Publicação de responsabilidade editorial e comercial de Sandra Arouca.
MAIO DE 2020
"Pandemia e o Direito de trabalho"
"Manter a Saúde Mental perante a COVID-19”
Sandra Gomes Pinto e Catarina Santos, Advogadas
Ana Tapia, Psicóloga
“A nova perspetiva da Gestão Hoteleira”
Maria João Martins, especialista em Urbanismo e Consultoria Hoteleira
“NÓS PRECISÁVAMOS DESTA PAUSA" Tâmara Castelo, especialista em Medicina Tradicional Chinesa & Homeotapia
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#PORTODOS APOIAMOS QUEM ATUA PELA VIDA 2
ÍNDICE 4 | Editorial 6 | O contributo da Medicina Tradicional Chinesa no combate à COVID-19 Tâmara Castelo, especialista em Medicina Tradicional Chinesa & Homeopatia 10 | Seis formas para manter a saúde mental perante a COVID-19 Ana Tapia, Psicóloga 14 | Cuidados paliativos Cristina Pires, especialista em Psicologia Clínica e da Saúde 18 | Pandemia e o direito de trabalho Sandra Sá Pinto e Catarina Santos, Advogadas da SGP 21 | Portugal Growth 24 | A nova perspetiva da gestão hoteleira em 2020 Maria João Martins, especialista em Urbanismo e Consultoria Hoteleira 28 | Debate sobre educação à distância e educação inclusiva Instituto Piaget 30 | #MOVIMENTOVIVERINTENSAMENTE FICHA TÉCNICA Direção e Edição: Sandra Arouca Colaboração: Joana Carvalho, Ana Catarina Gomes, Catarina Fernandes, e WLX-design Contactos: geral@liderancanofeminino.org redacao@liderancanofeminino.org Registada na ERC com o n.º 126978 Propriedade de Sandra Arouca Sede e Redação - R. Nova da Junqueira, 145 4405-768 V.N.Gaia Periodicidade mensal Liderança no Feminino tem o compromisso de assegurar os princípios deontológicos e ética profissional dos jornalistas, assim como pela boa fé dos leitores.
33 | As casas depois da COVID-19 Mais confortáveis, seguras e saudáveis Imobiliária 34 | Ir à praia com novas regras Novas Regras em estado de Pandemia 38 | Chefes de cozinha embarcam online numa “petiscada à portuguesa" Chefes online 40 | Marcas em tempo de COVID-19 Patrícia Castelo, Marketing Manager da LG Electronics Portugal 42 | Teima, Alentejo SW Turismo
O conteúdo editorial da Revista Liderança no Feminino é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico. Todos os artigos são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião da editora. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução total ou parcial de todos os artigos, sem prévia autorização da editora. Quaisquer erros ou omissões nos artigos, não são da responsabilidade da editora.
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LIDERANÇA NO FEMININO | Maio de 2020
| MAIO 2020
EDITORIAL Os efeitos da pandemia causados pelo novo coronavírus durará muitos anos, mas também, podem acelerar a transição da sociedade para novas formas de viver em comunidade. Será que estas medidas, introduzidas para dar resposta ao estado de emergência, vieram para ficar? A COVID-19 anticipou uma nova realidade que já vinha há muito a ser adiada, um novo conceito de trabalho à distância. O teletrabalho, a educação e a procura da sustentabilidade. O teletrabalho está na base das grandes transformações. Aos empresários, a COVID-19 está a exigir uma agilidade empresarial sem precedentes. Assistimos a um aumento das experiências virtuais em todos os setores. À medida que nos vamos habituando a assistentes digitais e chatbots, crescem as nossas expectativas. Há uma procura de empresas virtuais personalizadas que nos possam entreter, educar, consultar e até com quem criamos amizade. Com o número de horas que passamos online a aumentar com o isolamento, vai nascer a vontade de se usar parte desse tempo de forma mais produtiva, assistimos ao boom de plataformas que nos ligam a professores, especialistas e mentores. Multiplicam-se os webinars, os podcasts, os vídeos, os lives no Facebook e Instagram, os eventos virtuais, conferências de imprensa no zoom e conferências de imprensa pela plataforma Zoom. Estamos a caminhar para um mundo digital.
Para as marcas, este é o momento para destacar o seu propósito. Ir de encontro aos requisitos dos principais stakeholders. O mercado, mais uma vez, foi posto à prova e terá de se reinventar e fazer face às novas exigências. Não podíamos imaginar que dias depois desta pandemia, estaríamos todos a reinventar o nosso modus operandi, para sobrevivermos, num contexto que jamais podíamos prever. Nesta edição, vamos tentar perceber quais as novas tendências e paradigmas nesta nova realidade pós COVID-19. Entrevistamos Tâmara Castelo, especialista em Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que nos vai falar dos benefícios desta, no tratamento de pacientes infetados com o novo coronavírus, bem como sobre o seu papel no reforço do sistem imunitário. Vários testemunhos de empresárias que se adaptaram a esta nova realidade, pós COVID-19 e estão a entrar no universo do digital com sucesso. O novo coronavírus veio tornar o mundo mais plano. Percebemos que somos todos efémeros e frágeis e que as nossas diferenças só residem na nossa humanidade. Um bem haja a todas as empresárias. Estamos juntas na liderança! A equipa Liderança no Feminino
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EM PRE EN DEDO RISMO 5
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Tâmara Castelo, especialista em Medicina Tradicional Chinesa & Homeopatia
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O CONTRIBUTO DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA NO COMBATE À COVID-19 Em conversa com Tâmara Castelo, especialista em Medicina Tradicional Chinesa, a revista Liderança no Feminino foi perceber o impacto desta no combate à COVID-19. A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é um sistema médico criado há 2300 anos. O principal objetivo é a regularização dos sistemas do organismo e, para tal, utilizam-se técnicas como a acupuntura, a fitoterapia, uma dieta adequada, massagens terapêuticas, shi kung, entre outras. A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) está a ser um dos recursos no tratamento de pacientes infetados com o novo coronavírus.
Nascida em Lisboa, no ano de 1984, Tâmara sempre foi uma pessoa com problemas de saúde. Desde problemas respiratórios, muitas alergias a problemas digestivos. Com o passar dos anos, o interesse por uma alimentação mais saudável foi claro e, por isso, escolheu a sua área de trabalho. Quando era pequena, lembra-se de que tudo o que comia na escola, lhe caía mal. Estava sempre com dores de barriga, enjoada, maldisposta, com diarreia ou com rinite alérgica, a espirrar várias vezes por dia. Recorda-se bem dos anos da sua vida em que tomava medicação, desde anti-histamínicos e corticoides a antiácidos. Entre a barriga inchada e as dores de estômago constantes, a mãe tentou de tudo para que ficasse mais aliviada. Depois de muita procura e conversas, resolveu retirar-lhe a lactose. Em 1996 deixou de comer laticínios: leite e derivados. A sua vida melhorou muito. O seu sistema digestivo começou a funcionar melhor mas, mesmo assim, afirma que havia dias que estava ótima e outros, em que se sentia péssima. Havia dias em que tinha energia e, outros, em que acordava de rastos, nuns tinha uma respiração normal e, noutros dias não conseguia respirar.
foi a uma consulta de homeopatia, na qual o terapeuta lhe deu uma lista de alimentos a não comer. Recorda-se que eram imensos e de ter ficado em estado de choque, no momento. Confessa que essa restrição lhe custou mas, como também já estava tão cansada, optou por seguir as orientações do terapeuta. E, mais uma vez, ficou um pouco melhor, apesar de ainda não se sentir completamente funcional. Tinha alturas de achar que estava maluca, com uns dias com a barriga inchada, e noutros dias ótima. As alergias, nessa altura, não a abalavam com tanta frequência. Sem os laticínios, sentia-se francamente melhor. Mas afirma que ficou perfeita quando foi para a China, com objetivo de fazer o estágio do curso de Medicina Tradicional Chinesa. Sem se aperceber, retirou todo o glúten da alimentação, os laticínios, e reduziu muito o seu espetro alimentar, porque não gostava de quase nada. Afirma então que foi nessa altura quando começou a sua transformação. Percebeu o impacto incrível que a comida tem na saúde e na doença, como aliado ou como provocador de desconforto, e começou a ler, a cozinhar e a descobrir a alimentação saudável. Com o tempo, apareceram os testes de intolerância e a primeira vez que os fez, recorda que “foi supercómico, porque tinha tantas, tantas intolerâncias que tive de os repetir! Sou intolerante a mais de cem alimentos!”
“SOMOS O QUE COMEMOS” Tâmara afirma que percebeu cedo que a alimentação era a chave para o seu bem-estar. O que não percebia era exatamente o que é que lhe fazia mal, por isso, começou a tentar descobrir por tentativa e erro, recordando que nessa altura não havia testes de intolerâncias alimentares e que se falava muito pouco sobre este assunto. Tentou de tudo e partilha connosco que houve dias em que tentou só comer sopa, vegetais e maçãs, no entanto, mesmo assim ficava inchada. Com 16 anos,
A FAMÍLIA DÁ-LHE O MELHOR MEDICAMENTO: O AMOR. A sua família é o seu pilar e “é onde vou buscar a minha força.” Tâmara é filha do ator Virgílio Castelo, esposa do Chef Chakall e mãe de duas crianças e afirma que, estarmos bem connosco e com aqueles que amamos, faz também parte do processo de cura, neste caso, interior.
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Acrescenta que “pode parecer um cliché, mas é muito verdade, o amor é o melhor medicamento que todos nós podemos ter. Família e amigos sempre bem pertinho, não abro mão!” Para Tâmara, cada vez mais precisamos de nos virar para as nossas origens e para os nossos, sermos mais conscientes, mais humanos, valorizarmos mais o tempo, esse bem tão precioso e muitas vezes sobrevalorizado. O ser humano foi feito para viver em tribo, estar sozinho é contra-natura.
SER SAUDÁVEL É UMA ATITUDE Um estilo de vida saudável é todo um conjunto de coisas. Não se é saudável só porque se come salada e sopa. É um estilo de vida, é uma tomada de consciência. Claro que a alimentação é muito importante porque “nós somos o que comemos”, mas adotar algumas rotinas que nos permitam manter um certo equilíbrio é fundamental. Depois, cabe a cada um de nós ver o que é melhor e o que se adapta ao nosso estilo e personalidade. Tâmara não dispensa duas técnicas diariamente: o yoga e a meditação. Mas afirma que para outra pessoa não tem de funcionar o mesmo, podendo ser a prática de uma outra atividade física qualquer. Mexermo-nos é muito importante, lutar contra o sedentarismo é cada vez mais uma obrigação.
A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E A DOENÇA DA COVID-19 A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) ajuda no equilíbrio físico e mental do nosso organismo, prevenindo o aparecimento de várias doenças. Através da alimentação e recorrendo, se necessário, à acupuntura, a MTC ajuda também no tratamento de algumas patologias tais como enxaquecas, perda de peso, constipações, rinites, obstipação, infeções urinárias, problemas digestivos, depressão, ansiedade, problemas de sono, infertilidade, entre outras. Durante o tempo de confinamento, devido ao novo coronavírus, Tâmara recomenda comer menos laticínios, menos trigo e menos carne, praticar automassagem diariamente e técnicas de relaxamento, via respiração.
muitas famílias estão a atravessar. O aumento de peso, insónias e medos também são preocupações presentes. Nestes campos, a MTC tem excelentes resultados. Tâmara acredita que tudo acontece por uma razão. “Nós precisávamos desta pausa. O planeta precisava deste tempo para se recompor. O ser humano precisava de um abanão”. Na sua opinião, cabe agora a cada um de nós aproveitar esta oportunidade para um novo e melhor recomeço, caso contrário, tudo isto terá sido em vão. A nossa entrevistada salienta que “Acredito do fundo do coração que, pode demorar, mas vamos todos ficar bem”.
A CLÍNICA TÂMARA CASTELO E AS OBRAS PUBLICADAS Em novembro de 2007 fundou a Clínica Tâmara Castelo, que se estende a várias especialidades dentro da Medicina Chinesa e Homeopatia, como pediatria, clínica geral, apoio à quimioterapia e radioterapia, apoio à fertilidade, perda de peso e alimentação saudável. A clínica assume-se, portanto, especializada em Medicina Tradicional Chinesa, Alimentação Saudável e Homeopatia. Tâmara estudou Medicina Tradicional Chinesa, na Escola Superior de Medicina Chinesa, na China, em convénio com a Nanjing University of Traditional Chinese Medicine. Viveu neste país por longos períodos, entre 2005 e 2008, onde também trabalhou no Hospital Estatal, First Affiliated Hospital Nanjing Medical University Jiangsu Province People's Republic of China. É ainda autora das obras "Curar sem Medicamentos" em 2017, vencedor de um Gourmand para melhor livro Internacional e, "Comer sem Culpa", em 2018, vencedor também de um Gourmand Award - Best book In the world, na categoria: Tradicional Natural Medicine&Nutrition.
NUMA ÉPOCA PÓS COVID-19 Para a especialista, depois da pandemia iremos ter inevitavelmente muitos problemas do foro psicológico a aparecer, fruto não só do isolamento, mas também dos inúmeros problemas socioeconómicos que
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www.clinicatamaracastelo.pt www.tamaracastelo.com
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Tâmara Castelo, especialista em Medicina Tradicional Chinesa & Homeopatia
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Ana Tapia, Psicรณloga, Mestre em Psicologia Social, Pรณs graduada em Psicoterapia e Especialista em Coaching
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SEIS FORMAS PARA MANTER A SAÚDE MENTAL PERANTE A COVID-19 Como prevenir o agravamento da saúde mental perante a COVID-19 e, como agir e influenciar as emoções, de forma a combater o medo, a ansiedade, o isolamento social, a atividade física, prevenir a depressão ou os efeitos de um potencial trauma, gerado pela imprevisibilidade e desconfiança coletiva?
A perspetiva de uma catástrofe económica e social, motivada pelo surgimento da pandemia da COVID-19 instala ou reforça, sobretudo em pessoas mais vulneráveis pelo isolamento, inatividade ou falta de recursos financeiros, uma maior preocupação, um sofrimento por antecipação onde se configuram cenários de calamidade pessoal e familiar e, nalguns casos, um sentimento de impotência que conduz a uma “desistência” perante a perceção de não se poder fazer nada. Sem prejuízo do recurso a ajuda especializada, há algumas medidas que estão ao seu alcance de forma a cuidar ou prevenir o agravamento da saúde mental.
1. REAJA Quanto mais paralisado se sentir, mais importante é reagir. Algumas ações que ajudam a uma regulação emocional em estado de “colapso” emocional são: falar com alguém, rezar, chorar, meditar, um banho quente, uma massagem ou outras que funcionem consigo. A mais simples é arranjar uma rotina para o seu dia com atividades que possam organizar a sua vida.
2. ATUE DE FORMA DIFERENTE Para o psicólogo William James, o que importa é atuar de forma diferente. Talvez seja o momento de diminuir o seu tempo a ouvir notícias, sobretudo quando se repetem, e selecionar fontes oficiais e fidedignas que o esclareçam e lhe forneçam orientações práticas. Ou começar a fazer algum exercício físico diário que o retire da imobilidade, nem que comece por andar 10 minutos por dia e aumentando progressivamente.
3. APRENDA A RIR Procure oportunidades que o façam rir, descontrair e cultivar o sentido de humor. O Dr. Mandan Kataria, médico indiano, descobriu que o riso fingido, combinado com exercícios de respiração, provocava os mesmos efeitos físicos que o riso verdadeiro. Rir e aprender a respirar ajuda quer a ganhar mais energia e otimismo quer a relaxar, através da libertação de “químicos” naturais produzidos pelos seu próprio corpo.
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4. DESCANSE E DESCONTRAIA Descanse, durma o que precisa para revigorar o seu corpo e a mente , encontre passatempos que o ajudem a distrair e manter o domínio que lhe permite pensar com clareza e agir.
5. MANTENHA O CONTACTO COM OUTRAS PESSOAS Aproveite todas as oportunidades para estar diretamente com outras pessoas, mesmo com as distâncias impostas. Mantenha o relacionamento com as outras pessoas, fale ou procure estar acompanhado mesmo que seja só através de uma câmara do telemóvel, tablet ou computador.
6. SEJA SOLIDÁRIO A maior segurança vem de amar, prestar atenção e escutar os outros, descobrir o que lhes interessa e os faz felizes. A antropóloga Margaret Mead identificava como um traço civilizacional e humano a capacidade de cuidar do outro, e não o deixar à sua sorte. A solidariedade, o prestar um serviço ao outro, conferem um sentido à incerteza, descentram a atenção nos seus próprios problemas e podem ser um antídoto para o medo paralisante. Talvez seja esta a melhor forma de vencer que John Nash, matemático e autor da teoria dos jogos defendeu: a probabilidade de se ganhar é maior quando as pessoas se juntam para um propósito comum ao invés de tentarem por si a sua sorte.
A COVID-19 não é a primeira pandemia que afeta Portugal e o mundo (por exemplo, pandemia da gripe espanhola de 1918 que afetou tantas pessoas e em várias dimensões) e foi ultrapassada. Também esta crise será debelada e saíremos todos nós mais fortes e sábios sobretudo se não baixarmos os braços e nos centrarmos: não no problema, não no que não funciona ou está errado, mas no que pode ser a solução para o problema que a todos afeta.
www.anatapia.pt ana@anatapia.pt
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Ana Tapia, Psicรณloga, Mestre em Psicologia Social, Pรณs graduada em Psicoterapia e Especialista em Coaching
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CUIDADOS PALIATIVOS O QUE MUDA APÓS O PARADIGMA COVID-19? COMO GERIR AS EMOÇÕES E A SUA IMPORTÂNCIA COM O BEM ESTAR FÍSICO E PSÍQUICO DA POPULAÇÃO SÉNIOR?
Cristina Pires, nascida em 1981, cresceu com valores conduzidos pela humildade, justiça, criatividade e solidariedade. Foi atleta de alta competição de ginástica rítmica desportiva, um dos principais motivos pelo qual privilegia o trabalho em equipa. É na conexão com a natureza que se refugia para cuidar do seu bem-estar. É especialista em Psicologia Clínica e da Saúde, pós-graduada em Cuidados Continuados e Paliativos. Em 2007 começou por colaborar com equipas comunitárias de saúde mental no Hospital de São Francisco Xavier. Mais tarde, foi responsável por realizar rastreios à Demência na comunidade, num projeto da consulta de Gerontopsiquiatria do respetivo hospital. Percorreu instituições de solidariedade social de Lisboa a Sintra, com o objetivo de identificar casos subdiagnosticados de Demência, de modo a puderem ser encaminhados para a consulta médica.
“SEMPRE ME MOVEU COLABORAR EM PROJETOS COM IMPACTO SOCIAL” Recorda que na altura, mais de metade dos idosos institucionalizados tinham critério para serem assistidos na consulta, quer por défices cognitivos ou por síndrome depressivo, mas por falta de suporte social ou familiar não lhes era permitido chegar a essa assistência médica. O projeto foi levado a diversos pontos do país, tendo mesmo sido apresentado num congresso internacional, com a emergência de chamar à atenção para o número de prevalência de Demências e as escassas respostas psicossociais. Há 6 anos que dedica a sua prática clínica a unidades de cuidados continuados e paliativos, consultório privado e é ainda Consultora Psicogeriátrica em projetos comunitários com palhaços terapêuticos altamente qualificados, que intervêm em prol do envelhecimento ativo e no combate à solidão da população
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sénior, um projeto com uma visão do artístico para o terapêutico. Muitas vezes me perguntam como consigo trabalhar com a fase terminal da vida e a resposta é simples: os que vão morrer ensinam-nos a viver. Nesta fase observam-se transformações profundas, muitas vezes uma infinita ternura numa ocasião de inesquecível intimidade. A sociedade ocidental precisa de rever as suas atitudes perante a morte, enfrentando o medo e aceitando-a como fase de processo da vida. Cada um de nós é um sobrevivente todos os dias, não somos vítimas da COVID-19, somos sobreviventes porque enfrentamos desafios que a vida nos coloca e esforçamo-nos para encontrar estratégias dentro dos nossos recursos internos para conseguir lidar com as situações. O panorama da COVID-19 veio sobretudo alertar para temas que há muito mereciam atenção por parte da sociedade, como a saúde mental ser tão importante como a saúde física e os cuidados paliativos. Sabemos que para a OMS a saúde é muito para além da ausência de doença. É um estado completo de bem-estar, físico, social e mental. Neste momento, do ponto de vista psicossocial, estamos apenas a ver a ponta do iceberg. Daqui a uns meses, quando nos sentirmos em maior segurança, vai ser possível ver o impacto real de toda esta circunstância. Vamos aproveitar para clarificar o papel dos cuidados paliativos que visam a prevenção e alívio dos sintomas físicos, psicológicos, psicossociais e espirituais de pessoas em situação de doença crónica avançada, irreversível, bem como no acompanhamento à família e cuidadores. Este tipo de prestação de cuidados, não pode ficar esquecida, tendo em conta que serve os mais fragilizados em termos de saúde e parecem apresentar um elevado risco de desenvolver a infeção COVID-19. No momento atual, a chave para melhorarmos a nossa capacidade de lidar com a ansiedade e medos perante a circunstância, é existir perceção de controlo
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Cristina Pires, especialista em Psicologia Clínica e da Saúde
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da situação. Numa fase inicial, avaliar numa perspetiva de identificação dos fatores que estão no nosso controlo e os que podemos alterar. Planear uma intervenção de acordo com os nossos recursos humanos, comunitários e tecnológicos. A possibilidade de acesso às videochamadas vai continuar a ser essencial para o conforto dos utentes e famílias, tendo em conta que os utentes desde o início da pandemia encontram-se confinados nos seus quartos pelas normas da Direção Geral da Saúde. Do ponto de vista da psicologia sabemos que alguns dos fatores protetores para este momento são a ocupação física e mental, o ajuste das rotinas, dar respostas às necessidades básicas, o distanciamento físico por questões de segurança e a solidariedade. Promover o distanciamento social pode ser negativo e estigmatizante, principalmente na população idosa. A incerteza do futuro, particularmente o facto de não saberem quando voltam a ver a sua família, pode desencadear não só sentimentos de solidão e angústia como também sintomas de ansiedade e depressão. Nos familiares surge muitas vezes sentimentos de culpa por lhes ter sido proibido as visitas, causando a sensação de os estar a abandonar. Importante lembrar também que ao longo do estado de emergência os funerais tiveram um grande impacto afetivo, uma
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vez que foi apenas permitido um número reduzido de pessoas. Na nossa cultura vivencia-se os funerais e os velórios com carga emotiva. A sua ausência pode perturbar o modo como se processa o luto, podendo tornar-se ainda mais doloroso, tendo em conta que foram realizados sobre normas completamente distintas daquelas que seriam há 3 meses. Não ter a possibilidade de fazer uma despedida, de acompanhar o ente querido na hora da morte, é algo que abala a forma como as pessoas vão integrar esta experiência no retorno à nova realidade.
O QUE MUDA DEPOIS DO PARADIGMA DA COVID-19? Numa fase posterior de recuperação será essencial trabalhar no sentido de potencializar a resiliência da sociedade. Neste momento sabemos que nos temos de ajustar. Vivemos uma situação anormal, fora da nossa perceção do controlo sobre o futuro, e é natural sentir ansiedade, tristeza, irritabilidade, dificuldade por vezes em dormir, alterações no apetite, mesmo em pessoas com estabilidade emocional. Contudo, é importante
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lembrar que esta situação não vai ficar assim para sempre. Será esperado uma oscilação de emoções, com intensidades diferentes, no caminho para o ajuste natural de uma nova realidade. Gostava de acreditar que toda esta crise trará mais humanidade à sociedade, nomeadamente nos contextos da prestação de cuidados de saúde, dando devida importância a certificação dos técnicos. Num momento como este, existir uma intervenção especializada é fundamental. O psicólogo nos cuidados continuados e paliativos, intervém numa fase crítica da vida das pessoas, quer no autocuidado da equipa prestadora de cuidados, quer com as famílias ou na recuperação do estado de saúde dos utentes. Dar mais ênfase às competências relacionais nos contextos de saúde, como a empatia, compaixão, gentileza e uma melhor capacidade de comunicação com o utente e famílias. Um dos princípios da intervenção num momento de crise é não causar mais dano do que o evento já casou. É importante apelar ao cuidado da nossa saúde psicológica da população e adotá-la como um hábito de higienização das nossas rotinas, pois apostar na prevenção da saúde mental possibilita tornarmo-nos mais resistentes aos danos nos momentos de crise e capacita a população para uma melhor recuperação.
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PANDEMIA E O DIREITO DE TRABALHO PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE EXTINÇÃO DO POSTO DE TRABALHO, DESPEDIMENTO COLETIVO E INSOLVÊNCIA Artigo da autoria da SGP Team (Sandra Gomes Pinto e Catarina Santos)
Do meu ponto de vista, as grandes crises são oportunidades de mudança que devem ser aproveitadas e tem a utilidade de nos obrigar a questionar o nosso modo de viver e, fundamentalmente, de trabalhar. Certamente esta pandemia veio mudar paradigmas nas formas de organização do trabalho. Estou certa de que nada ficará como anteriormente. O teletrabalho vai adquirir uma nova dimensão, vamos todos repensar as deslocações demoradas para reuniões presenciais e muitas empresas, provavelmente, vão ponderar a utilidade de terem sedes, que representem encargos pesadíssimos na sua contabilidade. Entretanto, já todos melhorámos o nosso desempenho no uso dos diversos programas, desde o zoom, teams, do webex e até já concluímos que algumas destas reuniões virtuais nos desgastam e devem ser limitadas às situações necessárias. Estou convicta que todas estas mudanças terão de ter impacto no direito do trabalho e implicarão alterações legislativas para regulamentar estas novas situações. Neste momento, já surgiu a nova lei do lay off, que está a ser amplamente usada. Esta pandemia tem um lado profundamente preocupante e negro no que concerne às empresas cuja atividade foi abruptamente interrompida e que podem não ter capacidade para manter os postos de trabalhos e/ou até a atividade, visto já ter surgido uma série de despedimentos coletivos, extinções de postos de trabalho e insolvências e é expectável que estas situações aumentem. Neste sentido, considero oportuno fazer uma série de perguntas e respostas básicas sobre as questões laborais relacionadas com estes temas do despedimento coletivo/extinção do posto de trabalho e situação dos trabalhadores em caso de insolvência.
DESPEDIMENTO POR EXTINÇÃO DO POSTO DE TRABALHO/DESPEDIMENTO COLETIVO 1. A minha empresa está em lay off, pode haver despedimento coletivo ou extinção do posto de trabalho? Enquanto a empresa estiver em lay off e nos 60 dias
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subsequentes ao termo do mesmo, não é possível à empresa proceder a despedimentos coletivos e extinção do posto de trabalho, sob pena da empresa perder os respetivos benefícios. De qualquer maneira, nos 60 dias seguintes à cessação do regime de lay off a entidade empregadora pode recorrer ao despedimento coletivo e a extinção do posto de trabalho, sendo que nada impede que antes deste período ocorra uma situação de insolvência da empresa. 2. Por estarmos em pandemia existe algum regime jurídico específico para o despedimento coletivo e extinção do posto de trabalho? Não, neste momento com exceção das limitações referentes às situações do lay off mencionadas no ponto anterior, estão plenamente em vigor as normais regras de despedimento coletivo e extinção do posto de trabalho. 3. Em que consiste o despedimento por extinção do posto de trabalho? Como consta no Código de Trabalho, trata-se da cessação do contrato de trabalho promovida pelo empregador e fundamentada numa extinção quando esta seja devida a motivos de mercado, estruturais ou tecnológicos, relativos à empresa. 4. Quais os requisitos para o despedimento por extinção de posto de trabalho? Para ser lícito de acordo com a lei têm que se verificar os seguintes requisitos cumulativos: • Os motivos indicados não sejam devidos a conduta culposa do empregador; • Seja praticamente impossível a subsistência da relação de trabalho (quando o empregador não disponha de outro compatível com a categoria profissional do trabalhador); • Não existam, na empresa, contratos de trabalho a termo para tarefas correspondentes às do posto de trabalho extinto; • Não seja aplicável o despedimento coletivo; • Seja paga ao trabalhador a compensação devida.
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5. Eu fui transferido há 3 meses para um posto de trabalho que foi extinto. Que possibilidades tenho de manter o posto de trabalho? Nestes casos, que nos 3 meses anteriores o início do procedimento para despedimento, um trabalhador tenha sido transferido para posto de trabalho extinto, o mesmo tem direito a ser reafetado ao posto de trabalho anterior caso ainda exista, com a mesma retribuição base. 6. Quais as condições que têm de estar reunidas por parte da empresa para existir despedimento coletivo? • Terão de ser invocados, pelo menos, um de três motivos: razões estruturais, razões tecnológicas ou razões de mercado; • Tem de abranger, pelo menos, 2 ou 5 trabalhadores, num período máximo de 3 meses, conforme se trate, respetivamente, de empresas com 2 a 49 trabalhadores (micro ou pequena empresa) ou, no mínimo, com 50 (média ou grande empresa). 7. O que tenho a receber em caso de extinção do posto de trabalho ou despedimento coletivo? • Férias e subsídio de férias (se ainda não tiverem sido gozadas nesse ano); • Proporcionais de férias e subsídios de férias referente ao trabalho prestado este ano; • Compensação que atualmente corresponde a 12 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de trabalho, sendo que é diferente para contratos celebrados antes de 1 de outubro de 2013. Pode fazer uma simulação no site da ACT.
8. O que acontece ao meu posto de trabalho se a empresa for declarada insolvente? • A declaração de insolvência não implica automaticamente o fim da relação de trabalho. De qualquer maneira, é normal que tal implique o termo da relação de trabalho e nesse caso o administrador de insolvência deve seguir com algumas especificidades o processo do despedimento coletivo e os trabalhadores terão direito à compensação prevista para esta situação. • Ocorre que, em muitas empresas, não existem meios para pagar esta compensação nem os ordenados em atraso, pelo que nestas situações o trabalhador deve reclamar os seus créditos laborais no processo de insolvência, os quais por regra são créditos privilegiados sobre a generalidade dos demais. • Se a massa falida não tiver meios para pagar estes créditos, o trabalhador pode recorrer ao Fundo de Garantia Salarial, o que deve ser feito de acordo com as formalidades previstas no site da Segurança Social, sendo que neste caso o pagamento global nunca poderá ser superior a 18 salários mínimos nacionais, ou seja, em números atuais, 11430 euros. Para mais detalhes sobre o acesso a este fundo aconselhamos a consulta do site da Segurança Social.
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PORTUGAL GROWTH IFD E FEI LANÇAM PROGRAMA DE € 100 MILHÕES FOCADO NO CRESCIMENTO E CAPITALIZAÇÃO DE PME E MIDCAPS PORTUGUESAS A Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD) e o Fundo Europeu de Investimento (FEI), a filial do Grupo Banco Europeu de Investimentos (BEI) especializada em financiamento para PME, anunciaram o lançamento da sua nova parceria de investimento de 100 milhões de euros para investimento em fundos de capital de risco do tipo private equity e capital-desenvolvimento, em Portugal. Trata-se do segundo programa lançado em dois anos – o primeiro (Portugal Tech) focado no investimento em startups por via do investimento em fundos de Venture Capital e, o segundo, com base no mesmo modelo de fundo de fundos, mas agora orientado para a capitalização de PME e Midcaps Portuguesas (Portugal Growth).
O Portugal Growth foi definido pelas duas Instituições como medida prioritária e urgente para apoiar a capacitação e capitalização das empresas portuguesas. O programa utilizará verbas públicas nacionais, comunitárias, e privadas, para mobilizar até 300 milhões de euros de investimento em PME e Midcaps portuguesas. O programa utilizará uma combinação de critérios financeiros e de sustentabilidade ambiental, social, e de governo de sociedades (ESG) para selecionar e monitorizar até 5 fundos geridos por equipas de private equity e growth capital a partir de Portugal. Por sua vez, estes fundos deverão investir em cerca de 40 PME e Midcaps. A IFD e o FEI têm recebido múltiplas manifestações de interesse por parte de sociedades gestoras de capital de risco, e prevê-se efetuar a primeira subscrição num fundo durante este semestre. Desde 2018, o dinamismo na colaboração entre o FEI e a entidade promocional de investimento em Portugal resultou no lançamento do programa Portugal Tech (2018), complementado agora, 2 anos depois, com o Portugal Growth (2020), ambos depois do Portugal Venture Capital Initiative (2008), primeiro programa do FEI em Portugal. Sobre o lançamento deste programa, o Ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, deixou uma palavra de confiança, “Nos últimos anos as empresas não financeiras portuguesas traçaram uma trajetória de reforço significativo da autonomia financeira. Atualmente, e no quadro da crise sanitária que vivemos, importa agora aprofundar o apoio à capitalização das empresas com vista à retoma da economia portuguesa. Neste contexto, destaca-se o
lançamento da iniciativa Portugal Growth, que dá continuidade ao trabalho de parceria com o grupo BEI e com os operadores nacionais de capital de risco nacionais”. A Vice-Presidente do BEI, Emma Navarro acrescen-
“Perante a gravidade da situação que enfrentamos, o apoio às empresas e ao investimento é fundamental para proteger o tecido produtivo e preparar a fase de retoma da economia, uma vez ultrapassada a crise sanitária. (...)no lançamento do Portugal Growth que permitirá mobilizar até 300 milhões de euros para apoiar a capitalização das PME e Midcaps portuguesas." Emma Navarro 21
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tou que “Perante a gravidade da situação que enfrentamos, o apoio às empresas e ao investimento é fundamental para proteger o tecido produtivo e preparar a fase de retoma da economia, uma vez ultrapassada a crise sanitária. Por esse motivo, estamos muito satisfeitos por juntar forças com a IFD, um parceiro estratégico do Grupo BEI em Portugal, no lançamento do Portugal Growth que permitirá mobilizar até 300 milhões de euros para apoiar a capitalização das PME e Midcaps portuguesas. Esta nova iniciativa vem complementar a oferta existente de empréstimos e garantias prestados pelo Grupo BEI em Portugal”. Segundo o Diretor Executivo do FEI, Alain Godard: “Este programa é lançado num contexto particularmente difícil face ao qual o FEI mobilizará todos os recursos necessários para dar resposta aos desafios e necessidades dos empreendedores e PME na Europa. O Portugal Growth beneficiará da experiência adquirida com o Portugal Tech e o Portugal Venture Capital initiative (PVCi) e pretende reafirmar o compromisso do grupo BEI no apoio à modernização e internacionalização da indústria e da economia portuguesas.” Para o Secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, “a pandemia COVID-19 veio evidenciar as fragilidades associadas à dispersão geográfica das cadeias de valor globais. Neste sentido, será expectável que surjam novas oportunidades de relocalização dos elos das cadeias de valor industriais ao nível europeu, em particular em setores estratégicos. O Portugal Growth Capital Initiative, que mobiliza recursos do Fundo de Fundos para a Internacionalização (FFI) e do Fundo Europeu de Investimento (FEI), poderá constituir-se como um importante instrumento de apoio a estas oportunidades. Recorde-se que o FFI foi criado, precisamente, para responder a uma necessidade de alavancar financeiramente projetos de investimento português no estrangeiro.” Sobre o lançamento desta iniciativa, o CEO da IFD, Henrique Cruz, acrescentou que “a capitalização das empresas é essencial para a fase de retoma da sua atividade, o que passa também pela sua internacionalização. A IFD utiliza para este fim verbas do Fundo de Fundos para a Internacionalização e tem já identificados diversos operadores nacionais especializados em growth capital e private equity interessados em concretizar investimentos em projetos nacionais, o que faz antever a imediata disponibilização destes recursos às empresas. O Portugal Growth permitirá à IFD continuar a apoiar a indústria nacional de capital de risco, nomeadamente o private equity, complementando o programa Portugal Tech para Venture Capital e startups, aplicando critérios de sustentabilidade ambiental, social e de governo das sociedades (ESG), e permitirá às empresas portuguesas posicionarem-se favoravelmente para a próxima fase de recuperação económica”.
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O Portugal Growth investirá até 100 milhões de euros em fundos de private equity nacionais e mobilizará até 300 milhões de euros de investimento público e privado. O objetivo é capitalizar as PME e Midcaps portuguesas para a próxima fase de recuperação económica. Internacionalização, transformação digital, e inovação empresarial são alguns dos temas de investimento. Trata-se da segunda parceria celebrada nos 2 últimos anos entre a IFD e o FEI – primeiro programa (Portugal Tech) focado no empreendedorismo tecnológico e novo programa (Portugal Growth) focado na capitalização de PME e Midcaps. Primeira operação de investimento (subscrição de fundo) prevista para este semestre. Sobre a IFD A Instituição Financeira de Desenvolvimento é a instituição financeira pública de fomento nacional. A IFD cria e gere produtos de capital de risco, crédito, e garantias para colmatar as insuficiências de mercado no financiamento de PME e Midcaps nacionais.
Sobre a Fundo de Fundos para a Internacionalização O Fundo de Fundos para a Internacionalização (Decreto-Lei 68/2018) tem como objetivo a realização de operações de participação no capital de outros fundos com vista à promoção da internacionalização da economia portuguesa. Este fundo é dotado com fundos do Estado Português.
Sobre o FEI O Fundo Europeu de Investimento (FEI) é o resultado de uma parceria público-privada entre o BEI, a Comissão Europeia e várias entidades públicas e privadas. A sua tarefa central é apoiar as PMEs da Europa, ajudando-as a ter acesso a financiamento através de fundos de capital de risco, garantias e microcrédito. Neste papel, promove os objetivos da UE de apoio à inovação, empreendedorismo, crescimento e emprego.
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OPINIÃO
A NOVA PERSPETIVA DA GESTÃO HOTELEIRA EM 2020 Em 2019, Portugal registou um total de 69,9 milhões de dormidas1, traduzindo-se num aumento de 4% face ao período homólogo. No entanto, apesar de 70% das dormidas corresponderem ao mercado externo, este evidenciou uma ligeira descida face a 2018, a qual foi compensada pelo mercado interno. O Município com maior quota de residentes foi Matosinhos (60%), decorrente do turismo de negócios, seguido do Município de Braga (52%), um Município que, para além do “corporate” e do “mercado da saudade”, tem apostado na diversificação da sua oferta turística. No que concerne aos mercados externos, a descida ligeira verificada nos mercados francês e britânico (relacionadas, maioritariamente, com a con-
“Serviços como buffet e all inclusive serão os mais afetados, mas não cairão por terra a médio prazo. A hotelaria satisfaz o desejo do seu cliente e estes são serviços muito desejados por alguns dos nossos principais mercados externos, como o alemão ou o britânico. Será necessário reinventar a forma do serviço, mas não colocá-lo de parte." 24
corrência de outros destinos2) pouca expressão terá, mas o crescimento de 20% do mercado norte-americano e de 13,5% do mercado brasileiro face a 2018 evidenciam, de facto, uma conquista por novos mercados, a qual tem efeito direto nas receitas turísticas obtidas. 2019 foi assim, mas 2020 apresenta um panorama já muito diferente. A restrição das viagens, o fecho de fronteiras, ocasionou o fecho dos hotéis, mas a indústria do sonho não pereceu, porque todos continuam a idealizar (e desejar mais que nunca!) aqueles dias longe da rotina, de descoberta e de lazer. A redução da estada média, verificada em 2019, confirmou a mudança no tipo de viagem, ficando cada vez mais no passado as tradicionais férias estivais de duas ou três semanas. Mas a procura por períodos mais curtos – a crescente democratização dos city breaks! – tem efeitos positivos na hotelaria nacional, isto porque não só promove a concentração da estadia na mesma unidade hoteleira, como é uma oportunidade para aumentar o revenue de outros serviços da unidade. Cabe, assim, aos hoteleiros nacionais continuarem a apostar na diferenciação do seu produto e dos seus serviços, com criatividade e profissionalização. A venda dos hotéis Intercontinental Palácio das Cardosas e do Penha Longa Hotel & Golf Resort, em 2018, num total de 155 milhões de euros, estabeleceram um recorde histórico de valor por quarto, superior a 500.000 euros, e é nesta busca por fortalecer o valor do nosso mercado hoteleiro que todos os esforços devem ser canalizados. Saliento que, em 2021, entrarão no mercado nacional novas marcas e novos operadores hoteleiros, como Room Mate Hotels e Leonardo Royal Hotels. A tormenta que assolou o setor hoteleiro tem de ser entendida como motor de oportunidade para o reinventar da indústria. O medo de viajar ficou latente pelos atentados terroristas, que nos últimos anos fizeram estremecer a hotelaria em destinos tão sólidos como Paris, Londres e Barcelona. Mas a vontade de viajar e de retomar a normali-
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Maria JoĂŁo Martins, Especialista em Urbanismo e Consultoria Hoteleira, www.linkedin.com/in/mariajoaomartins
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OPINIÃO
dade foram mais fortes e assim será em relação a esta pandemia, que em 2020 colocou esta “aldeia global” a descoberto. Cabe assim acelerar a transformação digital dos destinos, implementar ações contínuas, que restabeleçam e transmitam a confiança de todos, comunicar de forma simples e transparente sobre o que de melhor temos para oferecer, pensar em ações básicas que permitem concretizar o desejo no seu impulso, sem que indefinições ainda latentes impeçam a compra, como flexibilizar os cancelamentos das reservas, estimular a compra direta e o diálogo com o cliente, muito antes da sua entrada no hotel. Serviços como buffet e all inclusive serão os mais afetados, mas não cairão por terra a médio prazo. A hotelaria satisfaz o desejo do seu cliente e estes
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são serviços muito desejados por alguns dos nossos principais mercados externos, como o alemão ou o britânico. Será necessário reinventar a forma do serviço, mas não colocá-lo de parte. Este é, sem dúvida, um momento de reflexão e estratégia: reorganizar hotéis, optimizar espaços garantindo segurança, investir no ativo, valorizá-lo, apostar no talento, na formação e coesão das equipas, são algumas das linhas condutoras. Os hotéis rurais, os hotéis destino, as unidades luxury de alojamento local, e algumas pousadas serão os alojamentos procurados, sendo esta uma oportunidade para posicionar o seu produto, divulgar novos territórios, que, pela sua recôndita posição geográfica, poderão agora, mais que nunca, ser refúgio de segurança e ócio.
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Por outro lado, os hostels serão as unidades mais afetadas, assim como alguns hotéis urbanos e o alojamento local fracionado, que muitos proprietários já optaram por emergir no mercado de arrendamento de longa duração. Será um 2020 difícil, período de prova final para muitos empresários e seus respetivos negócios. Atualizando um artigo que escrevi em fevereiro, antes da pandemia, 2020 será um ano de mudanças, a nível mundial e nacional, mas o turismo já não será um dos principais setores exportadores e grande motor de criação de emprego, arrastando consigo outras indústrias que dele dependem. O impacto da COVID-19 é já impactante, mas resta-nos ter o optimismo que a humanidade saberá lidar com distância social e proximidade empresarial.
1- Segundo dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística. 2- 2020 será o ano de teste para os reais efeitos do Brexit no turismo nacional.
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INSTITUTO PIAGET PROMOVE DEBATE SOBRE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA PIAGET DIGITAL TALKS REALIZAM-SE TODAS AS QUINTAS-FEIRAS O Instituto Piaget promove desde 28 de maio, um webinar dedicado ao tema da educação à distância e educação inclusiva, integrado no ciclo Piaget Digital Talks. O acesso é livre a todos os interessados, mediante inscrição prévia que pode ser feita através da notícia publicada no site do Instituto, decorrendo o evento a partir das 18 horas.
Com o encerramento das escolas em consequência da pandemia da COVID-19 ficou patente o papel central desta na vida das comunidades e da sociedade em geral, bem como, a importância da educação como um bem público, que vai muito para além das aprendizagens académicas. O objetivo destes eventos é fazer um balanço das dificuldades sentidas, das experiências vividas, das oportunidades e das soluções que se criaram para a educação inclusiva em ambiente não presencial. Tudo isto sucedeu num contexto em que, ao ser alterada em muito a vida de todos, em Portugal e no mundo, a generalidade dos intervenientes se mobilizou para que a escola pudesse continuar presente no quotidiano dos alunos, tanto crianças como jovens, evitando maiores desigualdades. O evento contará com a participação de David Rodrigues, presidente da Pró-Inclusão – Associação Nacional de Educação Especial; Raquel Raimundo, presidente da Delegação Regional Sul da Ordem dos Psicólogos Portugueses; e Carlota Brazileiro, professora da pós-graduação de Educação Especial: Domínio da Intervenção Precoce na Infância. O ciclo de webinars Piaget Digital Talks iniciou-se na semana passada e pretende assumir-se como um debate alargado sobre temas atuais e relevantes do mundo digital, aberto à intervenção do público. Os eventos acontecem sempre às quintas-feiras. O primeiro webinar debateu o tema da emergência da transformação digital, tendo como convidado especial o secretário de Estado para a Transição Digital, André de Aragão Azevedo. No debate participaram também Filipe Frasquilho, diretor de negócio da IP Telecom e coordenador do CTeSP de Cibersegurança, Redes e Sistemas Informáticos, no Instituto Piaget de Almada, e Rui Tomás, secretário-geral do Instituto Piaget.
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SOBRE O INSTITUTO PIAGET O Instituto Piaget tem consolidado, ao longo dos seus 40 anos de existência, o ensino superior, a investigação e as áreas de intervenção nas comunidades onde tem os seus campi (4), através das suas Escolas e Institutos (num total de 7 instituições de Ensino Superior em Portugal). O projeto do Instituto Piaget está presente, desde 1999, nos países lusófonos, tais como: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique. Atento aos problemas das comunidades envolventes nos seus polos de atuação, tem vindo a estabelecer medidas de intervenção com instituições da sociedade civil, criando outras entidades — por sua iniciativa — para agilizar as suas ações e estabelecer pontes entre o Instituto Piaget e a comunidade, através de projetos associados. É o caso da ONGD Agência Piaget para o Desenvolvimento, da NucliSol Jean Piaget, e das Edições Piaget, entre outros projetos.
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EM CONTEXTO DE PANDEMIA, #MOVIMENTOVIVERINTENSAMENTE DEVOLVE TEMPO DE RECREIO ÀS CRIANÇAS A pandemia da COVID-19 trouxe-nos inúmeros desafios e colocou-nos, a todos, incluindo crianças, numa situação nunca antes vivida. Os mais pequenos viram-se confinados em casa, longe da escola, dos amigos e do recreio e a gestão familiar passou a ser mais desafiante. Para tornar a vida em confinamento mais fácil e mais lúdica, o Instituto de Apoio à Criança (IAC), a AstraZeneca, a Metacriações e a GuessWhat, criaram o #MovimentoViverIntensamente, lançado no Dia Mundial do Brincar, assinalado a 28 de maio e celebrado já em mais de 40 países de todo o mundo. O objetivo passa por devolver às crianças, dentro do possível, o tempo de recreio, um momento fundamental no seu desenvolvimento pessoal e social. Para Melanie Tavares, Coordenadora dos Setores da Atividade Lúdica e da Humanização dos Serviços de Atendimento à Criança do IAC, este movimento “chega numa altura crucial, permitindo relembrar que, estarmos juntos todos os dias, pode ser sinónimo de momentos divertidos em família e de novas oportunidades de interação familiar”. Rosário Trindade, Diretora de Corporate Affairs & Market Access da AstraZeneca Portugal, refere que “esta iniciativa foi pensada, numa primeira instância, para as famílias com crianças pequenas a cargo, em que os pais têm doenças crónicas (por exemplo, doenças respiratórias, cardiovasculares, oncológicas, entre outras) e que viram, neste contexto, as suas vidas ainda mais complicadas. Contudo, são inúmeras as famílias que tiveram que se adaptar a uma nova realidade de teletrabalho e de ensino à distância, pelo que faz sentido que este movimento seja de todos”. Sobre o brincar e a sua importância, Melanie Tavares explica que “brincar é a linguagem da criança, através da qual ela comunica, mostra o que está a sentir, conhece-se a si e ao mundo e, por isso, contribui para um crescimento saudável em todas as áreas do desenvolvimento: psicológico, cognitivo, motor e social”. No atual contexto de pandemia, no qual as crianças deixaram de ir à escola, torna-se pois fundamental dar-lhes ferramentas que permitam manter-se ativas nas suas brincadeiras e, acima de tudo, felizes. E brincar não é importante só para as crianças. Também a ludicidade nos adultos é fundamental. Desafiar os adultos a relembrar como brincavam, o que sentiam na infância, as brincadeiras preferidas, partilhá-las com as crianças e recordar a diversão e prazer que sentiam trará memórias muito importantes do ser lúdico que todos nós fomos e deveríamos continuar a ser.
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Contudo, “a criança tem uma motivação própria para brincar. É para ela algo de espontâneo e natural. Assim, o mais importante é permitir-lhe que brinque, dar-lhe liberdade e não cair na tentação de estruturar demasiado o seu tempo livre, com muitas atividades que, ainda que sejam lúdicas, não devem ser impostas sem ouvir a sua voz”. Para tal, Melanie Tavares aconselha os pais a sugerir atividades às crianças, mas no fim, “devem deixá-las escolher livremente ao que querem brincar, interagindo com elas como parceiros de brincadeira”. O espírito do #MovimentoViverIntensamente é também este e passa pelo lançamento de desafios semanais. As famílias deverão registar-se no site para receberem diretamente no seu email, as atividades, sendo depois desafiadas a partilharem os resultados nas redes sociais, criando assim uma onda de partilha positiva, sustentando a ideia de um movimento. Os primeiros 1000 registos receberão em casa uma semente para plantar. Esta é uma iniciativa de destaque, já que pretende deixar uma mensagem de esperança para o futuro. Rosário Trindade explica que “a criança, com a ajuda da família, deverá cuidar dela até que chegue o momento em que possa sair à rua para a plantar num local público. A semente representa a esperança de que mesmo num contexto adverso, em família, em comunidade e em união é possível criar/ educar as crianças, fazer nascer vida e levar o novo normal até ao coração das nossas cidades”.
O #MovimentoViverIntensamente conta com uma série de parceiros, entre sociedades médicas, ordens profissionais, associações de doentes, entre outras. Além do site: www.viverintensamente.com o movimento conta com uma página de Facebook: www.facebook.com/Vou-Viver-Intensamente e Instagram: www.instagram.com/vouviverintensamente/
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AS CASAS DEPOIS DA COVID-19
MAIS CONFORTÁVEIS, SEGURAS E SAUDÁVEIS A revista Liderança no Feminino falou com vários players do setor imobiliário e arquitetos. Fomos conhecer as tendências pós COVID-19. O que será necessário para organizar melhor a casa e prepará-la para os novos tempos que aí vêm.
A COVID-19 veio mudar a forma como nos relacionamos, mas também a maneira como vivemos, segundo os especialistas. Organizar melhor a casa para o futuro com espaços mais versáteis, preparados para o teletrabalho, com mais luz e contacto com o exterior, ou simplesmente sendo mais confortáveis, serão os requisitos da nova casa do futuro.
permanência) de um escritório cómodo e eficiente para cumprir as nossas atividades profissionais à distância.
O confinamento levou muitas pessoas a refletir sobre o seu espaço partilhado. Quando todas as atividades da família são realizadas no mesmo espaço, do trabalho, do ensino ao desporto, a versatilidade faz muito mais sentido.
Não será fácil encontrar o local ideal para instalar o computador, devemos procurar uma área da casa em que a luz entre a partir de uma janela, na lateral, para assim evitar a luz direta intensa e os consequentes reflexos no ecrã.
Um dos espaços mais importantes, são os espaços ao ar livre e estarão mais em linha com o interior da casa. Priviligiar uma casa com terraços, sótãos ou pátios cobertos serão projetados em continuidade com áreas adjacentes, moldando salas interior-externas, como, por exemplo, quartos com pátios privados. Por outro lado, os telhados dos edifícios vão tornar-se mais importantes, especialmente para todas as casas que estão nos bairros mais antigos das grandes cidades, onde a largura das ruas impossibilita garantir várias horas de sol diário e onde será necessário recorrer aos telhados para criar espaços ao ar livre. Os cuidados com a prevenção, leva a que antes de entrar em casa, as famílias terão um espaço anterior onde possam tirar os sapatos, colocar os casacos, evitando assim a contaminação em casa. "As casas devem ser projetadas com um espaço anterior onde possam tirar os sapatos assim que entrarem, sem a necessidade de grandes espaços, porque podem ser adaptadas ao tamanho da casa", diz Moisés Royo, fundador da Muka Arquitectura.
A tudo isto acresce o facto de toda a família estar confinada a casa, aumentando o ruído ambiente e a disputa pelo monitor mais eficaz, a cadeira mais confortável ou a mesa com a melhor iluminação.
“A nova experiência, do teletrabalho, não tinha sido sequer ponderada pela larguíssima maioria dos portugueses. Poucos de nós contemplaram na decoração da casa a existência (pelo menos em permanência) de um escritório cómodo e eficiente para cumprir as nossas atividades profissionais à distância."
A nova experiência, do teletrabalho, não tinha sido sequer ponderada pela larguíssima maioria dos portugueses. Poucos de nós contemplaram na decoração da casa a existência (pelo menos em
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IR À PRAIA JÁ TEM NOVAS REGRAS O calor está a apertar e, depois de meses confinados em casa devido à pandemia, a ideia de ir praia torna-se mais apetecível.
A época balnear só começa a 6 de junho de 2020, mas o diploma que define todas as normas já foi publicado em Diário da República. O risco de contaminação através das secreções respiratórias (tosse e espirros) de uma pessoa infetada continua a ser o veículo direto de transmissão, que também acontece nestes espaços, “pelo que a utilização das praias não constitui uma exceção ao cumprimento das medidas gerais para a pandemia da doença COVID-19, definidas pela Direção-Geral de Saúde (DGS), que recomendam o distanciamento físico, evitando a concentração de pessoas, a higiene frequente das mãos, a etiqueta respiratória. Entre outras coisas, é necessário manter a distância física de segurança de metro e meio entre cada pessoa, exceto entre pessoas do mesmo grupo, e garantir o afastamento de três metros entre chapéus de sol, toldos ou colmos.
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NOVAS REGRAS PARA IR À PRAIA EM 2020 a) Cumprir as medidas de etiqueta respiratória; b) Assegurar o distanciamento físico de segurança entre utentes no acesso e na utilização da praia e no banho no mar ou no rio; c) Proceder à limpeza frequente das mãos; d) Evitar o acesso a zonas identificadas com ocupação elevada ou plena; e) Cumprir as determinações das autoridades competentes; f) Depositar os resíduos gerados nos locais destinados a esse efeito. DEVERES GERAIS DAS ENTIDADES CONCESSIONÁRIAS a) É interdito o estacionamento fora dos parques e zonas de estacionamento licenciados para o efeito. b) É interdita a permanência de autocaravanas ou similares nos parques e zonas de estacionamento. c) O não cumprimento implica a aplicação de coimas.
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DELIMITAÇÃO DO ESPAÇO DE ESTACIONAMENTO a) As entidades gestoras dos parques e zonas de estacionamento devem, sempre que possível, proceder ao ordenamento do espaço. b) Quando os parques e zonas de estacionamento formais não existam, compete às autarquias locais proceder à criação e ao ordenamento do espaço de estacionamento, sem fazer perigar os valores naturais em presença. ACESSOS ÀS PRAIAS A área útil da zona destinada ao uso balnear é calculada a partir da extensão da frente de praia e de uma faixa de profundidade da área utilizável, contada a partir do limite do espraiamento das vagas, no caso das praias costeiras, ou da oscilação do nível da água, no caso das águas de transição e interiores, refere o Governo.
ESTADO DE OCUPAÇÃO De forma a evitar a afluência excessiva às praias, as entidades concessionárias devem sinalizar o estado de ocupação das praias de banhos que correspondem à sua concessão, incluindo a respetiva frente de praia, utilizando sinalética de cores: Verde: ocupação baixa, que corresponde a uma utilização até um terço; Amarelo: ocupação elevada, que corresponde a uma utilização entre um terço e dois terços; Vermelho: ocupação plena. UTILIZAÇÃO DO AREAL Distancia mínima de 1,5 metros entre pessoas (exceto se fizerem parte do mesmo grupo); Afastamento de três metros entre chapéus de sol;
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Interditas atividades desportivas com 2 ou mais pessoas (exceto atividades náuticas, aulas de surf e desportos similares). REGRAS DE CIRCULAÇÃO Sentido único de circulação com distanciamento físico de 1,5 m; Podem ser definidos corredores de circulação, paralelos e perpendiculares à linha de costa ou à margem, de acordo com a área disponível e com as condições de cada praia.
TOLDOS, COLMOS E BARRACAS Distância mínima de três metros entre chapéus de sol, toldos ou colmos; Afastamento de 1,5 metros entre os limites das barracas; Máximo de 5 pessoas por toldo, colmo ou barraca; Cada pessoa ou grupo só pode alugar toldos, colmos ou barracas de praia de manhã (até às 13h30) ou de tarde (a partir das 14h). BARES, RESTAURANTES E ESPLANADAS Reorganização das esplanadas para assegurar o distanciamento;
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Limitação da capacidade, nos termos aplicáveis à restauração; Os espaços devem ser regularmente higienizados, no mínimo quatro vezes por dia. VENDAS AMBULANTES Os vendedores ambulantes de bolas de berlim, gelados, etc., têm de usar obrigatoriamente máscara e viseira; A circulação de vendedores deve ser feita com distanciamento físico das pessoas e, de preferência, pelos corredores de circulação. EQUIPAMENTOS Proibido o uso de gaivotas, escorregas e chuveiros interiores de corpo ou de pés, e outras estruturas similares; Chuveiros exteriores, espreguiçadeiras, colchões ou cinzeiros devem ser higienizados diariamente ou sempre que mudem de mãos. REGRAS DE CIRCULAÇÃO DE PASSADEIRAS, PAREDÃO E MARGINAL 1- Na circulação nas passadeiras, em paredão e marginal deve ser mantido o distanciamento físico de segurança de um metro e meio entre cada utente.
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2- Nas passadeiras deve preferencialmente, existir uma para o acesso e outra para a saída, com marcações de espaçamento e de sentido do movimento ou, quando não seja possível, em virtude de a circulação entre as unidades balneares se realizar por uma só passadeira, afixar-se sinalização que informe a necessidade de cumprimento da distância de segurança entre utentes. 3- Deve ser assegurada a limpeza e desinfeção frequentes das superfícies, de acordo com as orientações definidas pelas autoridades de saúde, e aumentada a periodicidade de manutenção das passadeiras.
INSTALAÇÕES SANITÁRIAS 1- As instalações sanitárias, incluídas ou não no apoio de praia, devem definir protocolos de higienização, bem como garantir a disponibilização de soluções que permitam a desinfeção cutânea das mãos ou lavatório com sabão líquido para a lavagem das mãos.
disponibilizada a informação sobre o número máximo de utentes e a prescrição do distanciamento físico. 4- Deve ser aumentada a frequência de higienização das instalações sanitárias, devendo manter-se o registo das ações de limpeza efetuadas, bem como garantir a utilização de equipamentos de proteção individual por parte dos trabalhadores responsáveis pelo serviço de limpeza. A APA, I. P., a AMN, o Comando Distrital de Proteção Civil e as autarquias locais podem determinar a interdição de acesso à praia por motivos de saúde pública, designadamente em virtude do incumprimento grave dos deveres que impendem sobre as entidades concessionárias e os utentes.
2- Nas instalações sanitárias é obrigatória a utilização de calçado, devendo adotar-se comportamentos de proteção pessoal, tais como a higienização das mãos, a utilização de máscara ou viseira no interior da instalação, a distância de segurança e as medidas de etiqueta respiratória. 3- No exterior das instalações sanitárias deve ser
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CHEFES DE COZINHA EMBARCAM ONLINE NUMA “PETISCADA À PORTUGUESA"
“Petiscada à Portuguesa, em busca do sabor a Portugal” é o nome da websérie de vários episódios que, até agosto, apresenta os mestres da cozinha nacional a preparem pratos tradicionais, em diferentes regiões do país.
dicional de forma a que possa ser reproduzida e degustada nos lares dos portugueses”, informa a equipa das "Edições do Gosto", promotora desta iniciativa, que apresenta os episódios no seu canal de Youtube.
Em cada episódio da “Petiscada à Portuguesa”, “um chefe de cozinha apresenta uma receita tra-
Os episódios serão lançados todas as segundas-feiras, estando o último agendado para 10 de agosto.
DEIXAMOS O CALENDÁRIO DOS EPISÓDIOS: João Pupo Lameiras 1 junho, Douro Litoral
Mateus Freire
8 junho, Estremadura
Vitor Adão
15 junho, Alto Douro
Rodrigo Castelo 22 junho, Ribatejo
António Loureiro 29 junho, Minho
Júlio Pereira
6 julho, Madeira
Diogo Rocha
13 julho, Beira Alta
Mário Rui Ramos 20 julho, Beira Baixa
Cláudio Pontes 27 julho, Açores
Dieter Koschina 3 agosto, Algarve
José Júlio Vintém 10 agosto, Alentejo
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OPINIÃO
MARCAS EM TEMPO DE COVID-19 Um dia acordámos e fomos trabalhar. No outro regressamos a casa, sem saber quando voltaríamos ao escritório. Foi assim connosco, com a famíla e com os amigos. De um momento para o outro, o certo virou incerto, a exceção virou regra e os dias trocaram-nos as voltas. Ainda meio desorientados, todos nós enquanto profissionais, pais, consumidores começamos a ajustar-nos e organizar-nos, na procura de soluções que agilizem as nossas vidas. Foi neste momento que certas marcas se destacaram, e destacaram-se porque souberam estar com os consumidores, souberam cuidar, acompanhar e contribuir para de alguma forma aligeirar o peso dos dias. Disponibilizaram-se serviços de entrega gratuitos, prepararam-se refeições caseiras entregues à porta, fizeram-se chegar compras de supermercado (que nunca geraram tanta felicidade), enviaram-se encomendas com desejos manuscritos, desenharam-se arco-irís em folhas de papel. Na verdade, a distância trouxe proximidade, e as marcas que souberam adaptar-se às circunstâncias, responder com eficácia e ser autênticas acabaram por conseguir chegar ao mais precioso de todos os lugares: o coração do consumidor. Sem lojas físicas para explicar e promover, com ruas quase desertas e uma quebra drástica no consumo de imprensa escrita, aumenta o consumo de televisão. Mas é o digital que regista um crescimento abrupto. Para as marcas que que continuaram a gerir os seus budgets de Marketing o Digital tornou-se em poucos dias “O” canal. Ágil, versátil, com elevado poder de segmentação e de alcance o Digital passa a concentrar todas as atenções até porque este se tornou o ponto de encontro com o consumidor. Com reuniões de equipas a decorrer em plataformas
online, aulas em formato digital, visitas à familia a acontecer à distância e um boom do comércio eletrónico com centenas de lojas online a serem criadas a cada dia, o consumidor tornou-se declaradamente digital, muito mais recetivo à comunicação com as marcas, ávido e participativo na busca de informação (não a rejeitando, como tantas vezes acontecia). A responsabilidade das marcas se já era grande tornou-se enorme. De um lado, a urgência de reação e resposta, do outro, a necessidade de uma boa construção criativa. Mas eis que surge um terceiro lado, de traço ténue e muito mais complexo de gerir: o da sensibilidade. O que dizer? Que caminho escolher? Quão otimistas devemos ser? Devemos ser também realistas? Que reacções podemos esperar? Nunca a escolha da mensagem fez tanto sentido. Parar e ficar neste ponto foi e continuará a ser algo fundamental nos próximos tempos. Em última instância, o sentido da existência de qualquer marca é gerar receitas – neste ponto nada mudou. Mas se pensarmos que cada consumidor é uma pessoa, que connosco coabita, que está igualmente a ser impactada por uma questão que é de escala global, torna-se fácil compreender que este é sobretudo um momento de emoções. E é aqui que reside o grande desafio das marcas: encontrar um ponto de equílbrio, mantendo o seu propósito mas sabendo criar empatia, percebendo que vivemos um momento ímpar que carece de esforços ímpares, de cuidados redobrados no tom e na linguagem mas também na escuta e na observação do consumidor e daquilo que o rodeia. É tempo de apurar todos os sentidos mas também de recordar que a artéria principal nasce (mesmo) no coração.
Patrícia Castelo, Marketing Manager de IT e Information Display na LG Electronics Portugal
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TEIMA, ALENTEJO SW COM OFERTA ESPECIAL PARA PROFISSIONAIS DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE
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O premiado turismo rural TEIMA Alentejo SW, alojamento de referência na costa alentejana, já reabriu e com o certificado de Estabelecimento Saudável & Seguro, emitido pelo Turismo de Portugal. A certificação Clean & Save atribuída a esta unidade reconhece que o TEIMA Alentejo SW adotou as recomendações da Direção Geral e Saúde e da Organização Mundial de Saúde para minorar os riscos de exposição à COVID-19, tanto por parte de hóspedes como de colaboradores. Eleito Melhor Turismo Rural de Portugal em 2017 e Melhor Turismo Rural do Alentejo em 2019, TEIMA Alentejo SW conta com apenas 9 quartos, todos eles com entrada independente pelo exterior. Ao estar localizado numa propriedade com cerca de 80 mil metros quadrados, aqui os hóspedes podem passear e usufruir da natureza, aproveitando os vários espaços espalhados pela propriedade.
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O TEIMA Alentejo SW disponibiliza refeições para garantir a maior tranquilidade dos seus hóspedes. Assim, quem o desejar, poderá desfrutar do seu período de descanso sem ter de recorrer a restaurantes no exterior da propriedade. No âmbito da reabertura, TEIMA Alentejo SW terá uma oferta especial de descontos para profissionais do Serviço Nacional de Saúde, uma forma de demonstrar a gratidão para com tem estado e continua a estar na linha da frente do combate contra a pandemia que globalmente se enfrenta. Mediante a apresentação de cartão do SNS, estes profissionais usufruirão até final de junho de um desconto de 15% para estadias mínimas de
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2 noites em regime de alojamento e jantar, efetuadas diretamente em www.teima.pt. Inaugurado em 2014, este boutique B&B situa-se entre a Zambujeira do Mar e Odeceixe, a TEIMA Alentejo SW encontra-se num típico monte alentejano, a poucos minutos de distância das mais belas praias da costa vicentina e enquadrado na tranquilidade da bucólica natureza circundante.
Saiba mais sobre a TEIMA Alentejo SW em www.teima.pt ou através do contacto info@teima.pt.
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