Apresentação Seminário GEOPI

Pesquisa e Inovação Responsável:

Princípios e possíveis interfaces com a política pública Marko Monteiro Dept. de Política Científica e Tecnológica UNICAMP

Governança da CT&I • Como organizar, orientar, tomar decisões em torno dos processos da CT&I? • Quem são os atores que participam, e como?

• A ciência se autorregula? Ou deve responder à sociedade? Como?

• O mercado deve ser o grande regulador/avaliador da CT&I? • Como medir/avaliar/antecipar impactos sociais?

Para além das normas mertonianas A produção de conhecimento confiável depende de ”imperativos institucionais” que garantem o ethos da ciência moderna: • Comunismo • Universalismo • Desinteresse • Ceticismo organizado

Robert Merton

• Polanyi e a ”república da ciência”: não deve haver interferência externa na ciência, que se autorregula • Governança deve ser deixada para os próprios cientistas: avaliação por pares

Contrato social da ciência?

• No pós II Guerra, houve um amplo acordo em torno da separação entre ciência básica e aplicada, e um modelo linear de inovação • Tal modelo entra em crise ampla a partir dos anos 1980 (EUA): escândalos éticos, crise ambiental, desconfiança do público com o gasto na C&T • EU: desconfiança com relação ao papel dos experts na política (Wynne); Vaca louca, transgênicos • Brasil? Esses modelos explicam nosso contexto?

Superando a governança tradicional da CT&I • A CT&I é fonte de incertezas e controvérsias, portanto não possui ligação linear com outras esferas da sociedade; não se separa facilmente da política ou da sociedade (CTS) • Jasanoff: necessidade de pensar o incerto, incompleto, os valores na governança da C&T: tecnologias da humildade • Incertezas irredutíveis (Guston) tornam o investimento na previsão muito incerto

CT&I e democracia • Como garantir que a C&T não sejam isoladas, mas dialoguem com a sociedade?

• Como manter a confiança que o investimento na C&T são necessários?

• Como trazer os não-especialistas para as discussões de CT&I? • Como garantir que haja maior alinhamento entre as forças que produzem inovações e os cidadãos (não apenas consumidores)?

• A PIR se propõe a abordar todos esses elementos

O que é PIR • Pesquisa e Inovação Responsável: uma orientação da Política Científica e Tecnológica • Bastante forte na EU, é cada vez mais influente em outros países como os EUA • Definição: “Responsible innovation means taking care of the future through collective stewardship of science and innovation in the present.”

(Stilgoe, Owen and Macnaghten, 2013)

Anticipation

Inclusion

•From predictive to participatory •Expectations and Imaginaries •Tools •Anticipatory Governance •Vision assessment •Scenarios •Barriers to anticipation •Guston, 2012; van Lente, 1993; •Fortun, 2005; Barben et al, 2008

•The ‘new’ scientific governance •Dialogue and ‘mini-publics’ •The challenge of legitimacy •Input and outputs •Wilsdon and Willis, 2004; Grove-White et al, 1997; •Goodin and Dryzek, 2006; Irwin et al, 2013; • Lovbrand et al 2011

Responsible innovation Reflexivity

Responsiveness

•From 1st to 2nd order •Tools •Codes of conduct •Midstream Modulation •Wynne, 1993; Schuurbiers, 2011; •Swiestra, 2009; Fisher et al, 2006

•Answering and reacting •Diversity and resilience •Value-sensitive design •De facto governance •Political economy of innovation •Responsibility as metagovernance •Pellizoni, 2004; Collingridge, 1980; Friedman, •1996; Stirling, 2007; Kearnes and Rip, 2009

Dimensões da PIR (Dimensões AIRR) Antecipação (descrever e considerar possíveis impactos, esperados e não esperados) Inclusão (deliberar e envolver usuários, stakeholders e públicos mais amplos)

Reflexividade (refletir sobre compromissos e premissas imbricadas na CT&I)

Responsividade (capaz de responder a estímulos externos e ter flexibilidade para ajustar-se a eles quando desejável)

Pesquisa e Inovação Responsável

Inovação Responsável na empresa?

Inovação Responsável na UNILEVER

”Chaves” da PIR na UE

O Projeto RRI Practice – Pesquisa e Inovação Responsável na Prática

The main aim of RRI-Practice is to analyse RRI related discourses and pathways to implementation, including barriers and drivers, in 22 research conducting and research funding organisations, in 12 European and non-European countries, in order to identify, understand, disseminate and promote RRI implementation best practices that can be scaled up at European and global levels.

Uma visĂŁo global da PIR

Buscando fomentar a mudanรงa institucional

O que significa fazer PIR no Brasil?

• Como se entende responsabilidade no contexto brasileiro?

• Valores sociais, história e dinâmicas institucionais próprias • Desafios e demandas são diferentes das europeias e de outros países • Quais são os nossos grandes desafios? Nossas demandas?

Democracia e CT&I • Como imbricar a PIR na PCT do país, dada a forma como a CT&I foi implementada aqui?

• Nossos imaginários sociotécnicos são por vezes nacionalistas, hierárquicos e tecnocráticos: isso pode/deve mudar? De que formas?

• Ciência muitas vezes isolada das demandas sociais: isso pode melhorar? Como?

PetrĂłleo: nacionalismo e busca da autonomia energĂŠtica

GetĂşlio Vargas: populismo, ditadura

Lula: petróleo como ”bilhete premiado”

Etanol: energias alternativas, agricultura

Anos 1970: integração nacional

Área plantada e possíveis áreas de expansão da cana (Kohlhepp, 2010)

Desafios contemporâneos

• Como enfrentar esses desafios de forma responsável, com cuidado para os futuros que desejamos?

• A PIR (RRI) pode/deve ter um papel nesse processo?