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A Necessidade de uma Ligação Rodoviária Barreiro-Seixal
O distrito de Setúbal tem-se pautado por ser um distrito dormitório onde as pessoas se deslocam diariamente para os seus locais de trabalho dentro da Área Metropolitana de Lisboa, geralmente a norte do Tejo. A visão de que os concelhos na margem sul do Tejo estariam condenados à sua função de dormitório, levou a um planeamento territorial que priorizou a criação de interconexões entre o distrito de Setúbal e Lisboa, esquecendo por completo as ligações entre os concelhos da Área Metropolitana de Lisboa a sul do Tejo.
Com a migração de pessoas para sul do rio Tejo, os habitantes do distrito de Setúbal deixaram de trabalhar exclusivamente na capital, permitindo a diversificação da economia na região. Este desenvolvimento potenciou a criação de movimentos pendulares de pessoas e bens, o que evidenciou a falta de acessos e vias de comunicação entre concelhos do distrito de Setúbal.
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A criação de novas interconexões entre estes concelhos seria fundamental para o desenvolvimento económico de Setúbal, trazendo múltiplos benefícios aos seus habitantes. Contudo, as promessas do governo e do poder local nunca saíram do papel, sendo que a recente vinda do Primeiro-Ministro e do governo ao distrito, acompanhada pelas mesmas velhas promessas vêm demonstrar a incapacidade destes intervenientes em passar das palavras às ações.
Ponte como forma de diminuir os tempos de deslocação.
Segundo os dados do Censos 2021, os concelhos do Barreiro, Moita, Seixal, Almada e Sesimbra são os 5 concelhos onde as pessoas gastam mais tempo, em média, a deslocar-se para o seu local de trabalho. A título de exemplo, um habitante do Barreiro perde em média, 4 dias de vida por ano em deslocações a mais em comparação com a média nacional.
A existência de uma ponte rodoviária que ligaria o Seixal ao Barreiro permitiria diminuir em parte o tempo médio para as mais diversas deslocações como para o local de emprego ou de estudo, com potencial de reduzir o percurso destes moradores para metade. Por outro lado, esta infraestrutura tornaria viável a criação de novas opções na área da saúde, através do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo. Desta forma, o concelho do Seixal, com cerca de 165 mil habitantes teria como alternativa ao hospital Garcia de Horta esta estrutura que permitiria garantir uma melhor qualidade de vida para os cidadãos e reduzir a sobrecarga da unidade de saúde de Almada. No entanto, o Centro Hospitalar Barreiro-Montijo fica a cerca de 28 minutos do centro histórico do Seixal, tempo que em caso de emergência pode tornar-se vital 1 , inviabilizando esta opção.
No entanto, com a construção da ponte Seixal-Barreiro este tempo de viagem poderia ser reduzido para cerca de 15 minutos, uma clara redução no tempo, que pode ser crucial durante o socorrimento, nomeadamente, em situações de maior risco. Por outras palavras, a população do Seixal fica prejudicada em termos médicos, em casos extremos somente pela distância das unidades de saúde e pela inexistência das infraestruturas adequadas de transporte entre concelhos.
Transformação de concelhos isolados em concelhos de passagem:
Os concelhos do Barreiro e do Seixal têm um problema estrutural, o seu isolamento geográfico, dado que são praticamente penínsulas na península de Setúbal. Este isolamento tem sido um entrave ao desenvolvimento dos concelhos, especialmente ao Barreiro, que não tem conseguido captar a população que tem migrado de Norte para Sul do Tejo.
Com a criação de uma forma de atravessar o rio Coina que se revele mais rápida e eficiente para os habitantes do distrito, tanto o Barreiro como o Seixal passariam a ser um local de passagem das deslocações casa-trabalho trabalho-casa de muitos habitantes do distrito. Isto não só pouparia tempo de deslocação, como permitiria dar relevância e destaque aos dois concelhos. Este novo trajeto poderia vir a permitir um desenvolvimento de atividades de lazer na região ribeirinha dos concelhos, especialmente dedicadas aos jovens, que com a ponte passariam a poder deslocar-se mais rapidamente entre margens.
Uma ligação rodoviária entre o Barreiro e o Seixal permitiria criar uma aproximação profunda entre estes dois concelhos que desde 1969 estão separados. Uma aproximação de duas massas populacionais traria vantagens significativas para o desenvolvimento de ambos os concelhos. Seja na área da habitação, onde uma maior massa populacional permitiria criar um mercado interligado de habitações, o que resultaria numa estabilização dos preços. Seja na atração de investimentos, pois uma região com cerca de 240 mil habitantes (Barreiro + Seixal) seria muito mais atrativa para investidores, pois o mercado seria maior. Seja, também na criação de empregos, pois dada a maior proximidade entre os concelhos, o incentivo à criação de empregos na região seria superior, podendo os concelhos do Seixal e Barreiro passar a desempenhar um papel relevante na fixação de empregos na margem sul do Tejo.
Propostas:
Dadas as vantagens explicitadas ao longo da moção, é proposto à Juventude Social-Democrata distrital de Setúbal:
- A adoção da criação de uma ponte rodoviária, que poderá ser complementada com faixas pedonais e/ou faixas destinadas ao uso de velocípedes, a Ponte Barreiro-Seixal, como uma das suas bandeiras políticas;
- Que se comprometa, juntamente com os órgãos de concelhia, os autarcas e o PSD distrital de Setúbal, a fazer pressão política às concelhias do Barreiro e Seixal de modo a abrirem a discussão acerca da Ponte BarreiroSeixal e exortarem ao cumprimento das promessas anunciadas pelo PrimeiroMinistro;
- A adoção da criação de interconexões entre os concelhos do distrito de Setúbal, por meio rodoviário ou outro tipo de transportes, de preferência sustentável, como uma das suas bandeiras políticas.
- Que, juntamente com os autarcas e o PSD distrital de Setúbal, questione quanto custará a ponte Barreiro-Seixal, de que modo será financiada e para quando está previsto o arranque das obras. Além disso, questione em que moldes está prevista a, também anunciada, ponte Barreiro-Montijo;
- A adoção de uma atitude proativa no que diz respeito às questões de mobilidade, muito importantes para os jovens do distrito.
Fontes:
1 - Transportes de Doentes Críticos Recomendações, Ordem dos Médicos (Comissão da Competência em Emergência Médica) e Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos, Centro Editor Livreiro da Ordem dos Médicos - https://www.spci.pt/media/documentos/15827260365e567b9411425.pdf