voltou a Toulouse, cidade onde os seus pais se conheceram nos anos 70 durante os doutoramentos, e ingressou numa Classe Préparatoire aux Hautes Études Commerciales. Foram 2 anos intensos onde aprendeu a importância de ter cultura geral, de argumentar, dialogar, debater e escrever com rigor. Foi também a sua janela para o mundo, que lhe permitiu conhecer pessoas de outras raças, orientações sexuais, meios sociais e gostos diferentes. Tirou a sua licenciatura e mestrado em Economia e Gestão na École de Commerce de Toulouse. Durante esse período, fez um estágio na Noruega e ficou fascinada com a possibilidade de uma sociedade democrática socialmente responsável “onde ministros vão de metro para o trabalho e o CEO duma multinacional responde ao telefone da receção da empresa e transmite os recados porque já passam das 17h00 e todos foram para casa”, ilustra. “Quando as pessoas não se acham superiores aos outros, percebem que todos beneficiam porque todos fazem parte da mesma sociedade.” Foi ainda nos anos que passou em França que sentiu na pele o que era a discriminação. Desde a habitação, à escolaridade e entrevistas de emprego, existem muitas vezes situações de discriminação, umas mais subtis que outras – “basta terem o nome que têm ou uma cara diferente.” Em 1999, fez um MBA nos Estados Unidos.
No ano seguinte, voltou para a Europa e enviou currículos para vários países, tendo em vista trabalhar numa multinacional. Deixou Portugal fora das suas opções, porque não queria “hierarquias históricas, promoções por cunhas ou misoginia institucional”, afirma. “Ah e também nunca fui fã da mania dos títulos de Doutores e Engenheiros…” Encontrou no Reino Unido a resposta para a sua busca e integrou o Graduate Programme da IBM em 2001, na divisão de Strategic Outsourcing. Durante 2 anos aprendeu sobre várias áreas, desde comercial a delivery. Tirou o curso da IBM Sales School e percebeu que para ser um bom vendedor ou consultor é preciso, acima de tudo, saber ouvir outro ser humano para perceber o que realmente necessita, em vez de tentar vender o que se pretende. “Vender serviços é vender uma relação a longo prazo em que ambas as partes beneficiam”, esclarece.
“Com a possibilidade de uma sociedade democrática socialmente responsável “onde ministros vão de metro para o trabalho e o CEO duma multinacional responde ao telefone da receção da empresa e transmite os recados porque já passam das 17h00 e todos foram para casa” 25
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O interesse pelo mundo da tecnologia surgiu nesta altura. Um dos projetos em que esteve envolvida era uma solução vendida para as autarquias darem apoio a idosos isolados, ligando através de uma plataforma digital os serviços do sistema de saúde e sociais, oferecendo assim um apoio holístico e personalizado. A possibilidade de tornar negócios mais eficientes, unir pessoas e equipas e resolver questões da sociedade, como problemas climáticos, foi o que cativou Manuela na área da tecnologia ao longo dos anos. Foi em Joanesburgo, num International Assignment, que mudou da área das vendas para a transição e transformação digital. “Decidi focar-me em construir e transformar, queria ver o impacto do meu trabalho a longo prazo, pós-vendas”, justifica. Durante a sua estadia no país, que foi prolongada por mais 3 anos do que o previsto após ter o seu filho, Manuela dedicou os seus fins de semana a empoderar mulheres vítimas de violência e discriminação nas favelas de Kliptwon no Soweto. Voltou para o Reino Unido em 2010 e só em 2018 é que rescindiu com a IBM, para abraçar um novo desafio na Leidos, outra empresa de tecnologia americana emergente no país. O ano passado, fez o seu próprio Brexit, trocando o Reino Unido por Portugal após ter tirado uma pós graduação em Direitos Humanos na Faculdade de Direito de Coimbra. Atualmente, trabalha para a Microsoft num posto totalmente internacional, como responsável do Delivery, Operations e Customer Excellence, onde gere clientes e equipas multiculturais de uma conta global e complexa. As suas experiências internacionais moldaram na enquanto pessoa e enquanto líder. Em todos os países aprendeu algo – na França, aprendeu a refletir com filosofia, nos EUA a ser prática na tomada de decisões, na África do sul o conceito de “Ubuntu - I am because you are”, no Reino Unido sobre a importância da gestão e organização e, mais importante, sobre a relevância dos Employee Networks. Foi aí que aprendeu a montar, gerir e liderar Women Networks. Todas estas experiências influenciaram o seu estilo de liderança e Manuela pretende partilhá-las e difundi-las em Portugal. Apesar de não trabalhar diretamente na filial portuguesa, quer mudar o status quo, tendo como ponto de partida a invisibilidade e posição das mulheres nos negócios, na tecnologia e na economia. Realça que teve, ao longo dos anos chefes, mentores e colegas fantásticos. Contudo teve também alguns que consideravam normal piropos em reuniões ou conferências de trabalho e outros que eram condescendentes, por exemplo.
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“Para além de não ser engenheira, era mulher. Tive direito a “piadas” sobre ser má mãe quando deixava o meu filho na creche de manhã e ser má colega por o ir buscar ao fim do dia, questionaram o meu estilo de liderança por querer integrar e proteger os meus os colaboradores, por dizer o que pensava ou por pôr os clientes á frente dos bónus”, confessa. “Acho que a cereja no bolo foi “your problem is that you care too much”! Foi assim que começou a frequentar, e mais tarde liderar, os Women Network e percebeu que existiam regras informais nas empresas que iam além da meritocracia. “Sobretudo aprendi que as mulheres deviam unir-se e apoiarem-se, mas também que deviam ajudar muitos homens que não queriam ser Alfas para ter sucesso”, conclui. Com esse apoio desenvolveu o seu próprio estilo de liderança no feminino, que se baseia na ousadia de contestar métodos antigos, dar voz a quem não tem poder e chamar a atenção para situações muitas vezes inconvenientes. Implica questionar o status quo, apresentar resultados e provar que só se tem resultados quando todos os colaborados são incluídos e valorizados. “Liderar no feminino é usar a intuição, é dialogar, é criar pontes para chegar a um consenso, é lutar para uma maior equidade, maior justiça, maior sustentabilidade”, descreve. A discriminação continua a acontecer nos dias de hoje, e em parte Manuela Doutel Haghighi culpa a sociedade que espera que as mulheres sejam boas mulheres, que tenha como objetivos casar e ter filhos, ser boas esposas e boas mães acima de tudo o resto. “Enquanto meninas forem educadas a serem bem-comportadas, limpinhas e princesas e enquanto lhes dermos barbies e cozinhas para brincar, não vamos ter mulheres que se interessem por ciências, tecnologias ou… liderança!”, exclama. “Porque para chegar lá é preciso aprender a jogar, arriscar, negociar”. Para Manuela, é necessário mudar os paradigmas de gestão, os critérios de promoção e a forma como as empresas estão organizadas. Números publicados num relatório anual não são suficientes quando se fala em diversidade e inclusão. Enquanto mulher num cargo de liderança numa área dominada por homens, é uma referência para outras mulheres. Com o objetivo de partilhar os seus conhecimentos, juntou-se ao Women Network em Portugal onde faz Empowerement Workshops que ensinam as regras
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informais do mundo empresarial. Trabalha ainda como mentora na Portuguese Women in Technology. Para as jovens que pretendam ingressar na área, deixa alguns conselhos - escrever um currículo de que se orgulhem, aprender as regras informais da sua organização (como funciona, quem tem poder, quem toma decisões e como devem evoluir nela), e focar-se no que é urgente e não na perfeição. É essencial valorizarem-se e ter curiosidade pelo mundo à sua volta, mantendo-se informadas. A união é também um fator fundamental, através das Women Networks. Acima de tudo, coragem – “a História foi feita por quem arriscou e não por quem consentiu com o seu silêncio”, realça.
“Enquanto meninas forem educadas a serem bemcomportadas, limpinhas e princesas e enquanto lhes dermos barbies e cozinhas para brincar, não vamos ter mulheres que se interessem por ciências, tecnologias ou… liderança!”, exclama. “Porque para chegar lá é preciso aprender a jogar, arriscar, negociar”
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Manuela Doutel Haghighi, responsável do Delivery, Operations e Customer Excellence na Microsoft.
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ISABEL CIPRIANO
LIDERANÇA NO FEMININO NA APOTEC Isabel Cipriano é a primeira mulher presidente da APOTEC desde o 25 de Abril. Dedicada à associação há mais de duas décadas, começando como coordenadora do Jornal de Contabilidade, passou por várias áreas e cargos. Promete que o seu mandato será regido por determinação e ética e pretende melhorar a satisfação dos associados. A APOTEC (Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade) celebra em 2022 45 anos. Um marco histórico se tivermos em conta que as entidades do setor social registam, em média, 19 anos. Conta com cerca de 5 mil associados espalhados pelo Continente, Regiões Autónomas, Macau e alguns países de expressão portuguesa. Foi criada em 1977, no mesmo ano da Comissão de Normalização Contabilística (CNC). Desde cedo que a APOTEC integrou a CNC, mantendo-se atualmente como uma das poucas associações com assento na comissão. Tem contribuído desde então para a implementação e desenvolvimento de procedimentos contabilísticos e para a melhoria da informação e do relato financeiro das entidades. As conquistas tem sido muitas ao longo dos anos – a APOTEC foi uma das entidades fortemente envolvidas na luta pela regulamentação dos técnicos de contas, que em 1995 alcançaram o estatuto próprio para os contabilistas (certificados). Continuaram a luta pela defesa e valorização das profissões em torno da contabilidade, como técnicos de contabilidade, escriturários, consultores e fiscalistas. Também a liberdade de escolha da formação profissional dos contabilistas se deve à APOTEC. Em 2004, a então Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, atual Ordem dos Contabilistas Certificados, publicou o Regulamento do Controlo de Qualidade, do qual resultava a obtenção de uma média anual de 35 créditos, nos últimos dois anos, em formação promovida pela própria ou por ela aprovada. Esta medida dificultava a entrada dos concorrentes no mercado. Esta medida foi contestada, durante 10 anos, começando por uma queixa na Autoridade da Concorrência, passando pelo Tribunal do Comércio, Tribunal da Relação de Lisboa, Tribunal de Justiça da União Europeia, e por fim Tribunal Constitucional. Em 2015, a mudança foi refletida no estatuto de Contabilista Certificado, passando os profissionais a serem livres de escolher a
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formação profissional que entenderem ser necessária independentemente da entidade formadora. Para os seus associados, a APOTEC oferece vários benefícios e atividades. Anualmente, elabora um extenso calendário de cursos, sessões de esclarecimentos, colóquios, congressos e jornadas. São várias as ações de formação disponíveis para quem pretende atualizar e aperfeiçoar as suas capacidades. Tudo isto por um custo mínimo, com o objetivo de ser acessível a todos. Distribuído gratuitamente a todos os associados, o Jornal de Contabilidade é o periódico técnico e científico que dá a conhecer todos os aspetos das técnicas contabilísticas, fiscais e jurídicas. Esta publicação existe ininterruptamente desde abril de 1977, e é considerada um forte elo de ligação entre a APOTEC e os seus associados. A maior vantagem que a APOTEC oferece é, sem dúvida, o serviço de consultório. Apoiado por assessores de reconhecido mérito, permite o esclarecimento de dúvidas contabilísticas, fiscais e jurídicas, no âmbito da atividade profissional. Estas podem ser apresentadas por escrito ou presencialmente. Para além disso, a APOTEC possui uma biblioteca na sede, em Lisboa, que permite a consulta de uma vasta seleção de títulos nacionais e estrangeiros, que abrangem matérias como a contabilidade, fiscalidade, gestão, economia, matemática, informática e outros. Os Protocolos assinados entre a APOTEC e vários parceiros nacionais e internacionais permitem ainda aos associados beneficiar de descontos e atendimento preferencial. A APOTEC é também a mais antiga associação da península ibérica a instituir prémios de investigação, estudo e divulgação da contabilidade e a sua história e auditoria. Os Prémios anuais de Contabilidade e História da Contabilidade são geradores de incentivos a todos quanto se interessam pela investigação e produção teórica sobre a contabilidade.
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“Quando vim para a APOTEC, no final do ano 2000, pensava que seria muito menos complexo e moroso, mas acabou por se transformar numa (fantástica) oportunidade” “Temos a responsabilidade da agregação do conhecimento presente com o conhecimento da história, impulsionando o exercício contabilístico refletivo, e contribuindo para uma fiscalidade que faça também reflexo económico e social coletivo, de forma ponderada e harmonizada, tanto nas empresas como na sociedade em geral”, afirma Isabel Cipriano, atual presidente da associação. Precoce na área da matemática, começou aos 9 anos, nas férias de verão, a auxiliar o seu pai a validar os seus recibos de vencimento. “Depois de tudo validado, disse-lhe que havia dois períodos no ano em que o somatório dos descontos eram quase 50% do total das remunerações do mês”, relembra. Na faculdade, candidatou-se a informática de gestão, mas foi colocada em contabilidade e administração. “Um amigo ainda tentou animar-me com algo do género - se há alguém que percebe de instrumentos de gestão, são os contabilistas”, conta. Entrou com expectativas moderadas e faltou logo no primeiro dia de aulas, mas a vontade de aprender superou a sua irreverência. Teve a sorte de conhecer professores e profissionais que influenciaram a forma como olha para os números e para a veracidade e fiabilidade das informações financeiras. Pessoas que a impactaram enquanto profissional e pessoa. Ainda durante a licenciatura, começou a trabalhar numa entidade ligada à formação profissional e informática. “Nos anos 90, queríamos concluir rapidamente o curso e era uma área de
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fácil empregabilidade”, explica. “Havia também alguma ânsia em ganhar o mundo, perspetiva”. Pouco depois, foi convidada para a área financeira de um grupo de empresas do setor têxtil, líder do mercado no seu segmento. “Foi um período intenso, desafiante e gratificante”, recorda, onde contactou com o mercado europeu e americano. Com os centros comerciais portugueses em expansão, o grupo aumentou as lojas de venda direta, aumentando consequentemente a responsabilidade social, as necessidades tecnológicas e de financiamento, entre outras. Foi nessa altura que decidiu ingressar em auditoria, visto a necessidade de mais controlo interno. Quase simultaneamente, foi convidada para Chefe do Departamento de Contabilidade, cargo que recusou. No mesmo período, foi desafiada a coordenar o periódico técnico editado pela APOTEC, o Jornal de Contabilidade, e dotar a organização de meios e processos tecnológicos mais dinâmicos que respondessem às necessidades dos associados. A APOTEC tornou-se assim a primeira entidade com presença web. “Quando vim para a APOTEC, no final do ano 2000, pensava que seria muito menos complexo e moroso, mas acabou por se transformar numa (fantástica) oportunidade”, afirma. Colocou “em prática todo um conhecimento e experiência adquirida, dotando a associação de procedimentos e processos mais céleres, com fiabilidade e evolução tecnológica”. Aprendeu e retribuiu essa aprendizagem. Passou pela reorganização administrativa interna, aos meios tecnológicos e comunicação, à digitalização e incremento de ferramentas, conhecimento e competências, até assumir, em 2007, a direção executiva. Em 2016 foi eleita vice-presidente da APOTEC, ser presidente foi o próximo passo lógico. “A responsabilidade é quase idêntica à que já tinha, mas acrescida”, diz. Sente o peso de suceder presidentes que marcaram fortemente a associação e a profissão de contabilista em Portugal, bem como a honra de ser a primeira mulher presidente da associação desde o 25 de abril. É para si um privilégio e uma oportunidade de “contribuir para o desenvolvimento, elevação e reconhecimento das profissões em torno da contabilidade e da fiscalidade”, vivendo numa liberdade associativa com inscrição facultativa e sem vínculos corporativos. Um espaço que categoriza como plural, de ensino e partilha de conhecimento, de apoio técnico especializado e multidisciplinar. “Há que lidar sempre com empenho, de forma colaborativa e responsável, e com humanidade”, diz.
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“Não creio que tenha sido por uma questão de género, apenas nunca houve uma lista encabeçada por uma mulher”, afirma. “E talvez porque era até há bem pouco tempo, uma área profissional com mais homens que mulheres.” Apesar de, segundo dados disponibilizados pela Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), a nível nacional a profissão de Contabilista Certificado ser desempenhada maioritariamente por mulheres, representando em 2018 já cerca de 53% dos profissionais, e de nos últimos anos a adesão ser maioritariamente de mulheres, os homens estão em maioria na APOTEC - 57% da massa associativa. Ao longo da sua carreira, Isabel Cipriano nunca sentiu qualquer tipo de discriminação de género.
“Torna-se imperativo, por um lado, uma mudança nos processos declarativos de forma a haver reciprocidade entre os profissionais e a administração pública, e, por outro lado, recentrar as atividades do contabilista, enquanto parceiros estratégicos das empresas”
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“Fui, em muitas reuniões/conferências/ seminários profissionais, das pessoas mais novas, e em algumas sessões, a única mulher presente, e sempre senti o respeito e a consideração das outras partes”, acrescenta. Para a presidente, igualdade de género é um argumento político. “Não há géneros iguais. O que se poderá pretender igualizar é a oportunidade de um tratamento semelhante em reconhecimento, remuneração e valorização, pela capacidade e competência”, explica. Assim, deve-se valorizar o mérito e não a categorização de género. Em termos de progressão de carreira, “não se pode desconsiderar que a mulher tem em si uma particularidade de género, que não é transmissível”. Para ser contabilista e mãe é necessário um balanceamento equilibrado, “porque qualquer que seja o desajuste de um dos lados, há o comprometimento tanto na esfera pessoal como na atividade profissional.” Isabel olha para este cargo como um grande desafio. Seja pela conjuntura económica e social, como pelas readaptações que já se fazem sentir nos profissionais do setor. No início da pandemia, como todas as organizações, a associação teve de se readaptar à nova realidade. “Em duas semanas transformamos o conceito formativo da APOTEC”, revela. Era essencial dar resposta às necessidades dos associados, de forma online, em termos de conhecimento, apoio e valorização através da formação, para que estes pudessem continuar o seu trabalho nas organizações. Esta partilha de informação e formação na transição digital é um dos pilares que Isabel quer implementar no seu mandato. Com profissionalismo, determinação e ética, mas “indo mais além”, no apoio técnico e associativo, nas ferramentas e sistemas e na partilha de informação, procurando uma maior satisfação do desempenho profissional dos Associados. A verdade é que existem cada vez menos profissionais a ingressar na profissão. Existem quebras sucessivas na adesão ao ensino superior e, consequentemente, uma diminuição dos candidatos à profissão. Por outro lado, tem se verificado um aumento das obrigações fiscais e parafiscais na prestação de serviços dos contabilistas. Assim, “torna-se imperativo, por um lado,
“Temos de conseguir dar condições para um desempenho saudável, gratificante e progressivo da profissão e que seja em simultâneo, mais atrativa aos jovens, e menos desgastante para quem vive e exerce esta profissão, em especial no feminino” uma mudança nos processos declarativos de forma a haver reciprocidade entre os profissionais e a administração pública, e, por outro lado, recentrar as atividades do contabilista, enquanto parceiros estratégicos das empresas”, realça. Esta necessidade torna-se mais vital tendo em conta o estado do tecido empresarial nacional afetado pela pandemia. “Temos de conseguir dar condições para um desempenho saudável, gratificante e progressivo da profissão e que seja, em simultâneo, mais atrativa aos jovens, e menos desgastante para quem vive e exerce esta profissão, em especial no feminino”, sublinha Isabel Cipriano.
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DIVERSIDADE E INCLUSÃO
HUAWEI JUNTA-SE À ALIANÇA PARA A IGUALDADE NAS TIC Iniciativa governamental recentemente lançada no âmbito do programa “Engenheiras por um dia” conta agora com a contribuição da Huawei para garantir e fortalecer a representação igualitária dos géneros no sector das Tecnologias de Informação e Comunicação. De acordo com o ranking Women in Digital do Digital Economy and Society Index 2021 (DESI), em Portugal as mulheres especialistas em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) são apenas 1,8% do emprego total, face a 6,2% entre os homens. Estes são alguns dos dados estatísticos que ilustram a desigualdade do género vigente no nosso país no campo das TIC e que iniciativas como a Aliança para a Igualdade nas TIC querem combater. Foi com base nessa premissa – a de alavancar a diversidade e a inclusão num mercado como o das TIC, actualmente um dos principais motores da economia mundial – que a Huawei Portugal assinou no passado dia 13 de Janeiro, um acordo para adesão a esta iniciativa, promovida pela Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género e a Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão. A contar com um alargado conjunto de iniciativas estratégicas que visam impulsionar a representação feminina no sector das TIC, de que se destacam, por exemplo, a Summer School for Female Leadership in the Digital Era, cuja primeira edição ocorreu em Agosto de 2021 em Lisboa, e ainda o programa de bolsas universitárias lançado em Dezembro passado, a Huawei deu assim mais um passo para consolidar o seu compromisso no campo da igualdade do género com este acordo de princípio agora formalizado. Para Toni Li, CEO da Huawei Portugal, a adesão da empresa à Aliança para a Igualdade na TIC “é mais uma prova de que a Huawei está inquestionavelmente empenhada em contribuir para a criação de uma era digital mais inclusiva”. Como tal, garante o responsável, “queremos fazer parte da solução e, por isso, procuramos partilhar o nosso know-how e colaborar com todas as partes interessadas no sentido de esbater as diferenças que ainda se verificam entre os géneros não só no acesso à educação, como ao mercado de trabalho”. Presente na cerimónia de assinatura do protocolo, Sandra Ribeiro, Presidente da Comissão
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para a Cidadania e Igualdade de Género, fez questão de salientar que “é determinante que os agentes económicos se juntem a estas iniciativas, para que a igualdade de género seja uma realidade no mais curto espaço de tempo em Portugal”. Importa aqui referir que a Aliança para a Igualdade nas TIC vem formalizar a rede de parcerias do programa “Engenheiras por Um Dia”, tendo em vista a promoção da inclusão digital das mulheres e da respetiva participação nas engenharias e nas tecnologias, consolidando e estrutu-
rando formas de cooperação sistemáticas e de divulgação do trabalho realizado pelas entidades parceiras. Os compromissos assumidos no âmbito da Aliança para a Igualdade nas TIC estão enquadrados tanto pelo Plano de Acção para a Transição Digital, como pelo Plano de Recuperação e Resiliência e contribuem para a concretização do Eixo 3 “Desenvolvimento científico e tecnológico igualitário, inclusivo e orientado para o futuro” da Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não Discriminação 2018-2030 “Portugal + Igual”.
2 - Cerimónia de Assinatura Memorando Entendimento_Aliança para a Igualdade nas TIC
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(Da esquerda para a direita) Diogo Madeira da Silva, Head of Public Affairs & Communications, Huawei Portugal; Margarida Mateus, Coordenadora do projeto Engenheiras por Um Dia; Tony Li, CEO, Huawei Portugal; Rosa Monteiro, Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade; Sandra Ribeiro, Presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género
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Equipa LabX
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UM SÃO VALENTIM PARA RECORDAR NA QUINTA DAS LÁGRIMAS
Programa de São Valentim 2022 válido para os meses de fevereiro e março Se há local em Portugal que nos remete para histórias de amor intensas e eternas, esse local é sem sombra de dúvidas a Quinta das Lágrimas, em Coimbra. Para que este São Valentim fique eternamente na memória de todos os enamorados que escolhem o Hotel Quinta das Lágrimas para celebrar o seu amor, esta unidade propõe um programa especial. Válido para estadias durante todo o mês de Fevereiro e de Março, o programa de São Valentim do Hotel Quinta das Lágrimas contempla estadia de uma noite a dois em quarto duplo, com pequeno-almoço, mimo de São Valentim com vinho do Porto no quarto, jantar de degustação para duas pessoas com bebidas incluídas (escolha do escansão) 1, para além do acesso ao Bamboo Garden Spa e a oferta de 10% de desconto em massagens para reservas antecipadas. Este pacote encontra-se disponível a partir de 249€ para duas pessoas.
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Se a reserva for feita para a datas entre 11 e 14 de fevereiro, o chef Vitor Dias tem preparado para o jantar de degustação um menu especial que inclui: • Aperitivo do Chef | Pedra de corvina, rissol de leitão e tartelete de rabo de boi • Amuse-Bouche | Salmão curado com texturas de morango e coração de vodka • Entrada | Tataki de atum, maçã e ceviche de pinhão • Prato Principal | Rodovalho, cuscos de marisco e mexilhão afrodisíaco ou Presa de porco, amêndoa e pistacho • Sobremesa | Chocolate, frutos vermelhos e espumante • Petit-Fours | Macarrons e trufas Embora este menu esteja incluído nas reservas do programa de São Valentim, também pode ser reservado sem alojamento incluído por 75€ por pessoa. Adicionalmente, se os casais que adquirirem o pacote completo pretenderem fazer um update ao seu programa de romance neste emblemático hotel, poderão ainda optar por incluir nos mimos uma garrafa de espumante com ou sem chocolates, mini tábua de Queijos e Vinho Pedro&Inês ou flores. Poderão ainda acrescentar uma visita guiada aos jardins da Quinta das Lágrimas (25€ por casal), aproveitando para conhecer a lenda mais romântica da Nossa história e o património botânico, ou agendar uma sessão fotográfica de 1 hora para eternizar as suas histórias de amor (oferta disponível por 149€ com entrega de 10 fotos em pen drive no momento do check-out).2 1 menu em anexo 2 necessária reserva antecipada de 48h.
Contactos para reservas: www.quintadaslagrimas.pt reservas@quintadaslagrimas.pt 239 802 380
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YOUR TREND: A NOVA EMPRESA DE PERSONAL BRANDING E COMUNICAÇÃO DIGITAL EM PORTUGAL
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Andreia
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A Your Trend é uma empresa de comunicação digital com uma oferta direcionada para o mercado business to business. Possui uma oferta que garante uma estratégia de comunicação global para as empresas, suportada por serviços de marketing digital, produção de conteúdos, webdesign, redes sociais e personal branding. A empresa possui uma carteira de clientes composta por empresas nacionais e internacionais, de distintos setores de atividade.
Your Trend é o nome da nova empresa de personal branding e comunicação digital do mercado português. Focada no mercado business to business (b2b), a Your Trend coloca à disposição das empresas vários serviços que garantem uma comunicação global e multiplataforma, mas coloca em destaque uma oferta especializada em duas áreas estratégicas: personal branding e redes sociais. “A gestão de uma marca pessoal não é ainda algo muito comum, mas é crucial para a valorização dos profissionais. O personal branding permite-nos criar uma pegada digital que espelha não só o nosso percurso, mas também as nossas experiências, competências, influência e notoriedade. Isto é algo que nos vai acompanhar sempre, independentemente do local onde trabalhamos. É um currículo virtual de grande valor”, explica Andreia Mitreiro, founder e CEO da Your Trend. “O meu background sempre esteve ligado às pessoas e ao estudo do comportamento humano. Esta relação de grande valor entre a Psicologia e o Marketing está no ADN da Your Trend, e é um dos nossos maiores argumentos para uma comunicação que, apesar de ser cada vez mais tecnológica, continua a ser feita de pessoas para pessoas. Não queremos ser apenas mais uma agência, queremos ser parceiros dos nossos clientes e criar uma relação de proximidade com eles.” Apesar de ser uma nova empresa, a Your Trend apostou na criação de uma equipa não só mui-
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to experiente na área de redes sociais, design e content, mas também especializada no mercado business to business. “Gestão de redes sociais é muito mais que criar publicações ocasionais, especialmente se estivermos a falar de B2B. O posicionamento, mensagens, público-alvo, a escolha das redes, o design, tudo é pensado e trabalhado de forma diferente no business-to-business. É por isso que a Your Trend possui uma equipa especializada no B2B, que percebe exatamente as necessidades e desafios que estas empresas enfrentam diariamente, e que sabe como trabalhar cada conteúdo. Podíamos ter seguido pelo mercado de consumo, mas é aqui no B2B onde o nosso know-how já está a fazer a diferença”, acrescentou. A Your Trend disponibiliza serviços de marketing digital, produção de conteúdos, webdesign, redes sociais e personal branding, e possui já uma rede de clientes nacionais e internacionais, nomeadamente na área da saúde e das tecnologias. A lista de clientes conta com já com nomes como a InnoWave e a Conquest One, e na área de personal branding com a Science4you (Miguel Pina Martins CEO ) e Edumed (Sandra Marques , Diretora Clinica). “Neste mercado altamente competitivo, as empresas têm de comunicar rapidamente em todas as frentes, para diferentes targets, com mensagens personalizadas. Por isso temos uma oferta que assegura uma estratégia de comunicação global para as empresas. Queremos apostar no mercado português, mas também acompanhar os nossos clientes nas suas estratégias de expansão e ajudá-los a comunicar de forma global. A nossa experiência com multinacionais dá-nos já uma visão privilegiada de como funcionam os mercados lá fora, e como podemos otimizar toda a comunicação. Este é um valor que queremos passar aos nossos clientes”, sublinha Andreia Mitreiro.
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