Revista INEAna nº 1

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Índices específicos para determinados contaminantes, frequentemente pesticidas, utilizam, sobretudo a fauna como indicador biológico em ambientes lóticos. Araújo (2000), trabalhando no Laboratório da Agência Ambiental do Estado do Rio de Janeiro (atual GELAB – Gerência de Laboratórios do INEA), contribuiu com a estruturação de um índice que tem como referência a macrofauna bentônica, ao propor o Índice Biológico do Rio de Janeiro (IBAR), voltado para os rios do Estado e criado dentro do projeto FEEMA/ Gtz por Friedrich, Coring & Araújo em 1995 (dados não publicados). Este índice, entretanto, não utiliza a categoria taxonômica de espécie em função da ausência de conhecimento de um inventário completo de espécies de macroinvertebrados bentônicos e sua autoecologia no Brasil (Araújo, 2000). As comunidades de microalgas planctônicas e perifíticas também vêm sendo utilizadas como descritores/indicadores de qualidade de água. Recentemente, Padisák et al. (2006) estabeleceu um índice (Índice Ecológico Q) que informa o “status” ecológico de diferentes lagos húngaros, utilizando a abordagem de associação de espécies, como proposto por Reynolds (2002). Microalgas foram incorporadas a índices bióticos como indicadores de qualidade de água ou indicadores de nível trófico em diversas propostas de índices (Nygaard, 1949; Sládeček, 1973; Padisáck et al., 2006, dentre outros) que foram aplicados em alguns reservatórios do nordeste do Brasil, revelando resultados distintos. Vários são os índices citados na literatura, e aplicados em outras regiões do mundo, que utilizaram diatomáceas como indicadoras (Coste & Ayphassorho, 1991; Lenoir & Coste, 1996; Watanabe et al., 1986 e Kelly & Whitton, 1995, Citados PNMA II - MMA, 2010 e Wu, 1999, citado em Carraro, 2009). No Brasil, alguns trabalhos selecionaram microalgas como indicadores de qualidade da água, destacando-se Lobo et al. (2002), que consideram as diatomáceas epilíticas e Salomoni et al. (2006) que utilizaram diatomáceas no rio Gravataí. Os esforços feitos pela GEAG para desenvolver índices descritores ou preditivos buscaram, sempre que possível, explorar a totalidade dos dados disponíveis, selecionando aqueles de maior relevância

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ecológica. Dessa forma, os índices utilizaram dados biológicos (comunidade fitoplanctônica) e também dados físico-químicos. Neste trabalho, serão apresentados quatro índices desenvolvidos pela GEAG, que vêm sendo utilizados como ferramenta de gestão e divulgação da informação dos corpos d’água considerados.

4. Índice Preditivo de Mortandade de Peixes da Lagoa Rodrigo de Freitas Encravada na malha urbana de uma área de alta densidade populacional na cidade do Rio de Janeiro, a Lagoa Rodrigo de Freitas é isolada do mar pelas praias de Ipanema e Leblon. Comunica-se com o mar pelo canal do Jardim de Alah e recebe despejos de origem doméstica, classificando-se como eutrófica (OECD, 1992). Reduzida a apenas 50% de sua área original, possui hoje 2,2 km2 de área, 2,8 m de profundidade média e máxima de 4 m. A rede coletora de esgoto foi expandida após melhorias feitas em 2001, com a instalação de galerias de cintura, que eliminaram parte desses despejos em tempo seco. Entretanto, ainda acontecem eventos de mortandade de peixes, que atraem atenção da mídia nacional e levam os órgãos públicos de gestão ambiental a intensificar esforços para seu controle. O monitoramento sistemático conduzido pelo INEA neste sistema aquático data da década de 70 (iniciado pela antiga FEEMA) e, desde 2002, tem frequência mínima semanal. O monitoramento é feito através de coletas semanais qualitativas e quantitativas do fitoplâncton e de nutrientes, e duas vezes por semana das demais variáveis abióticas como: salinidade, temperatura e oxigênio em toda a coluna d'água, além da transparência (disco de Secchi). Todas as coletas foram realizadas em quatro estações de amostragem e, a partir de 2010, em oito estações. A vantagem da incorporação do dado biológico deve-se à alta sensibilidade dos organismos vivos, o que permite informar sobre a integridade do ambiente aquático (Reynolds, 2002; Padisák et al., 2006), sobretudo quando voltado para a preservação de fauna e flora. A realização de um monitoramento sistemático busca fornecer subsídios para a proposição de

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