Torre de Moncorvo na rota da Faiança a partir do século XVI

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A Igreja da Misericórdia, situada a uma dezena de metros foi mandada construir no século XVI (fot. 14).

A casa em questão era constituída por rés-do-chão e 1º andar. Logo à entrada, havia um pequeno quarto e, mais ao fundo, uma entrada para a loja, designada “a do burro”. No piso superior, dois quartos, um corredor e uma cozinha tradicional com chupão em chapa de ferro e lava loiça em xisto, e ainda um logradouro destapado e nivelado com uma camada de cimento. Na parede contígua à casa onde nasceu o escritor Adriano de Campos Monteiro, em abandono e completa ruína, estavam aplicados uns azulejos brancos que serviam de cenário de fundo para a arte fotográfica do arrendatário. Fot. 14

A demolição interior trouxe-nos duas preciosas informações. Por um lado, a demolição do muro tardoz da “loja do burro” permitiu ter acesso a um aterro que havia sido cimentado na data supra referida e, por outro, verificou-se que a casa tinha ligação, através da porta, ao nível do 1º andar, com a casa nº 12, uma das características das judiarias. A porta, em época indeterminada, foi tapada com ripas em madeira e argamassada em barro, designada esta técnica construtiva de tabique. A casa fazia, também, ligação, através do quintal, com a Sinagoga na Judiaria. Já nos inícios de 1500, um cristão-novo, de nome o Vasco Pires, o do Castelo, teve a responsabilidade de gerir os dinheiros para a construção da Igreja da Misericórdia (ANDRADE e GUIMARÃES: 2012. 8). Os seus descendentes, nomeadamente o seu neto, Manuel Isidro, com grande ligação aos negócios em muitos locais das rotas migratórias da expansão marítima portuguesa (ANDRADE e GUIMARÃES: 2012. 7), foi preso nas masmorras da Inquisição em Lisboa, tendo-lhe sido servida a comida numa palangana (prato de faiança de grandes dimensões).

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