Revista Letraset #2

Page 1

letraset Revista digital do curso de Design Gráfico da Faculdade Satc - número 2 - ago/2014

Conheça os trabalhos da designer e ilustradora Karen Hofstetter página 14

Entrevista com a Designer Renata Rubim página 30

Bum bum bum 20 anos de Castelo Rá-Tim-Bum página 34

A surpresa lúdica no trabalho de Stefan Sagmeister página 24


Realização:


3


EXPEDIENTE 4

Diretor Faculdade Carlos Antônio Ferreira Coordenação de Ensino Jovani Castelan Coordenação do curso de Design Gráfico Diego Piovesan Medeiros Editores Amanda Rodrigues Anselmo Davi Frederico do Amaral Denardi Diego Piovesan Medeiros Rafael Hoffmann Maurilio Agradecimento Laboratório de Orientação em Design Núcleo Multimídia

Colaboradores Álvaro Dias Bruno Porto Diego Piovesan Medeiros Guilherme Sebastiany Jan Raphael Reuter Braun Jovani Castelan Karen Hofstetter Marcelo Pliger Rafael Hoffmann Maurílio Renata Rubim Thales Molina Thiago Mendes Tobias Carmargo Victor Biachin ISSN 2357-769X

Revista Letraset - Número 2


EDITORIAL Neste segundo número da revista Letraset procuramos discutir a produção criativa de grandes nomes do design. Nossa matéria principal discute o trabalho do designer americano Stefan Sagmeister, a partir de uma discussão do trabalho proposta pelo designer Marcelo Pliger, que já entrevistou Sagmeister em seu estúdio em Nova Iorque. O design nacional é tratado em duas entrevistas com designers brasileiros, uma delas com Renata Rubim, um dos expoentes do design de superfície nacional, e outra com a designer gráfica Karen Hofstetter, especialista em ilustração e tipografia. Também descobrimos um excelente trabalho de curadoria de ilustração, levado a cabo pelo jornalista Thales Molina

e pelo designer Victor Bianchin. Os dois conseguiram mobilizar mais de 10 ilustradores para comemorar os 20 anos do Castelo Rá-tim-bum com uma galeria de ilustrações inéditas de cada um dos personagens do programa. Além disso, convidamos os profissionais Bruno Porto e Guilherme Sebastiany para discutir a regulamentação da profissão de designer, um dos temas mais polêmicos da comunidade de design brasileira, principalmente agora que está em fase final de aprovação no congresso nacional. E como sempre, contamos com textos inéditos de temas relevantes para o design, como design estratégico, branding, ilustração, mídias sociais, impressão 3D e projeto gráfico. Boa leitura!


sumário

Endobranding A imagem da marca vem de dentro

A resiliência das marcas

A comunicação construindo a marca para o público interno.

10

Logo - muda algo mexer nele?

08

09

A Rede pronto 3D Cabeça do estudante Nesta edição o processo de desenvolvimento do projeto de Design Superfície

40

PRONTO 3D - Laboratório de Prototipagem e Novas Tecnologias Orientadas

38


Entrevista com a Designer Renata Rubim

Os trabalhos da designer e ilustradora Karen Hofstetter

14

30 A surpresa lúdica no trabalho de Stefan Sagmeister

24 Bum bum bum 20 anos de Castelo Rá-Tim-Bum

34

Brainstorm Regulamentação da profissão

22

A atuação do Designer nas mídias sociais

20


design estratégico

A resiliência das marcas

N Diego Piovesan Mestre em Design pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Doutorando em Design pela UFSC e Coordenador do curso de Design Gráfico da Satc.

8

o mundo contemporâneo, uma marca não está sozinha na conquista de seus clientes, não está sozinha na tentativa de inovação e muito menos na conquista de espaço e lucro competitivo. Para sobreviver em um mercado competitivo regido por uma sociedade exigente e informada, indiferente da classe social, é necessário que a personalidade de uma marca ou indivíduo assuma uma fluidez e a forma aberta desta sociedade. Dentro deste mercado competitivo, as marcas precisam estar preparadas para mudanças e, também, para enfrentar desafios e conflitos. Eis que o termo resiliência pode ser aplicado e seguido dentro de uma organização com o ideal de resistência e durabilidade. Chegar a uma definição de resiliência é uma tarefa complicada, pois esse termo tem sido utilizado de forma distinta por inúmeros campos do conhecimento. Na engenharia, o sentido de resiliência é atri-

buído ao grau que uma estrutura consegue retornar ao estado original após uma perturbação. Em ecologia, tem o significado de capacidade de um ecossistema evitar sua degradação irreversível. Já na área de psicologia, a definição de resiliência está ligada à capacidade do indivíduo de absorver um trauma de maneira eficaz. Originalmente o conceito de resiliência surgiu da engenharia, em 1620, com estudos envolvendo elasticidade de materiais. Uma palavra derivada do latim resilientia, do verbo resilio (re + salio) que significa “saltar para trás”, recuperar-se, voltar ao seu estado normal. Mesmo que aplicados de formas específicas em cada área, resiliência possui duas características em todas. A de continuidade e a de recuperação na eventualidade de uma mudança. Atualmente, esse termo está também relacionado ao mundo empresarial e das marcas, pois no mercado competitivo, agentes externos e interRevista Letraset - Número 2


design estratégico nos fazem parte do cotidiano que, seja de forma micro ou macroambiental, interferem no desempenho de cada organização. Os fatores microambientais são formados pelos agentes que afetam a capacidade da empresa de produzir, como fornecedores, logística, clientes e concorrentes. O macroambiente consiste em forças, muitas vezes fora do controle, como as demográficas, econômicas, políticas e socioculturais que diretamente afetam as vendas e o lucro das organizações. Um exemplo de força macroambiental que corrobora com as questões do crescimento da competitividade das marcas é a gradual abertura de novos e consideráveis mercados, como a China, afetando empresas locais em diversos segmentos. Os agentes macroambientais são os mais complexos de se controlar ou prever. Por essas circunstâncias, as empresas podem e irão enfrentar em sua jornada algum choque econômico ou energético, uma mudança tecnológica ou comAgosto de 2014

petitiva, uma possível escassez de matéria-prima, ou até mesmo o encarecimento de fatores ambientais que nem eram pensados no planejamento da marca. O contexto externo e interno, micro e macro, nas empresas, ampliou o risco e com isso, o tempo de existência das marcas. Nem todo risco pode se tornar uma crise, pois algumas vezes cria um problema e oportunidades a serem exploradas. Acabam se tornando crises, pois causam sensação de perda de controle, de consequências. Com isso, essas crises colocam a prova a resiliência das marcas e organizações. É nesse momento que a resiliência deve existir e ser ampliada, para fortalecer as marcas nessas circunstâncias de crise e fazer com que as mesmas retomem seu lugar no mercado de forma sadia. Empresas com o perfil resiliente desenvolvem constantemente mecanismos para corrigir os problemas antes que os mesmos aconte- » 9


identidade visual

Quadro 3. Atributos de organizações resilientes, comparados com a resiliência em indivíduos. Indivíduos com elevada resiliência

Autoeficácia e autoconfiança Otimismo aprendido Temperança Empatia Competência social

Proatividade

Flexibilidade mental Solução de problemas Tenacidade

10

Organizações com elevada resiliência Apres enta m vi s ã o de futuro e pres erva m s ua i denti da de. Atra em e retêm ta l entos . Pres erva m o oti mi s mo mes mo nos pi ores momentos . Cul ti va m o s uces s o. Tra ba l ho em equi pe promove a tempera nça dos membros . Cl i ma orga ni za ci ona l s a udá vel pres erva a norma l i da de, qua l i da de de vi da e rota ti vi da de. Apres enta m coes ã o i nterna e va l ores es pos a dos . Va l ori za m a éti ca e tra ns pa rênci a . Pres erva m s ens o de pertenci mento dos funci oná ri os , víncul os com cl i entes e com a rede de i nteres s a dos (skakeholders Sól i da proxi mi da de com a comuni da de e s oci eda de, ma ni fes ta por mei o da res pons a bi l i da de s oci a l e boa reputa çã o. Li dera nça é referênci a i ns pi ra dora , reconheci da dentro e fora . Redes s oci a i s s ã o fortemente emul a da s e promovem rel a çã o s ól i da . Es tra tégi a s s ã o formul a da s e fa zem s enti do frente à i denti da de. Ma ni fes ta m ca pa ci da de empreendedora , s obretudo dura nte a s cri s es . Apres enta m ca pa ci da de de a uto-orga ni za çã o depoi s de cri s e. Ma ni fes ta m fl exi bi l i da de opera ci ona l e ca pa ci da de de a prender. Tol era m muda nça s , fa zem experi mentos . Apres enta m ca pa ci da de de recupera çã o da es trutura e s i s tema s de tra ba l ho depoi s de cri s es . Apres enta m di na mi s mo decorrente da qua nti da de de projetos executa dos com êxi to. Demons tra m bus ca pers i s tente por es tra tégi a s e objeti vos . Advoga m ca us a s com tena ci da de. Fonte: Sabbag (2012, p.206).

Revista Letraset - Número 2


Agosto de 2014

design cambiante

çam com proporções irremediáveis. A ferramenta base para esse cuidado é o feedback, podendo com isso se autocorrigir e aprender enquanto crescem. Ter a informação é a chave para o conhecimento das marcas, mas não é apenas a informação do que aconteceu, mas também do que acontecerá. A pesquisa de tendências e megatendências mundiais, mesmo para a marca regionalizada, pode ser um suporte de conhecimento na condução de sua empresa, pois um novo produto ou serviço provavelmente terá mais sucesso se estiver de acordo com fortes tendências, e não contra elas. É interessante observar que as características expostas valem tanto para pessoas quanto para empresas e seria um tanto dicotômico pensar que são duas situações diferentes, já que as marcas e as empresas são feitas por e para pessoas. No quadro ao lado, percebe-se uma comparação por analogia de indivíduos e organizações com elevada resiliência. Resiliência é a competência de indiví-

duos ou organizações que fortalece, permite enfrentar e até aprende com adversidades e desafios. Pode ser considerada como uma competência, pois pode ser aprimorada, reunindo consciência, atitude e habilidades que surgem nos processos enfrentados no dia a dia. Para fortalecer a resiliência de uma marca ou organização, é necessário aumentar sua capacidade de resistência à pressão para ultrapassar os limiares críticos e também preservar ou expandir a gama de nichos as quais o sistema consegue adaptar-se de maneira saudável. Unindo esses conceitos, um exemplo simples e cultural é o de flexibilidade do bambu, muito cultuado no Japão. O bambu representa a soma de solidez e flexibilidade. Cresce com força mas possui uma mescla de solidez com leveza. Características resilientes que as marcas devem ter, crescendo com força, mas possuindo flexibilidade para lidar com todas as adversidades e assim ter uma vida longa com seus produtos e serviços.

11


design estratégico

Endobranding - A imagem da marca vem de dentro A comunicação construindo a marca para o público interno.

J Alvaro Dias Publicitário e mestre em Ciências da Linguagem pela Unisul. Atualmente é doutorando na área de Mídias do Conhecimento do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (EGC - UFSC).

12

aime Troiano (presidente do Grupo Troiano, primeiro grupo de branding no Brasil) defende que a cultura da marca deve ser primeiramente disseminada internamente na organização. O que isso nos mostra é que o conceito/imagem da marca, antes de ser passado para o público externo, deve estar fortalecido nos corredores das organizações, ultrapassando os departamentos de Design, de Publicidade e de Marketing, para ser compartilhado em todas as estruturas internas da organização. Logo, gerir o conhecimento da marca significa planejar e definir os meios necessários à sua comunicação, no sentido de proporcionar o desenvolvimento, manutenção e controle da imagem da marca junto ao público interno. Será que não podemos pensar numa relação entre o branding e o endomarketing, construindo um conceito que come-

ça a ser discutido no mercado de “endobranding”? A imagem de marca é resultado de todo o processo de interação entre a marca e os seus públicos, o que resulta numa percepção na base da qual estará a maior ou menor predisposição para atribuir à marca um valor elevado no mercado. Logo, analisar a imagem de marca é estudar a relação organização-públicos, cuja gestão eficiente parece trazer inúmeras vantagens pela capitalização no valor da marca. E, nesse sentido, o conceito de imagem parece ser simultaneamente um produto (efeito final) e um processo (ao longo do tempo). A comunicação é um processo interativo e contínuo. E a observação mostra que o processo deve começar de dentro, de uma marca construída pela comunicação interna. Comunicação que não deve parar nunca. Revista Letraset - Número 2


design estratégico

Logo - muda algo mexer nele?

O

que chamamos de logo pode vir da junção de dois elementos: LOGOTIPO, que é a particularização da escrita de um nome. Ou seja, o tipo de letra (texto) em que ele é escrito; e o SÍMBOLO, que é um sinal gráfico que com o tempo passa a identificar um nome, ideia, produto ou serviço. Para simplificar, continuarei chamando de logo. A opção de redesenhar o logo pode levar a grandes mudanças no reconhecimento da empresa e mesmo de sua posição no mercado, tanto positivas como negativas. Desse modo, dependendo de como foi feito e se realmente era necessário fazer. Como assim “necessário fazer”? Não é de praxe modificar o logo de vez em quando? A resposta é: DEPENDE! Ficou frustrado? Calma, já explico. O motivo para a mudança deve ser avaliada e discutida com um bom profissional. Nessa hora, vou puxar a “brasa pra nossa Agosto de 2014

sardinha”. Consideramos que um dos profissionais mais bem qualificados é o DESIGNER GRÁFICO. Mas é claro que ele poderá trabalhar com uma equipe multidisciplinar, com a colaboração de publicitários, gerentes de marketing e de outros especialistas. Só não confunda o DESIGNER GRÁFICO com aquele seu sobrinho que sabe mexer em softwares de edição de imagem. O verdadeiro DESIGNER trabalha de forma metódica. Para ter uma ideia, além de saber tudo sobre a empresa, parte do trabalho está em buscar uma série de informações, como: qual é seu mercado? Quem é seu concorrente? E um dos mais importantes, quem é seu público-alvo? No final, todo esse trabalho é o que dirá se é necessário mudar seu logo. Só depois disso é que o projeto continuará e assim possibilitar que a “cara” de sua empresa seja diferenciada das concorrentes e, ao mesmo tempo, reconhecida por seu público.

Jan Raphael Reuter Braun

Mestre em Design pela Universidade Federal de Santa Catarina, professor do curso de Design e coordenador do Laboratório de Orientação em Design - LOD.

13


inspiração

Entrevista com Karen Hofstetter

Designer, ilustradora, publicitária, fotógrafa, necessariamente nesta desordem. Karen Hofstetter, nascida em São Paulo, formou-se em publicidade, trabalhou como diretora de arte, tomou aulas com Catarina Gushiken, estudou design gráfico na Escola Panamericana de Arte, fotografia no Senac, e nunca parou de tocar flauta. Em 2010, Karen trocou quatro rodas para duas e mudou-se para Berlim, onde se inspirou e espalhaou criações, misturando música, arte e pessoas. 14

Tua formação é em publicidade, mas trabalhas mais com design e ilustração. Chegasse a exercer “oficialmente” a profissão de publicitária? Sim! Durante a faculdade e depois de formada trabalhei durante cinco anos em agência de publicidade. Em pequenas, médias e grandes. A experiência por ter transitado em agências focadas em embalagem e PDV, em peixes grandes como W/Brasil e em agências boutiques como a Centoeseis, me trouxeram uma referência muito ampla de como e pra onde o mercado pode se estender. Foram através dessas experiências que eu comecei a definir onde eu mais me encaixava, e que por fim me direcionaram a ter o modelo de trabalho que tenho hoje. Tens um estilo bem próprio, como isso se desenvolveu? E como foi usar esse estilo e transformá-lo em produtos e em uma renda extra? Pra ser sincera, tenho a sensação que o meu estilo está sempre se reinventando, amadurecendo. Quando olho ilustrações ou design que fiz há 3 anos, já tenho uma outra visão, e faria tudo diferente! É Revista Letraset - Número 2

»


inspiração Ilustração “Você” Karen Hofstetter Agosto de 2014

» 15


inspiração

Ilustração “Love” Karen Hofstetter 16

Revista Letraset - Número 2


inspiração difícil explicar como isso se desenvolve, mas acredito que o meu traço e algumas características do trabalho são o reflexo das minhas experiências, repertório e influências. Tenho de um lado uma influência brasileira muito grande inspirada em flores, cores, poesia e natureza. Por outro lado, gosto da geometria e do minimalismo alemão. Acho que essa mistura é um pouco do que faço. Em 2010 fiz um curso de ilustração com a Catharina Gushiken em São Paulo. Foi quando não parava de desenhar, e, entre o papel e o digital, comecei a ter vontade de ver as cores espalhadas em outras superfícies! Descobri que a Society6 era uma empresa que justamente cuidava de toda a produção e envio de produtos bacanas a partir de artes que artistas do mundo todo enviavam - e páh! Foi um prato cheio de satisfação! Comecei a chamar os produtos que levam as minhas estampas e ilustras de #kgoodies nas redes sociais, e eles se espalharam rapidinho pelo mundo! E a renda extra, bem; faz bem pra qualquer freelancer, né?! :)

bisco algumas coisas, faço anotações, preciso de total sossego. Na hora de produzir, aumento o som e só paro quando estou satisfeita com a linha criativa. Não acredito na inspiração que “vem do nada”. O ócio é necessário, mas só pra organizar na cabeça tudo o que vejo por aí. Tenho álbum de fotos, sou viciada em Pinterest, compro livros toda semana. Mas essas são apenas as ferramentas “mais fáceis” que estão por perto. Filmes, músicas, uma tarde no parque, aquela conversa de madrugada, o bar com os amigos, o almoço de domingo ou qualquer pessoa com quem convivo (até o padeiro que já sabe qual pãozinho eu vou levar) são as minhas maiores inspirações. Não existe um “momento certo” pra se inspirar. A vida por inteiro é mais do que inspiradora, e isso já basta.

Como (e por que) foi a decisão de mudar pra Berlim e trabalhar aí? Como tem sido a experiência? Um recomeço de vida! Estava infeliz com o meu trabalho e com o dia a dia em SP. Nunca fui do tipo que reclamava do Como é teu processo de criação e quem te trânsito e da violência, mas em 2009 senti inspira? um desconforto na minha maneira de viComeço com o silêncio. Enquanto ra- ver. Nunca tinha vindo pra Berlim. Naque» Agosto de 2014

17


inspiração

le ano, dois amigos voltaram de lá e me disseram: “Karen, essa cidade é incrível, você precisa conhecer!” – e eu fiquei com isso na cabeça. Quando resolvi que estava na hora de mudar, não pensei duas vezes , pedi demissão e comprei uma passagem só de ida. Foi difícil no primeiro ano, não tinha contatos profissionais, conhecia muito pouco do mercado aqui, e quando a situação ficou apertada, resolvi começar a fazer alguns trabalhos como freelancer, e já que meu network no Brasil era mais amplo, vi que mesmo de Berlim o trabalho era possível. Comecei com projetos pra amigos, conhecidos, indicações, e quando me dei conta estava com o mês todo lotado de trabalhos legais. Já tinha parceiros no Brasil e em 2010 abri minha empresa. Me estabilizei fazendo o que eu gostava, e no fim percebi que ter trocado o meu carro por uma bicicleta foi o meu maior grito de liberdade.

www.karenhofstetter.com Instagram: @karenhofstetter Facebook: www.facebook.com/kgoodiesanddesign Pinterest: www.pinterest.com/karenhofstetter

18

Ilustração “KGoodies” Karen Hofstetter

Revista Letraset - Número 2


inspiração Agosto de 2014

19


egresso 20

Revista Letraset - NĂşmero 2


egresso

A atuação do designer nas mídias sociais

O

objetivo do design desde sempre foi o de dotar os artefatos de significado por meio de sua morfologia. A Bauhaus formalizou o caráter unificado, global, técnico e científico, enquanto que a escola de Ulm, sua essência multidisciplinar, racionalismo e métodos analíticos. Tais características se tornaram mais evidentes no século XXI, pela necessidade de projetar as relações e experiências entre os artefatos e os usuários, concebendo-os de maneira sistêmica (produtos, serviços e comunicação) e não apenas como uma única mercadoria isolada. A evolução da prática profissional do design fez com que se deixasse de atuar apenas no âmbito operacional para se compor também o âmbito estratégico das empresas. A bagagem evolutiva do design lhe permite atuar neste âmbito junto a outras disciplinas. Isso faz com que o designer atue não apenas na ponta do processo, mas também no projeto das estratégias organizacionais. Agosto de 2014

É neste escopo que o designer pode realizar projetos para mídias sociais. Entende-se que a comunicação das empresas deve apresentar quem é a marca e como ela se relaciona com seus clientes, isso é reflexo das estratégias organizacionais. É na criação de conteúdo que a marca e suas estratégias estão traduzidas e são apresentadas para o seu público. Desta forma o designer pode atuar na mediação entre o que é a empresa e qual o conteúdo a ser publicado nas mídias sociais. É claro que o designer pode atuar apenas no fim do processo e criar o conteúdo em si (infográficos, imagens, games, vídeos e etc.), mas seria um subaproveitamento das competências dos designers. Portanto, o designer pode projetar as estratégias de comunicação - com base na gestão da marca - que irão balizar o que, o como e os quais conteúdos (de maneira geral) serão produzidos e publicados nas mídias sociais.

Tobias Camargo Mestrando em Design Estratégico pela Unisinos, possui graduação em Design pela Faculdade Satc (2012). Tem experiência na área de Design Gráfico, atuando principalmente nos seguintes temas: design web, mídias sociais, usabilidade e marketing digital.

21


brainstorm

Regulamentação da profissão de Designer Por Bruno Porto Designer gráfico, professor e consultor em design. Nasceu no Rio de Janeiro, onde se formou em Design Gráfico e pós-graduou em Gestão Empresarial / Marketing, tendo estudado também na School of Visual Arts, em Nova York.

A

pesar do árduo e moroso processo, a regulamentação da profissão não me preocupa mais devido a relevância e destaque que o design tem ganho, principalmente na última década, perante a sociedade e dentro das diferentes esferas governamentais. Felizmente, mais dia, menos dia, ela vai acontecer, é fato praticamente consumado. Porém, o que deve ser evitado a todo custo é a criação de um sindicato para os designers. A principal função de um sindicato é a fiscalização das práticas incorretas da profissão, e isto não é só inviável como desnecessário no âmbito do design gráfico e da comunicação visual, áreas em que atuo. O profissional

22

que usar Comic Sans ou entupir um site de degradês vai ter seu registro cassado? Aquele que pixelar uma imagem no cartaz de um show de rock será advertido e pagará uma multa? No que concerne os designers gráficos, um sindicato só serviria para onerar os profissionais e criar mais um buraco negro de recursos e burocracia. A Justiça comum já atende a grande maioria das questões relacionadas ao mercado de comunicação visual, e o Ministério do Trabalho – que já existe e executa esta função em outras profissões – simplesmente passaria a fiscalizar se a contratação de designers profissionais capacitados – segundo as definições do Projeto de Lei – está sendo feita dentro da lei.

Revista Letraset - Número 2


brainstorm por Guilherme Sebastiany Formado em arquitetura e urbanismo pela USP e MBA em Brandingpelo ITAE. Foi professor de design e no MBA em Branding. Com 15 anos de experiência em criação de marcas, possui projetos desenvolvidos no Brasil e exterior.

T

enho bons amigos, pessoas inteligentes e em quem confio, a favor da regulamentação. Mas tenho também muitos bons amigos, igualmente inteligentes, contra. Alguns outros ainda são a favor da regulamentação, mas são contra o projeto atual de lei. Todos os lados tem ótimos argumentos. Mas e a minha opinião? Não sei! Não sou a favor nem contra a regulamentação, sou apenas DESCRENTE dela. Quero e desejo muito estar errado, mas acredito que a regulamentação da profissão não trará nenhuma mudança nem imediata nem a longo prazo para o meu dia a dia de trabalho no escritório. Sei que pode beneficiar muito a quem depenAgosto de 2014

de de verba pública ou privada oriunda de projetos de incentivo a cultura ou isenção fiscal. Mas este não é o meu caso e não é também a realidade de (suponho) 95% ou mais dos profissionais de design. A ampliação, por exemplo, do SIMPLES NACIONAL para a área de Design teria um impacto mais profundo no nosso segmento do que qualquer regulamentação. Será que é essa a questão? Reconhecimento ou legitimação profissional? Para isso existem outros caminhos. Receio apenas que a única mudança que ocorra, infelizmente, seja a obrigatoriedade de pagamento de uma contribuição anual compulsória a algum Conselho Regional de Design que venha a ser formado, assim como já é em outras profissões regulamentadas. E acima de tudo, espero mesmo estar errado sobre tudo isso que escrevi acima! 23


grande nomes do design internacional

A surpresa lúdica no trabalho de

Stefan Sagmeister

P Por Marcelo Pliger Designer, divide seu tempo entre a redação da Folha de S.Paulo, onde trabalha desde 1997, e em seu próprio estúdio. Mestre em Comunicação e Semiótica na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor de jornalismo e design da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

24

ara minha surpresa, Stefan Sagmeister, um dos designers mais respeitados do mundo, havia aceitado meu pedido de entrevista na primeira tentativa, com um simpático e-mail que era assinado com um “da adorável rua 14”. Stefan vivia e trabalhava em uma cobertura duplex no Chelsea, consolidado bairro artístico de Nova York. Ele é um sujeito estranhamente alto, cerca de dois metros de altura, e me recebeu vestido em uma elegante roupa branca com o detalhe de uma gravata borboleta amarrada no pescoço. Poderia substituir Willie Wonka na Fábrica de Chocolate. Um sujeito excêntrico. Excentricidade é uma boa palavra para resumir o trabalho de Sagmeister. Seus melhores trabalhos causam um estranhamento que nos leva a olhá-los com mais cuidado. Ele diz que seu objetivo é tocar o coração das pessoas. Normalmente faz isso inserindo surpresas óticas e jogos lúdicos em suas peças gráficas. A estratégia é similar à de um mágico que atrai a atenção da plateia. Uma cartola numa mão, um coelho na outra e subitamente surge

um liquidificador. O inesperado é que faz a plateia ser surpreendida e sorrir. Um exemplo desse recurso no trabalho de Sagmeister é a embalagem do CD Mountains of Madness. A capa do encarte tem duas imagens sobrepostas. Uma na cor vermelho e outra na cor azul. Sob o plástico vermelho da caixa, os traços em vermelhos desaparecem e só conseguimos ver a foto de um homem. Quando tiramos o encarte da caixa, o impresso azul se revela, e a foto do homem é substituída por sua imagem gritando. Surpresa. É importante perceber, no entanto, que não se trata de qualquer surpresa. Normalmente seus projetos ressaltam a presença humana na criação. Eles revelam o modo como a imagem foi criada. Seu trabalho mais importante provavelmente é o cartaz para uma conferência que apresentaria na academia de arte de Cranbrook. Com a ajuda de um estagiário e um estilete, Stefan escreveu o texto do cartaz cortando a própria pele. A foto do torso nu, com as letras marcadas a sangue causam impacto. Boa parte da sua capacidade criativa » Revista Letraset - Número 2


grande nomes do design internacional

Cartaz para a AIGA Detroit Stefan Sagmeister

Agosto de 2014

25


grande nomes do design internacional

está baseada nas teorias de Edward de Bono, professor da Universidade de Oxford que em 1967 cunhou o termo “pensamento lateral”, uma técnica de solucionar problemas associando ideias indiretas que não podem ser obtidas utilizando o raciocínio passo a passo da lógica tradicional. A criatividade, no entanto, não é a única qualidade do designer. Ele é meticuloso. Os projetos são detalhadamente elaborados e Stefan confessa ser obsessivo com detalhes. Quando abriu seu estúdio, no início dos anos 90, após um tempo curto trabalhando com o americano Tibor Kalman, Sagmeister focou a indústria da música. Criou projetos brilhantes para músicos importantes como os Rolling Stones, Lou Reed, David Byrne e Jay-Z. Na última década passou a focar trabalhos mais corporativos, desenvolvendo projetos para grandes empresas com altos e baixos em termos criativos. No ano passado, Sagmeister foi condecorado com a medalha AIGA. A poderosa associação de designers gráficos americana concede a premiação a indivíduos em reconhecimento de suas realizações no campo do design. H.P. Zinker “Mountains of Madness” Stefan Sagmeister

26

Revista Letraset - Número 2


grande nomes do design internacional Story Branding / Identities Stefan Sagmeister Agosto de 2014

27


ilustração Standard Chartered Comercial - Film & Publicidade Stefan Sagmeister 28

Revista Letraset - Número 2


ilustração Campanha “Aizone” Stefan Sagmeister Agosto de 2014

29


grandes nomes do design nacional

Entrevista com

Renata Rubim É designer de superfícies e consultora de cores. Autora de “Desenhando a Superfície”, Ed. Rosari SP, colabora com a difusão do design em projetos industriais e educativos. Seus projetos a frente do escritório Renata Rubim Design & Cores (RRD&C) já receberam diversos prêmios nacionais e internacionais.

Se observarmos nessas duas décadas que o Design de Superfície vem se fortalecendo no Brasil, na sua visão, as empresas atualmente estão investido nos profissionais no que diz respeito ao Design de Superfície? Elas estão investindo nos profissionais e na área, não necessariamente elas conseguem reconhecer qual é o profissional mais adequado e nem sempre elas optam por um profissional brasileiro, mas elas percebem que há esse interesse e essa necessidade porque isso acrescenta valor a maioria dos produtos. 30

Um designer de superfície pode atuar em que áreas no mercado de trabalho? O designer de superfície deve atuar naquilo que mais o agrada como profissional, por exemplo, se uma pessoa tem uma vocação pra moda, não faz sentido trabalhar em uma área mais técnica. Se alguém gosta muito de fazer estampas para moda, não necessariamente vai se interessar no design de superfície voltado a acessibilidade de deficientes visuais. O design de superfície deveria ser encarado também como uma maneira de embelezar a vida dos deficientes visuais, porque eles podem Revista Letraset - Número 2


grandes nomes do design nacional

sentir com o tato, em vez de usar os olhos. Mas não são todas as pessoas que têm uma multiplicidade de interesses. Ele pode ser mais têxtil, mais cerâmico, mais de papéis ou de moda. Não necessariamente as pessoas têm esse vocabulário e esse interesse amplo.

muitos dos professores desconhecem ainda a realidade do mercado. Isso não é só no design de superfície, isso é no design em geral e em outras áreas também, como na arquitetura e até na medicina. Quem não é um profissional de mercado pode discutir uma série de conceitos, técnicas e metodologias, mas é diferente do que conhecer o mercado, saber as diferenças de cada região, diferenças de nichos de mercado e como fazer a estratégia de prospecção, além de uma série de práticas do cotidiano. Eu não sei se as universidades estão preparadas. Porém, não se pode generalizar, depende do perfil do professor, depende de cada caso.

Qual a área mais promissora ou que terá crescimento nos próximos anos? Provavelmente a indústria do revestimento, porque o design de superfície é a pele de qualquer coisa, de qualquer produto. Existe um olhar muito especial para a área de revestimento, mas não é só por uma questão de moda, de tendência, é também um resultado da tecnologia cada vez mais desenvolvida. Essa área teve avanços tecPela sua experiência na área, o design nológicos que permitem cada vez mais a de superfície pode atribuir característiexploração dessa superfície. cas perceptivas e emocionais às superfícies dos objetos? As universidades estão preparadas Sim, sem dúvida. Ele remete a assopara formar esse profissional? ciações que todos fazemos. Tanto na cor, Eu não tenho certeza porque não faço como na textura, ele pode atrair ou repeparte de nenhum quadro acadêmico atual- lir. Depende da superfície, da cor, depende mente. Minha participação tem sido mais de onde está trabalhada essa superfície. na extensão universitária, com workshops Qualquer elemento visual pode sempre ree palestras. Mas pelo que ouço dos alunos, meter a associações. » Agosto de 2014

31


grande nomes do design nacional

Como você vê a pesquisa em Design de Superfície nas universidades ou na indústria? Acredito que são muito interessantes, mas nem sempre ligadas ao mercado, a realidade. Elas são pesquisas. A indústria mundial é muito avançada em termos de pesquisa, na indústria nacional não sei dizer. Mesmo porque quase todos os equipamentos modernos das indústrias, são importados. Não conheço nenhuma máquina brasileira que produza resultados de alta tecnologia. Na indústria temos hoje uma ferramenta aliada ao design que são as redes sociais. Essas tecnologias digitais roporcionam um contato direto com o mundo todo, não só mais fácil, mas muito mais democrático e menos hierárquico. É possível ter acesso a informações que os formadores de opinião e pesquisadores discutem com muita agilidade. É mais fácil conhecer os profissionais e eventos da área, como as feiras, os calendários de atividades, e isso facilita muito a vida do designer. É preciso aproveitar bem essas ferramentas e atuar de uma forma mais transversal, o designer de superfície não pode se isolar.

Trabalhos produzidos pela Designer Renata Rubim 32

Revista Letraset - Número 2


Agosto de 2014 33

grande nomes do design nacional


inspiração

Bum bum bum 20 anos de Castelo Rá-Tim-Bum Letraset entrevistou os idealizadores de uma das maiores produções da TV brasileira

A

Thales Molina

Victor Bianchin

De Guarulhos, formado em bacharel em design pela Universidade Federal de Pernambuco. Hoje é designer da Mundo Estranho.

É de Santo André, mas hoje mora em São Paulo. Formado em Jornalismo na Cásper Líbero. Hoje é editor da revista Mundo Estranho.

o produzir uma revista voltada para o público jovem, nos deparamos com o aniversário de 20 anos do Castelo RáTim-Bum, uma das maiores produções da TV brasileira e, também, um dos maiores marcos de nossas infâncias. Para não deixar a data passar em branco, fomos atrás de amigos ilustradores para dar corpo a um projeto ousado: ilustrar vários elementos do programa, de personagens a cenários, passando por bonecos e criaturas fantásticas. Para a tarefa, procuramos pessoas não apenas talentosas, mas que tivessem sido inspiradas pelo programa quando

34

crianças e ainda o guardassem em sua memória afetiva. Não bastaria só homenagear: assim como o Castelo mudou a TV brasileira ao criar algo novo para seu público, queríamos mostrar visões diversas sobre o programa, unidas pelo conceito mas diferentes entre si, fazendo jus àquilo que o Castelo sempre pregou: a criatividade. Esperamos que, assim como nós, você se divirta tanto quanto naquela época em que o Tio Victor, escandalizado pelas travessuras de Nino e seus amigos, olhava para o teto de seu Castelo e gritava “raios e trovõõõões!”. Revista Letraset - Número 2


inspiração

Como surgiu a ideia de fazer a página? Em 2007, eu e meu colega André Cid produzimos, como trabalho de conclusão do curso de Jornalismo, um almanaque sobre o Castelo Rá-Tim-Bum. Entrevistamos mais de 60 pessoas, juntamos mais de mil imagens, fizemos um longo trabalho de apuração e conseguimos tirar 10. Esse livro serviu de base para uma matéria que a revista Mundo Estranho (onde eu e o Thales trabalhamos) publicou este ano. Dessa matéria veio a ideia de fazer o projeto de ilustrações. Como se desenvolveu o projeto? Vocês foram atrás dos artistas ou através da página eles foram entrando em contato? O Thales idealizou a estrutura. Ele convidou os ilustradores, selecionou os 50 elementos a serem ilustrados e faz o trabalho de receber e emoldurar as ilustras para colocar na página. A maioria dos participantes é conhecida do Thales do meio de design/ilustração (o Thales ilustra também). Eu conhecia alguns deles, mas não tinha uma relação forte porque não lido muito com ilustração. Todos se mostraram bastante felizes em participar. Já fizeram algum projeto parecido? Pretendem dar continuidade a esse projeto? Não, esse é o primeiro projeto. Talvez sim. Mas, por enquanto, estamos focando a página mesmo. Quando isso se encerrar, veremos qual o próximo passo. » Agosto de 2014

35


inspiração

Raul Aguiar

Thales Molina 36

Revista Letraset - Número 2


inspiração

Tinham ideia do sucesso que seria? Não, não tínhamos. Mas a gente sabe que o Castelo tocou muita gente e que a memória afetiva de quem era criança na época é grande. Acho que o mérito não é só nosso, é também do Castelo e da qualidade do programa. Eles fizeram algo que vai durar pra sempre. Pretendem ir além do Facebook, com livro, e-book? Então, ainda não sabemos. Um livro é uma possibilidade, porém vai depender de alguns fatores. A parte boa é que o conteúdo vai estar pronto, então vai depender mais da burocracia. Tiveram alguma parceria da TV Cultura ou algum retorno dos atores e produtores do programa? Não firmamos nenhuma parceria e a TV Cultura, até onde a gente sabe, não se pronunciou (embora seria legal se eles ficassem sabendo!). Várias pessoas da produção curtiram a página ou comentaram por lá, incluindo os atores Cássio Scapin, Luciano Amaral e Cinthya Rachel, o bonequeiro Jesus Seda, a cenógrafa Luciene Grecco e o co-criador Flávio de Souza. Ficamos muito felizes em saber que eles tomaram conhecimento do projeto e curtiram. Significa muito para nós poder “devolver” o que eles fizeram pra gente quando éramos pequenos.

Agosto de 2014

37


tecnologia

A Rede Pronto 3D

A Jovani Castelan Coordenador de ensino

impressão 3D chega ao mercado como uma tecnologia facilitadora para auxiliar na criação de protótipos físicos modelados em softwares CAD. Para o Design, o protótipo feito em 3D não é somente o poder de ver o objeto em três dimensões e sim poder analisar detalhadamente as suas principais características físicas, funcionais, estéticas e ergonômicas.

e professor da Faculdade Satc. Pesquisador e representante institucional da Satc junto ao CNPq. Pós-doutorado na área de Engenharia Biomédica. Experiência profissional focada na docência, coordenação e gestão acadêmica.

38

PRONTO 3D O Pronto 3D - Laboratório de Prototipagem e Novas Tecnologias Orientadas – consiste em um espaço de ensino, pesquisa e extensão na área da materialização. O laboratório objetiva a estruturação de um ambiente de pesquisa, criação, desenvolvimento e produção de modelos, protótipos, maquetes e produtos em escala real, auxiliando as diferentes etapas do processo de projeto em diversas áreas, onde a materialização se faça necessária. Revista Letraset - Número 2


tecnologia Laboratórios por Santa Catarina O Pronto 3D conta com uma rede de laboratórios de prototipagem rápida e fabricação digital, voltada às áreas de Design, Arquitetura, Engenharias, Artes e afins. A Rede Pronto 3D, que fica sob a gestão dos Cursos de Design de cada universidade hoje, conta com um total de 5 laboratórios espalhados pelo estado de SC, com pólos localizados nas cidades de Chapecó (Unochapecó), Criciúma (Satc), Lages (Uniplac), Florianópolis (Ufsc) e Blumenau (Furb), atuando nas áreas de prototipagem rápida e fabricação digital aplicados à pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novos produtos e processos, oferecendo apoio aos alunos de graduação e pós graduação, professores, consultoria e cursos em diferentes áreas. Cada pólo da Rede Pronto 3D é equipado com tecnologias aditivas (impressora 3D), subtrativas (Routers CNC) e de corte a laser.

Agosto de 2014

Uma das aplicações práticas da impressão 3D está nas cirurgias de reconstituição de crânio. Nesse caso, a impressão de um modelo 3D do crânio do paciente permite uma pré análise mais rápida e confiável da cirurgia. 39


cabeça do estudante Projeto desenvolvido pelos acadêmicos: Bruna Machado Fabio Dalsenter Julyssa Perito

40

O

projeto selecionado nesta edição da revista é uma proposta de design de superfície para a cervejaria Saint Bier, localizada em Forquilhinha-SC. Os principais materiais solicitados foram uniformes para a fábrica, escritório e um padrão para ser usado por parceiros, distribuidores e garçons. Tanto para presentear clientes como para vender nos vários eventos e festas que a Saint Bier participa, foram propostos ainda aventais, camisetas e bonés. Foi sugerida ainda a aplicação do projeto também ao pub, nas toalhas e guardanapos por exemplo. O público-alvo da Saint Bier pertence às classes A, B e C, pessoas da região sul de Santa Catarina, onde a empresa tem mais força, e também todas as pessoas que estiverem nas festas e eventos que a empresa participar. Quanto ao público-alvo do pub, é mais variado, pois inclui tanto os cola-

boradores quanto os frequentadores. Foi observado que o ambiente é agradável e deixa as pessoas a vontade para levar seus filhos ou reunir os amigos. Também foi notado que houve um aumento da visita no pub e no consumo de cerveja pelo público feminino, principalmente as mais jovens. As informações coletadas a partir de uma entrevista com o proprietário guiaram para o início da prática projetual. Decidiuse concentrar os esforços em materiais para o pub. Para tanto, foi realizado um brainstorm com auxílio de um mapa mental e um painel de imagens forte. Se decidiu trabalhar com dois conceitos: Aconchegante, pelo que o ambiente transmite ao visitante e coleção, pela forma como o pub é decorado, com coleções de garrafas, canecas e cartazes retrôs, além de outros objetos. O processo criativo continuou com a montagem de um painel para referências de coRevista Letraset - Número 2


cabeça do estudante Painel de referências de projeto

res. As principais referências foram dos tons ocre do malte e os tons de marrom das fotos dos barris de chope. Duas tonalidades de cores semelhantes, harmônicas e que proporcionam um contraste suave e agradável, sem gerar muito impacto visual e transmitindo o conceito de aconchego. Um painel de referências gráficas foi montado, resultando na ideia de criar um rapport com elementos ligados aos ingredientes da cerveja, mas seguindo o conceito para fugir do clichê. Portanto, a decisão foi Agosto de 2014

de representar os itens mais comuns colecionados em pubs, como rótulos, tampinhas e garrafas. Assim foi feito um estudo das formas dos rótulos de garrafas de diversas marcas de cerveja. Como os materiais tem que representar a identidade da Saint Bier, as formas estudadas foram usadas para desenvolver desenhos como se fossem rótulos que, em vez de marcas e informações, contenham elementos relacionados ao produto e à empresa. O resultado foi um rapport composto 41


cabeça do estudante

por rótulos feitos num estilo semelhante à xilogravura, contendo ramos de malte, lúpulo, garrafa, caneca, barril de chope, brasão de Forquilhinha, logo da Saint Bier, carroça transportando barris e a água representada nos traços em zig-zag. Também contém palavras como cerveja, Bier, chopp, o nome Saint Bier e o slogan: O sabor do puro malte. As cores foram aplicadas gerando dois padrões, o marrom com a es42

tampa contrastando com um tom mais claro e o ocre com a estampa contrastando com um tom mais escuro. Primeiramente os padrões desenvolvidos foram aplicados em produtos relacionados ao pub: toalha de mesa, guardanapos, jogo americano, avental, uniformes para garçom e cozinheiro. Também foram sugeridas quatro opções de bonés, uniformes para escritório e para fábrica. Revista Letraset - Número 2


cabeça do estudante Exemplos de aplicação do padrão em produtos Agosto de 2014

43


cabeça do estudante Detalhes da aplicação do padrão 44

Revista Letraset - Número 2


Agosto de 2014 45

cabeรงa do estudante


letraset Revista digital do curso de Design GrĂĄfico da Faculdade Satc - nĂşmero 2 - ago/2014

letraset@satc.edu.br (48) 3431-7664

46

Revista Letraset - NĂşmero 2


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.