Cp132552

Page 65

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

quais precisam de muita harmonia, e que não têm nenhum sentido se praticado individualmente!1 É necessário ressaltar que as reivindicações expressas pelos entrevistados não são nada extravagantes e megalomaníacas, mas consistem no respeito e na consideração dos ritmistas – e do trabalho que eles fornecem −, assim como na ajuda aos gastos que eles têm para participar da bateria. Essas reivindicações podem ser qualificadas, portanto, de humildes. Talvez isso permita emitir a hipótese de que essa fraqueza ou até a ausência de reivindicações mostra que os ritmistas aceitam, pelo menos em parte, o seu estatuto inferior em relação à hierarquia da escola. Talvez isso possa ser relacionado com a perda de velocidade dos movimentos de mobilização no seio das favelas cariocas, como o explica Camille Goirand2.

A disciplina na bateria se traduz igualmente na relação construída em torno do consumo de álcool, cigarros e até drogas, sendo essa o resultado de uma política do presidente da escola, de uma obrigação imposta pelo mestre, e de uma reivindicação pessoal dos ritmistas.

1

Qual a graça de um tamborim solitário, ou qualquer outro instrumento de bateria, especialmente se for tocado com ritmos de bateria? 2 Camille Goirand, La politique des favelas, Paris, Karthala, 2000, 370 p.

65


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.