Lugares e suas interfaces intraurbanas [transformações urbanas e periferização]

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políticas de desenvolvimento sustentável” para a capital paraibana. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) juntamente com a Caixa Econômica Federal, o Governo Federal via Programa de Aceleração do Crescimento (PAC- Cidades Históricas), a Fundação Apolônio Salles de Desenvolvimento Educacional (Fadurpe), a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) estariam à frente dos “planos de revitalização do centro histórico da cidade” (centrados no antigo Cais do Porto – Arena de Eventos e Cultura, na requalificação das vias de acesso à Arena de Eventos e Cultura e na implantação do Parque Ecológico do Rio Sanhauá), bem como de outros projetos de intervenção nos espaços urbanos igualmente importantes e históricos. De outro lado, lançaremos luzes sobre as ações articuladas por indivíduos e grupos, analisando as tentativas de ampliação de processos participativos no planejamento e gestão da cidade de João Pessoa. Dentre outros aspectos polêmicos deste projeto de intervenção no Porto do Capim, está a previsão de retirada de uma comunidade ali residente desde a década de 1940. São aproximadamente quinhentas famílias, cerca de duas mil e quinhentas pessoas que estão sob ameaça de serem retiradas das margens do rio. Estaria prevista a remoção dessas famílias para apartamentos financiados pelo programa de habitação social do governo federal – Minha Casa Minha Vida. Um movimento de resistência organizada pôde ser evidenciado no evento #OcupePortoDoCapim1, de primeiro de junho de 2013, mobilizando a comunidade e os cidadãos pessoenses a resistirem à remoção, embora já atuassem na área, desde finais da década de 1990, grupos da sociedade civil organizada voltados à educação e à cultura dando visibilidade àt causa da comunidade, conforme atestam nossas pesquisas (SCOCUGLIA, 2004, 2010).

1 O #OcupePortodoCapim se inspirou no “Occupy Wall Street” - um movimento de protesto contra a desigualdade econômica e social, a ganância, a corrupção e a indevida influência das empresas - sobretudo do setor financeiro - no governo dos Estados Unidos. Iniciado em 17 de setembro de 2011 em Nova York, depois em Los Angeles, Oakland, Chicago, se expandiu para várias outras cidades ao redor do mundo. Desse movimento original surgiram o Ocupe Estelita e outros “ocupes” em vários lugares do Brasil e do mundo. O #OcupePortoDoCapim consistiu em um dia de atividades culturais na comunidade, organizado pela Comissão Porto do Capim em Ação, em parceria com o movimento Varadouro Cultural, a Fundação Casa de Cultura Cia. da Terra, o Projeto de Extensão da UFPB Subindo a Ladeira, dentre outros agentes culturais. Houve divulgação nas redes sociais incentivando as pessoas a atravessarem a linha férrea existente nas proximidades e que divide a comunidade do resto da cidade e a despertarem para a existência da mesmo e sua condição de invisibilidade perante a sociedade pessoense, bem como a importância de sua causa.

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