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VOCÁBULOS
Como o trabalho gira em torno de relações sexuais entre homens, não tem como falar sobre esse assunto sem utilizar o vocabulário próprio da cultura homossexual masculina, e para situar m elhor o leitor no trabalho, é necessário fazer algumas observações às algumas palavras (e símbolos) utilizados para definir algumas práticas e características. É importante ressaltar que dentro desse texto, eu estou sempre me referindo ao público masculino, a partir do meu olhar como um homem gay. Reconheço a importância de falar sobre outras sexualidades e gêneros, mas não possuo conhecimento nem a vivência de como é essa temática sob esse ponto de vista. Estou falando de um público restrito (e privilegiado).
Ao longo do trabalho, eu optei na maioria das vezes pela utilização do termo entre homens ao invés de homossexuais, devido à grande parte dos homens presentes nos espaços que irei discutir não se orientarem sexualmente dessa forma. Utilizo a palavra prática constantemente em meu trabalho e, salvo momentos em que eu especificar quais, as práticas referidas são atos sexuais. Uma alternativa é a palavra pegação. Os espaços públicos aos quais me refiro são lugares incomuns para tais práticas. No caso dos banheiros, essas práticas são chamadas de banheirão.
Para melhor entendimento sobre o banheirão, alguns termos devem ser assimilados. Chamo de vigilância os agentes que atuam como opressores às práticas, tais como seguranças, zeladores, policiais, e seus dispositivos e intervenções espaciais. Para atividades em grupo, geralmente um indivíduo se propõe a ser o olheiro, ou seja, ele vigia o acesso ao banheiro e avisa aos praticantes quando alguém estiver entrando. E quando um local se torna conhecido por suas práticas, passa a ser considerado um lugar queimado.
No caso dos espaços virtuais como aplicativos de encontros e chats online, onde é necessário chamar atenção em poucos caracteres, esse vocabulário é mais diverso e inclui não só palavras como símbolos e emojis que possuem significados próprios como preferências sexuais, fetiches e uso de drogas, como por exemplo: ⬆ “ativo”, ⬇ ”passivo”, ↕ “versátil”, �� ”maconha”, ⚡ “cocaína”, �� relativo a sexo oral, �� urso (homem peludo), �� referente ao tamanho do pênis, entre outros. Em um ambiente assumidamente gay, como o aplicativo Grindr, homens não assumidos, “fora do meio” ou casados, frequentemente pedem por sigilo, não exibindo seus rostos ou com fotos apenas de partes do corpo para não serem identificados. Um encontro fora do aplicativo, não surpreendentemente é apelidado de real, e local é como eles chamam o lugar que pode hospedar essas práticas no real.