Espaços livres públicos (e book)

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ANÁLISE CONFIGURACIONAL DOS ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS EM CIDADES DE PORTE MÉDIO

Alexandre Augusto Bezerra da Cunha Castro Universidade Federal da Paraíba - João Pessoa, PB

Paulo Vitor Nascimento de Freitas Universidade Federal da Paraíba - João Pessoa, PB

José Augusto Ribeiro da Silveira Universidade Federal da Paraíba - João Pessoa, PB

Os sistemas de espaços livres constituem um elemento importante para os processos de produção do espaço urbano e da manutenção da qualidade de vida nas cidades (QUEIROGA, 2011). No entanto, as cidades brasileiras apresentam problemas decorrentes de seu rápido crescimento e da insuficiência de políticas eficazes para o ordenamento territorial – como aquelas focadas na melhoria dos espaços livres públicos urbanos –, que têm como consequência a queda da qualidade de vida da população (LONDE; MENDONÇA, 2014). Este processo de urbanização ocorrido no século XX possui como características a concentração populacional em cidades de grande e médio porte, que também acarretou uma concentração econômica, cultural, de infraestrutura, de informação e de poder de articulação, assim como dos problemas e conflitos gerados pelo capital, que se expressam em diferentes lógicas inter-relacionadas, e que se traduzem na qualidade da acessibilidade e no fenômeno da segregação (OLIVEIRA JÚNIOR, 2008). Nesse contexto vale salientar o processo

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de degradação dos espaços públicos, como resultado de crescimento urbano fragmentado e desordenado. Nesse processo de produção do espaço intraurbano, as cidades de porte médio, que na década de 1940 representavam 15% da população total do país, na década de 2010 passaram a representar 27% da população total (STAMM et al., 2013). Essas cidades passaram por um acelerado processo de crescimento populacional na década de 2000, o que, de acordo com Machado et al. (2015), pode ter contribuído para modificações na configuração espacial dessas cidades, a exemplo da dispersão e fragmentação do tecido urbano. De acordo com Medeiros (2013), as cidades brasileiras estão entre as mais segregadas do mundo; seus espaços públicos possuem uma configuração dispersa e fragmentada, contribuindo para um quadro de ineficiência morfológica da urbe devido à baixa acessibilidade espacial. É de suma importância analisar a inserção dos espaços livres públicos na cidade pela quantidade de funções que têm exercido na cidade contemporânea. Bortolo (2015) afirma que os espaços públicos foram exercendo novas funções ao longo do tempo. Tradicionalmente ligados ao uso religioso e vistos como áreas de convívio social, de visibilidade das pessoas e de circulação, passaram a desempenhar a função de promover atividades de lazer, comerciais, dentre outras. Dessa forma, faz-se necessário estudar e caracterizar a configuração dos espaços públicos e o potencial de acessibilidade, como forma de contribuir para o entendimento das dinâmicas socioespaciais e de como a configuração do desenho urbano, como um dos principais aspectos, afeta o movimento natural das pessoas, o uso do solo e o alcance das oportunidades urbanas. Portanto, o objetivo principal desta pesquisa é estudar os espaços livres públicos em cidades médias.

APORTE TÉORICO E METODOLÓGICO A eficiência dos espaços livres públicos possui uma relação direta com a morfologia urbana, uma vez que o arranjo destes elementos na estrutura urbana pode facilitar ou dificultar o potencial de deslocamento das pessoas na cidade (HILLIER; HANSON, 1984). Dessa forma, a 127


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