Jornal do São Francisco - Edição 141

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14 Ed. 141, de 17 a 24 de novembro 2013 Atualmente, o rebanho bovino do Oeste baiano é de aproximadamente 2 milhões de cabeças - crescimento considerado significativo no cenário estadual e honrado pelo controle de doenças, como a aftosa. De acordo com Luiz Miranda, o grande melhoramento para a eficiência é exatamente a capacidade de encurtar espaços. A redução na idade de abate, de cinco anos para 18 ou 24 meses, objetiva o aumento da produtividade de leite. “Vacas que produzem de três a quatro litros de leite por dia, depois de receberem um produtor de raça, deverão alcançar em média, de 10 a 15 litros”, disse, destacando ainda a estiagem como um dos fatores preocupantes na atividade pecuária. “Temos, aqui, produtores que precisam recuperar seus rebanhos. Saímos de uma grande seca na Bahia. Só se tem registro dessa quantidade de pluviometria há 65 anos. Em função disso, perdemos rebanhos, pastagens e dependemos agora de crédito fácil e eficiente para recuperá-los. A oportunidade do Pró-Genética veio também para amarrar essa necessidade

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JSFRURAL de reposição”, concluiu Miranda. Crédito Dentro da Feira Oeste Genética, o Programa de Melhoria da Qualidade Genética do Rebanho Bovino Brasileiro (Pró-Genética) - desenvolvido pela ABCZ -, trabalha a nível nacional em parceria com entidades financeiras, como Banco do Brasil, Banco do Nordeste do Brasil e Caixa, no financiamento de animais para o pequeno produtor e produtor da agricultura familiar, com juros subsidiados de 2% ao ano e até 10 anos para pagar. “Só com a produtividade que o touro vai levar ao rebanho já paga o investimento”, disse Ozimar Amorim. Pró-genética A feira de melhoramento genético é realizada anualmente pela ABCZ na cidade de Uberaba (MG). A associação trabalha para ampliar a produção mundial de carne e leite, e para isso cumpre a missão de promover o melhoramento genético e o registro genealógico das raças zebuínas em

IVANA DIAS

todo o Brasil, com o auxílio de uma rede de escritórios regionais. De acordo com o representante da ABCZ, Antônio Pitangui, as pessoas não entendem, muitas vezes, qual é o papel da associação. “Para o Brasil ser como é na agricultura e agropecuária, a Embrapa trabalha para produzir sementes de qualidade e defensivos. Nós, do setor de genética bovina, precisamos de gente séria trabalhando nesta área”, disse. Ainda de acordo com ele, as experiências no Estado de Minas Gerais, onde a feira acontece há mais de seis anos, mostram que “a Expo Genética trouxe melhorias espetaculares para quem usa os animais de melhoramento. É um nível maior de qualidade, uma mudança significativa. Quando utilizamos esses animais, só no desmame, ganhamos uma arroba a mais se compara-

do a outro tipo de garrote usado. Cerca de 40 a 50 arrobas de animais a preço de R$ 90 ou R$ 100, nos dá anualmente em torno de R$ 4,5 mil a mais já no primeiro ano de trabalho”. O representante da ABCZ garante que o trabalho a ser desenvolvido na região é uma iniciativa séria que acontece em todo o Brasil e que não será diferente na Bahia, haja vista a importância e o rigor da atividade pecuária. “Precisamos trabalhar sério. Não podemos trabalhar com produtos de qualidade secundária, temos que trabalhar com boas tecnologias, boas pastagens e boas genéticas. O país precisa muito de nós”, frisou. Para o presidente da Acrioeste, Cezar Busato, a feira vai contribuir para a melhoria dos rebanhos. “Vamos aumentar nossas produtividades e, principalmente, a renda de nossas propriedades com essa tecnologia, além das máquinas, medicamentos de maneira geral, sementes e o conhecimento para enfrentar a maior seca da história. Estaremos mais preparados e confiantes. Muitas pessoas não precisarão deixar a atividade”, concluiu.

Por um rebanho bovino de mais qualidade Evento realizado em Barreiras mostra vantagens de ter animais geneticamente resistentes, com maior potencial de lucro aos pecuaristas Raul Beiriz

a associação acredita que caso aumente a produção por hectare, tanto de leite como presidente da Associação dos Cria- de carne, o setor terá mais lucro e será dores de Gado do Oeste da Bahia destaque na economia da região. (Acrioeste), Cezar Augusto Tumelero “Este aumento da produção de leite e de Busato, anfitrião do evento, ficarne por hectare só pode aucou satisfeito com a participamentar por meio da genética, ção dos pecuaristas da região. do manejo e da boa nutrição”, Busato entende que reuniões disse. Luiz Paranhos aproveicomo esta são de suma importou para explicar o que é o tância para os pecuaristas da Programa Pró-Genética – Proregião, diante dos problemas grama de Melhoria Genética que viveram nos últimos anos. do Rebanho Bovino do EstaEle lembrou ainda que o setor do da Bahia. “É um programa teve um segundo trimestre que trabalha mais na parte de deste ano muito difícil e com formação do que na venda de grande volume de animais produtos, visando garantir abatidos para não perder para animais mais resistentes para a seca. a região”, disse Paranhos, que “Os pecuaristas venderam também é produtor da região antes que a seca ficasse pior, Oeste. “O objetivo deste evendaí a importância de um evento também é o de trazer todos to destes para mostrar como que ainda não trabalharam se pode melhorar a resistência com a genética melhoradora a dos animais aos problemas olharem como sendo (a genéclimáticos”, disse, destacando tica) de interesse de todos, até a presença do presidente da do Governo, que vem aumenABCZ, Luiz Claudio de Souza tando a qualidade dos animais Paranhos Ferreira, no segundo dos pequenos produtores pedia do evento. No entanto, a las ações da EBDA”, disse. seca teve seu lado bom. “DianLuiz Paranhos fez questão de te do que houve aqui, no Oesfrisar que o apoio do governo é te da Bahia, aconteceu uma Luiz Claudio de Souza fundamental para o sucesso melhor seleção do rebanho. Paranhos Ferreira do programa, como aconteceu presidente da ABCZ Escolheram-se os melhores com o Estado de Minas Gerais, animais para manter nos pasunidade da federação vizinha, tos”, havia declarado Busato em entrevista que também adotou o melhoramento gerecente ao Jornal do São Francisco. nético como bandeira em seu rebanho. “O O presidente da ABCZ, Luiz Paranhos, governador Aécio Neves colocou o melhodisse que o evento realizado em Barreiras ramento do rebanho bovino como plano é fundamental para aumentar a produti- de Governo e Minas Gerais melhorou muividade do rebanho da região. “Este evento to a sua produção”, disse. Paranhos, no enserviu, inclusive, para mostrar como pode tanto, lembrou que a Secretaria de Agriculser a convivência pacífica com a agricul- tura do Estado da Bahia está dando todo o tura, em uma região onde a pecuária sofre apoio ao projeto. “O secretário de Agriculpara permanecer”, disse, destacando que tura do Estado, Eduardo Salles, está dando

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Este evento serviu, inclusive, para mostrar como pode ser a convivência pacífica com a agricultura"

todo o apoio econômico, logístico e estra- animais de qualidade”, explicou. tégico ao programa, que funciona também Segundo Rubenildo Rodrigues, as feiras no Espírito Santo, só que é na Bahia onde acontecem conforme demanda de cada o programa tem maior potencial de cresci- região. “Caso haja interesse, nós levamos mento”, disse Paranhos. animais, agentes financeiros e ABCZ e reA expansão do gado na região foi desta- alizamos o evento para que haja melhora cada pelo presidente da ABCZ. da qualidade do rebanho. Já “Aqui, no Oeste, temos cerca fomos a vários lugares este de dois milhões de cabeças ano”, disse, explicando que de gado, com possibilidade caso o produtor siga as regras de ampla expansão”, disse estabelecidas pelo programa, Paranhos. Segundo informao pecuarista pode, em um ções da ABCZ, a Bahia contava ano, ter uma economia de com um rebanho superior a mais de 80% em um animal, 13,5 milhões de cabeças, com quase o valor equivalente ao cerca de 10% do plantel no de um touro. “Nós também Oeste, inseridos em atividachancelamos leilões para que des de cria, recria e engorda. o pecuarista possa levar para o A genética utilizada na base de seu pasto os animais melhoraprodução é zebuína, com predos comprados em um leilão”, dominância de sangue da raça disse. nelore, a qual se destaca tamO gerente de fomento da bém na categoria seletiva ao ABCZ, Lauro Fraga Almeida, lado da guzerá. A pecuária coexplicou que o melhoramento mercial abastece confinamengenético no Brasil teve início tos formados em sistemas de há mais de 140 anos quando integração lavoura-pecuária, se começou a trocar animais especificamente para aproveide origem europeia por anitamento dos subprodutos da mais indianos. “A importação agricultura, como palhadas e de gado de origem indiana caroço de algodão, encontracomeçou a partir de 1870 no dos em abundância. Brasil”, explicou. “HistoricaNo entender do presidenmente, a seleção de animais te da ABCZ, esta conjuntura foi sendo feita por critérios de possibilidade de expansão empíricos. Somente na décaassociada à seca que atingiu da de 70, no século passado, o Oeste, nos últimos anos, é é que foi criado o programa ideal para praticar a genética de melhoramento genético”, melhoradora e aprimorar o acrescentou. rebanho no pasto. “Exatamen- Lauro Fraga Almeida No entender de Lauro Alte esta venda de fêmeas para gerente de fomento meida, a região Oeste da Bahia da ABCZ abate nos possibilita agora tem a vantagem de conquistar usar o programa Pró-Genétimaior mercado quando tiver ca e melhorar a qualidade de animais no gado de qualidade, com maior resistênpasto”, disse. cia às adversidades do tempo. “O gado do O técnico da ABCZ, Rubenildo Rodri- PMGZ tem garantias a mais para sobrevigues, explicou que acontecem várias fei- ver. Os bois vão chegar à idade de abate ras do Programa Pró-Genética no Estado mais cedo. As fêmeas vão produzir mais com a participação de criadores para for- leite. Este é o objetivo do programa; mosnecer tourinhos para melhorar o rebanho. trar uma forma de tornar a pecuária mais “Estas feiras, que seguem uma série de rentável como atividade econômica em padrões de qualidade, vêm sendo realiza- meio às culturas de soja, algodão e milho”, das desde 2010 aqui na Bahia, mostrando explicou. ■

Este é o objetivo do programa; mostrar uma forma de tornar a pecuária mais rentável como atividade econômica em meio às culturas de soja, algodão e milho”


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