bidas. Mas, é eficaz.
sendo estudadas com a finalidade de curar
As análises sangüíneas convencionais não o
doenças crônicas. O gene destes indivíduos
detectam, pois nenhuma substância ilícita foi
seria modificado para fabricar uma proteína,
introduzida na corrente sangüínea do atleta,
por exemplo, ou então lutar contra o câncer”,
uma vez que o estímulo ao aumento de glóbulos
declara o prof. Ivan Piçarro.Essas técnicas mo-
vermelhos aumenta a oxigenação, ocasionando
dernas de mudanças genéticas possibilitarão
resistência ao esforço físico.
ao atleta ganho de força e resistência. O prof.
O coordenador Nicolau Teixeira afirma que o
Ivan cita alguns dos efeitos. “Pode aumentar a
Comitê Olímpico Internacional ainda não pegou
massa muscular, a força de contração, a pro-
nenhum atleta utilizando-se deste doping. “É
dução de hemoglobina e hemáceas, etc. en-
difícil pegar o doping genético, porque o atleta
fim, melhorar o desempenho de forma natu-
não produz uma prova no seu corpo, uma vez
ral e espantosa”.
que a pessoa terá mais um cromossomo que altera o metabolismo. Para o atleta quanto mais
Resultados
acelerado o organismo, melhor”.
Entretanto, tais mudanças podem ter conseqüências letais. “Não se sabe como ligar
Práticas
e desligar esse mecanismo. Em ratos, isso já
O método mais moderno para o aumento
pode ser ligado, mas desligar é uma coisa que
dessa capacidade de transportar oxigênio é o
não é conhecida. Isso pode levar a um câncer
EPO (diminutivo da eritropoetina). Injetando
ou não, porque estimula a produção de células
essa versão sintética do hormônio secretado
inadequadas, já que o organismo não consegue
pelo rim, o EPO estimula a produção de glóbulos
reconhecê-las. Isso ainda é um risco e muito pe-
vermelhos pela medula óssea, o que aumenta a
rigoso”.
hemoglobina, aumentando consequentemente
O doping genético não é o doping sanguíneo.
o transporte de oxigênio na corrente sangüínea.
Muito utilizado nos soviéticos nos anos 70 e 80,
O resultado são músculos com maior energia
e até na olimpíada de Moscou, o doping sangüí-
e melhor desempenho nas práticas esportivas.
neo é realizado através de transfusão de sangue,
Porém, o prof. Piçarro declara que esse procedi-
com a inserção de mais glóbulos vermelhos no
mento ainda não é realizado em seres humanos.
organismo. “O atleta treina para uma olimpíada,
“O que existe é uma bactéria chamada AAD, da
e dois meses antes chega ao ápice deste treina-
qual os pesquisadores tiram o material genéti-
mento. Ele tira dois litros de sangue e guarda
co e introduzem um gene que estimula o fator
num lugar refrigerado. Um ou dois dias antes
do crescimento. Isso é feito hoje somente em
da competição, injeta novamente seu sangue no
ratos. Foi realizado em uma Universidade dos
próprio corpo. Isso acelera o bombeamento do
EUA, onde eles conseguiram modificar a força e
coração e mexe com a pressão arterial. Embora
a velocidade destes ratos, aumentando a massa
seja seu sangue dá alteração, porque o organis-
muscular. Em pessoas isso ainda não foi tenta-
mo pode rejeitar”, explica o prof. Nicolau.
do. E se for, dificilmente será reconhecido de imediato”.
Para o prof. Piçarro não há fórmulas mágicas para o desempenho do atleta. “Ele precisa ser abençoado geneticamente e, ainda, treinar mui-
Ficção
to da forma correta para tentar conseguir atingir
Assim, o doping genético seria hoje aplica-
seus objetivos, sem se utilizar de métodos des-
do apenas na teoria. “Algumas técnicas estão
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REVISTA SUOR | ESPORTE AMADOR
conhecidos e arriscados”.