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CASTELO BRANCO | CASTRELOS

157 TOMO IX

da Freixeda... Consiste a serra de seus principaes braços, o qual hü delles tem por nome o Casal Copado de aprazivel arvoredo, outro chamado Cova de Manoyo a etymologia lhe proveo de hum esforçado e valeroso Foragido (e ainda existem vestigios de sua habitaçam) o qual se chamava Manoyo, e o monte em esse tempo ser mais encuberto e com este exercicio dando varios rodeos ao monte sempre por estradas e caminhos emcubertos fechados de arvoredos, que só a quem frequentava seus retiros podiam ser manifestos, e desta sorte andavam os moradores circumvizinhos em grande maneira sobre saltados» (322). CASTRELOS A poucos passos da povoação de Castrelos, concelho de Bragança, há a capela de São João, divisando-se ainda claramente os andares defensivos de uma fortificação no género dos castros, se bem que os naturais lhe não dão este nome. A oriente do povo há uns penedos, ao que parece dispostos intencionalmente com intuitos defensivos, e por entre eles aparecem ainda restos de tijolo e argamassa. Viria desta espécie de castelo o nome ao povo? Diz a lenda que ali viveu e está sepultado um general romano (323). Argote (324) traz a seguinte inscrição aparecida em Castrelos: SEMPRON. TVDIT NVMORVM. IX. M. que Moreri (325) diz ter aparecido com muitas moedas de ouro em 1591, quando se abriram os alicerces para uma capela e que pertencia ao pretor Caio Semprónio. Da inscrição não se pode concluir tal, mas sim que ali estão nove mil moedas de Sempronio Tudit [ano?] [105]. O infeliz que primeiro encontrou esta lápide, no século XVI, segundo diz um autor coevo, foi preso por se supor que achara também o dinheiro e não o querer dar à fazenda real, nem descobrir o destino que lhe dera, e morreu na prisão em consequência dos maus tratos que lhe aplicaram (326).

(322) Memórias Paroquiais, 1758. «O Arqueólogo Português», tomo 3, p. 193. (323) PINHEIRO, José Henriques – Estudo da estrada militar romana de Braga a Astorga, 1895, p. 111. (324) A RGOTE, Jerónimo Contador de – Memórias para a história Eclesiástica do Arcebispado de Braga, tomo 6, p. 174. (325) MORERI – El Gran Dicionario. LOPO, Coronel Albino, O Arqueólogo Português, vol. 13, p. 248. Santuário Mariano, 1716, tomo 5, p. 554. (326) Ver tomo I, p. 4 e 5, destas Memórias.

MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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