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BOUSENDE | BRAGANÇA

125 TOMO IX

grande som que dizem ouvir-se em Ferreira, povoação distante dez quilómetros, de onde vem, segundo a lenda, que essa pedra oscilante foi um sino primitivo dos cristãos que, não podendo utilizar os de metal, se serviam dele para chamar os fiéis a oração, sem despertar a perseguição dos mouros. Da inscultura rupestre, que fica neste mesmo fragueiro do Berço e da anta, sita um pouco mais acima noutro fragueiro, falaremos nos artigos respectivos. «A serra que entra nesta freguesia [de Bousende] chama-se Penha Mourisca, que tem uma légua de comprido, e outra de largo, habitação antiga dos Mouros, na qual se acham os vestígios de moradias deles, feitas de pedra e cal; junto da mais alta penha acha-se um letreiro com letras mouriscas, que não se podem ler; nesta serra se tem achado variedade de instrumentos, como: martelos, argolas e outras coisas que mostram ter sido povoação antiga» (250) [75]. BRAGANÇA No cimo da rua chamada Costa Grande, em Bragança, à mão direita de quem sobe, há uma casa com a porta em arco, vendo-se em duas aduelas desta os restos de uma inscrição de letra gótica. Falta parte do letreiro, que devia estar na aduela do meio, restando apenas o gravado nas duas das extremidades, que por isso não fazem sentido, podendo ler-se apenas: na da direita Gar/cia/M e na da esquerda E dz/do/XIII. Deve notar-se que o E, d e m têm a forma da letra uncial usada no século IV e novamente nos séculos, XIV, XV e XVI, e que o X do algarismo romano é aplicado, valendo portanto quarenta (251). Sobre o tipo da forca de Bragança e de Freixo de Espada à Cinta ver os desenhos do Livro das Fortalezas, de Duarte de Armas, existente na Torre do Tombo, manuscrito do século XVI (252). Sobre a Torre de Menagem de Bragança, vulgarmente chamada Castelo, ver os tomos I e II destas Memórias. Sobre se Bragança foi a Brigantium e a Julióbriga dos geógrafos romanos, ver adiante o artigo Castro de Avelãs e o tomo I, p. 1 e seg., destas Memórias. Ver adiante o artigo Pinela, onde se aponta a residência do representante real antes de Bragança ser povoada. Ver tomo I, p. 15 e seg., onde

(250) CARDOSO, Luís – Dicionário Geográfico, 1747. «O Arqueólogo Português», tomo 3, p. 222. (251) O Arqueólogo Português, tomo 2, p. 288, onde se encontra uma fotogravura do letreiro; MILLARES CANO, Agustin – Paleografia Española, tomo 1, p. 26 e 231. (252) Em O Arqueólogo Português, vol. 25, p. 30-31, vêm transcritos os desenhos das forcas de Bragança e de Freixo de Espada à Cinta.

MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA


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