Conexão e sociabilidade do espaço - criação de uma rede de praças em um bairro de Joinville/SC

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conexão e sociabilidade do espaço (

rede de praças do bairro Guanabara em Joinville, SC

)

júlia de oliveira rosa orientadora: marianne gomes trabalho de conclusão de curso arquitetura e urbanismo 2020


FICHA CATALOGRÁFICA (Catalogado na fonte pela Biblioteca Centro Universitário Católica de Joinville) Carla Maria Rodrigues de Souza CRB-1640/0

Rosa, Júlia de Oliveira Conexão e sociabiliadde do espaço: criação de uma rede de praças para o bairro Guanabara (Joinville, SC) / Júlia de Oliveira Rosa — Joinville, 2020. 65 p. : fig; fotograf; graf; map; tab; plant; outros; color. Orientador: Marianne Medeiros Gomes Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Centro Universitário Católica de Joinville/SC,Curso de Arquiterura e Urbanismo. Inclui bibliografia. 1. Praça-rua. 2. Espaço público. 3. Projeto urbano-comuniade I. Gomes, Marianne Medeiros orient. II. Título CDD 711.4


conexão e sociabilidade do espaço

sumário 1 Rede de espaços públicos 1.1 Problemática: abandono do espaço público 1.2 Justificativa: ruas e praças como fortalecedor da comunidade 2 Objetivos 2.1 Objetivo geral 2.2 Objetivos específicos 3 Metodologias 3.1 Embasamento 3.2 Diagnóstico 3.3 Projeto 4 Referencial teórico/conceitual 4.1 Referêncial teórico 4.1.1 Ocupação urbana e o papel das ruas e praças durante a história 4.1.2 A vida e sociabilidade nos entre-lugares da cidade 4.1.3 Coesão urbana e adaptação dos espaços públicos 4.2 Análise de correlatos 4.2.1 Centro Aberto de São Paulo: urbanismo tático e levantamento de dados 4.2.2 Remodelação da cidade antiga de Banyoles: pedestrização e design research 4.2.3 Superkilen: colagem e referências culturais 4.3 Estudo de caso - revitalização Beira Rio de Itajaí: parque linear e conexão urbana 4.4 Tabela síntese das análises 5 Diretrizes 6 Diganóstico e definições em macro e mesoescala 6.1 Diagnóstico em macroescala e seleção do bairro de estudo 6.2 Diagnóstico em mesoescala e seleção dos terrenos 6.3 Definição da rede de praças e selação do recorte 7 Diagnóstico e definições em microescala 7.1 Leitura do espaço 7.2 Definições projetuais do recorte

júlia de oliveira rosa orientadora: marianne gomes trabalho de conclusão de curso

8 Projeto 8.1 Introdução e conceito 8.2 Projeto do recorte 8.2.1 Praça Curumim 8.2.2 Praça Caxiri 8.2.3 Conexão Rua Diogo S. Pereira 8.3 Detalhamentos 8.3.1 Pavimentação geral 8.3.2 Mobiliário padrão 8.3.3 Playground Praça Curumim 8.3.4 Playground Praça Caxiri 8.3.5 Quiosque para feira Praça Caxiri Referências


Se a cidade fosse uma redação e os espaços dela, as palavras; os edifícios seriam os substantivos; os “vazios” seriam os conectivos e; os eventos que permeiam eles, os verbos. Sem conectivos não há coesão; sem verbo não há ação; Sem pessoas e espaços públicos a cidade deixa de lado sua única motivação.

123 introdução, objetivos e metodologia


1.1 problemática O descaso com os espaços públicos é uma problemática presente em cidades pelo mundo todo. Ruas, calçadas, parques e praças, quando debatidas pelas autoridades das cidades, são destratados e a pauta continua sendo sobre o crescimento das cidades. Esquecem-se do tratamento ao nível do pedestre, onde concentrase a vida urbana. Decisões urbanísticas feitas no início do século XX são a grande base das áreas urbanas e ecoam ainda hoje como algo a ser seguido. Enquanto cidades como Amsterdã e Delft estão conseguindo devolver as ruas para as pessoas e ir na contramão das correntes do funcionalismo, a grande maioria ainda sofre com a desvalorização do tema. Como afirmam Jordi Borja e Zaida Muxí, “mais rodovias urbanas significam pior circulação e menos cidade”, referindo-se ao espraiamento da cidade de São Paulo na década de 90. Ao contrário do que se observa nas cidades contemporâneas, os centros urbanos, historicamente, desenvolveram-se ao redor dos espaços públicos. Durante toda a Idade Média, eles cresceram e adaptaram-se no decorrer dos anos de acordo com as necessidades da população. O ir e vir na cidade e a proximidade entre diversas funções eram o seu grande atrativo.

1.2 justificativa Isso mudou drasticamente a partir da década de 1930, com o funcionalismo. Ao longo de toda a história da habitação humana, ruas e praças formavam pontos focais e locais de encontro, mas com o advento do funcionalismo, ruas e praças foram literalmente declaradas indesejadas. Em vez disso, elas foram substituídas por rodovias, caminhos e intermináveis gramados. (GEHL, 1971,

Joinville, assim como boa parte dos centros urbanos brasileiros, recebeu o reflexo dessas correntes funcionalistas. A cidade, que tem a sua origem no século XIX, passou por uma processo de modernização o qual resultou em seu espraiamento, na redução da qualidade das praças e na priorização dos carros como meio de transporte. Hoje, seus espaços públicos são, em sua maioria, genéricos, pouco arborizados, escassos e isolados uns dos outros. Em decorrência disso e das questões que cercam a sociedade contemporânea, como o individualismo, a segregação social, a hegemonia da internet e a constante busca pelo progresso econômico, esses espaços encontramse em uma posição de destaque como peça chave para a retomada de cidades mais humanas e conectadas.

São nos espaços públicos onde ocorre a maior parte da troca entre pessoas de uma mesma comunidade. Quando esses espaços estão em desuso ou não foram apropriados devidamente por aqueles que ali convivem, uma peça essencial para o funcionamento daquela sociedade encontra-se em falta. Isso pois, é com o convívio do dia a dia, despretensioso e ao acaso proporcionado pelo território público, que se cria uma rede de conhecidos em uma localidade onde se vive, trabalha ou frequenta. A fim de que ocorra o desenvolvimento mais humano e com maior qualidade de vida daquela localidade, o espaço público deve ser um de seus protagonistas, mesmo que sua natureza seja de passar-se despercebido. Quando o espaço das ruas e praças são notados pelos moradores da cidade e acontece uma identificação entre as duas partes, então esses entre-lugares passam a fazer parte da rotina consciente dessas pessoas. Enquanto os edifícios impõem programas rígidos e servem a funções claras, as ruas e praças são espaços abertos a interpretação. São por vezes considerados as sobras dos edifícios e, por isso, acabam por passar despercebido. Assume-se como algo que apenas existe e, como

Igor Guatelli (2019, p. 22) afirma: (...) esses espaços, como espaços residuais aparentemente sem uso das cidades, as sobras, estariam sempre abertos ao constante processo de apropriações diversas, livres da influência de qualquer imposição ocasionada por uma precondição.

O dicionário Michaelis, em suas definições da palavra rua, a denomina como “qualquer lugar que não seja a residência ou o local de trabalho” e “caminho público em uma cidade, vila etc., ladeado por casas, prédios ou muros”. Com isso, entende-se que o espaço público possui o potencial da própria falta de expectativa sobre ele mesmo. Levando em consideração a necessidade de um olhar mais próximo do pedestre na cidade e do fortalecimento do senso de comunidade como um meio de melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes, esse projeto busca utilizar a arquitetura como um meio de apropriação do acaso. Por meio da criação de uma rede de conexões entre as praças de um bairro da cidade, procura-se estimular o uso frequente da rua e instigar a apropriação dos espaços públicos, avivando a vida social da comunidade no seu âmbito físico.

2 objetivos “Das cidades, o que mais gosto são as ruas, as praças, as pessoas passando na minha frente e aquele que provavelmente eu nunca vou ver novamente; A breve e maravilhosa aventura como um incêndio batatas fritas, restaurantes, cafés e livrarias. Em uma palavra: tudo o que é dispersão, intuitivo, jogo fantasia e realidade ”. (PLA*, 1927, Cartas de Iluny) *Josep Pla foi o primeiro escritor moderno de livros de viagem na Catalúnia

2.1 objetivo geral Projetar uma rede de conexões entre espaços públicos de um bairro de Joinville. 2.2 objetivos específicos # Implementar diretrizes de projeto as quais proporcionem a sociabilidade dos espaços e garantam a identidade da rede; # Realizar o diagnóstico para a escolha do bairro de implantação e para a compreensão do funcionamento dos espaços dele. # Propôr uma rede de conexões entre praças propostas e existentes; # Detalhar o desenho urbano de uma conexão , de uma praça preexistente e de uma nova praça da rede proposta.

3 metodologias A fim de chegar no objeto final, o processo de pesquisa e projeto será composto por sete metodologias, as quais estão agrupadas em 3 momentos do trabalho (embasamento, diagnóstico e projeto). Embasamento a. Revisão bibliográfica: pesquisa e leitura de obras acadêmicas sobre a temática para obter um maior entendimento sobre o uso e a função dos espaços públicos na cidade, e explorar as possibilidades apresentadas pelos autores. b. Estudos de caso e de correlatos: análise de obras já construídas, buscando compreender os fluxos, funcionalidade, materialidade, estética, os impactos no entorno e o próprio processo de projeto utilizado.

Diagnóstico c. Diagnóstico da cidade: compreender as relações e a dependência entre os bairros (macroescala), estudar as dinâmicas internas dos bairros pré-selecionados (mesoescala) e analisar as ruas e praças presentes neles (microescala) para compreender as necessidades e potencialidades locais; d. Levantamento da área de intervenção: investigação da vida pública do bairro selecionado, explorando as questões físicas, sociais, organizacionais e estéticas;

Projeto e. Definição das diretrizes: delimitação dos princípios norteadores do projeto da rede de conexões de espaços públicos; f. Zoneamento em meso e microescala: definição da rede, por meio da seleção e classificação dos espaços públicos e suas conexões; g. Projeto de um recorte da rede: projeto da conexão entre dois espaços públicos, utilizando como base as diretrizes e o zoneamento definidos.


4.1 Referencial teรณrico 4.2 Anรกlise de correlatos 4.2 Estudo de caso

4

referencial teรณrico conceitual


4.1.1 Ocupação urbana e o papel das ruas e praças durante a história

4.1.2 A vida e sociabilidade nos entre-lugares da cidade

4.1.3 Coesão urbana e adaptação dos espaços públicos

4.1

REFERENCIAL TEÓRICO


4.1 referencial teórico 4.1.1 Ocupação urbana e o papel das ruas e praças durante a história As cidades, em síntese, são resultantes de aglomerados de pessoas que se reúnem ao redor de um espaço. Levadas pelas oportunidades, pela proximidade entre diferentes funções e pela grande concentração de informações em um só lugar, a cidade pode ser considerado um grande ímã, como conceitualiza Raquel Rolnik (1988, p. 12) em O que é cidade?. Da mesma forma, o urbano remete ao coletivo pois “na cidade nunca se está só (...). Ele (ser humano) é um fragmento de um conjunto, parte de um coletivo” (ROLNIK, 1988, p. 19). Assim, entende-se que o ambiente público é, desde o princípio, o centro da estruturação de uma cidade. Seja na pólis grega ou no fórum romano, a dimensão pública dos espaços da cidade e a dimensão política de seus habitantes foram os pontos de partida para o desenvolvimento e consolidação da ideia de urbano. Foi durante a Idade Média, com o declínio do sistema feudal, que as cidades se tornaram uma realidade por toda a Europa. Rolnik (1988, p.32) justifica essa transição com a ideia de que a cidade significava uma libertação para o servo, sendo que, “todo o espaço do burgo é simultaneamente lugar de residência, produção, mercado e vida social” (ROLNIK, 1988, p. 35). Quanto ao desenvolvimento dessas cidades, Jan Gehl (1971, p. 39) afirma que aquelas que cresceram nesse período “não foram planejadas em seu verdadeiro sentido. Desenvolveram-se onde havia uma necessidade para elas, moldadas pelos residentes da cidade em um processo direto de construí-las.” Assim, a relação entre a população e a construção desse ambiente coletivo era obrigatório e “o resultado desse processo (...) foi espaços urbanos que até hoje oferecem condições extremamente boas para a vida entre edifícios” (GEHL, 1971, p. 41). Com o advento do renascimento surge a ideia de urbanismo como conhece-se hoje, sendo que é a partir desse momento que as cidades passam a ser projetadas dentro de preceitos e padrões. “Em Roma ou Londres, no século XVIII, quarteirões medievais inteiros foram demolidos para dar lugar a uma rede de avenidas e praças

traçadas radialmente segundo linhas matemáticas” (ROLNIK, 1988, p. 60). A consequência desse modo de pensar a cidade é que “não mais as áreas entre edifícios e as funções contidas neles eram os pontos de maior interesse, mas sim o efeito espacial, os edifícios e os artistas que os moldaram.” (GEHL, 1971, p. 41). A importância dada a forma e aos efeitos intensifica-se séculos mais tarde, com a corrente do funcionalismo na década de 1930. Seu objetivo era garantir melhor qualidade de vida e de saúde para os moradores, contudo, voltando-se apenas para a questão da forma e da separação entre funções. Assim, justamente no momento em que grande parte dos centros urbanos alcançaram seu ápice de desenvolvimento, os urbanistas deixaram de lado o espaço público. Como defende Jan Gehl (1971, p. 43), “que o desenho de um edifício poderia influenciar as brincadeiras, os padrões de contato e as possibilidades de reuniões, por exemplo, não foi considerado”. Todo esse processo de desumanização da criação dos espaços da cidade colocou de escanteio o valor das ruas e praças. Vivencia-se hoje o que Raquel Rolnik (1988, p. 49) classifica como arquitetura do isolamento. A noção de espaço privado e público foi redefinido, sendo que ela defende que “do ponto de vista do modelo burguês de morar que se esboça com essas mudanças, ‘casa’ e ‘rua’ são dois termos em oposição: a rua é a terra-de-ninguém perigosa que mistura (...); a casa é território íntimo e exclusivo.” (ROLNIK, 1988, p. 49-50). Por fim, Gehl (1971, p. 47) associa esse caráter político da vida urbana com a sua manifestação no espaço, afirmando que “atividades comuns ao ar livre foram reduzidas ao mínimo devido ao desenho das ruas, ao tráfego de automóveis e, especialmente, a larga dispersão de pessoas e eventos”.

Imagem 1 - Pólis Grega, Atenas (Grécia)

Imagem 6 - São Paulo (Brasil)

Fonte: Lonely Planet Imagem 3 - Piazza del Campo, Siena (Italia)

Fonte: Slow Images

Fonte: Krzysztof Wysocki, 2005

antiguidade até 500 d.C.

idade média séc V ao XV

renascimento

funcionalismo

séc XV ao XVII

séc XX

contemporaniedade séc XXI

Imagem 2 - Fórum Romano, Roma (Italia) Imagem 5 - Brasília (Brasil)

Fonte: Lonely Planet Fonte: Jornal de Brasília Imagem 4 - Palmanova (Italia)

Fonte: Conhecimento Científico


4.1 referencial teórico Imagem 8 - Jardim adaptado pelos moradores. Rotterdã, Holanda

Imagem 7 - Café com mesas na calçada. Paris, França

Fonte: Cidade ao nível dos olhos, 2015 Imagem 9 - New Town Poundbury

Imagem 10 - Sydney, Austrália

Fonte: Cidade ao nível dos olhos, 2015 Fonte: Cid. ao nível dos olhos, 2015 Imagem 11 - Rua comercial. Dublin, Irlanda

Imagem 12 - Parque Bryant. New York, EUA

Fonte: Cidade ao nível dos olhos, 2015

Fonte: Cid. ao nível dos olhos, 2015

Imagem 14 - Feira de Domingo na Rua São Carlos. Porto Alegre, Brasil Fonte: Cidade ao nível dos olhos, 2015 Imagem 13 - Rua adaptada ao pedestre. Meent, Rotterdã

Fonte: Cidade ao nível dos olhos, 2015 Imagem 15 - Calçada apropriada pelos restaurantes. Roterdã, Holanda

Fonte: Cidade ao nível dos olhos, 2015

Fonte: Cidade ao nível dos olhos, 2015 Imagem 16 - Feira de Matadeiros. Buenos Aires, Argentina

Fonte: Cidade ao nível dos olhos, 2015

4.1.2 A vida e sociabilidade nos entre-lugares da cidade Uma cidade é composta por espaços privativos, semiprivativos/semipúblicos e públicos. A casa, moradia uni ou multifamiliar, ou uma indústria, por exemplo, são o que chamamos de espaços privados, onde temse total controle sobre a área. Já o espaço semipúblico (ou semiprivado), como define John Worthington (2015, p. 150) em A cidade ao nível dos olhos, “é geralmente localizado no andar térreo e disponível para o público a critério do proprietário”. Ou seja, nessa categoria pode-se incluir comércios, serviços, parques, bares e até mesmo jardins de casas. Por fim, o espaço público é toda a esfera na qual os cidadãos tem total direito de ir e vir, sem serem controlados e barrados por alguém. São os entre-lugares e, essencialmente, as ruas e as praças.

Mesmo numa cidade perdida nos confins da história ou da geografia há pelo menos uma calçada ou praça que é de todos e não é de ninguém, [...] há sempre na cidade uma dimensão pública de vida coletiva a ser organizada. (ROLNIK, 1988, p. 20)

Esses espaços, que atuam geralmente de modo complementar nas cidades, são responsáveis por conectar os espaços privativos e semipúblicos, e é neles onde acontece a vida urbana em si. Afinal, o sentido de uma cidade é o coletivo e ter-se a disposição, em um pequeno ou médio raio de abrangência, diversos serviços e funcionalidades. Ao ir de um ponto a outro, necessariamente usa-se o espaço público da rua e da praça. Nesse ir e vir, em resposta a qualidade da arquitetura dos “entre-lugares”, acontece ou não a vida social de uma cidade - ou seja, a interação entre diferentes grupos, famílias e indivíduos - de modo despretensioso. Jan Gehl (1971, p. 9) classifica três tipos de atividades que acontecem nessa esfera pública, as quais são: atividades essenciais, opcionais e sociais. Como os próprios nomes já indicam, as tarefas do dia a dia, como sair para ir ao mercado e buscar os filhos na escola, são as essenciais e irão acontecer durante todo o ano, de modo mais ou menos independente do ambiente exterior. As opcionais são aquelas que exigem um querer da pessoa para executá-la,

como a criança que sai de casa para jogar bola na rua ou passear com o cachorro pela praça. Essas necessitam de um espaço e um momento oportuno para ocorrerem. Por fim, as atividades sociais são aquelas que dependem dos espaços públicos para acontecerem e são resultantes da interação entre pessoas que estão executando alguma atividade de uma das outras duas categorias. Assim, entende-se que para que haja uma vida social em uma comunidade, é necessário que ocorra encontros advindos das atividades essenciais ou opcionais. Contudo, se o espaço físico não é propício para tal, se as pessoas preferem utilizar o carro para realizar qualquer atividade minimamente longe de casa ou, então, utilizam apenas os espaços de lazer dentro dos conjuntos residenciais, a possibilidade de formação de vínculos é reduzida. Sobre a ausência ou diminuição da vivência pública, Gehl (1971, p.17) afirma ainda que “os limites entre o isolamento e o contato tornam-se mais nítidos - as pessoas ou estão sozinhas ou com outras em um nível exigente e desgastante.” Os entre-lugares, ou seja, aquilo que é classificado como espaço público, são os locais em aberto de uma cidade, responsáveis por fazer as pessoas sentirem-se parte daquele local. Assim sendo, como questiona Igor Guatelli (2019, p. 33), “não seria esse, justamente, o princípio do entre na arquitetura, um espaço ‘em condições’ de assimilar as constantes e diferentes interrogações e requisições que eventualmente possam surgir a partir dos usuários?”. O espaço da rua e da praça são, como pode ser complementado por Gehl (1971, p.17), o local onde “alguém não está necessariamente com uma pessoa específica, mas está, mesmo assim, com outros”. A interação entre a fala de Guatelli e de Gehl pode ser sintetizada na ideia de que a existência da esfera pública é aberta a apropriação e julgamento do usuário, sendo necessário a sua constante observação e adaptação às mudanças da sociedade caso deseje-se que seja usufruído pelas pessoas e que, assim, se desenvolva uma vida social neles.


4.1 referencial teórico 4.1.3 Coesão urbana e adaptação dos espaços públicos A fim de tornar os espaços públicos mais agradáveis a vivência das pessoas, projetos de pequeno, médio ou grande porte estão ganhando força como uma alternativa de adaptação ao modelo urbano em que as cidades foram anteriormente construídas. Esses projetos tem como objetivo melhorar a qualidade de vida dos moradores, aumentar o valor da economia local e incentivar a participação pública na cidade. Como afirma Jan Gehl (1971, p. 13), “mesmo que a estrutura física não tenha uma influência direta na qualidade, no conteúdo e na intensidade do contato social, arquitetos e planejadores podem afetar nas possibilidades de encontrar, ver e ouvir outras pessoas”. Igualmente, essas características de interação entre diferentes em uma comunidade é a base para se atingir os objetivos citados e a motivação pelo qual esses projetos são executados. Por meio da reativação de ruas, intervenções em antigas praças ou, então, da criação de uma verdadeira rede de espaços públicos, cidades na América como Nova York, Cidade do México, Santiago do Chile e São Paulo já estão revertendo a situação e alcançando resultados positivos. Enquanto essa adaptação constante ao pedestres já faz parte da história de países europeus, especialmente “devido a consistência do seus tecidos urbanos herdados e a um tecido social menos segregados” (BORJI, MUXÍ, 2003, p. 15), cidades americanas estão passando por um Imagem 17 - Times Square antes. New York , EUA

Fonte: DOT

processo mais recente e sentindo os efeitos nos últimos anos. Assim, o que essas cidades estão vendo acontecer é descrito por Gehl (1971, p. 37) como o mesmo efeito que acontece quando constroem-se novas estradas - o tráfego de automóveis aumenta proporcionalmente, ou seja, “onde melhores estruturas físicas são criadas, atividades ao ar livre costumam crescer em número, duração e extensão”. Para exemplificar como a ideia de adaptação e a volta do olhar do pedestre está sendo aplicada, pode-se citar os projetos liderados por Janette Sadik-Khan, ex-comissária do Departamento de Transportes da cidade de Nova York, com início em 2008. O objetivo era transformar as ruas da cidade voltando-as para as pessoas e para o transporte sustentável. Uma área intervida foi de um trecho da Time Square, o qual resultou posteriormente, em 2014, em um projeto definitivo do escritório de arquitetura Snohetta. Em 2008, para se ter certeza das implicações de uma transformação mais definitiva de fluxos, foi feito um projeto piloto de seis meses, fechando um trecho da Broadway e criando 50 mil m² de área caminhável com materiais temporários, como tinta e bancos móveis. O resultado, afirma Sadik-Kahn (2013) não foi apenas positivo para os pedestres como também para os próprios carros e ônibus. “O trânsito se movimentava melhor. Era muito mais seguro. Cinco novas lojas de grande porte inauguraram (...). A Times Square agora é um

um dos 10 melhores locais de venda à varejo no planeta.” (SADIK-KAHN, 2013). Quando remete-se aos espaços públicos, tem-se em mente que ele sempre está inserido em uma malha urbana. Ou seja, cada praça e cada rua faz parte de um complexo. Assim levanta-se a importância de planejar os espaços públicos em relação a esse todo. Em um trabalho desenvolvido por Remesar et al (2009, p. 10) afirma-se que quando isso é feito, tem-se a “possibilidade de não apenas reestruturar os espaços existentes, mas também desenvolver novos espaços públicos (...) que possam criar cidades coesivas”. O resultado disso se dá em 4 planos: ambiental, com a redução do uso do automóvel devido a proximidade e possibilidade de caminhar entre um ponto a outro; econômico, devido a dinamização econômica e funcional da região; social, promovendo a inclusão de diferentes grupos/classes/localidades; e físico/ funcional, visto que esse modo de projetar busca tornar todo o espaço acessível e permeável (REMESAR et al, 2009, p. 10) Com esse pensamento de coesão, os resultados das transformações urbanas vão além daquelas apresentadas, por exemplo, pelo projeto pontual da Times Square. Enquanto um projeto tem o poder de transformar sua região até certo raio de abrangência, quando projetase pequenos espaços ao longo da cidade e conecta-se eles de modo efetivo, os resultados são a garantia da cidadania de um espaço, definido por Borji e Muxí (2004, p. 16) como:

“O direito à centralidade acessível e simbólica, a se orgulhar do lugar em que se vive e a ser reconhecido pelos outros, à visibilidade e identidade, além de se ter instalações e espaços públicos próximos, é uma condição de cidadania.”

A criação de um complexo público urbano, ou seja, uma rede composta por ruas caminháveis e praças acessíveis, é um dos principais meios de fortalecer esse direito. Como explica Remesar et al (2015, p. 2), é essa rede criada, e não apenas pontos soltos pela cidade, que “influencia como as pessoas experienciam os espaços e como elas se movem pela cidade.” Para obter-se um ambiente urbano coesivo, ou seja, conectado e harmônico, ele deve ser inclusivo, acessível e atraente para a sua população (BORJA, 2003). Pinto e Remesar (2015, p. 5) designaram ao espaço público o papel principal na coesão de uma cidade. Segundo eles, uma rede de espaços públicos deve garantir a continuidade e permeabilidade dos seus espaços, ter usos e funções que sejam atraentes para os usuários da localidade, ser capaz de atrair e acomodar diferentes perfis de usuários e permitir a representação individual e coletiva dos usuários no espaço (PINTO, REMESAR, 2015, p. 5). Em síntese, as características fundamentais de uma rede de espaços públicos são a sua continuidade, atratividade, diversidade e identidade, sempre tendo em mente a conexão com a contexto geral da cidade e seu entorno.

Imagem 18 - Times Square com a intervenção. New York , EUA

Imagem 19 - Times Square depois da implementação do projeto do Snonetta. New York, EUA

Fonte: DOT

Fonte: Snonetta


4.2.1 Centro Aberto de São Paulo: urbanismo tático e levantamento de dados

4.2.2 Remodelação da cidade antiga de Banyoles: pedestrização e design research

4.2.3 Superkilen: colagem e referências culturais

4.2

ANÁLISE DE CORRELATOS


4.2 análise de correlatos Imagem 20 - Praça Largo General Osório, São Paulo

4.2.1

Centro Aberto de São Paulo: urbanismo tático e levantamento de dados

Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. 2017 Imagem 21 - Rua Galvão Bueno, São Paulo

Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. 2017


4.2 análise de correlatos

4.2.1 Centro Aberto de São Paulo: urbanismo tático e levantamento de dados O projeto do Centro Aberto de São Paulo O projeto Centro Aberto, da cidade de São Paulo, foi organizado pela São Paulo Urbanismo a partir da metodologia facilitada pelo Gehl Architects. Ele teve início em 2013 e permanece ainda hoje, sendo que seu objetivo é de transformar as estruturas preenxistentes em localidades do Centro a fim de permitir atividades de celebração e permanência. Assim como aconteceu em várias cidades brasileiras, inclusive Joinville, o Centro de São Paulo deixou de ser um lugar de estar e que incentivasse a convivência, passando a ser um local de passagem, apenas. Com isso, o projeto Centro Aberto buscou, com a participação da população e especialistas, qualificar alguns espaços públicos da área central e renovar as formas de uso desses espaços. O projeto trabalhou com duas experiências pilotos e, devido ao seu resultado positivo, deu sequência ao seu trabalho com mais três projetos.

Urbanismo tático e o impacto de transformações em pequena escala Diagrama 7 - Mapa centro de São Paulo com localização projetos Centro Aberto

Em síntese, o projeto Centro Aberto foi criado com a proposta de intervir em áreas degradadas ou que necessitassem de revitalização. Todos os projetos implementados, assim como aqueles liderados por Janette SadikKhan em Nova York, tinham a característica de serem fáceis e baratos, ao mesmo tempo que pudessem ser utilizados para levantar dados a respeito dos seus impactos. Assim, nota-se

Largo General Osório

Largo General Osório Largo do Paissandú

Largo São Bento

Largo do Paissandú Largo São Francisco

Largo São Bento

Imagem 22 - Central de Apoio com painel interativo de pesquisa Largo São Francisco Rua Galvão Bueno

Rua Galvão Bueno

N

100

500

1000

100

500

Metodologias de projeto O projeto do Centro Aberto é, por si, um modo de pesquisa, envolvendo a participação popular durante todo o processo, que investiga os impactos das mudanças temporárias nos espaços de intervenção a fim de, futuramente, implementar projetos definitivos.Assim, são feitos workshops com a comunidade para identificar os problemas e as potenciais soluções do local, apropriando-se do método dos 12 critérios de qualidade. Esse processo, em conjunto com a coleta de dados e o levantamento sobre o espaço, faz parte do conjunto de ações que antecedem a etapa projetual. Com essas informações, segue-se para o desenvolvimento do projeto, o qual embasa-se nas 3 estratégias que unificam todos os projetos do Centro Aberto: proteção e priorização de pedestres e ciclistas, suporte à permanência e novos usos e atividades; sendo que o modo de aplica-las varia de acordo com o projeto. O projeto é então implantado e, durante seu tempo de permanência, é constantemente monitorado e levantado informações sobre a sua relação com o público, a fim de fazer-se alterações e implementar um projeto definitivo no futuro.

Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. Outubro, 2014.

Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. Adaptado pela autora, 2020

sempre a presença de uma central de apoio, onde monitores ficam responsáveis por entrevistar frequentadores, analisar padrões de uso e outros, de acordo com a necessidade apresentada no projeto. A repercursão dos 5 (cinco) projetos já implementados foi, de todo modo, positiva. O sucesso desses, assim como sua futura expansão, já confirmada, deve-se a alguns fatores, os quais servem como base para o projeto desenvolvido nesse trabalho. Entre esses fatores pode-se citar os elementos utilizados, os quais dão personalidade ao projeto e qualificam, seguindo princípios apontados por Jan Gehl e William Whyte, , o espaço físico. Além disso, o levantamento feito anteriormente à elaboração da proposta, com coleta intensa de dados e compreensão verdadeira do problema a ser resolvido, em conjunto com a presença de monitores no local, garantiram boa base para o projeto e a sua manutenção.

1000

Elementos arquitetônicos do projeto Diagrama 8 - Metodologia projeto Centro Aberto

início projeto

implantação permanente do projeto

conceituação inicial

pesquisa “antes”

desenvolvimento do projeto

mudanças

avaliação do impacto

pesquisa “depois”

implantação/teste em escala 1:1

Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. Adaptado pela autora, 2020

Diagrama 9 - Ilustrações dos elementos arquitetônicos do Centro Aberto

Bancos modulares Elementos para permanência e criação espaços dentro do espaço.

Sinalização Informações sobre o projeto e outros, além de ser um ponto de encontro.

Mobiliário portátil Garante protagonismo ao usuário e múltiplas possibilidades de uso/ adaptação.

Tratamento de piso Cria identidade visual, unifica e delimita os espaços.

Vasos Adicionam verde, proporcionam sombra e criam novos ambientes. Balizadores Barram circulação de veículos e servem como bancos informais. Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. Adaptado pela autora, 2020

Iluminação e projeção Torna os espaços mais seguros, garante uso noturno e gera entreternimento Painéis e Jardins verticais Criam identidade e ativam fachadas sem janelas.


4.2 análise de correlatos

4.2.1 Centro Aberto de São Paulo: urbanismo tático e levantamento de dados Centro Aberto Largo General Osório

Estética e materialidade

Imagem 23 - Mapa de localização projeto Centro Aberto Largo General Osório

Localizado entre as ruas do Triunfo e Mauá, a praça, em seu formato triangular, é cercada por edificios culturais importantes, como a EMESP Tom Jobin e a Estação Pinacoteca. Encontra-se próxima a rua Santa Efigênia, com intenso fluxo comercial, e, por fim, é influenciada pela alta oferta de transporte público, o qual agrega maior movimento de pedestres. Assim como aconteceu no restante do centro de São Paulo, essa região reflete as dificuldades sociais presentes hoje. Essas questões, em conjunto com a falta de atuação do poder público, resultou em um espaço deteriorizado e os habitantes do seu entorno, estigmatizados. Por meio do apoio de uma companhia de teatro localizado próximo à praça, junto com outros grupos culturais locais, moradores, e comerciantes da região, foi feito um trabalho colaborativo entre esses e os órgãos do Governo do Estado para transformar a praça em um espaço de contemplação, apropriação das artes e uso dos moradores para lazer e descanço, transformando o Largo e seu entorno. O resultado do projeto, em última instância, foi positivo e bem aceito pela população e comerciantes.

8

4

6

1 o rg

La

Rua Mauá

o rg

La

*

O

G.

3 7

a Ru do Tri fo un

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Ru

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s

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Ge

* O

G.

2

Viadu to de M Gen. Co agalh uto ães

5

N

Fonte: Google Maps. Adaptado pela autora, 2020

Estação Pinacoteca Escola de Música do Estado de São Paulo* Hotel Piratininga Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo Sala de São Paulo Praça Júlio Prestes Teatro de Contêiner Mungunzá Parque Jardim da Luz vasos como proteção e delimitação do espaço Planta-baixa 1 - Praça Largo General Osório

bancos virados para a rua

1 2 3 4 5 6 7 8

f

c

O foco do projeto é o baixo custo e a possibilidade de maior intervenção no local. Assim, as mudanças foram essencialmente de inserção de novos itens garantindo a atratibilidade do espaço. Inclue-se bancos de madeira nas bordas dos canteiros e nas calçadas opostas; instalação de um deck de madeira, além de mesas de piquenique e de pingue-pongue, equipamentos de ginástica, parquinho infantil e mobiliários portáteis disposíveis por meio dos monitores. Apesar de servir às funções as quais foram destinadas, os elementos do projeto não possuem unidade entre si, com excessão do uso da madeira. Assim, uma crítica a ser feita é a de que os itens adicionados são comuns a diversas praças e não específicas desta, o que pode fazer ela passar despercebido e ter dificuldade de os usuários apropriarem-se dela por muito tempo. Imagem 24 - Deck 1

Fonte: Gestão Urbana SP

a

Com o fluxo intenso já presente no local, precisava-se criar oportunidades para a permanência em diferentes horários. O deck serve como espaço de jogos, uma grande área de estar e como palco para ensaios e apresentações artísticas. O playground, as mesas de pinguepongue e os equipamentos de ginástica garantem atividades recreativas para os usuários. Por fim, os bancos virados para a rua e as mesas incentivam a permanência e o descanso. A possibilidade de diversificação das atividades, seja no deck ou com os posiociamentos diferentes do mobiliário móvel, criam uma praça dinâmica e em constante mudança, característica positiva agregada ao espaço. Contudo, um ponto negativo disto é que, caso não haja iniciativa dos grupos do local para manter essas atividades, o local pode ficar em desuso.

Imagem 25 - Plateia

Imagem 26 - Bancos

2

O deck e as cadeiras móveis adaptam-se de acordo com a atividade proposta.

c

d

Usos e funcionalidades

Imagem 27 - Parquinho

3

4

Fonte: Gestão Urbana SP

Fonte: Gestão Urbana SP

Fonte: Gestão Urbana SP

Os bancos recebem sombra das árvores e servem como plateria das atividades do deck.

Os bancos margeando a praça garantem segurança às crianças e visuais para a rua.

A presença de crianças no local é um indicativo de êxito do projeto.

Imagem 28 - Praça General Osório com análises

ocupação da calçada com equipamentos

b e

parquinho protegido bancos virados para a rua

f f

a. Base de apoio b. Deck de madeira c. Parquinho d. Equipamentos de ginástica e. Mesas de pingue-pongue f. Bancos de madeira

apoio

extensão da área com diferenciação de piso

deck localizado na rua com maior fluxo de pedestre e menor fluxo de veículos bancos nas outras ruas com visual para a praça

Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. Adaptado pela autora, 2020

N escala 1:500

balanços

2 1

bancos

deck extensão

bancos

4

Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. Adaptado pela autora, 2020

3


4.2 análise de correlatos

4.2.1 Centro Aberto de São Paulo: urbanismo tático e levantamento de dados Centro Aberto da Rua Galvão Bueno A rua Galvão Bueno, localizada no bairro da Liberdade, faz parte de uma região caracterizada pela cultura oriental e é responsável por conectar a estação Liberdade do Metrô ao centro do bairro, contando com grande fluxo de pedestres. Apesar desse fluxo representar 95% do total de pesoas que passam por ela, 56% da rua era destinada aos automóveis. Por ser uma rua comercial, estreita, de mão única, muitos pedestres acabavam por utilizar o leito carroçóvel nos horários de pico, o que oferecia risco a eles. As mudanças realizadas pelo projeto foram feitas com base nos levantamentos no local. Entre os objetivos da proposta, encontrava-se a qualificação da área do passeio dos pedestres, restrinção do estacionamento e criação de áreas confortáveis para a permanência. Buscava-se transformar parte da rua em calçadão aos finais de semana e reduzir significadamente a presença dos automóveis durante a semana, por meio do incentivo a presença de pedestres. Por fim, essas mudanças também tinham como objetivo potencializar o lazer e as compras na localidade.

ligaç ão Leste-O este

Imagem 29 - Mapa de localização projeto Centro Aberto Rua Galvão Bueno

Av. d a Libe rdad

e

2

1

R. Galvão Bueno

R. da Glória

Fonte: Google Maps. Adaptado pela autora, 2020

N

1 Praça da Liberdade 2 Jardim Oriental Liberdade

Estética e materialidade

Usos e funcionalidades

Com o mesmo uso da madeira e da tinta, o projeto do Centro Aberto na rua em análise teve como foco demarcar a extensão da calçada e adicionar mobiliário no trecho de intervenção. A tinta verde utilizada ganha destaque em meio às outras cores do local, ao mesmo tempo que mimetiza com a vegetação. Já os bancos, todos em madeira, como sendo um dos únicos elementos adicionados, cria unidade no projeto. O trecho do viaduto, no qual ocorreu a maior extensão da calçada, recebeu bancos com um desenho único e detalhes em vermelho. O marrom da madeira, o verde e o vermelho agregaram valor estético ao trecho do bairro Liberdade. Uma crítica pode ser levantada em relação a ausência de elementos de sombreamento, permanecendo o desconforto pelo sol intenso, principalmente no trecho do viaduto.

O objetivo principal era garantir a segurança e conforto dos pedestres. Devido ao fluxo intenso de pedestres na rua, muitos utilizavam o leito carroçável e isso oferecia risco a eles. O projeto buscou extender a área adequada para a circulação de pedestres, sendo que no trecho do viaduto esse aumento correspondeu a dedicação de 3/4 de toda a área para o passeio. Pelas fotografias pode-se perceber que o espaço foi bem apropriado e que, em alguns momentos do dia em que o fluxo é maior, mostra-se a possibilidade de transformação de toda a rua em um calçadão. Além dessa mudança, foram adicionados bancos ao longo da rua, garantindo espaços para descanço. Ao contrário do Largo General Osório, neste o foco foi justamente qualificar o passeio do pedestre e permitir pequenas permanências.

Imagem 30 - Rua Galvão Bueno após intervenção

Imagem 31 - Rua Galvão Bueno após intervenção

Planta-baixa 2 - Rua Galvão Bueno Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br.

Fluxo de pedestres ocupa todo o projeto, provando a necessidade de extensão do passeio. Análise pós implementação mostrou que houve redução de 86% de pedestres andando no leito carroçável.

recorte

1

Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br.

Os bancos, com espaço para permanência dos dois lados, une a calçada e a rua. O mobiliário demarcado foi o mais bem apropriado pelos usuários, seja pelo encosto, seja pelo local.

Imagem 32 - Rua Galvão Bueno após intervenção

1- área onde os bancos são mais utilizados, motivos: maior fluxo pelo comérco e maior sombreamento pelas edificações

N escala 1:1000

Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. Adaptado pela autora, 2020

no trecho do viaduto, 3/4 do espaço é exclusivo do pedestre

totens de proteção extensão da calçada por meio da pintura

Planta-baixa 3 - Recorte Rua Galvão Bueno

adição de faixa de pedestre diagonal

banc

os se

2x x x bancos com design único

bancos ao longo da calçada

vasos para demarcar e decorar

Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. Adaptado pela autora, 2020

N escala 1:500 Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. Adaptado pela autora, 2020

m uso


4.2.1 Centro Aberto de São Paulo: urbanismo tático e levantamento de dados8

Rua Galvão Bueno O foco do projeto era garantir mais segurança e conforto ao pedestres. O objetivo foi atingido, visto que houve uma redução maior do que 80% do número de pessoas usando o leito carroçável (durante a semana). Assim, pode-se julgar a escolha do alargamento da calçada e uso dos balizados como algo positivo. Como havia sido levantado antes da execução do projeto, a possibilidade de transformar a rua para pedestres, tornou-se algo ainda mais justificável ao perceber que, aos finais de semana, mesmo que a redução de pessoas no leito carroçável sendo de mais de 60%, ainda significa que mais de mil pessoas por hora circulam na ruas aos finais de semana. Enquanto 64% dos comerciantes aprovam a possbilidade, 36% foram contra. Isso demonstra a necessidade de uma relação maior de comunicação com esse público para a compreensão das possíveis motivações, podendo ser esses a falta de conhecimento sobre os benefícios, ou então, problemas de logística causados pela alteração da rua.

6

Outro objetivo era qualificar a permanência no espaço, o qual foi atendido com a adição de bancos no passeio. Algumas análises podem ser extraídas sobre as escolhas projetuais, entre as quais o uso intenso dos bancos, constantemente ocupados, como observados na pesquisa em 2017, demonstra a demanda que já havia no local. Inclusive, foi observado que nos finais de semana, com o aumento do fluxo, a quantidade de bancos é insuficiente em alguns pontos do projeto. Em relação a localização dos bancos, percebeu-se que os mais utilizados são aqueles que estão próximos aos comércios e, ao contrário, aqueles que tem pouco uso, são localizados na passagem do viaduto. Os motivos são varíaveis, mas os principais são a intensidade do fluxo onde estão inseridos e a ausência ou presença de sombra. Muitos usuários do espaço relataram que era difícil permanecer nos bancos devido ao sol intenso e ao calor.

4.2 análise de correlatos

10 8 6 4 2 0

11h 12h

16

16 14

12 18h 9h 10h 11h 12h 13h 14 14h 15h 16h 17h 10 6 horário 12 8 4 10

2

8

200

Antes, 2015

6

Depois,150 2017

150

156

100

n° de pedestres

12

2 10 0 8

200

n° de pedestres

14

Sábado

Osório

240

Sábado

Antes, 2015 50

168

100

96

50

Depois, 2017 0 6 14h 15h 16h 17h4 18h Antes, 2015 9h 10h 11h 12h 13h Antes, 2015 0 0 2 4 horário 13h Depois, 201713h Antes, 2015 Depois,02017 Antes, 2015 2 Sábado 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h Gráfico Depois, 20173 horário Depois, 2017 0 16 Experiência de circular neste espaço horário 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 100% horário 14 90% 12 80% 10 Sábado 70% 61% 8 60% muito ruim 16 50% 6 14 ruim 40% 4 12 regular Antes, 2015 30% 26% 2 20% 10 boa Depois, 2017 11% 10% 0 8 muito boa 2% 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 0% 0% 6 horário Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. Adaptado pela autora, 2020 4 Antes, 2015 2 Depois, 2017 Rua Galvão Bueno 0 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h horário Gráfico 4 Gráfico 5 Pedestres andando no leito carroçável Experiência de circular neste espaço n° de crianças

16

6 14 4 12

n° de crianças

Sábado

n° de crianças n° de crianças

4

n° de crianças n° de crianças

85% permanecer e 61% avaliaram a experiência como boa. Também foi verificado um aumento na permanência, com 1,6 vezes mais pessoas Sábado sentadas. 16 Entretanto, 41% continuam sentindo14 se inseguros no local, contra 33% dos quais 12 10 sentem-se seguros. Esse é o projeto do Centro 8 Aberto que maior sofreu com as depredações, 6 o que pode ser consequência das questões 4 maior sociais do espaço ou falta de uma relação 2 com a comunidade. Alguns elementos para 0 9h do 10h reconsiderar, que foi levantado, é o aumento lazer infantil, outros pisos além da grama e horário a viabilização de uma rua de pedestres. Quando questionados sobre o que mais havia lhes agradados, 41% afirmou que foi o parquinho, 23% comentou sobre o mobiliário, 11% sobre o pingue-pongue e 9% sobre o mobiliário de praia (móvel). Sobre aquilo que gostaria que tivesse, o mais citado, com 26%, foi a manutenção do espaço, seguido pela segurança (16%)e mais brinquedos (15%).

n° de crianças

Com as pesquisas feitas antes (2015) e após (2017) a implantação do projeto, foi possível perceber que o projeto foi bem aceito pela comunidade e teve uma influência positiva no seu entorno. Exemplo disso é o aumento da quantidade de crianças, indicador da qualidade do espaço, em 8 (oito) vezes durante a semana e (dez) vezes nos sábados. O que levou a esse aumentou foi a qualificação do espaço destinado a esse público, com equipamentos de lazer, como o parquinho, e o fomento de atividades culturais, como contações de histórias no deck de madeira. A presença das crianças demonstra a atratibilidade do espaço, a diversidade dos frequentadores e o aumento da sensação de segurança. Uma problemática que havia antes era a travessia fora da faixa no entorno da praça e, mesmo que não tenha acontecido uma intervenção específica para isso, notou-se uma diminuição significativa destas. Isso pode ter ocorrido devido a localização do programa da praça, o qual induzia as travessias na faixa por estarem localizadas em seu alinhamento.

n° de crianças

Largo General Osório

8

6

4 6 Antes, 2015 2 Permanência de crianças brincando Antes, 2015 4 Depois, 2017 2 Antes, 2015 Dias de semana 4 Depois,02017 Antes, 2 2015 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 0 2 16 13h 14h 15h 16h 17h 18h Depois, 2017 9h 10h 11h 12h horário Largo General Depois,0 2017 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h horário 0 14 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h horário Gráfico 1 Gráfico 2 horário 12 Permanência de crianças brincando Travessias fora da faixa em horário de pico (13h) Quanto a avaliação dos entrevistados, 10 Dias de semana Dias de semana Sábados classificaram como convidativo para 8 250 250 16 6

n° de crianças

Impactos gerados no espaço

8

10

8

n° de crianças

10

10

12

10

n° de crianças

12

14

12

n° de crianças

14

Dias de semana

Domingo

10000

10000

8000

8000

6000

6000

4000

4000

2000 0

3732

4500

912

126

Antes (2015)

Depois (2017)

2000 0

Pedestres no leito carroçável

86%

Antes 4% (2015) Depois (2017)

56%

32%

8%

ruim não sei boa

26%

60%

14%

muito boa

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

5946

Gráfico 6 Impressões dos comerciantes sobre o espaço após intervenção

6420

3138 1116 Antes (2015)

Depois (2017)

Pedestres na calçada

63%

redução de redução de de pessoas no leito carroçável de pessoas no leito carroçável durante a semana nos domingos

50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0%

32% 27% 18%

14%

9%

11% 0%

Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br. Adaptado pela autora, 2020


Imagem 33 - Recorte do projeto. Banyoles, Espanha

4.2 análise de correlatos

4.2.2

Remodelação da cidade antiga de Banyoles: pedestrização e design research

Fonte: Adrià Goula


4.2 análise de correlatos

4.2.2 Remodelação da cidade antiga de Banyoles: “pedestrização” e design research

Design research e a retomada de fatores históricos e ambientais do espaço

O projeto de remodelação da cidade antiga de Banyoles Banyoles é uma cidade localizada na Catalunha, a qual possui um grande valor histórico. O projeto do MIAS Architects, ganhador do concurso para remodelação da cidade em 1998, ainda está em processo de implementação. Apesar do processo longo, 4 praças já haviam sido construidas até 2013 e as vias que as interligam foram transformadas e hoje voltam-se aos pedestres. No total serão implantadas mais 10 praças. A região, antes de sua transformação, encontrava-se deteriorada e suas vias eram especialmente voltadas para os carros. Os canais de irrigação que fizeram parte da história da cidade, desde seu período medieval, estavam todos encobertos e sujos, escondendo parte importante do passado de Banyoles. O objetivo do projeto, desde seu princípio, era de tornar as vias exclusivas para pedestres e agradável a eles, além de, por meio dessa intervenção urbana, tornar visível camadas da história que foram soterradas com o passar dos anos.

Mapa 1 - Cidade de Banyoles com centro antigo em destaque

1. Como a história física e a geologia de identificação da cidade podem ser legíveis na regeneração de seus espaços públicos? 2. Como criar plano de fundo material comum ao patrimônio arquitetônico e urbanos projetando espaços exclusivos para pedestres? 3. Como modernizar serviços ((instalações hidráulicas, telefone de baixa tensão, gás e drenagem) de maneira eficaz, respeitando a arquitetura, a morfologia urbana e os recursos naturais de Banyoles? A partir desse processo, então, foi desenvolvido o projeto buscando sua base na história do local e na sua adaptação ao pedestre. A constante visita ao campo de projeto, as experimentações com maquetes volumétricas e as pesquisas sobre o espaço complementaram a metodologia.

continuou. Foram levantamentos arqueológicos, investigações sobre os corregos que por ali passavam, medições mais precisas das edificações e maior compreensão dos materiais a serem utilizados. O resultado desse embasamento forte e em constante adaptação é um projeto que encontra-se em harmonia com seu espaço. A rede de praças, que ainda está em processo de implementação, apresenta unidade entre os elementos, ao mesmo tempo em que cada espaço aberto houve um tratamento coerente com a sua situação. Assim, enquanto a Plaza Major é marcada pela variação de piso (travertino e areio), por exemplo, a Plaza del teatre apropriouse das delimitações de antigos edifícios e é cortada por uma abertura do canal e por suas árvores pontualmente inseridas.

Rede de espaços livres Cidade histórica Lago Cidade nova

Mapa 2 - Cidade antiga de Banyoles com demarcação dos espaços públicos

N

6

Fonte: MIAS Architects

Metodologias de projeto O projeto utilizou o método do design research para o seu desenvolvimento, o qual buscava responder as seguintes questões:

Uma característica única da cidade, a qual foi muito bem percebida pelos arquitetos, é a sua história presente na estrutura do seu centro e os recursos naturais soterrados embaixo dele. O processo projetual do MIAS Architects foi justamente embasar-se nisso e pesquisar profundamente sobre essas questões. Ao adotar o design research, eles abriram a possbilidade de explorar o espaço e estar em constante adaptação do projeto. Em contraponto com o Centro Aberto de São Paulo, no qual quem interferia nas mudanças do projeto eram as pessoas e suas constantes interações com o espaço, nesse o papel de modificador vai para o próprio espaço. Após o anúncio de que esse havia sido o projeto vencedor do concurso para a remodelação do centro, o processo de projeto

N

Diagrama 10 - Medologoia do projeto

início projeto

implantação permanente do projeto

pesquisa história física e geologia local

desenvolvimento do projeto

busca por soluções técnicas modernas compatíveis

7 5

2

mudanças

3 compatibilização com novos dados

4 8

1

levantamento de informações em campo

testes em maquetes de diversas escalas

9

Fonte: autora, 2020 Fonte: MIAS Architects. Adaptado pela autora, 2020

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.

Plaza Major - remodelada Plaza dels Estudis - remodelada Plaza de la Font - remodelada La Muralla de Banyoles Plaza del Teatre - remodelada Plaza del Monestir Plaza de Santa Maria Plaza dels Turers Plaza de Perpinyà


4.2 análise de correlatos

4.2.2 Remodelação da cidade antiga de Banyoles: “pedestrização” e design research Estética e materialidade

Usos e funcionalidades

A intervenção buscou sua materialidade naquilo que caracterizava o local, garantindo a unidade desejada ao projeto. Boa parte dos seus edifícios históricos foram construídos com a pedra Travertino, retirada do próprio solo onde assentase a cidade. Assim, foi uma decisão projetual a implementação desse mesmo material em toda a sua extensão, criando uma “terceira parede”, mimetizando as ruas com seu entorno e reforçando o valor histórico do espaço. A partir dos estudos arqueológicos e do design research, o desenho de piso foi definido com base em diversos elementos preexistentes no espaço, criando linhas guias para o mosaico de travertino da praça principal e a sua extensão pelas ruas e praças menores. Para atingir o objetivo de tornar visível os canais de irrigação, pequenos recortes foram feitos ao longo dos passeios e, em dimensões maiores e com um desenho mais marcante, nas praças, fazendo da água um de seus elementos. Por fim, a madeira e o aço cortex deram forma ao mobiliário e elementos pontuais, capazes de deixar as marcas do tempo.

A pedestrização da área e a reconexão com a água podem ser definidas como principais focos do uso do espaço. A partir disso, as ruas onde antes havia pequenas calçadas e voltavam-se para os carros, passou a ter seu uso exclusivo para pedestres. Com a retirada do leito carroçável, foi possível devolver a superfície os canais de irrigação, por onde hoje passa a água. Como já mencionado, a cidade antiga é composta por diversas pequenas e médias praças distribuídas em seu perímetro. Com a remodelação das ruas, agora destinadas ao pedestre e com função quase que exclusivamente de passagem, são interrompidas por esses “respiros”, espaços abertos das praças. Neles, os mobiliários, projetados exclusivamente para esse projeto, desempenham funções de descanço, lazer e socialização. Os bancos e outros elementos, como bicicletários e rampas, são complementados pelos rasgos maiores dos canais, nos quais a água, além de proporcionar o resgate histórico e trazer serenidade ao espaço, garante um entreternimento maior aos usuários.

Imagem 34 - Enclausuramento x espaço aberto

Imagem 35 - Canal exposto como parte do projeto

canal exposto, presente em diversos pontos do projeto geral, demonstram a história e adicionam sensações no espaço

mudança no padrão do piso garante que a praça, em si, tenha mais identicada e seja identificada por esse padrão

recortes no piso destacam elementos preexistentes no local

recorte do piso com exposição maior do canal garante valor afetivo ao espaço, além da sua água proporcionar bem estar e lazer

Desnível sutil entre canal e local de passagem Fonte: Adrià Goula

edifícios que existiram no passado nesse espaço serviram como delimitador do espaço árvores apenas no centro da praça são usadas para destacar o espaço de convivência

Vista no nível do pedestre

Transição espaço enclausurado para o praça aberta e livre

Planta-baixa 4 - Plaza Teatre

tipo de paginação separa sem espaço de permanência e de passagem sem nenhuma barreira física ou visual

Fonte: Adrià Goula Imagem 36 - Vista geral da Plaza Teatre

Vista do centro da Praça Teatre

espaço livre pode ser ocupado com mobiliário móvel

bancos são posicionados pontualmente e em harmonia com a paginação do piso

N

mesmo padrão de piso indica a aproximação da praça mesmo ainda não estando visualizando ela Fonte: Adrià Goula

Fonte: MIAS Architects. Adaptado pelo autora, 2020


4.2 análise de correlatos

4.2.2 Remodelação da cidade antiga de Banyoles: “pedestrização” e design research Detalhes projetuais e as sensações do espaço A rede de espaços que surgem como respiros em meio a cidade medieval foram tratados no projeto de maneira a enfatizar essa ideia. Com cores neutras, pouco conteúdo adicionado e mantendo a ideia de espaço aberto, tendo nas suas ruas uma continuação dessa identidade. A Praça Maior é marcada pelo seu centro no qual o piso é areia e as árvores constituem um grid, demarcando o espaço e garantindo conforto aos usuários. A areia intensifica que aquele lugar é de fato para os pedestres e o mobiliário, bancos de madeira virados para dentro e para fora da praça no seu contorno, reforçam essa ideia. O piso do seu entorno, o qual continua no decorrer

do projeto, garante a identidade e faz o papel de mimetizar com seu entorno. O projeto que segue-se pelas ruas e outras 3 praças é carregado em detalhes, como as diferenciações da padronagem do piso entre uma praça e outra; os canteiros das árvores em aço cortex que hora é apenas canteiro, hora tornase banco; a adição de elementos aos objetos já presentes, como a bica de água da Praça Estudis; os bancos que complementam o espaço dos restaurantes e cafés da Praça Maior, os boeiros das ruas em aço cortex e dentro do grid definido da pavimentação e, por fim, as pequenas pontes em aço que conectam os dois lados do canal.

Diagrama 11 - Sessão aproximada da rua

10

9

11 1

8

6 7

2 3

Imagem 38 - Plaza de la Fonte

Imagem 37 - Plaza Maior

As questões de resolução técnica são pontos essenciais desse projeto, considerando todo o tratamento dos canais e dos serviços como eletricidade do espaço. Assim, na sessão aqui apresentada é possível compreender as diversas camadas que foram necessárias para obter o produto final, como pode ser visto na imagem.

destaque elemento histórico

mudança de função espaço = passagem X permanência

4 Imagem 43 - Rua projetada

12

canteiro no grid de piso

árvores = demarcação do espaço

grid de árvores definido = demarcação do seu centro

A intervenção buscou sua materialidade visibilidade naquilo quedo canal e

bancos duplos Fonte: MIAS Architects. Adaptado pelo autora, 2020 Fonte: Adrià Goula

conexão entre os dois lado com elemento leve

Fonte: Adrià Goula

14

área livre para circulação

canteiro como lugar de descanso Fonte: Adrià Goula Imagem 42 - Plaza Maior

sem elementos obstruíndo visual da Praça Maior canal como delimitação do espaço

permanência X passagem

Fonte: Adrià Goula

13

Imagem 41 - Plaza

Fonte: Adrià Goula Imagem 39 - Vista superior rua lateral Imagem 40 - Detalhe ponte

toda a via com o mesmo tratamento para o pedestre

15

Fonte: Adrià Goula

bancos nas bordas

itens técnicos em harmonia com o design geral

5

bancos sem encosto = maior variedade de uso Fonte: Adrià Goula

Componentes da sessão de uma via com canal exposto 12. Canais subterrâneos e redes de evacuação 1. Peça de pavimentação de calcário, expessura de 7cm; de águas pluviais: oleoduto de polietileno de alta densidade sobre leito de concreto, coberto por 2. Camada de 5cm de argamassa; 3. Suporte em concreto armado agregado compacto; com malha de aço eletrossoldado 13. Rede de esgoto: tubulação de polietileno de alta densidade sobre leito de concreto, coberta por para áreas de tráfego rodoviário; 4. Camada de 10cm de concreto magro; agregado compactado; 14. Rede de abastecimento de água: tubulação 5. Solo compactado natural; 6. Folha de asfalto impermeabilizante sobre de polietileno de alta densidade, com metade do tubo coberto de areia sobre um leito de concreto, camada de regulação de argamassa; coberto por outro meio tubo de proteção superior e 7. Peças especiais de 5cm para o leitodo canal; 8. Peças especiais para a barda do canal; preenchido com agregado graduado compactado; 9. Fachada de edifício existente 15. Rede de baixa tensão: tubulação de PVC, 10. Laje cobrindo a espessura do canal localizado cabo de cobre com revestimento de isolamento de PVC e tiras de marcação superiores. nas portas de entrada do edifício 11. Tubo de transbordamento


Imagem 44 - Vista aérea da praça vermelha, Superkilen

4.2 análise de correlatos

4.2.3

Superkilen: colagem e referências culturais

Fonte: Iwan Baan


4.2 análise de correlatos

4.2.3 Superkilen: colagem e referências culturais O projeto do Superkilen Localizado em Nørrebro, um bairro de Copenhagen conhecido pelo seu caráter internacional e habitado por pessoas de mais de 60 países, o projeto de aproximadamente 500m de extensão apropriou-se dessa característica e materializou as diferentes culturas no espaço de um modo mais literal. O objetivo da revitalização desse espaço foi de transformar um local que era apenas de passagem, em um espaço atrativo e dinâmico para os moradores e visitantes. Assim, desenhado pelo escritório de arquitetura BIG, escritório de paisagismo Topotek1 e pelo coletivo artístico Superflex, o Superkilen buscou trazer referências de cada nacionalidade, garantindo a identificação das pessoas com o espaço, e tornado-no um ponto de destaque em meio a arquitetura tradicional holandesa. Com isso, mostrou-se que a cultura daquele lugar é heterogênea e em constante mudança.

Imagem 45 - Mapa de Copenhagen com delimitação do parque Superkilen

Os 3 escritórias responsáveis pelo projeto da praça, ao envolver os moradores, optaram por algo de caráter mais popular e, como consequência, menos técnico. O design, como todo, foi feito de modo a ser experimental, provocando o choque de culturas e a exposição no espaço daqueles que habitam o local mas não se sentiam representados. Imagem 46 - Processo de projeto com a comunidade

Fonte: Google Maps. Adaptado pela autora, 2020

N

Metodologias de projeto Diferente dos dois primeiros estudos de correlatos, no qual o primeiro tinha como base metodológica os dados obtidos e o segundo o estudo da história e arqueologia pelo desing; o terceiro estudo utiliza o método de design “pessoa para pessoa”, apropriando-se da colagem. Desde a chamada para o concurso, o objetivo dos projetista era de proporcionar um espaço no qual os moradores do seu entorno se reconhecessem no espaço. Assim, o projeto pode ser segmentado em 2 etapas complementares, na qual a primeira refere-se ao projeto de desenho do espaço e, a segunda, a apropriação dos elementos de cada grupo cultural. Em relação a essa segunda parte, durante o desenvolvimento da proposta foi disponibilizado modos, seja nos jornais, rádio, site ou e-mai, para a população do distrito sugerir o mobiliário urbano para o parque. A ideia do grupo projetista era trazer, de modo literal, objetos de vários países, fazendo com que cada nacionalidade se sentisse representada. Dessa forma, por meio dos levantamentos dos gostos e vontades deles, a visão dos arquitetos/paisagistas/artistas do espaço uniuse, de maneira direta, ao modo que os moradores viam o espaço.

Design participativo e técnica da colagem

Fonte: BIG

Elementos culturais dos 60 países Diagrama 12 - Metodologia de projeto

início projeto

implantação permanente do projeto em conjunto com os moradores

definição do partido

desenvolvimento do pré-projeto

Imagem 47 - Coletânia de elementos culturais

mudanças

compatilização do projeto com novos elementos

pesquisa com os moradores

colagem dos elementos no espaço

Fonte: autora, 2020

Fonte: Topotek1

Sabe-se que, mesmo com o design participativo como a base do projeto, diversas outras decisões foram feitas partindo do estudo do local e do seu entorno. Assim, o que pode-se ver na extensão do Superkilen é o conjunto de 3 grandes espaços que tiveram os usos internos definidos de acordo com a função do seu entorno (ou seja, servindo como uma extensão e estimulo desses) e uma colagem dos elementos soltos de cada país neles em coerência com esses usos. O resultado do projeto são espaços consideravelmente em harmonia, nos quais os elementos deixam de ser “soltos” e passam a fazer parte de um design coletivo. Enquanto em alguns pontos do projeto percebe-se uma falta de atenção ao plano de fundo da praça e aos elementos projetuais, em sua maioria, atingiram o objetivo de representar os moradores e tornar a praça um local agradável a permanência e ao lazer, sendo este um local de destaque em meio as construções mais homogêneas de Copenhagen.


4.2 análise de correlatos

4.2.3 Superkilen: colagem e referências culturais Segregação e conexão entre diferentes ambientes Além dos elementos culturais, outro ponto de grande força deste projeto é a setorização em 3 (três) áreas com carátes singulares. Em contrapartida do que é visto na maioria dos projetos, nesse, percebe-se a vontade de romper com a identidade que poderia estar presente em toda a extensão e trazer ambientações contrastantes entre si. A “praça vermelha” é caracterizada pela cor intensa e por diversos mobiliários voltados ao esporte, como resposta do complexo esportivo Norrebrohallen que a cerca. O “mercado preto” é usada como um espaço de feira e piqueniques, com espaços para tal. Por fim, o “parque verde” busca a essência dos parques e uma extensão aos jardins internos dos complexos residenciais que o margeiam, marcada pela vegetação arbustiva, gramados e caminhos para corridas e caminhadas.

A conexão entre esses três espaços se dá especialmente pela ciclovia, que percorre continuamente desde a praça vermelha até o parque verde. Outras características que enfatizam essa conectividade é a permeabilidade visual, a disposição da vegetação e a presença dos elementos culturais em toda a sua extensão. Enquanto esses componentes podem não ser suficientes para informar que todos fazem parte de um mesmo projeto, esse detalhe mostra-se como a força do projeto. Ao possibilitar diferentes atividades, distintas entre si, de acontecerem em um espaço consideravelmente próximo, um programa simples, passa a ser transformado em algo complexo. Com espaços para diversas práticas esportivas, brinquedos infantis, locais para descanço e lazer, ele passa a representar a complexidade cultural característica do bairro.

Imagem 47 - Praça preta

Imagem 48 - Encontro de duas praças

Relação entre os espaços e seu entorno Planta-baixa 5 - Superkilen entrada na praça é indicada pela mudança drástica na ambientação, especialmente pelo piso

ciclovia demarcada percorre toda a extensão do projeto

vegetação próxima ao local de maior circulação e ciclovia

grandes vazios sem uso demonstra falta do pensamento do projeto em uma escala mais aproximada

Imagem 50 - Entrada Praça Vermelha

Imagem 54 - Entrada maior da Praça Vermelha

Fonte: Google Street View

Fonte: Google Street View

ausência de tratamento na via, dificultante passagem de um lado para o outro do projeto

linha e tipo de piso/material evidencia contraste entre ambientes Imagem 51 - Encontro de praças

espaço livre para acontecer eventos ligado ao mercado

ausência de tratamento de piso do leito carroçável prejudica conexão

Imagem 55 - Vegetação praça Preta

Fonte: Google Street View

contraste entre o verde e o cinza, ao mesmo tempo que elementos de um estão presentes em menor quantidade no outro

Fonte: Topotek1

Fonte: Topotek1 Imagem 49 - Vista aérea

entradas em diversos pontos ao longo do parque garantem maior acessibilidade e fluidez Fonte: Google Street View

Imagem 52- Entrada lateral da Praça Verde

presença de calçada não integrada com o proeto da praça, segregando os dois espaços Imagem 56 - Topografia das duas praças

Fonte: Google Street View

espaços são delimitados pelas ruas

uma das entradas secundárias que garantem o acesso direto dos conjuntos residênciais

Fonte: Google Street View

Imagem 53 - Entrada fundos da Praça Verde

espaço de estar separado daquele de passagem pelo tipo de piso, demarcando cada função

espaços são delimitados pelos edifícios

Imagem 57 - Ambiente interno da Praça Verde

Fonte: Google Street View

ao contrário da entrada da praça vermelha, as do parque são sutis e possibilitam a entrada inconsciente. Fonte: Topotek1

Fonte: BIG. Adaptado pelo autora, 2020

N

Fonte: Topotek1


4.2 análise de correlatos

4.2.3 Superkilen: colagem e referências culturais Praça vermelha: a protagonista A escolha desse trecho do projeto para análise devesse principalmente ao seu protagonismo dentro do projeto e, porque não, na cidade. Enquanto o “mercado preto” destaca-se pelo seu desenho de piso que guia de um ponto ao outro e pela concentração maior de locais para sentar, algo positivo de acordo com os estudos de William Whyte; e o “parque verde” consegue fazer uma releitura contemporânea dos jardins renascentistas e criar um percurso agradável para as caminhadas; a “praça vermelha” apropriouse do jargão de um de seus arquitetos e soube aplicar o “yes is more” de modo a materializar a arquitetura popular atual. Como a tinta usada no projeto do Centro Aberto de São Paulo, o marco da praça são as cores. Elas são tanto o plano de fundo quanto a protagonista e criaram, além de algo atrativo, diferenciações de espaços dentro de uma grande área. As cores estão no espaço livre, nas vagas de estacionamento, na ciclovia e na demilitação de pequenas ambientações de acordo com o elemento cultural inserido nela. Enquanto a visual criada em vista aérea demonstra a obviedade da separação dos ambientes, quando o usuário utiliza o espaço, isso deixa de ser evidente. Grandes espaços passam a ser apenas isso. Uma crítica é a de que, enquanto em alguns pontos do projeto a escala do pedestre é bem explorada, em outras, essa dimensão se perde e a sensação que transmite é de vazio. usos de lazer e esporte concentramse em um espaço, garantindo volume e a estratégia de “pessoas atraem pessoas” (GEHL, 1977) ciclovia percorrendo toda a praça

2. Canteiros das árvores proporcionam locais para descanço ao longo de toda a extensão do projeto. Em geral esses canteiros estão localizados próximos a ciclovia ou alguma outra atividade, garantindo sombreamento e conforto térmico. Entretanto, como na imagem destacada, alguns estão posicionados para elemento decorativo e de destaque, criando espaços dentro de espaços maiores ou superdimensionados. 3. Como foi levantado com os morados, além dos objetivos decorativos ou para descansos (bancos e variações desses), muitos encontravam-se na categoria de lazer e esporte. Assim, uma parte da praça vermelha dedica-se justamente a esse uso, próximo a onde já localizava-se o complexo esportivo do bairro. Ringue de boxe, saco de pancada, quadra de basquete e outros elementos concentram-se nesse perímetro, tornando a praça uma extensão das práticas já presentes na quadra.

árvores próximas às atividades demarcam o espaço e garantem conforto térmico

Planta-baixa 6 Superkilen, praça vermelha

Imagem 44 - Vista aérea da praça vermelha, Superkilen

Imagem 58 - Espaço de permanência da Praça Vermelha

1

2

Fonte: Topotek1 Imagem 59 - Equipamento de boxe Imagem 60 - Equipamento de boxe

Fonte: Topotek1 Imagem 61 - Mobiliário cultural Imagem 62 - Mobiliário cultural

3

Fonte: Topotek1

Fonte: Topotek1 Fonte: Topotek1 Imagem 63 - Vista geral da Praça Vermelha com análises da autora

Fonte: Topotek1

elemento que torna a praça visível mesmo em grandes distâncias proteção para os pedestres entre a rua e a praça bicicletários localizados próximos aos outros usos da quadra espaço livre, sem mobiliário e desproporcional para a escala do pedestre

entrada estreita e direcionada quase que unicamente ao ciclista

3

2

desenho de piso direciona às entradas dos edifícios

1. O espaço destinado a circulação de bicicleta é bem definida. Isso garante o fluxo rápido e a conexão direta entre um ponto e o outro da praça. Outra detalhe importante é a cor escolhida para o piso, que ao mesmo tempo que se mescla, tem seu traçado bem definido. Ao longo do percurso do ciclista ele é apresentado a colagem dos diversos ambientes e atividades que acontecem dentro da praça e, por cortar a praça e não estar segregada dela, possibilita querer parar e utilizar algo do espaço.

espaço livre destinado a usos efêmeros

1

vagas de estacionamento na entrada limita acesso dos pedestres

iluminação discreta por fios em toda a extensão da praça

N

Fonte: BIG. Adaptado pelo autora, 2020

iluminação discreta por fios em toda a extensão da praça

Fonte: Topotek1, adaptado pela autora, 2020

22


4.3 estudo de caso: revitalização Beira Rio de Itajaí Imagem 64 - Pessoas caminhando na Beira Rio

4.3

Estudo de caso: revitalização Beira Rio de Itajaí

Fonte: Secom Itajaí


4.3 estudo de caso: revitalização Beira Rio de Itajaí Parque linear e conexão urbana

O projeto

Imagem 65 - Mapa do projeto em Itajaí

Tendo sido concluido em 2017, o projeto de revitalização da Beira Rio de Itajaí buscou a criação de um parque linear que adequadamente conecta-se uma ponta a outra da orla. Assim, o projeto da prefeitura com o arquiteto Fabian Zago, reestruturou os 1,2 km da Avenida Ministro Victor Konder, na Fazenda, e tornou o passeio agradável ao ciclista e ao pedestre. Além da transformação do espaço de circulação do pedestre e ciclista, o projeto contou com a criação de espaços de permanência ao longo do trajeto, buscou a aproximação entre os dois lados da via e possibilitou uma conexão entre lados da cidade que estavam em constante desvalorização. O resultado do projeto pode ser comprovado com o fato de que a Avenida é, hoje, um dos cartões postais da cidade e com a quantidade de pessoas que pode ser vista em um domingo qualquer usufruindo do parque linear. separação completa entre o passeio e a ciclovia garante mais segurança e fluidez para ambos.

5

4

6

3

2

1 Fonte: Google Maps, adaptado pela autora, 2020 1 2 3 4 5

Bairro Centro Bairro Fazenda Praça Genésio Miranda Lins Marinha de Itajaí Centreventos de Itajaí

praças, como essa, possuem desenho próprio para aquele espaço, criando variedade.

N

equipamentos de lazer incentivam a permanênci e foram instalados em locais que não atralham o fluxo.

Imagem 66 - Divisão de fluxos

Imagem 67 - Praça que dá início ao parque

Imagem 68 - Equipamento de ginástica

Fonte: Secom Itajaí

Fonte: Secom Itajaí

Fonte: Secom Itajaí

O projeto de remodelação da orla da Beira Rio pode ser classificada como arquitetura social, na qual seu principal objetivo advém da adaptação do espaço para torná-lo acessível a todos, assim como proporcionar bem-estar e segurança em um espaço onde antes encontrava-se esquecido e descuidado. Indo de uma região de subúrbio urbano até o centro da cidade, o parque linear, como é conhecido pelos moradores, faz o papel de conectar dois grandes espaços. A praça Genésio Miranda Lins foi reformada e dá início ao projeto. A outra ponta, Centro, é marcada pela Marinha e pelo Centreventos de Itajaí, locais que geram fluxo de pessoas em dias específicos e que são essenciais para a cidade. Ao longo do passeio percebe-se diversos tipos de uso, como lanchonetes, restaurantes, lojas, residencias e escritórios. Essa diversidade passou a ser

intensificada após a implementação do projeto, justamente devido a valorização do recorte. O que tornou o projeto tão bem sucedido na cidade foi o seu desenho urbano. A inserção de vegetação complementar àquela nativa, garatindo o conforto do usuário, a separação do fluxo dos ciclistas e dos pedestres, tornando a circulação de ambos mais fluida e agradável; presença de equipamentos de lazer e esporte em pontos específicos do projeto, proporcionando entretenimento e a permanência; além de, por fim, criar praça, ou seja, espaços maiores, durante o percurso, servindo como marco de localização e como local de encontro e socialização.

a vida noturna do parque é ativa, devido a iluminação adequada e aos seus usos complementares.

praças com presença marcante da vegetação, árvores e gramadas, garantem sensação de conforto.

o início do parque é marcado por um elemento cultural que orienta o usuário da sua localização.

Imagem 69 - Ocupação noturna do parque

Imagem 70- Praça com diferentes usos

Imagem 71 - Marco

Fonte: Secom Itajaí

Fonte: Secom Itajaí

Fonte: Secom Itajaí

600

600

700

500

500

700

800

800

900

900

1000

1000

1100

1100

Planta-baixa 7 - Beira Rio de Itajaí

Fonte: Prefeitura de Itajaí. Adaptado pelo autora, 2020

N

24


4.3 estudo de caso: revitalização Beira Rio de Itajaí Estética e materialidade

Usos e funcionalidades

O projeto tem seu foco na criação de fluxos e locais de permanência, contudo, percebe-se uma preocupação também com sua estética e com a unidade do projeto como um todo. O concreto natural dos bancos e dos caminhos, o concreto pigmentado vermelho por toda a ciclovia e meio fio, além do verde e marrom da vegetação são os materiais que predominam no projeto. Desde a praça de início até chegar na marinha, o usuário do espaço pode perceber tudo como um projeto único. Como modo de gerar uma melhor localização dentro desse espaço, o arquiteto insere pequenas praças em alguns pontos. Nelas há sempre uma pequenas mudança, seja do seu uso, seja de algum elemento estético adicionado. Por exemplo, nesse trecho do projeto analisado, o parquinho de madeira é o elemento que trás essa diferenciação, como ponto de referência. Por fim, outro detalhe que molda a identidade do projeto é a presença intensa da vegetação, usada tanto para o conforto, como para questões estéticas.

O uso principal do espaço é, certamente, a circulação e pedestres e ciclistas. Assim, os passeios e ciclovias são os elementos que dão forma ao espaço e marcam o local. Contudo, o projeto também é composto por programas complementares, responsáveis por estimular a permanência do espaço e garantir seu uso constante. Entre esses usos, pode-se citar as praças com palcos multiuso, pista com obstáculos para skate, mobiliário de estar, como bancos e mesas de jogos, parquinho para as crianças, bicicletários e aparelhos de ginástica. Além desses elementos específicos do projeto, algo interessante de se observar é a presença de food trucks em variados momentos do dia e as cadeiras móveis que os próprios usuários ou donos dos comércios levam para o ambiente. A interação entre esses diferentes usos, que podem ser resumidos em circulação, lazer, esporte, descanso e alimentação, tornaram o local vivo e em constante movimentação, mostrando a apropriação pelos moradores e visitantes.

PALM

PALM

P PALM

PALM

a ciclovia gera uma barreira de proteção para os pedestres e garante maior conforto a eles durante o passeio.

700

em alguns pontos, como esse, a ciclovia e a pista de caminhada se encontram, tanto para dar acesso a praça presente do outro lado, quanto garantindo a aproximação entre os dois.

400

400

PALM PALM

arborização viária mais densa devido às condições climáticas da cidade

P

vegetação nativa da orla é preservada e tornou-se parte do projeto

palmeiras e canteiros nas duas esquinas em frente ao parque atribuem unidade ao local e transmitem a ideia de que o pedestre é prioridade também nesse trecho.

palmeiras, árvores mais altas, demarcam um ponto focal do projeto no cruzamento.

P

arbustos na esquina gera barreira com rua do e sensação Vista noanível pedestre de proteção ao pedestre

ciclovia continua durante todo o parque linear. G

Transição espaço enclausurado para o praça aberta e livre

Imagem 73 - Relação do projeto com o leito carroçável

massa densa de vegetação nativa e as palmeira projetadas complementam-se

parquinho infantil localizado na parte mais interna do parque, proporcionando a segurança necessária

G

Imagem 72 - Relação do projeto com o leito carroçável

Planta-baixa 8 - Recorte Beira Rio de Itajaí

AC: 1°6'10"

GG

R KONDER

AV. MIN. VICTO

AC: 1°40'39"

Fonte: Google Maps Imagem 74 - Tipos de ocupação do espaço da praça

piso em borracha para maior conforto e segurança das crianças

Vista do centro da Praça Teatre canteiro com vegetação protege o usuário da rua e proporcio conforto térmico

RAMPA

RUA LAGES RAMPA

RAMP

espaço livre pode ser acupado com mobiliário móvel

A

600

bancos são posicionados pontualmente e em harmonia com a paginação do piso

600

M

500

calçadas nas esquinas são extendidas e resultam na diminuição da distância entre as vias, proporcionando maior segurança na travessia do pedestre.

500

bancos no entorno do parquinho são bem utilizados e servem como mobiliário de apoio

bancos dispostos na parte central indicam o caráter de praça do espaço, mas não são suficientes para que um convívio social seja considerado normal no espaço

Fonte: Google Maps

N AC:

"

3°27'9

P

Fonte: Secom Itajaí

Fonte: Prefeitura de Itajaí. Adaptado pelo autora, 2020


4.4 tabela síntese das análises Centro Aberto de São Paulo Imagem

Imagem 20 - Praça Largo General Osório, São Paulo

Fonte: Gestão Urbana de São Paulo

Cidade Antiga de Banyoles

Superkilen

Beira Rio de Itajaí

Imagem 36 - Vista geral da Plaza Teatre

Imagem 44 - Vista aérea da praça vermelha, Superkilen

Imagem 75 - Vista aérea de trecho do parque linear

Fonte: Adrià Goula

Fonte: Iwan Baan

Fonte: Secom Itajaí

Tipologia

Local

Centro, São Paulo, Brasil

Banyoles, Espanha

Copenhagen, Dinamarca

Itajaí, Santa Catarina, Brasil

Breve descrição

Intervenções pontuais em praças centrais e nas vias que as margeiam a fim de qualifica-los e renovar as formas de uso desses espaços.

Projeto de 1998 ganhador do concurso para remodelação das praças e vias conectoras entre elas da cidade histórica.

Parque público linear de aproximadamente 500 metros de extensão no bairro Nørrebro, um dos mais culturalmente diversos da cidade.

Revitalização da Beira Rio por meio da criação de um parque linear de 1,2 km conectando as duas pontas da orla de Itajaí.

Metodologia e abordagem

A partir do levantamento de dados e da participação da população, o projeto é desenvolvido e implantado. Então, são analisados os impactos da intervenção e aplicado mudanças, em um constante processo entre especialistas e usuários.

Por meio do design research, o desenvolvimento do projeto teve sua base na história, na geologia e no patrimônio arquitetônico e urbano do local com o objetivo de pedestrizar a localidade.

A fim de criar um parque no qual os moradores pudessem se identificar, o processo de projeto foi o “pessoa para pessoa”, ou design participativo, incorporando as ideias e culturas dos futuros usuários do espaço.

Com o objetivo de adaptar o espaço e torná-lo acessível a todos, o projeto buscou qualificar o percurso, que encontrava-se esquecido, e a praça tradicional da cidade, Genésio Miranda Lins, por meio do desenho urbano.

Estética e materialidade

Com a ideia de aplicar intervenções reversíveis, de baixo custo e de rápida implementação, utiliza-se tinta colorida, vasos com vegetação, decks de madeira e alguns outros objetos soltos.

Buscava-se a mimetização do novo projeto com o seu entorno. Para isso, foi utilizado a pedra Travertino, unânime entre as edificações do seu entorno, criando, assim, uma terceira parede e reforçando o valor histórico do espaço.

Setorizado em 3 espaços de caráters estéticos singulares, o projeto utiliza uma cor predominante em cada um dos espaços e elementos culturais que harmonizam ou contrastam entre eles.

A unidade do projeto é perceptível em cada fragmento seu. O concreto natural dos bancos e dos caminhos e o vermelho da ciclovia e meio fio, além do verde e marrom da vegetação, são os materiais que predominam no parque.

Usos e funções

Para garantir o uso do espaço e o conforto do usuário, há a adição de bancos, palco multiuso, playground e jogos, os quais são complementados pela central de apoio que disponibiliza cadeiras móveis e outros equipamentos.

As ruas voltam-se para os pedestres e as praças são requalificadas, garantindo espaço de permanência e, ao retirar o leito carroçável, foi possível integrar ao projeto os antigos canais de irrigação importante elemento histórico da cidade.

Enquanto em um, os equipamentos são voltados ao esporte, no outro os mobiliários estimulam a permanência e, no último, busca retomar os usos dos parques com massas de vegetação e pista de caminhada.

Os passeios e ciclovias são aqueles que dão forma ao espaço. É composto também por programas que estimulam a permanência, como palcos multiuso, pista de skate, bancos, playgrounds e equipamentos de ginástica.


5

diretrizes


6 diretrizes Pequenas diretrizes para uma rede de praças A fim de criar uma rede de praças que seja efetiva, proporcionando de fato uma melhor qualidade para o espaço, foram definidas 24 diretrizes categorizadas em 4 grupos - rede, rua,

estrutura e elementos. Cada diretrize foi embasada em conhecimentos adquiridos com o referencial teórico, por meio da transformação de informações apresentadas por autores renomados,

como Jan Gehl e William Whyte, em orientações a serem seguidas no desenvolvimento do projeto. Enquanto parte das diretrizes aqui apresentadas possuem enfoque na disposição da

organização espacial da rede como um todo, outros referem-se aos elementos a serem inseridos nos projetos particulares de cada praça.

Rede

1. Estabelecer a conectividade entre espaços públicos possibilitando o caminhar seguro e agradável durante o percurso (REMESER, 2010, p. 11);

2. Promover o desenvolvimento sustentável da localidade de modo a minimizar os impactos das pessoas sobre a natureza (REMESER, 2010, p. 11);

3. Possibilitar o aumento das dinâmicas socioeconômicas no raio de abrangência da rede (REMESER, 2010, p. 11);

4. Reativar espaços em desuso proporcionando a sociabilidade do espaço (REMESER, 2010, p. 11);

5. Incentivar a manifestação de diferentes culturas urbanas (REMESER, 2010, p. 11);

6. Valorizar as especificidades ambientais, paisagísticas, históricas e culturais de cada espaço público (REMESER, 2010, p. 11);

Rua

7. Criar estrutura de espaços públicos com praças menores e mais privativas; e praças maiores com caráter mais público (GEHL, 1971, p. 59).

8. Garantir ao usuário a visão da movimentação e da vida pública no entorno (GEHL, 1971, p. 27);

9. Tornar a praça visível da rua para os pedestres (GEHL, 1971, p. 63);

10. Tornar a transição entre a praça e a rua discreta de modo a guiar o usuário ao espaço de modo despretencioso (WHYTE, 1980, p. 57);

11. Projetar a praça desde a esquina da rua (WHYTE, 1980, p. 54);

12. Reduzir a velocidade e intensidade do tráfego nas ruas que constituem a rede de espaços públicos (GEHL, 1971, p. 77);

Estrutura

13. Traçar os caminhos de acordo com os fluxos já existentes no espaço (WHYTE, 1980, p. 32);

14. Destinar espaços para o comércio alimentício, tanto o temporário quanto o permanente (WHYTE, 1980, p. 50);

15. Destinar o espaço mais próximo à rua para os eventos culturais (GEHL, 1971, p. 63);

16. Subdividir, sempre que possível, os espaços das praças em ambientes menores e mais específicos (GEHL, 1971, p. 92);

17. Projetar espaços bem definidos (WHYTE, 1980, p. 21);

18. Fomentar a apropriação dos espaços pelo sensação de cuidado para com o espaço (REMESER, 2010, p. 11);

Elementos

19. Criar marcos que auxiliem na orientação do usuário no espaço (WHYTE, 1980, p. 21);

20. Dedicar 6 a 10% da praça para os espaços de estar (WHYTE, 1980, p. 38);

21. Dimensionar os bancos e espaços para descanço de modo generoso (WHYTE, 1980, p. 34);

22. Incluir elementos com água em locais de maior tráfego de veículos (WHYTE, 1980, p. 49);

23. Propiciar o conforto social no ambiente por meio do distanciamento adequado entre os espaços de permanência, assim como os de passagem (WHYTE, 1980, p. 32);

24. Inserir vegetação com sombreamento adequado nos locais de permanência e de circulação (WHYTE, 1980, p. 46);


diagnóstico e definições em macro e mesoescala

6


6.1 diagnóstico macroescala e seleção do bairro Joinville e seu desenvolvimento urbano se especialmente pela conexão entre a região serrana e o porto de São Francisco do Sul, cidade a qual pertenceu até 1866. A morfologia urbana de Joinville é, assim, resultante tanto das condições naturais do ambiente quanto da ocupação histórica do local. O perímetro urbano localiza-se na região de planície entre o mar e a serra, local de mais fácil ocupação. No final do século XIX, Joinville transitou de uma localidade marcada pela produção rural para a consolidação das primeiras indústrias. Esse setor foi o principal propulsor da economia joinvillense e ainda hoje a caracteriza. Devido ao crescimento da sua base econômico-industrial, houve um aumento marcante da população na segunda metade do século XX, resultando no espraiamento da cidade.

Tabela 1 - Bairros de Joinville com suas áreas, quantidade de praça, praça por km², densidade habitacional e porcentagem de uso residencial Bairro Área (km²) Densidade (hab/km²) Uso residencial (%) Praças/km² Qtd. praças 1. Adhemar Garcia 1,96 5.235 89,3 1,53 3 2. América 4,54 2.742 80,4 0,66 3 3. Anita Garibaldi 3,04 2.964 83,3 0 0 4. Atiradores 2,81 1.967 84,3 0,36 1 5. Aventureiro 9,43 4.090 87,4 0,32 3 6. Boa Vista 5,37 3.428 86,2 0,75 4 7. Boehmerwald 3,14 5.716 85,0 0,32 1 8. Bom Retiro 3,91 3.332 86,7 0,77 3 9. Bucarein 2,04 2.940 80,5 1,47 3 10. Centro 1,31 4.176 47,9 4,58 6 11. Comasa 2,71 7.981 90,2 1,48 4 12. Costa e Silva 6,58 4.608 87,0 0,61 4 13. Dona Francisca 1,10 531 73,9 0 0 14. Espinheiros 2,74 3.365 88,7 0 0 15. Fátima 2,21 7.006 85,2 0,45 1 16. Floresta 4,99 3.981 83,1 0,40 2 17. Glória 5,37 2.125 79,4 0,19 1 18. Guanabara 2,55 4.916 84,7 1,96 5 19. Iririú 6,22 3.970 81,6 0,48 3 20. Itaum 3,18 4.968 83,8 0,63 2 21. Itinga 7,73 910 82,7 0,13 1 22. Jardim Iririú 3,30 7.622 84,2 1,21 4 23. Jardim Paraíso 3,22 5.763 82,0 0,31 1 24. Jardim Sofia 2,13 2.185 76,3 0,47 1 25. Jarivatuba 2,09 6.527 88,3 0,48 1 26. João Costa 3,41 4.071 83,9 0,59 2 27. Morro do Meio 5,44 1.995 84,6 0,37 2 28. Nova Brasília 7,85 1.803 79,6 0,25 2 29. Paranaguamirim 11,51 2.663 80,1 0,26 3 30. Parque Guarani 4,41 2.665 84,7 0,45 2 31. Petrópolis 3,04 4.855 85,5 0,33 1 32. Pirabeiraba 6,09 753 62,6 0,16 1 33. Profipo 1,66 2.942 84,5 0,60 1 34. Rio Bonito 5,73 1.203 76,6 0,17 1 35. Saguaçu 4,89 2.959 81,9 1,02 5 36. Santa Catarina 5,42 1.235 78,6 0,18 1 37. Santo Antônio 2,20 3.294 86,6 0,90 2 38. São Marcos 5,46 536 72,5 0,37 2 39. Ulysses Guimarães 3,23 3.204 76,1 0,31 1 40. Vila Cubatão 0,36 3.042 62,4 2,78 1 41. Vila Nova 14,43 1.685 76,4 0,14 2 42. Zona Industrial Norte 30,70 113 42,3 0 0 43. Zona Industrial Tupy 1,47 48 45,1 0 0 Fonte: SEPUD 2017, adaptado pela autora

Campo Alegre Garuva Itapoá 34

13

JOINVILLE

23

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12

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18 15 1 39 25 20 31 26 29 30 7 21

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Fonte: SEPUD, adaptado pela autora, 2020

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5

10 km

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Joinville é uma cidade localizada no nordeste de Santa Catarina, na região sul do Brasil. Com uma extensão territorial de aproximadamente 1.124 km² e uma população de 583.114 habitantes, a cidade é margeada a leste pela Baía da Babitonga e, ao seu oeste, é contemplada pela a serra Dona Francisca. Suas primeiras ocupações remontam o século IV a.C, com vestígios encontrados nos mais de 40 sambaquis espalhados pela região de mangue da cidade. Já a chegada dos europeus na região ocorreu aproximadamente em 1800, quando inicia-se o processo de transformação urbana. O território, então, fazia parte da Colônia Dona Francisca, terras pertencentes ao Príncipe de Joinville. A acomodação dos primeiros colonizadores na cidade, onde hoje localiza-se o seu centro, deu-

Mapa 3 - Município de Joinville e seu desenvolvimento

Legenda 1. Adhemar Garcia 2. América 3. Anita Garibaldi 4. Atiradores 5. Aventureiro 6. Boa Vista 7. Boehmerwald 8. Bom Retiro 9. Bucarein 10. Centro 11. Comasa 12. Costa e Silva 13. Dona Francisca 14. Espinheiros 15. Fátima

16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30.

Floresta Glória Guanabara Iririú Itaum Itinga Jardim Iririú Jardim Paraíso Jardim Sofia Jarivatuba João Costa Morro do Meio Nova Brasília Paranaguamirim Parque Puarani

31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43.

Petrópolis Pirabeiraba Profipo Rio Bonito Saguaçu Santa Catarina Santo Antônio São Marcos Ulysses Guimarães Vila Cubatão Vila Nova Zona Industrial Norte Zona Industrial Tupy

Limite município de Joinville Limite perímetro urbano de Joinville Divisões bairros de Joinville Delimitação bairro Guanabara Baia da Babitonga Serra Dona Francisca Ocupação até 1860 Ocupação até 1925 Ocupação até 1955 Ocupação até 1972 Sistema de Coordenadas Geográficas Datum Sirgas 2000 Bases Cartográficas: IBGE 2017 e IPUJ 2017 Adaptado pela autora, 2020


6.1 diagnóstico macroescala e seleção do bairro Pessoas, atividades e espaços

Mapa 4 - Densidades, centralidades, vias e praças do perímetro urbano de Joinville Legenda

A fim de implementar a rede de espaços públicos em uma localidade que melhor pudesse recebe-la, foi necessário a realização de um diagnóstico em macro escala. Este precisava ser capaz de identificar os bairros com maior potencial e com problemáticas e necessidades para as quais esse novo tratamento do espaço público pudesse trazer soluções.

Perímetro urbano Bairros Bairro Guanabara Vias principais Vias secundárias UCs Baía da Babitonga Centralidade Praça Densidade (hab./ha) 406,489 - 832,016 142,198 - 406,497 59,628 - 142,197 29,436 - 59,627 0,000 - 29,435

Pessoas Como foi discorrido ao longo do referencial teórico conceitual, uma parte essencial para um bom funcionamento do espaço público é a presença de pessoas. Assim, o primeiro critério analisado é a relação entre a localização das praças já existentes e da densidade populacional em cada região da cidade. Isso pois, quanto maior a densidade, maior é a probabilidade de uso das praças e da sua necessidade. Os bairros mais periféricos, como o Comasa (7.981 hab/km²) e o Jarivatuba (6.527

hab/km²), são onde concentram-se as maiores densidades, sendo que a região central, como o Atiradores (1.967 hab/km²) e o Bucarein (2.940 hab/km²), não é tão adensada. O bairro escolhido, o Guanabara, localiza-se logo abaixo da região mais central e possui uma densidade intermediária entre aqueles mais e menos densos, com 4.916 hab/km². Além disso, a presença de 5 praças, comparado a média de 2 praças por bairro, demonstra a possibilidade de uma vida pública já existente nessa comunidade.

desconexão entre praça e centralidade

concentração de praças próximos de uma centralidade densa

Atividades Além da presença de pessoas, é necessário a presença de atividades para que ocorra a manutenção da vida pública. Assim, ao analisar o uso do solo nos diferentes bairros, considerou-se a necessidade de haver tanto o uso residencial, ou seja, a presença de moradores, quanto de outros usos, os quais garantem diversidade para as atividades exercidas no bairro. A ideia é que bairros muito residenciais, como o Adhemar García (89,3%), podem denunciar uma carência de outros serviços e caracterizar o local como bairro dormitório, com os moradores saindo de manhã e voltando no final do dia. Já aqueles com baixo uso

praças margeiam centralidade em região densa

região com maior densidade e diversas praças dispersas

residencial, como o Centro (47,9%), possuem o efeito contrário, no qual o bairro esvaziase ao final do dia. Assim, além da própria movimentação que a mistura de usos e forte presença de moradores causa naquele espaço, outro efeito é a probabilidade de presença do senso de comunidade, já que muitos moram, trabalham e convivem no mesmo espaço. A escolha do bairro Guanabara também transmite essa intenção, sendo que, por meio das análises percebe-se a presença em alguns pontos de uma atividade comercial e de serviços mais intensa, assim como locais onde predomina o uso residencial, tudo em um raio de distância coerente para atender ambas as partes.

baixa densidade populacional porém com concentração de praças

Espaços quando comparada a outros aglomerados urbanos. O bairro escolhido possui 5 praças, sendo que apenas o Centro e o Saguaçu equiparam-se a ele. Além disso, há pequenos e grandes vazios em toda a extensão do bairro em quantidades suficientes para implementar as conexões entre os espaços públicos já existentes e aqueles projetados.

centralidades próximas, densidade intermediárias e presença de praças alta densidade porém poucas praças preexistentes 0 Fonte: SEPUD, adaptado pela autora, 2020

1

2

4 km

N

Por fim, como a intenção é a implementação de uma rede de espaços públicos, dois elementos físicos eram essenciais para tal: praças e vazios urbanos. Enquanto conjuntos de praças são mais incomuns na cidade, estando a maioria isolada e com grandes distâncias umas das outras, a presença de vazios urbanos é algo predominante em boa parte do seu território, considerando a característica espalhada e de baixa densidade


6.1 diagnóstico macroescala e seleção do bairro Diretrizes

Mapa 5 - Usos do solo, vias e praças do perímetro urbano de Joinville

Mapa 6 - Terrenos baldios, vias e praças do perímetro urbano de Joinville Legenda Perímetro urbano Bairros Bairro Guanabara Vias principais Vias secundárias UCs Baía da Babitonga Praça Terrenos baldios

Legendas

uso diversificado no entorno da praça, porém ela está isolada de outras

equilíbrio entre o uso residencial e os demais e presença de praças próximas

Perímetro urbano Bairros Bairro Guanabara Vias principais Vias secundárias UCs Baía da Babitonga Praça Uso do solo Residencial Misto Comerical, serviços, institucional e indústrias

pouca diversificação do uso do solo

presença de terrenos baldios no raio de entorno da praça

concentração próximas a usos diversificados

ausência de praças e pouco uso residencial

grandes vazios próximos a praça

grandes terrenos vazios porém nenhuma praça existente

diversos vazios urbanos em região sem praça grandes lotes vazios mas poucos lotes de menores dimensões

concentração de praças próximas às vias com uso do solo diverso

eixo de usos não residenciais e preexistência de praças

maior concentração de praças, porém área com baixo uso residencial pouco uso diferente do residencial

poucas praças existentes porém com diversos vazios urbanos

poucos lotes vazios área bastante ocupada porém ainda com vazios urbanos diversos lotes vazios próximos às praças

diversidade de uso do solo e presença de praças

grupo de praças em região de uso misto região com poucas praças existentes e com uso predominante residencial = pouca diversificação

Fonte: SEPUD, adaptado pela autora, 2020

1

2

4 km

N

0

0 Fonte: SEPUD, adaptado pela autora, 2020

1

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praça próxima a diferentes usos, porém isolada de outras.


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Mapa 7 - Uso do solo e praças do bairro Guanabara

Gráfico 7 - Renda X População (em salários mínimos) 8000

Gráfico 8 - Faixa Etária da população

Legenda Uso do solo Residência Serviço Comércio Uso Misto Indústria Terreno baldio

BOA VISTA

7500

6000 5000

C

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2000

BUCAREIN

Delimitação rua Rio

BUCAREIN

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Fonte: SEPUD 2017 adaptado pela autora

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Fonte: SEPUD 2017 adaptado pela autora

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Imagem 76 - Vista aérea do bairro Guanabara 6000

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O bairro Guanabara é caracterizado pelo predomínio do uso residencial, com os comércios e serviços em crescente desenvolvimento nas vias principais. O caráter das residências é, em sua maioria, unifamiliar horizontal e, em alguns poucos pontos, multifamiliar vertical. A maior densidade encontra-se nas quadras entre as ruas Graciosa e Guanabara, havendo uma outra concentração de moradores na rua Tereisópolis, ao lado do rio. A maior vitalidade do bairro encontrase nas vias principais, onde há comércios e serviços que abastecem os moradores do bairro e do seu entorno imediato. Como agregador de maior fluxo de pessoas, tem-se os 6 institutos educacionais, a estação Guanabara, a unidade básica de saúde Itaum, os supermecados e as igrejas maiores, pontos importantes para a comunidade.

po

Há, ao todo, 5 (cinco) praças no perímetro do bairro Guanabara de diferentes escalas. Elas são os únicos equipamentos de lazer presentes na localidade e, apesar de ser uma quantia superior àquela dos outros bairros da cidade, ainda assim, ao analisar de maneira mais aproximada, é insuficiente para atender a comunidade, seja pela distância entre elas ou pela falta de manutenção e de qualidade dessas. O Parque da Cidade é composto por duas praças (B e C), separadas por uma grande rotatória de veículos. O parque, assim, localizase em um local de intenso fluxo de veículos e está mais isolado dos usos voltados para o pedestre. A praça localizada na esquina da rua Graciosa com a rua Florianópolis (A) é a mais tradicional do bairro e possui um fluxo frequente de pedestres. As outras duas praças (D e E) são menores em dimensões e voltam-se mais ao seu entorno imediato.

11

Uso do solo

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Praças existentes

E

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Fonte: Google Maps, 2020

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O Guanabara é um bairro da zona sul de Joinville, localizado a 2,85 km do Centro. Com uma área de 2,55 km², sua ocupação deve-se principalmente a expansão da cidade a partir de 1960, com o desenvolvimento industrial local, sendo que sua criação oficial ocorreu em 1972, pela lei nº 1.526. Até a década de 1940 não havia energia elétrica no bairro e a rede de água foi instalada apenas vinte anos depois. No início da habitação do bairro, as ruas não obedeciam uma delimitação, sendo os caminhos improvisados. Havia, também, uma grande dependência dos equipamentos urbanos de outros bairros, já que não existiam escolas e nem muitos comércios em seu perímetro. Hoje, o Guanabara é abastecido com uma diversidade de comércios e serviços. Apresenta uma densidade de 4.916 hab/km², sendo que a maior concentração de moradores encontra-se nas suas ruas principais. Devido a sua proximidade do centro e pelo seu custo baixo, é um bairro com grande potencial e com uma margem para o desenvolvimento com maior qualidade nos próximos anos.

15

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0

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0

1. UBS Itaum 2. Associação de Moradores do Bairro 3. CEI Botãozinho de Rosa 4. CEI Luiza Maria Veiga 5. CEI Tempo Feliz 6. CEI Criarte 7. EM Professora Anna Maria Harger 8. EEB Dr. Jorge Lacerda 9. Estação de Ônibus do Guanabara 10. Seminário Diocesano São José 11. Supermercado Albino 12. Supermercado Benvenutti 13. Igreja Nossa Senhora do Rosário 14. Igreja Adventista do Sétimo Dia 15. Previdência Social

D

5

R. Flo

rianó

polis

0

ITAUM

250

500 m

N

O bairro Guanabara

6.2 diagnóstico mesoescala e seleção dos terrenos

Fonte: SEPUD, adaptado pela autora, 2020

Imagem 77 - Vista “a”

Imagem 78 - Vista “b”

Imagem 79 - Vista “c”

Fonte: autora, 2020

Fonte: autora, 2020

Fonte: autora, 2020


6.2 diagnóstico mesoescala e seleção dos terrenos no R. Gracilia

Fluxos e mobilidade Diretrizes Mapa 8 - Ciclovias e linhas de ônibus

BOA VISTA

Legenda

Ramos

Acesso ao bairro Principais vias Fluxos Unidirecional médio Unidirecional baixo Birecional alto Birecional médio Bidirecional baixo

C

R.

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BUCAREIN

BUCAREIN

Praça

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Delimitação rua Rio Edifício

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Fonte: SEPUD, adaptado pela autora

E

A maior concentração da ocupação do bairro encontra-se em zona de adensamento prioritário SA-02, sendo que a outra parte é localizado em setores especiais por estarem em área ribeirinha e de remanescente de manguezal. O Guanabara possui uma ocupação recente, com estabilização do seu crescimento desde o final do século XX. De acordo com os aspectos legais, o bairro ainda possui margem de crescimento, sendo que suas vias principais são classificadas como faixas viárias (aumentando o potencial construtivo) e há uma centralidade em seu perímetro (SE-08 com aumento do potencial construtivo igualmente). O fato de estar localizado próximo ao Centro e possuir os incentivos legais, (área de adensamento prioritário), demonstra a tendência ao seu desenvolvimento e possível crescimento nos próximos anos.

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O bairro localiza-se as margens da baía da Babitonga, entre os rio Itaum-açú e Bucarein, com parte do seu território em área de mangue. Os dois rios citados são responsáveis por delimitar a área do bairro e muitas ruas residenciais do Guanabara terminam justamente em encontro com o rio, sendo o cenário de vegetação da mata ciliar algo comum aos moradores. Outro condicionante natural que marca fortemente o bairro é o Morro do Guanabara, considerado uma AUPA (Área Urbana de Proteção Ambiental) e que acaba por dividir o bairro em dois lados. Ele, infelizmente, encontrase em partes desmatado e com tentativas de ocupação, contudo, ainda apresenta mata nativa em alguns pontos. Por fim, há no território 3 (três) sítios arqueológicos, sendo que todos eles encontramse em terrenos desocupados e verdes.

Condicionantes legais

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0

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250

500 m

N

Condicionantes naturais

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A rua Florianópolis é uma via arterial e a de maior fluxo do bairro, responsável por fazer o limite entre o Guanabara e o Itaum. A rua Graciosa e a rua Guanabara, em conjunto com as ruas Santo Agostinho, Nacar e Teresópolis são as vias coletoras, nas quais concentram-se o fluxo interno do bairro. As demais ruas são aquelas consideradas de bairro e possuem um fluxo baixo de veículos. Os acessos ao bairro são 3, justamente pelas vias principais. O primeiro é pela rua Florianópolis, acessando as ruas Graciosa, Guanabara, Teresópolis ou aquelas menores. O segundo é pelas ruas que margeiam o Parque da Cidade, sendo elas as ruas do Bera, pelo Bucarein, e a Graciliano Ramos, pelo Boa Vista. Esse acesso é mais direcionado aos veículos e o local caracteriza-se pelo fluxo rápido. O último acesso ocorre pela ponte que liga o bairro Guanabara ao Fátima, por meio da via de mesmo nome. A estrutura dessas vias principais é, em sua maioria, de dimensões maiores, sendo providas de ciclofaixas e entre 2 e 3 vias para carros, sendo em algumas presente a via exclusiva para ônibus.

Mapa 9 - Fluxos e praças do bairro Guanabara

Fonte: SEPUD, adaptado pela autora, 2020 Imagem 80 - Vista “a”

Imagem 81 - Vista “b”

Imagem 82 - Vista “c”

Fonte: autora, 2020

Fonte: autora, 2020

Fonte: autora, 2020


6.2 diagnóstico mesoescala e seleção dos terrenos Mapa 10 - Condicionantes Naturais do bairro Guanabara

Mapa 11 - Condicionantes Legais do bairro Guanabara

Legenda

Legenda

Área verde Sítio arqueológico Mancha de inundação Solo de mangue Raio de 50m de nascente Rio APP do rio Zona de amortecimento

BOA VISTA

1 BUCAREIN

Zoneamento SA-02 SA-04 SE-05 AUPA SE-08

BOA VISTA

Faixa viária Zona de influência da faixa viária

BUCAREIN

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Fonte: Google Maps

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Imagem 84 - Vista aérea “b”

Fonte: Google Maps

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Fonte: SEPUD, adaptado pela autora, 2020 Imagem 85 - Vista aérea “c”

Fonte: Google Maps

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Imagem 83 - Vista aérea “a”

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Sambaquis 1. Morro do Ouro 2. Guanabara II 3. Guanabara I

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Fonte: SEPUD, adaptado pela autora, 2020 Tabela 2 - Requisitos Urbanísticos para a Ocupação do Solo de acordo com o zoneamento

SA-02 SA-04 SE-05 AUPA SE-08 Faixa viária

Coeficiente de Aprovitamento do Lote (CAL) 3,0 2,0 0,1 0,1 4,0 4,0

Gabarito máximo

Taxa de Ocupação

Recuo Frontal

Taxa de permeabilidade

25 m 15 m 9m 9m 30 ou 45 m 30 ou 45 m

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5+Xm 5+Xm 5+Xm 10 m

20% 20% 20% 80%

Fonte: Prefeitura de Joinville, adaptado pela autora


6.2 diagnóstico mesoescala e seleção dos terrenos Síntese do diagnóstico Nas ruas principais, como a rua Graciosa, Florianópolis e Guanabara, são onde concentram-se uma movimentação que destoa do restante do bairro. Isso pois essas vias são responsáveis por fazer a conexão entre bairros e, como consequência, são classificadas como vias de fluxo mais rápido. Analisando as características das residências e dos comércios, foi possível compreender melhor as dinâmicas internas do bairro. Conclui-se que há uma população mais tradicional que reside no bairro, a qual de fato faz uso dos equipamentos presentes no Guanabara. Os comércios e serviços são, em sua maioria, mais tradicionais e observase alguns poucos edifícios de desenvolvimento recente. Devido a qualidade observada nas vias, percebe-se o descaso do poder público perante o bairro e a possibilidade de utilizar os espaços desocupados ou pouco aproveitados para garantir uma melhor qualidade de vida aos seus moradores.

Escolha das conexões

Praças preexistentes

Tendo como objetivo central desse trabalho a criação de uma rede de praças, esse diagnóstico buscou compreender quais eram os potenciais e as necessidades específicas do bairro. Ao fazer o levantamento dos pontos que geram maior fluxo interno de pessoas no bairro, foi observado a grande quantidade de centros de educação, desde creches até escolas estaduais. Levando essa informação em consideração, e ainda tendo como ponto de atenção o fato de ser um bairro predominantemente residencial, com dinâmicas internas muito voltadas a pequenas caminhadas, o traçado da rede foi definido. Esse traçado buscou conectar todos os centros de educação e alguns outros pontos de destaque, como o posto de saúde. Intercalando entre ruas de baixo fluxo e trechos de ruas principais, o enfoque foi sempre o conforto do pedestre e o estímulo a caminhar por entre as ruas do bairro.

Das 5 praças preenxistentes no bairro, 3 delas foram selecionadas para compor a rede. A motivação para a exclusão das outras 2 praças foi a dificuldade de incluí-las no trajeto da rede.

Fonte: autora, 2020

Fonte: autora, 2020

BOA VISTA

Legenda Paisagem

Comercial Residencial Área verde Mata ciliar Circuito proposto Lote baldio Sambaqui

12 BUCAREIN

3 2

Praça 13

8

Delimitação rua 9

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Praça 1 Praça tradicional no bairro, foi recentemente reformada com mobiliário padrão da cidade. Utilizada pelos moradores do Guanabara e bairros vizinhos. Praça 2 Parte do Parque da Cidade. Mobiliário consideravelmente depredado. Utilizado por moradores de toda a cidade.

10

1. UBS Itaum 2. Associação de Moradores do Bairro 3. CEI Botãozinho de Rosa 4. CEI Luiza Maria Veiga 5. CEI Tempo Feliz 6. CEI Criarte 7. EM Professora Anna Maria Harger 8. EEB Dr. Jorge Lacerda 9. Estação de Ônibus do Guanabara 10. Seminário Diocesano São José 11. Supermercado Albino 12. Supermercado Benvenutti 13. Igreja Nossa Senhora do Rosário 14. Igreja Adventista do Sétimo Dia 15. Previdência Social

2

5

ITAUM 0

250

500 m

Fonte: SEPUD, adaptado pela autora, 2020

Imagem 86 - Paisagem comercial

Imagem 87 - Paisagem residencial

Imagem 88 - Paisagem de área verde

Imagem 89 - Paisagem de mata ciliar

Fonte: autora, 2020

Fonte: autora, 2020

Fonte: autora, 2020

Fonte: autora, 2020

Praça 3 Praça de esquina parcialmente cercada e com mobiliário simples. Utilizada por moradores do entorno imediato. Fonte: autora, 2020

N

Ao final do diagnóstico, foi possível perceber claramente quais são as vias de maior fluxo e movimento de pessoas, assim como identificar o caráter de cada localidade do bairro Guanabara. Em síntese, como pode ser observado no mapa ao lado (Mapa X), há 4 (quatro) tipos de paisagens no perímetro no bairro. Há o caráter mais comercial e de centralidade (em vermelho) nas vias de maior fluxo e aquele majoritariamente residencial nos miolos dos bairros, nos quais predominam as residencias unifamiliares de 1 ou 2 pavimentos com um recente desenvolvimento de edifícios residenciais em alguns pontos. Os outros dois caráters são o de mata e alto relevo, e o de beira dos rios, com mata ciliar e ocupação irregular em alguns pontos. A maior parte da movimentação que ocorre dentro do bairro diz respeito propriamente aos moradores da região. Assim, os comércios e serviços, de pequena ou média escala, atendem em sua maioria a população local.

Mapa 12 - Síntese do diagnóstico do bairro Guanabara


6.2 diagnóstico mesoescala e seleção dos terrenos Seleção dos terrenos

Mapa 13 - Rede de terrenos selecionados do Guanabara BOA VISTA

terrenos baldios próximos aos pontos de interesse identificados, a fim de que se tornem um complemento a eles. Além desse critério de proximidade, outros usados para escolha foram distância entre um terreno e outro, sua dimensão e a preferência por aqueles localizados nas esquinas das ruas. Ao traçar o raio de abrangência de cada praça, nota-se que toda a área ocupada do bairro, assim como parte dos bairros limítrofes, foi suprida pelas novas áreas de lazer.

Terreno selecionado Pontos de interesse Circuito proposto Praça existente 8

BUCAREIN

Imagem 98 - Praça 3*

Delimitação rua Rio Edifício

G

Imagem 91 - Praça 2*

Praça proposta

9

sa

Imagem 90 - Praça 1*

Legenda

ra cio

Com as ruas constituintes da rede já selecionadas, foi analisado onde era necessário implantar as novas praças. Considerando que a distância aceitável de caminhada para a maioria das pessoas em situações diárias é entre 400 e 500 metros (GEHL, 1972), foi levado em conta um raio de 400 metros ao redor das praças, sendo essa a distância máxima entre espaços. Chegou-se a um total de 15 praças que integrarão a rede, incluindo 3 daquelas existentes. Essas praças foram locadas nos

R.

Terrenos que compõem a rede de espaços públicos

10

Imagem 97 - Praça 4*

Imagem 96 - Praça 5*

Imagem 104 - Praça 6 4

Imagem 105 - Praça 7

R.

ra ba ua

T = 30m A = 911m²

FÁTIMA

G

T = 39 + 27 = 66m A = 728m²

7

1

R.

T = 22 + 57 + 18m = 97m A = 1220m²

a

ios

ac Gr

na

2

1 5

4

4 6

R. Gua naba

ra

11

R.

T = 50m A = 2723m²

T = 126 + 24 + 124 = 174m A = 3345m²

A (aproximada) = 500m²

Fonte: Google Maps

lis

Fonte: Google Maps

po

ria

Flo

3

12

A (aproximada) = 400m² 15

Imagem 92 - Praça 8*

Imagem 93 - Praça 9*

Imagem 103 - Praça 10*

Imagem 102 - Praça 11* 13

14 R. Flo

rianó

polis

ITAUM T = 224m A = 16128m²

T = 45m A = 496m²

Imagem 106 - Praça 12

Imagem 107 - Praça 13

Fonte: Google Maps

Fonte: Google Maps

T = 43 + 26 = 69m A = 2963m²

Imagem 100 - Praça 14*

T = 42 + 29 = 71m A = 1443m² Imagem 99 - Praça 15*

10

*Fonte das fotografias: autora, 2020

A (aproximada) = 700m²

T = 39 + 9 + 52 = 190m A = 1353m²

T = 45 + 50 + 6m = 101m A = 754m²

0

250

500 m

N

A (aproximada) = 500m²

Fonte: SEPUD, adaptado pela autora, 2020


6.3 definição da rede de espaços públicos Interdependência e implantação

BOA VISTA

educacionais e um (1) de saúde, a resposta encontrada para atender da melhor maneira os moradores é a designação de usos específicos de acordo com o local da praça, constituindo um sistema articulado entre si. Ademais, cada praça será equipada com elementos em comum essenciais a convivência no seu espaço. O resultado é o fortalecimento da rede por meio da interpedendência criada entre elas e a possibilidade de implantação do projeto em etapas complementares.

Circuito proposto Delimitação rua Rio Edifício Limite bairro Guanabara BUCAREIN

9

G

ra cio

Usos específicos educação infantil, enquanto o uso contemplativo foi proposto tanto próximo ao posto de saúde quanto no interior no bairro, ambas situações com caráter mais calmo. A intenção, por fim, foi de espacializar os usos de modo distribuído para proporcionar variação de lazer ao entorno.

2 8

R.

FÁTIMA

ra ba na ua

R

a

ios

ac

r .G

7

FÁTIMA

G

2

10

R.

As 15 praças foram categorizadas em 5 grandes grupos, ilustrados e explicados abaixo. O critério para essa distribuição foi a análise dos usos próximos da praça proposta. Para exemplificar, foi proposto o uso lúdico recreativo sempre próximo a centros de

Legenda

sa

Por meio do diagnóstico do bairro foram selecionados os 15 terrenos integrantes da rede. Com base na análise desenvolvida foi possível compreender o entorno de cada um dos terrenos e destinar o uso mais adequado ao local respeitando suas individualidades. Ao compreender que o Guanabara é um bairro de caráter residencial com concentração de comércios e serviços nas vias principais, capazes de atender a população local, e ainda com uma presença grande de institutos

Mapa 15 - Usos das praças da rede de espaços públicos do bairro Guanabara

R.4Gua

nabara

2 11

3

po

ria

Flo

Localizadas onde há, hoje, bares, cafés e restaurantes, as praças com esse uso pretendem dar suporte aos comércios locais e aumentar a movimentação.

lis

Artístico cultural Praças 3, 9 e 13

6

R.

Gastronômica Praças 2, 10 e 15

2 5

12

15

Praças foram locadas próximas a escolas de maior porte e com alunos de idades superiores. Tem por finalidade contribuir para a promoção da arte produzida pela comunidade.

13

14

R. Flo

rianó

polis

ITAUM 0

Esportivo Praças 5, 8 e 11

Contemplação e descanço Praças 4, 6 e 14

Localizadas nos maiores lotes, as praça voltadas ao esporte são dinâmicas e em constante movimento. Elas diferenciarão-se entre si com a especificidade do esporte a qual é dedicada. Especialmente localizadas próximas a locais mais calmos ou que preza-se pela introspecção, deverão ser projetadas a fim de tornar-se um espaço de refúgio em meio a cidade.

250

500 m

N

Lúdico recreativo Praças 1, 7 e 12

1

Com foco no público infanto-juvenil, as praças com esse uso específico foram inseridas em locais próximos a escolas. Elas voltarão-se para os playgrounds e outros equipamentos infantis.

Fonte: SEPUD, adaptado pela autora, 2020

1ª Etapa

2ª Etapa

3ª Etapa

4ª Etapa

5ª Etapa

Região de maior movimentação ao nível do pedestre

Eixo central do bairro e via de grande fluxo interno

Recorte do bairro com grandes colégios e préexistencia de um parque urbano

Área menos ocupada mas com necessidade de equipamentos públicos melhoria da infraestrutura

Etapa final nas vias em desenvolvimento


7

diagnóstico e definições em microescala


7.1 leitura do recorte Características do recorte

Planta-baixa - Área de intervenção à praça 02, proposta na rede de praças. Por meio da visão serial é possível identificar um caráter mais horizontal para recorte. Predomina casas entre 1 e 2 pavimentos, especialmente residenciais. Os comércios e serviços estão concentrados na rua Graciosa e na rua Florianópolis. Uma presença marcante de arborização caracteriza a paisagem do recorte, porém essa vegetação mais robusta encontra-se quase exclusivamente em terreno privado. Além disso, outras características do local são a ausência de ciclovias, calçadas irregulares e estreitas, asfaltamento no leito carreçável e ausência de mobiliários urbanos no percurso.

Perfil viário 1 - Seção da praça 1 na Rua Graciosa

Escala 1:400

1 2

3 4

6

Luz

10

lote privado

via

praça

2,85

calçada

via

calçada

Perfil viário 2 - Seção do terreno da praça 2 na Rua Graciosa

Escala 1:400

Imagem 109 - Visão serial, cena 02

2

lote privado Fonte: autora, 2020

2,97

lote livre

ciclovia

via

calçada

3

5

Fonte: a autora, 2020 Imagem 114 - Visão serial, cena 07

7

Fonte: a autora, 2020 Imagem 113 - Visão serial, cena 06

6

Fonte: a autora, 2020 Imagem 115 - Visão serial, cena 08

lote privado - praça projetada

Fonte: a autora, 2020 Imagem 118 - Visão serial, cena 11

11

Fonte: a autora, 2020

Fonte: a autora, 2020 Imagem 116 - Visão serial, cena 09

9

8

10

8,10

50 m

Imagem 110 - Visão serial, cena 03

Fonte: a autora, 2020 Imagem 112 - Visão serial, cena 05

Fonte: a autora, 2020 Imagem 117 - Visão serial, cena 10

2,10

lote privado

Fonte: autora, 2020

13,30

0 10

Visão serial do trajeto - praça 01 até praça 02

4

9,85

Pin to

da Fonte: SEPUD, adaptado pela autora, 2020

Imagem 108 - Visão serial, cena 01

2,85

9

8

ira nte

R. Diogo S. Pereira

Alm

7

Fonte: a autora, 2020 Imagem 111 - Visão serial, cena 04

23

Localização

R.

R. Pedro Menezes

R. Florianópolis

11

1

2,60

12

R. Graciosa

5

Legenda Via Edifício Lote Quadra Praça 01 CEI Criarte Praça 02 Recortes perfil

Fonte: a autora, 2020 Imagem 119 - Visão serial, cena 12

12

Fonte: a autora, 2020

Fonte: a autora, 2020

N

O recorte selecionado compõe a primeira etapa do projeto da rede de espaços públicos. Com início no cruzamento entre a rua Florianópolis e a Graciosa, ele estende-se, passando pelas ruas Pedro Menezes, Diogo S. Pereira e Almirante Pinto da Luz até retornar para a rua Graciosa, englobando duas praças que fazem parte do sistema planejado. Esse percurso foi traçado partindo da praça 01, preexistente e tradicional no bairro, logo na divisa entre o Guanabara e o bairro Itaum. O trajeto continua em direção ao CEI (Centro de educação infantil) Criarte e percorre as ruas internas deste trecho do bairro até chegar


7.2 definições projetuais do recorte As praças e suas conexões

Planta-baixa - Intenções projetuais da área de recorte da rede 3 (três) elementos a serem projetados (as duas praças e a conexão) precisam necessariamente constituir uma unidade que auxilie as pessoas a localizarem-se no espaço, a interagirem entre si e que estimule-as a caminhar ao longo da rede. Enquanto a praça 1 segue o uso já existente em seu espaço e foi apenas requalificada, com melhoria nos seus elementos e desenho; a praça 2 foi projetada partindo da condição de atual inexistência. Apesar da maior liberdade a ser explorada no projeto, o uso determinado no plano em mesoescala da rede, de espaço gastronômico, foi dado justamente pelo fato de que pretende-se intensificar a movimentação nessa localidade e tornar a praça um espaço de suporte para os comércios alimentícios que encontram-se em seu entorno. Em todo o percurso foi implantado elementos que fortalecem a identidade da rede e qualificam o espaço para o caminhar e a permanência das pessoas.

Aplicação das diretrizes

Programa

As definições propostas pretendem aplicar a maior parte das diretrizes assinaladas no início. Contudo, devido as particularidades de cada setor da rede, algumas diretrizes destacamse em relação a outras como resultado do trecho que está sendo projeto. O recorte aqui indicado abrange, em especial, as seguintes diretrizes: 1. Reativar espaços em desuso proporcionando a sociabilidade do espaço; 2. Criar marcos que auxiliem na orientação do usuário no espaço; 3. Dimensionar os bancos e espaços para descanço de modo generoso; 4. Garantir ao usuário a visão da movimentação e da vida pública no entorno; 5. Inserir vegetação com sombreamento adequado nos locais de permanência e de circulação; 6. Destinar espaços para o comércio alimentício, tanto o temporário quanto o permanente; 7. Tornar a transição entre a praça e a rua discreta de modo a guiar o usuário ao espaço de modo despretencioso;

A fim de melhor atender o público local que frequentará esses espaços, foi pré-definido 8 elementos essenciais do programa. Os principais critérios para essa definição foram a setorização da rede definida anteriormente, os usos do entorno da praça e a viabilidade do projeto. Assim, buscou-se um programa capaz de responder a esses critérios e que, ao mesmo tempo, fosse possível manter o caráter de rede, ou seja, unidade, por todo o recorte.

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.

Passeio Ciclovia Espaço de descanso Bancos Jardins Central de apoio Playgrounds Quiosques para feira

Localização

Fonte: SEPUD, adaptado pela autora, 2020

0 10

50 m

N

O trecho projetado é entre duas praças, sendo a primeira da classificação lúdica recreativa e a segunda, gastronômica. As vias que conectam os dois lotes encontram-se hoje irregulares e com diversas deficiências, as quais tornam difícil o transitar das pessoas e a convivência no espaço. A partir da análise do recorte foi possível identificar características como a intensidade do fluxo no espaço, a qualidade das ruas e calçadas, o tipo de ocupação do solo ao longo das vias e a presença de vegetação arbustiva. O levantamento desses pontos resultou em um entendimento de como poderia ser guiado o projeto de desenho urbano do percurso escolhido e qual deveria ser o programa proposto para as praças. Retomando um objetivo específico deste trabalho, o projeto buscou proporcionar a sociabilidade dos espaços e garantir a identidade da rede. Assim, o conjunto dos

Intenções projetuais Padronização do piso ao longo de todo o trajeto, sem diferenciação entre o que é praça e o que é calçada;

Mobiliários modulares e dinâmicos, com pequenas variações ao longo de todo o trajeto proporcionando diferentes usos e garantindo uma identidade à rede;

Cruzamentos com maior destaque e com padronização de piso;

Inserção de vegetação por meio de canteiros e arborização viária, além de uma grande parque linear na rua Graciosa;

Trechos das vias próximas aos cruzamentos, assim como vias internas de baixo fluxo com a mesma paginação de piso priorizando o pedestre;

Qualificação das vias por meio de alargamento de calçadas, inserção de ciclovias protegidas, corredores de ônibus e estreitamento do leito carroçável.

Painel semântico Imagem 120 - The Goods Line, por ASPECT

Fonte: Florian Groehn, 2015 Elementos com cores pontual capazes de unir o projeto e torná-lo de fácil identificação Imagem 123 - Trapèze, por AAUPC

Fonte: AAUPC, 2012 Ciclovia bem delimitada e com elementos que geram conforto ambiental, como a vegetação.

Imagem 121 - Urban Lounge Saint-Étienne, por AWP

Imagem 122 - Park in Badalona, por peris+toral

Fonte: AWP, Anna Positano, 2013 Apesar da homogeniedade do espaço projetado, um elemento destoa e cria um foco de atenção.

Fonte: José Hevia, 2017 Diferenciação de usos por meio de desnível e materialidade do piso.

Imagem 124 - La Place du Village, por Espace Libre

Imagem 125 - Saint Mary’s Churchyard Park, por Martha Schwartz Partners

Fonte: Julien Falsimagne, 2015 Praça recreativa é colocada aqui como uma continuação da calçada e do desenho do projeto.

Fonte: David Cowlard, 2008 Desenho do playground dinâmico e com diferentes usos que transparece fluidez.


8

projeto


8.1 Introdução e Conceito A história local e a comunidade indígena tupi-guarani Muito antes de habitarmos as terras joinvillenses, o povo tupi-guarani já ocupava a região. Eles ainda estão presentes, especialmente em algumas comunidade mais próximas de Araquari (cidade vizinha de Joinville),produzindo sua arte, sua culinária e falando o seu idioma. Contudo, toda a modernização da cidade vem apagando qualquer marca cultural que esse povo nos deixou e sua herança resume-se aos sambaquis, sufacados pela cidade que se desenvolve sem muito respeito ao seu próprio passado.

O bairro Guanabara, cujo nome, em tupi-guarani, significa “seio do mar”, é marcado pelos rios que margeiram 2 dos 3 lados que o formam. Nesse bairro há 3 sambaquis, quase que esquecidos pelo tempo e que só continuam a existir devido às legislações. Ao colocar essa parte tão brasileira da nossa história como conceito de todo o projeto, não só abrangê-se aquilo que está para ser esquecido, como também reincere um pouco de uma cultura tão bela e tão nossa na terra onde eles antes viveram como comunidade.

Imagem - Representação do conceito

d es c ob r im en t o

Área de Intervenção A área de recorte engloba 2 das 15 praças que compõem a rede de praças do bairro Guanabara, proposta nesse trabalho. Enquanto cada micro região do bairro possui as suas particularidade, algumas características são unânimes ao longo de todo o bairro. Assim, informações retiradas do diagnóstico em mesoescala, em conjunto com a leitura do espaço em microescala, foram essenciais para o desenvolvimento de um projeto coerente tanto a nível de praça quanto a nível de rede. O recorte selecionado é composto por duas vias de grande fluxo, a rua Graciosa e a rua Florianópolis, e por três vias de fluxo interno. São dois cenários extremamente diferentes que possibilitaram a aplicação de diferentes soluções para a priorização do pedestre. Referente aos terrenos selecionados, ambos possuem também características que diferem entre si. Enquanto a praça 01 precisou ser tratada com maiores limitadores por ela já existir como praça e ser composta por uma vegetação densa, a praça 02 pode ser mais explorada criativamente a fim de criar um ambiente que respondem-se da melhor forma às condicionantes do seu entorno. Mapa - Esquema da rede e demarcação do recorte

Partido Enquanto o projeto desse recorte faz parte de uma grande rede a nível de bairro, critérios não apenas nessa escala foram identificados para o desenvolvimento do projeto. Assim, o desafio princiapal do projeto foi desenha-lo na microescala levando em consideração a sua aplicabilidade ao longo de toda a rede. Era preciso que o todo e o individual fossem identificados como parte de uma mesma rede e, ao mesmo tempo, era necessário criar a singularidade de cada trecho a fim de que a localização da pessoa no espaço não fosse dificultada, mas pelo contrário. A trama que forma uma gama de artesanatos do povo indígena tupi-guarani tornouse a base para as definições formais do projeto. Um padrão de piso (ilustrado abaixo) que partiu da imagem de um cesto indígena, passou a ser replicado por todo o trajeto, com pequenas variações entre locais de permanência e de passagem. Essa decisão formal foi o primeiro elemento unificador do projeto. Outras decisões, como o mobiliário banco/canteiro e a cor de destaque são alguns outros elementos base que ajudaram a constituir a identidade da rede. Assim, cada detalhe projeto, sempre inspirado na estética do artesanato indígena tupi-guarani, foi dando forma e técnica ao projeto. Figura - Trama conceito

or i ge ns

t u p i-gu a r an i

Fonte: SEPUD, adaptada pela autora, 2020 Fonte: a autora, 2020

Fonte: a autora, 2020


8.2 Projeto do recorte Projeto das praças e conexões

Planta-baixa - Recorte completo com as intenções projetuais aplicadas

Respondendo às definições iniciais do projeto e as diretrizes estipuladas, o projeto aqui apresentado buscou ser uma resposta a necessidade de espaços para o convívio dos moradores locais. Por meio de elementos arquitetônicos e de desenho urbano, o projeto deu forma ao conceito definido e foi capaz de responder às demandas locais.

R. Graciosa

Promoção do desenvolvimento sustentável da localidade.

Proporcionar a possibilidade de novas dinâmicas socioeconômicas.

Reativação de espaços em desuso.

Incentivo a manifestação de diferentes culturas urbanas Valorização das especificidades ambientais, paisagísticas, históricas e culturais de cada espaço público Fonte: a autora, 2020

Fonte: a autora, 2020

0 10

50 m

O uso da cor e da vegetação como reforçador do conceito do projeto Uma das principais características da rede é o uso da cor rosa e suas variações (do roxo ao vermelho) como unificador do projeto e como um modo de chamar a atenção do pedestre para aquele ponto. Por meio da implantação da cor rosa, incomum no meio urbano do bairro, além de referênciar os cestos indígenas que se apropriam com naturalidade das cores mais vibrantes em contrate com aquelas providas dos materiais puros (especialmente da palha sem pigmentação), é possível criar uma identidade única de toda a rede. Assim, além do caráter estético, a cor auxilia o usuário na localização no espaço, podendo ele percorrer toda a extensão do rede de praças de modo mais efetivo e, em conjunto, usar essa rede tão vibrante como uma forma de criar referências dentro do seu próprio bairro. No decorrer desse trabalho, é possível entender como que a cor foi aplicada na materialidade do projeto, seja pelo concreto pigmentado, seja pelo alumínio pintado. Por fim, a cor também está presente na vegetação. A escolha de 2 espécies de árvores que florescem flores em tons de rosa e a vegetação rasteira roxa equilibrando com a grama preta, caracterizam de modo unificado o projeto.

Ophiopogon japonicus

Handroanthus heptaphyllus - Ipê Rosa (grande porte)

Tradescantia pallida purpurea

Bauhinia variegata - Casco-de-vaca-lilás (médio porte)’

N

Conectividade entre espaços públicos possibilitando o caminhar seguro e agradável.

R. Florianópolis

Tabela diretrizes da categoria “rede”


8.2.1 Praça Curumim Figura - Perspectiva da praça Curumim usando a técnica de colagem

Fonte: a autora, 2020


8.2.1 Praça Curumim Diretrizes Praça Curumim

Planta-baixa - Praça Curumim*

Nome em homenagem às crianças, a remodelação desta praça, já tradicional do bairro e arborização robusta, teve como enfoque garantir um local seguro e atrativo para a criança brincar. Além disso, por ser uma praça de esquina e em um local de grande fluxo, a praça precisava ser agradável para a sua passagem e permeável. Tendo esses dois limitantes como base, foi utilizado os mobiliários como guias para o fluxo e como barreira para proteger o playground, tornando a área de brincar mais agradável ao seu uso. Em relação ao desenho urbano, foi implantado a paginação padrão com diferenciação entre área exclusiva para pedestres e área como cruzamento.

*paginação de piso distorcida por questões ilustrativas - dimensões reais no detalhamento

Imagens da praça atualmente

Diagrama de evolução

Imagem - vista frontal da praça

Diagrama - situação atual do recorte

Fonte: a autora, 2020

Fonte: a autora, 2020

Imagem - vista interna da praça

Diagrama - paginação do piso

Diagrama - padronização e adequação das vias

Fonte: a autora, 2020 Diagrama - definição dos fluxos e zonas livres

33

Fonte: a autora, 2020

Fonte: a autora, 2020

Fonte: a autora, 2020


8.2.2 ConexĂŁo rua Diogo S. Pereira Figura - Perspectiva da rua projetado usando a tĂŠcnica de colagem

Fonte: a autora, 2020


8.2.2 Conexão rua Diogo S. Pereira Rua de conexão Diretrizes

Planta-baixa - Conexão rua Diogo S. Pereira*

O trecho aqui projetado é uma demonstração aproximada daquilo que acontece em todo o trajeto que conecta as duas praças. Nele, por ser uma via interna de bairro, de baixo fluxo, pode-se dar prioridade máxima ao pedestre. Por meio do alargamento das calçadas e do estreitamento do leito carroçável foi possível criar uma área ampla para a circulação e o convívio das pessoas. A inserção de mobiliário urbano no mesmo padrão construtivo das praças, a arborização viária e a padronização de piso em todo o trajeto possibilitou espaços de convivência tanto para os moradores locais, como uma extensão do jardim, quanto para aqueles que estão de passagem;

*paginação de piso distorcida por questões ilustrativas - dimensões reais no detalhamento

Imagens da área de intervenção

Diagrama de evolução

Imagem - vista 01

Diagrama - situação atual do recorte

Fonte: a autora, 2020

Fonte: a autora, 2020

Imagem - vista 02

Fonte: a autora, 2020

Diagrama - paginação do piso

Fonte: a autora, 2020

Diagrama - padronização e adequação das vias

Fonte: a autora, 2020 Diagrama - definição dos fluxos e zonas livres

Fonte: a autora, 2020


8.2.3 Praça Caxiri Figura - Perspectiva da praça Caxiri usando a técnica de colagem

Fonte: a autora, 2020


8.2.3 Praça Caxiri Praça Caxiri Diretrizes

Planta-baixa - Praça Caxiri*

Atualmente o terreno onde foi projetado a nova praça da rede é em partes baldio, e em partes irregularmente ocupado por um bar antigo. A ideia com esse projeto não foi apagar seus antigos usos, mas sim criar um espaço onde mais pessoas possam tirar proveito do local. Setorizada como uma praça gastronômica, ela foi nomeada em homenagem a uma bebida fermentada tradicional indígena. A praça projetada conta com os mobiliários bancos/canteiros modulares, um grande playground e quiosques para a realização de diferentes modalidades de feira. Assim, a intenção é a criação de um espaço não apenas para comer e beber, mas para brincas e socializar também.

*paginação de piso distorcida por questões ilustrativas - dimensões reais no detalhamento

Imagens da área de intervenção

Diagrama de evolução

Imagem - vista 01

Diagrama - situação atual do recorte

Fonte: a autora, 2020

Fonte: a autora, 2020

Imagem - vista 02

Diagrama - paginação do piso

Diagrama - padronização e adequação das vias

Fonte: a autora, 2020 Diagrama - definição dos fluxos e zonas livres

33

Fonte: a autora, 2020

Fonte: a autora, 2020

Fonte: a autora, 2020


8.3.1 Pavimentação geral

8.3.2 Mobiliário padrão

8.3.3 Playground Praça Curumim

8.3

DETALHEMENTOS

8.3.4 Playground Praça Caxiri

8.3.5 Quiosque para feira Praça Caxiri


8.3.1 Pavimentação geral Recorte - paginação Praça Curumim

Paginação do recorte A paginação padronizada no decorrer de todo o projeto é o principal elemento que garante sua unidade do recorte. A trama ilustrada possui 3 variações de padronagem (calçada/praça, leito carroçável e cruzamento) e 3 coloração para o módulo do piso (natural, natural escurecido e rosa), as quais distribuem-se randomicamente, criando dinamismo e surpresa.

A trama é composta pelo módulo de 20x60 de um pavimento de concreto feito com agregados reciclados de resíduos de construção e demolição. As microesferas de parafina usadas na sua composição garantem o espaçamento e tornam o material poroso, o garante a permeabilidade completa do piso. Assim, a escolha desse material foi visando tanto o seu efeito estético, quanto funcional. Escala: 1:200 Fonte: a autora, 2020

Recorte - paginação Rua Diogo S. Pereira

junta colchão de areia 10mm

3 6

Detalhamento - sessão piso

areia

Escala: 1:20 Fonte: a autora, 2020 Detalhamento - planta-baixa piso

60

20

20

Demonstração do material aproximado

20

60

20

20

Escala: 1:200 Fonte: a autora, 2020

60

20

20

Recorte - paginação Praça Caxiri

Escala: 1:20 Fonte: a autora, 2020 Composição do módulo 20x60x6 Pavimento de concreto feito com agregados reciclados de resíduos de construção e demolição

Escala: 1:200 Fonte: a autora, 2020


8.3.2 Mobiliário Padrão Módulo banco/canteiro

Os bancos/canteiros são elementos chaves em toda a extensão do projeto. Foram projetados de Planta-baixa - localização do banco exemplo a ser detalhado modo a orientar o fluxo, criar zoneamentos internos nas praças e, por fim, agregar identidade a rede. Com variações em relação aos ângulos, cores e posicionamento dos decks/bancos de madeira, eles podem ser considerados um elemento modular. Isso pois toda a sua estrutura é constituida sempre da mesma forma. Um caixote de blocos de concreto delimita o canteiro e serve como apoio para as lâminas de concreto pré-fabridadas dos bancos. Postes de iluminação fazem o encaixe entre uma lâmina e outra, e sempre há um ou mais bancos de madeira em cada módulo.

Detalhamento - sessão mobiliário banco/canteiro

Detalhamento - sessão aproximada mobiliário banco/canteiro

módulo banco em madeira Camuru parafusado com barra roscada no banco de concreto

Detalhamento - isométrica módulo banco/canteiro

banco em concreto pigmentado pré-moldado com tela soldada Q138 chumbado no conteiro

Escala: 1:100 Fonte: a autora, 2020

Detalhamento - planta-baixa mobiliário banco/canteiro

19

38

52

7 7 5

Bancos em concreto pigmentado em 3 tons de roxo

1 19 1 19

Deck em madeira Camuru

Caixa do canteiro em blocos de concreto 19x19x39cm

bloco calha

Módulo do banco em tábuas de madeira Camuru

Escala: 1:100 Fonte: a autora, 2020

Escala: 1:100 Fonte: a autora, 2020


8.3.2 Playground Praça Curumim Playground 01 Em cada praça projetada há um grande elemento exclusivo daquele local. Isso foi pensado por duas motivações principais: 1. Incentivar a vontade de ir especificadamente àquela praça; 2. Ajudar no senso de localização Planta-baixa - playground praça Curumim

Fonte: a autora, 2020

O elemento de destaque da Praça Curumim é uma grande teia trabalhada em diferentes ângulos e alturas. A intenção desse projeto foi de proporcionar um espaço em que a criança pudesse brincar livremente, sem muitas pré-definições estipuladas pelo próprio brinquedo. A teia é formada pela corda sisal, um material constituido por fibras naturais extraídas da planta de sisal. As cordas então são entrelaçadas e presas umas as outras por meio de nós. As pontas das cordas são presas tensionadas em ganchos os quais encontram-se chumbados no esqueleto de estrutura metálica. Os 3 escorregadores metálicos, encaixados no conjunto, complementa a teia e possibilidade uma variação de uso. Assim como cada decisão projetual, esse playground também teve como base o conceito definido - as cordas entrelaçadas e a materialidade natural reforçam mais uma fez a inspiração na arte tupi-guarani.

Detalhamento - vista frontal playground praça Curumim

Escala: 1:200 Fonte: a autora, 2020 Detalhamento - planta-baixa playground praça Curumim 33

18

23

Figura - isométrica do playground Escala: 1:200 Fonte: a autora, 2020

Corda sisal

Detalhamento - conexão entre 4 barras + cordas presas na estrutura

Fonte: a autora, 2020

Escala: 1:20 Fonte: a autora, 2020

Exemplo de nó proposto

Detalhamento - fixação das barras no solo

Escala: 1:20 Fonte: a autora, 2020


8.3.4 Playground Praça Caxiri Figura - isométrica explodida do playground

Playground 02 Planta-baixa - playground praça Caxiri

Detalhamento - sessão encaixe pilar no solo

Cobertura de policarbonato leitoso

Estrutura metálica com pilares perfil I e vigas perfil H

Detalhamento - vista frontal playground praça Caxiri

Fonte: a autora, 2020 Balanços

O segundo playground proposto é uma estrutura composta por balanços. A estrutura forma uma cobertura para quem estiver utilizando o equipamento e o piso com diferenciações de níveis em concreto emborrachado pigmentado complementam a experiência.

Escala: 1:150 Fonte: a autora, 2020

Piso em concreto emborrachado pigmentado

Detalhamento - planta-baixa playground praça Caxiri Escala: 1:10 Fonte: a autora, 2020

Figura - isométrica do playground

Fonte: a autora, 2020

Detalhamento - planta-baixa encontro viga e pilar

Escala: 1:150 Fonte: a autora, 2020

Escala: 1:10 Fonte: a autora, 2020


8.4.5 Quiosques para feira Praça Caxiri Detalhamento módulo quiosque

Detalhamento - planta-baixa quiosque

Detalhamento - sessão transversal quiosque

Por fim, os quiosques propostos são estruturas modulares, repetidas 6 vezes nessa praça. Sua estrutura é em steel frame, com um grande portão que serve como fechamento e como cobertura quando aberto. A intenção desse elemento do projeto é possibilitar diferentes usos itinerantes, seja feiras ou seja uma instalação comercial temporária.

Escala: 1:25 Fonte: a autora, 2020

Escala: 1:25 Fonte: a autora, 2020

Figura - isométrica de 3 quiosques

Detalhamento - elevação 01

Detalhamento - elevação 02

Detalhamento - elevação 03

do

ha

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se

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-a mi

o

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ab

Escala: 1:50 Fonte: a autora, 2020 Fonte: a autora, 2020

Escala: 1:50 Fonte: a autora, 2020

Escala: 1:50 Fonte: a autora, 2020


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