REVISTA DO IHGM - MARÇO 2012

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em a cidade de Lisboa partiu dela em tres naus e duas caravelas, com que chegando ao Maranhão se perdeu nos parcéis e baixos da barra, e morreu a maior parte da gente que levava, escapando só ele com alguns em uma caravela, que ficou fora de perigo, e dezoito homens em um batel, que foi ter à ilha de Santo Domingo [...] “Depois de Luís de Melo ser em Portugal se passou à Índia, onde obrou valorosos feitos e, vindo-se para o Reino muito rico e com a intensão de tornar a esta empresa, acabou na viagem em a nau S. Francisco, que desapareceu sem se saber mais novas dela. Não houve quem tratasse mais do Maranhão, o que visto pelos franceses lançaram mão dele, como veremos em o livro quinto”. Frei Vicente do Salvador informa, ainda, que seu pai esteve nessa viagem de Luís de Melo: “se embarcou então para o Maranhão e depois para esta baia, onde se casou e me houve e a outros filhos e filhas” (p. 162): “João Rodrigues Palha, escudeiro fidalgo da geração dos Palhas do Alentejo, emigrou por desgostos domésticos, à procura de melhor fortuna, por ser pouco grão para sustentar a família. Seu compatriota Luís de Melo da Silva armava uma expedição para as terras brasílicas, aonde lhe fora doada uma capitania. Nela alistou-se, partiu em junho de 1554 e naufragou dia de S. Martinho, 11 de novembro, nas espacéis e baixos do Maranhão. Das três naus, duas caravelas da armada salvaram-se apenas uma caravela e um batel, em que dezoito pessoas aportaram a São Domingos. Foi uma delas. [...] Como se saiu da ilha ignoramos [...] devia ter tornado à pátria [...] afrontou novamente os mares, deu consigo na Bahia de Todos os Santos, estabeleceu-se em seu reconcavo, casou, teve tres filhos. Chamou-se o mais velho de Vicente Rodrigues Palha, o nosso autor. [...]” (p. 35, Nota Preliminar de J. Capistrano de Abreu). Quando Felipe II anexou Portugal e suas colônias à Espanha (1580) percebeu o abandono que estaria ocorrendo em regiões que correspondem hoje ao Norte e Nordeste do Brasil. Entretanto, a situação agravante era a permanência de povos franceses. Por isso, duas Cartas Régis, a primeira em 1596 e a segunda em 1597, determinaram de fato a expulsão francesa, além da construção de um forte e a fundação de uma cidade na capitania do Rio Grande. A Capitania do Rio Grande constituiu o segundo lote doado a João de Barros e a Aires da Cunha, da foz do rio Jaguaribe a norte, até à Baía da Traição, a sul. Tendo o empreendimento de ambos sido direcionado ao primeiro lote (a Capitania do Maranhão), devido às dificuldades ali encontradas em 1535, este segundo lote permaneceu abandonado56. O principal porto frequentado pelos franceses na Capitania do Rio Grande era o rio Potengi, onde também se detinham navios ingleses. Naquele ancoradouro se procediam aos reparos necessários nas embarcações e obtinham-se provisões frescas ("refrescos"). De acordo com Frei Vicente do Salvador57, no Rio Grande os "[...]franceses iam comerciar com os potiguares, e dali saíam também a roubar os navios que iam e vinham de Portugal, tomando-lhes não só as 56 57

http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitania_do_Rio_Grande SALVADOR, Frei Vicente do. HISTÓRIA DO BRASIL. Edição revista por Capistrano de Abreu. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2010.


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