Associação Cultural AMIGOS DA SERRA DA ESTRELA * 4º Trimestre * DEZEMBRO * 2016
SUMÁRIO FICHA TÉCNICA DIRECTOR: J. Maria Saraiva
Editorial 3
(Presidente da ASE)
CORPO REDACTORIAL: José Veloso João Pedro Sousa Paulo Silva Susana Noronha Tiago Pais
COMPOSIÇÃO: J. Maria Saraiva
O uso das montanhas 4 Fotografia e Natureza 12 Centro Energia Viva…
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Legislação Comunitária 26 A Causa dos fogos... 28
GRAFISMO: J. Maria Saraiva
Fragâncias e paladares...
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REVISÃO: José Duarte Saraiva Luís Ferrão Saraiva
COLABORAM NESTE NÚMERO:
Galardão Cristal de Gelo 38 Reforma do sector florestal 40
Cláudia Dias, Susana Noronha, Tânia Araújo
Mais segurança… 44 SEDE E REDACÇÃO: Rua General Póvoas, 7-1º 6260-173 MANTEIGAS www.asestrela.org asestrela”gmail.com info@asestrela.org
Os exemplos lá de fora 46 Notícias de La Raia 53 Foto da capa: Pisco-de-peito-ruivo (Tânia Araújo) Foto da c. capa: Macrolepiota procera (zm)
A revista “ZIMBRO” é editada pela Associação Cultural AMIGOS DA SERRA DA ESTRELA, em formato digital e com distribuição gratuita. Os artigos de opinião são da responsabilidade dos seus autores e podem, ou não, ser coincidentes com a linha orientadora da Associação na defesa e promoção da Serra da Estrela.
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O tempo – o melhor guardião da Serra! Ao longo da minha vivência com a Serra acabei por me tornar num observador atento perante os comportamentos mais absurdos praticados pelo homem. Uns com a naturalidade de quem usa os espaços serranos do mesmo modo que o faz sobre uma lixeira a céu aberto. Outros por pura ignorância e de maneira irrefletida lá vão deixando os danos para a Natureza tratar, se a gravidade do acto a não tornar irreparável. Serão estes últimos os mais fáceis de converter porque a sua motivação para os valores do ambiente e da preservação da Natureza está mais desperta nos seus âmagos. Os comportamentos de uns e de outros visitantes à Serra, ou seja, dos maus e dos menos bons, levou-me a pressagiar, socorrendo-me das condições atmosféricas, para desejar, que de segunda a sexta-feira pudesse estar um Sol radioso e que ao fim de semana chovesse copiosamente! De facto, o tempo tem sido o principal e melhor guardião da Serra da Estrela. Se não fossem as más condições atmosféricas a “nossa” Serra estaria ainda pior do que está e ela não está de boa saúde. Se o desconhecimento e a ausência de valores é razão para muitos atentados ao meio natural, já o mesmo não se pode dizer sobre quem tem a exclusividade, ainda que contrária às Leis da concorrência comunitária, de não respeitar o espaço serrano como acontece com a Turistrela. De facto, ao publicitar para o dia inaugural da estância de esqui o 1.º SUNSET SKI PARTY, com o anúncio de milhares de pessoas, muita música e fogo-de- artifício, está a agredir o Estatuto de Conservação da Área Protegida, pondo em causa os valores biológicos da área mais sensível da Serra da Estrela, sujeita às condicionantes de conservação com destaque para a Rede Natura 2000, Convenção RAMSA.… Até ao momento ignora-se qualquer diligência ou iniciativa cautelar por parte do PNSE/ICNF contra mais este atentado ao património da Serra da Estrela. J. Maria Saraiva
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O uso das montanhas J. Maria Saraiva
Não interessará muito voltar a insistir no tema sobre o contributo das montanhas para as regiões mais baixas onde vive a maioria da população mundial, e do nosso país particularmente. O que talvez seja mais importante aqui realçar é a fragilidade dos ecossistemas das montanhas, porque estão muito mais expostas a um conjunto de factores naturais e aos quais não estaremos a dar a melhor atenção. Podem resultar dessa falta de avaliação efeitos negativos, de consequências imprevisíveis, não só para as próprias montanhas e populações que nelas vivem como para as pessoas das áreas mais povoadas que residem a jusante, eventualmente com danos materiais e humanos muito mais gravosos. A Serra da Estrela é vista cada vez mais como um recurso a ser explorado em larga escala por um sem número de actividades sem que nenhuma delas esteja a ser acompanhada por técnicos qualificados para que se avalie o real impacte das mesmas no meio natural, e assim se possa corrigir o que eventualmente venha a concluir-se ser imprescindível. Enquanto Área Protegida, a Serra da Estrela, o maior maciço montanhoso do país, anda ao Deus dará porque quem tem o dever de tudo fazer para que as actividades se possam efectivar, dentro dos pressupostos anteriormente referidos, não tem a mínima noção do que isso é nem conhece a realidade que supostamente deveria ser o primado orientador das suas funções. Irei dar alguns exemplos que são reveladores do que acabo de afirmar.
(A tutela das Áreas Protegidas, acompanhada por algumas associações sobre as quais tenho sérias dúvidas de que conheçam o que se passa na realidade as mesmas Áreas Protegidas), criou um conjunto de normas que em nada contribuiu para a preservação da Natureza e da sua biodiversidade. Bem pelo contrário: esse normativo veio perturbar uma situação que era pacífica provocando uma clivagem entre aqueles que utilizavam as montanhas para as desfrutar, organizadamente ou não, em particular entre os que mais apreço tinham pelos espaços naturais. Se um qualquer organismo pedir um parecer ao PNSE para fazer uma simples caminhada, uma corrida (agora muito na moda), um passeio em TT, a que as tais regras vieram impor o pagamento de uma taxa (entretanto suspensa pela enérgica contestação que lhe foi movida), poderão cometer as maiores barbaridades e alguns, inadvertidamente, até as publicitam, porque não há o mínimo acompanhamento e controlo sobre o seu comportamento ou os efeitos da suas acções sobre o meio natural. Por outro lado, se a nossa Associação pretender organizar uma actividade como sempre promoveu de há 34 anos a esta parte, nem é preciso iniciá-la porque à sua porta se postam os vigilantes da Natureza do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), a mando dos seus superiores para elaborarem o Auto de Contra-ordenação, cujo último processo judicial ainda decorre, aguardando a ASE o seu desfecho com a serenidade de quem sente ter a razão do seu lado. Aos escaladores foi movida uma perseguição perversa por parte do ICNF/PNSE que devia saber que não iria ter quaisquer resultados práticos, dado não possuir ninguém competente e/ ou habilitado para fazer vigilância sobre os escaladores porque
não têm qualquer habilitação e/ou experiência para escalar! E se 40 funcionários do ICNF/PNSE ainda adquiriram algumas noções sobre manobra de cordas e escalada podem agradecer à ASE que lhes deu essa formação básica graciosamente. O ICNF/PNSE, se em vez de ter optado pela imposição das normas, se tivesse pautado pelo diálogo, talvez angariasse um manancial de voluntários disponíveis para o apoiar em estudos de observação, quer de flora e fauna em zonas alcantiladas e de difícil acesso, inclusive respeitando sítios ou períodos onde e quando houvesse o impacte negativo da presença humana. E devo referir que em relação aos escaladores tenho uma ideia muito clara. Eles apenas querem ter o prazer de usar os espaços onde possam escalar porque provir deles qualquer iniciativa visando a preservação das montanhas não é assunto que lhes diga muito respeito. Limpar uma fonte, corrigir umas pedras, desbastar um pouco de mato, nem pensar…querem escalar pura e simplesmente! O Nevestrela que se realizou durante 25 anos sob orientação e organização da ASE e CMG chegou a ter mais de 700 participantes, contribuindo decisivamente para despoletar em muitos participantes o desfrute prático da montanha com respeito de regras essenciais à sua correcta fruição. Todos os grandes que se iniciaram a romper as solas pelos 8.000 metros de altitude deram os primeiros passos na descoberta da montanha no Nevestrela! Falo de uma actividade que quase sempre se realizou sobre a neve, sem efeitos negativos para o espaço onde se efectuava – o Covão d’Ametade. Pois bem, o PNSE fez das tripas coração para combater o Nevestrela e accionou ameaças com publicidade paga nos jornais nacionais contra a sua organização. Resultado: a região deixou de ter centenas de pessoas que vinham participar e ajudar a desenvolver a actividade socio-económica (comércio e restauração) e os reflexos estão à vista, com a diminuição de pessoas a desenvolver actividades na montanha, apesar dos esforços das Autarquias para tentar contrariar este afastamento 6
das pessoas. Espanha, aqui ao lado, foi a primeira a ganhar com os disparates cometidos por quem não tem a mínima noção das consequências para o desenvolvimento, de uma região com as características da Serra da Estrela. E para que não fiquem dúvidas quanto ao sentido de responsabilidade da ASE, o PNSE foi por inúmeras vezes desafiado a indicar os efeitos negativos que as nossas iniciativas poderiam provocar no meio ambiente, contrapondo ao mesmo tempo a relação entre a obstrução hostil da realização do NEVESTRELA e posteriormente do ASESTRELA, e o facilitismo que era dado aos milhares de merendeiros e campistas que em pleno Verão se banqueteavam e poluíam quando a Natureza está em plena pujança, para não mencionar as caravanas, roulottes e a cobrança de parqueamento de viaturas pelo próprio Parque Natural. O desafio da ASE nunca teve efeitos práticos, ou seja, nunca obteve uma resposta clara, porque o PNSE sempre temeu o confronto com as suas próprias contradições! A Serra da Estrela está a ser usada sem o mínimo controlo por um sem número de organismos, com milhares de participantes, em zonas muito sensíveis, não existindo qualquer acompanhamento e fiscalização no terreno para avaliar os efeitos nefastos que muitas actividades possam provocar no ambiente sensível onde são desenvolvidas. Aguardamos, com serenidade, os sinais do que pensa fazer o Parque Natural da Serra da Estrela sobre o anúncio por parte da direcção da Estância de esqui na Torre, do programa para a inauguração da abertura oficial da temporada, no próximo dia 10 de Dezembro, com a presença prevista de mais de 3.000 pessoas, fogo-de-artifício, música com nível de som ensurdecedor… e como de mais espaventoso se verá! 7
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Casal da Feteira– Vale do Mondego - ZM
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Sensibilidade e beleza, pelo olhar atento da Tânia Araújo 2
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O contributo da Fotografia de Natureza para a Educação Ambiental Tânia Araújo | Fotógrafa de Natureza e Vida Selvagem www.serradaestrelaselvagem.org www.facebook.com/serradaestrelaselvagem
Costuma dizer-se que “uma imagem vale por mil palavras” para traduzir o poder da mensagem que uma imagem pode transmitir de uma forma bastante imediata. Este poder da imagem pode ser posto ao serviço da conservação da Natureza. Dar a conhecer espécies de fauna e flora através de imagens impactantes e esteticamente apelativas que despertem emoções positivas no observador, contribui para a sensibilização ambiental e para a conservação da biodiversidade, pois protegeremos mais facilmente aquilo que conhecermos e que amarmos. A maioria das pessoas não conhece o património natural que as rodeia e não faz ideia da diversidade de fauna e flora que existe nos locais onde moram. Muitos dos valores naturais das nossas reservas e parques naturais, alguns bastante raros e de grande importância para a conservação da biodiversidade, passam despercebidos à maioria dos visitantes. Mesmo os parques e jardins das cidades podem ser imensamente ricos em biodiversidade, mas é necessário um olhar atento para a descobrir. A afirmação “não se ama o que não se conhece” é muitas vezes usada mas mantém toda a pertinência quando falamos de educação ambiental. É muito difícil promover a conservação da zonas naturais sem mobilizar para este propósito a comunidade, especialmente as populações que nelas residem, dando a conhecer o património natural que se quer proteger e inclusivamente informando sobre o contributo que a conservação desse património pode dar ao desenvolvimento de um dado território. Já me aconteceu várias vezes obter reacções de espanto ao publicar fotografias de aves como o Melro-das-Rochas e do Abelharuco-Comum, que impressionam pelas suas cores, e obter comentários como “Que bonito! Estes animais existem na nossa Serra da Estrela? Não fazia ideia!”.
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É este tipo de reacções que me motivam a registar fotograficamente a vida selvagem da Serra da Estrela e a partilhar estas imagens junto do maior número possível de pessoas pois acredito que divulgar este tipo imagens despertará em algumas pessoas uma vontade de olhar de uma forma diferente para a serra. Se se tornarem mais atentas e mais interessadas pelo património natural da Serra da Estrela, estarão também mais sensibilizadas para contribuir para o conservar. Pelo menos é esta a minha convicção! Como muitos animais são de difícil observação, como é o caso de aves como o Melro-das-Rochas e a Coruja-do-Mato, dos mamíferos e da maioria dos anfíbios e répteis que têm hábitos muito discretos e muitos deles apenas actividade nocturna ou crepuscular, a fotografia ou o vídeo são os melhores meios para os dar a conhecer às pessoas. No entanto, outros abundam à nossa volta e são facilmente observáveis. 14
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Se estivermos motivados para olhar com mais atenção quando estivermos rodeados de natureza, podemos surpreendermo-nos! A imagem de natureza, seja a fotografia ou o vídeo, e as actividades recreativas de observação de espécies de flora e fauna são sem dúvida meios eficazes para promover a aproximação das pessoas ao meio natural. Mas podem fazer mais do que isso! Em muitos casos podem contribuir para desconstruir mitos e representações negativas sobre determinadas espécies como os répteis e anfíbios que foram passadas pela tradição oral que contribuíram para estas espécies fossem mal-amadas e que levaram a que muitos fossem mortos (e hoje em dia ainda são) devido a essas crenças.
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O desconhecimento normalmente leva ao medo e, consequentemente conhece que normalmente motiva a construção de mitos. Por exemplo nem descanço" por se acreditar que têm veneno ou peçonha, mas na agricultura por ajudar a controlar pragas de insectos e lesmas. Divulga para evitar mais mortes desnecessárias deste belo e interessante anim espécies retratadas.
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ao repúdio. É a procura de explicações para aquilo que não se o, diz-se popularmente que "mordedura de licranço, não tem cura verdade o licranço é totalmente inofensivo e bastante útil na ar e informar sobre a verdadeira natureza desta espécie é essencial mal, sendo nestes casos útil associar às imagens as histórias das
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Dada a democratização da com a era digital, as imag facilmente disseminadas a redes sociais e chegam a mais pessoas. As redes so diversas plataformas de p fotografias motivaram a q cada vez surgissem mais particularmente de Nature mais da riqueza natural d desvendada e dada a con sociedade. Mas o contribu fotógrafos pode ir para al divulgação do património registar fotograficamente flora, identificando as esp local onde foram fotografa fotógrafos estão também para o aumento do conhe científico, particularmente informação sobre a localiz distribuição geográfica de espécies. Há aliás várias p online que tem exactame objectivo recolher este tip informação, ao permitir q fotógrafos adicionem as s imagens e a informação r associada, como por exem E-bird, que compila regist observações de aves, ou específicos no Facebook, Grupo dos Anfíbios e Répt Grupo das Borboletas de
A imagem de natureza tem dúvida um papel prepond revelar das maravilhas do natural e no aproximar d maravilhoso às pessoas... sabe se no processo, são despertadas paixões pela quem ama, protege! 20
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a fotografia, gens são através das cada vez ociais e as partilha de que também fotógrafos e eza. Assim, de Portugal é nhecer à uto dos lém do da natural. Ao de fauna e pécies e o adas, os a contribuir ecimento e ao gerar zação e e muitas plataformas ente como po de que os suas relevante mplo o tos de grupos como o teis e o Portugal.
Legenda das imagens 1
Faia em tons de Outono
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Nave de S. António
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Amenita muscaria, Covão
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Covão d’Ametade
m sem derante no o mundo deste mundo . e quem
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Cogumelos, Mycena sp
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Floresta mista no Outono
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Covão d’Ametade
natureza. E
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Melro das rochas
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Cogumelos, Mycena sp
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Melro-preto
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Rã ibérica
Detalhes de Outono
Poço do Inferno
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“Serra da Estrela Centro de Energia Viva de Montanha” A crise na indústria têxtil na região da Serra da Estrela deixou ao abandono um considerável património arquitectónico muito interessante que, com o decorrer dos anos, se foi degradando. Na cidade da Covilhã, por exemplo, esse património foi inteligentemente aproveitado em grande parte para albergar a Universidade da Beira Interior. Noutras localidades tiveram outros aproveitamentos, mas continua a existir ainda um
capital de recursos à espera de melhores oportunidades. No passado dia 17 de outubro apresentado na antiga Fábrica do Rio o “Serra da Estrela – Um centro de energia viva de Montanha” um centro de ciência que conta com a parceria da Câmara municipal de Manteigas, a Universidade da Beira Interior (UBI) e a ENERAREA - Agência Regional de Energia e Ambiente do Interior. Este espaço pretende ser: 22
-um centro de aprendizagens desenvolvidas num contexto diferenciador, a montanha; -um centro de ciência e tecnologia; -um centro para a compreensão dos recursos energéticos sustentáveis; -um centro que proporcione a vivência de aspetos específicos da região (cultura/natureza Historia); O centro tem como força a MONTANHA, a SUSTENTABILIDADE, a ENERGIA, e a CIÊNCIA numa logica de Hands-on (aprender fazendo). De acordo com a apresentação do projecto, pela Dr.ª Kelly O’hara, da UBI, o Centro de Energia Viva de Montanha pretende oferecer, e ser um local de aprendizagem que agregará as seguintes funções: CENTRO DE APRENDIZAGEM – que respeita os princípios de ambientes de aprendizagem experiencia, jogo “aventura”, com forte valorização da comunidade educativa, científica e tecnológica (Saber pensar, fazer, perguntar).
GESTÃO DE RECURSOS ENERGETICOS, AMBIENTAIS, HUMANOS, procurando aumentar as potencialidades da montanha, como: transferência de vivências do centro para a montanha, dinamização de estruturas de desporto natureza existentes na região, assim como fomentar uma política activa da protecção do ambiente, e sustentabilidade dos recursos. CAPACITAÇÃO JOVEM – FORMAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PARA E COM JOVENS – potenciar o trabalho com alunos (na área da investigação quer na capacitação dos mesmos), local de estágios, e reconhecimento do trabalho para a comunidade. TURISMO - Possibilidade de Divulgação do património de montanha (cultura, historia, gastronomia, geologia, tradições). Turismo científico, de natureza, Cultural – famílias, escolas, população em geral. - Proposta turística, integrada para a região, em que se aliem as vivências científicas aos programas de lazer e recreação, disfrutando da montanha através do conjunto de infraestruturas disponíveis ou a criar. 23
- Ligação com museus e centros interpretativos da região que permitam a organização e oferta turística integrada, global e com qualidade. EMPREGABILIDADE – a criação de ideias e soluções inovadoras e sua implementação (empreendedorismo), procurando sinergias com o tecido empresarial para aumento da empregabilidade, através do desenvolvimento das diferentes actividades que
o projeto engloba. O Centro não substitui o que existe, mas será um catalisador de novas ideias/produtos, até fazer o seu franchising para que se torne num pólo de empregabilidade e sustentabilidade. SOCIAL –Toda a orgânica do Centro está pensada para todas as idades, para famílias, e para seniores, procurando promover um
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hídrica que resulta já de um aproveitamento que a unidade fabril possuía e agora adoptando novas tecnologias passam a garantir maior e melhor produção.
envelhecimento mais activo. Pretende-se que seja um espaço de partilhas de conhecimento e vivencias, onde o saber dos mais “experientes” pode ser passado aos mais novos.
O acordo prevê o desenvolvimento do conceito global do Centro de Energia Viva de Montanha para afixação de empresas no território de Manteigas, a dinâmica de projectos de investigação
Em declarações à LUSA, o presidente da Câmara Municipal de Manteigas disse que o projecto tinha sido iniciado em 2008 com verbas do Quadro de Referência Estratégico (QREN), representando um investimento de 2,5 milhões de euros, devendo entrar em pleno funcionamento já no alvorar do próximo ano. O edifício combina várias fontes de
vocacionada para o investimento e empreendorismo, e a criação de um observatório supra-regional de ambiente, para além de outras valências.
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energias renováveis, desde torres demonstrativas de produção de energia eólica, painéis solares, uma caldeira de aquecimento central a pellets e uma mini-
Já o reitor da UBI, António Fidalgo destacou a iniciativa afirmando ter “todos os ingredientes para ser um projecto de sucesso” sendo possível inverter o processo demográfico fixando os jovens no concelho de Manteigas.
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Novos limites para as emissões dos poluentes dos combustíveis Lei Comunitária, sobre as emissões dos poluentes dos combustíveis, entra em vigor no dia 31 de Dezembro. O último dia do ano será o primeiro na adopção dos novos limites nacionais para as emissões dos poluentes dos combustíveis na União Europeia. A directiva comunitária vai obrigar Portugal a reduzir drasticamente as emissões dos cinco principais poluentes.
Estabelecendo metas para os Estados-membros, face aos valores de 2005, a nova lei
comunitária fixa novos limites máximos anuais de emissão para cada país relativamente aos cinco principais poluentes. De acordo com as novas normas, Portugal terá que reduzir, face aos valores de 2005, as emissões de dióxido de enxofre (SO2) em 63% entre 2020 e 2029 e 77% a partir de 2030, de óxidos de azoto (NOx) em, respectivamente, 36% e 71%, amoníaco (NH3) em 7% e 16% e de metano (CH4) em 70% e 29%, respetivamente, nos combustíveis vendidos. Os compostos orgânicos voláteis não-metânicos (NMVOC), também terão de ser reduzidos. Em Portugal será necessário cortar 18% nas emissões entre 2020 e 2029 e 26
46% a partir de 2030, nas emissões de partículas finas (PM2,5), a reduções estipuladas são em 15% e em 70%, respetivamente. Os compromissos de redução para 2020 são idênticos aos já acordados pelos Estadosmembros a nível internacional aquando da revisão do Protocolo de Gotemburgo em 2012. Já os compromissos para 2030 exigem reduções ainda maiores. A Comissão Europeia acredita que esta
medidas ajudarão a reduzir as concentrações de gases poluentes em toda a Europa. In Ambiente e poluição—15/12/2016
ALDEIAS DA SERRA DA ESTRELA Ainda não foi desta que conseguimos dar continuidade às reportagens sobre as aldeias da Serra da Estrela. Após uma série de diligências com a Junta de Freguesia de Videmonte, Associação dos Amigos da Teixeira, e ainda com a presidente da Junta de Freguesia de Sobral de São Miguel, não se conseguiu agendar uma data para que pudéssemos escrever sobre estas freguesias e as suas gentes. Apesar do interesse e disponibilidade manifestada pelos interlocutores dessas aldeias, não foi possível a realização dos encontros, tarefa que irá continuar a desafiar-nos no próximo ano. 27
Susana Noronha (Arquitecta Paisagista) "Desde que plantaram o eucaliptal na encosta, a fonte secou!..." O eucalipto é uma árvore australiana, habituada a uma grande competição entre espécies e subespécies similares, numa luta incessante pela altura em busca dos preciosos raios do Sol ou não fosse o seu nome Eucalyptus (do grego, eu + καλύπτω = "bem coberto"). O eucalipto com uma densidade arbórea muito elevada, assim como a diversidade de espécies (existem mais de 600 espécies de eucalipto), entre as quais se destacam as “temíveis” acácias, a competição pela sobrevivência, dotou estas árvores de um crescimento muito rápido. Até o seu fuste é verde, isto é, tem clorofila e consegue fazer fotossíntese para aumentar a produção da fábrica de hidrocarbonetos que o constitui. É por isso que esta árvore consome rapidamente os nutrientes do solo e a água, que é evapotranspirada pela sua folhagem extensa. Assim, dado o seu elevado grau de humidade, quando passa o fogo queima por fora e por dentro a madeira, se já tiver algum diâmetro, continua clarinha, pronta para ir para a fábrica da celulose, facto que
não acontece com o pinheiro, que para não ficar totalmente carbonizado, já precisa de ter um diâmetro de fuste muito mais elevado. Com a falta de limpeza das florestas de produção, a inexistência de aceiros entre as contínuas extensões de eucaliptais privados em que ninguém quer perder um m2 para plantar a “árvore da fortuna”, se passar o fogo, é ainda melhor, pois terreno fica "limpo" e desimpedido para arrastar os troncos para a camioneta. E a cereja em cima do bolo é o lucro fácil que dá, pois junto do pequeno proprietário o madeireiro desvaloriza o material queimado, "não dá para nada", “só dá trabalho", “nem paga a mão-de-obra para limpar o terreno”...mas depois vai vendê-lo à celulose que paga ao kg, sem atender à origem do tronco se é queimado ou não. O lucro é então bestial!!! Por cada ha de árvores queimadas, o madeireiro paga cerca de 100 Euros ao proprietário, se fosse madeira “verde”, teria de pagar 1000. Danos colaterais? Danos humanos e ambientais? Aquecimento global? Destruição de habitats? O que é isso comparado com o lucro que este 28
negócio dá? E o trabalho garantido para todo o Inverno? Pois há muito terreno para “limpar”! E assim este País vai ardendo, em fogos bem planeados, com várias frentes. O proprietário que ainda não percebeu que não tira lucro nenhum daquela monocultura que lhe consome a fertilidade de um solo perdido para sempre, só tem despesa a mandar “limpar” e depois plantar mais e mais eucalipto, não se apercebe que está a gastar dinheiro (vindo de outra fonte de rendimento) para
paga avionetas? Quem arquiteta os fogos em várias frentes? Acidente? Demência? Porque não se fala na verdadeira razão dos incêndios? De quem tem lucro com o negócio dos incêndios? Porque só se “apanham” os bêbados, os doentes psicológicos, os descuidados? E todos os outros fogos postos (esqueçam a falácia dos fogos naturais porque esses são insignificantes? não há fogos naturais, esqueçam essa falácia)? Quem os ateou? Qual é o interesse em manter o público na ignorância? Para alimentar e manter o grande
Imagem RTP
alimentar este negócio, de fabricar papel de madeira queimada, e exportar para todo o Mundo (mais de 120 Países), sim porque o fogo vai de certeza passar antes do corte das árvores verdes, e posto por quem? Quem
negócio da celulose! Que aumenta o PIB do País!!! E que é pago pelos próprios proprietários, que têm de ter outro emprego, outra fonte de rendimento para sustentar esse negócio, que só dá lucro a 29
alguns... Depois de muito pensar sobre o assunto, penso que a única maneira de se acabar com esta calamidade é impedir a fábricas de celulose de comprar troncos queimados e pôr a ASAE a tratar disso, em vez de irem para a praia apreender vendedores de bolas de Berlim!(?)
Note-se que o Eucalipto foi melhorado pelo homem para ser o que é. Estudos universitários, teses de mestrado, investigação paga.
Note-se que o Eucalipto foi melhorado pelo homem para ser o que é. Estudos universitários, teses de mestrado, investigação paga. Apoios do Estado, bolsas de estudo, quer para investigação e melhoria do produto, quer para os apoios para plantação ao proprietário, quer para modificar a legislação sempre a favor do eucalipto. A legislação desde 88 mudou e muito. Começou de mansinho, a medo, quando ainda havia manifestações ambientalistas contra estas plantações intensivas, começou-se por preservar as linhas de água, a RAN, a REN, deixar aceiros, faixas de folhosas, mas agora não! É à descarada! Vale tudo, vai tudo a eito! Até incultos, até terrenos que não são tratados...eu não posso querer que cresça o
carvalhal no ...não posso meu terreno, corro o risco que querer que plantem eucalip- cresça o tal por pensacarvalhal no rem que está "abandonado"!!! meu terreno, Com as máqui- corro o risco nas destrói-se que plantem toda a vegetação natural, eucaliptal por abrem-se socalpensarem cos sem sustenque está tação, em solo muito inclinado "abandonado o terreno fica a nú e exposto à erosão e ao ravinamento. A pouco e pouco toda a paisagem é comida pela mancha verde metálica do eucalipto que depois se torna escura e depois castanha e preta...os mosaicos agrícolas, o sustento do homem desaparece e ele vai para as cidades ou emigra em busca de outro sustento que a terra ciclicamente queimada não lhe pode dar....e o Estado assiste a tudo isto e nada faz, porque serve o negócio da exportação da celulose, as normas da CEE e os apoios Comunitários que nas entre linhas dizem: plantem, plantem eucalipto, povo estúpido e ignorante, que se vende por tão pouco...e se perde para sempre....ficando dependente dos seu hipermercados que colocam nas nossas prateleiras diariamente produtos feitos por eles. Depois vem a crise, vêm os pacotes que pagamos com juros elevadíssimos e andamos nisto, até quando? Quando vai rebentar? A política agrícola do nosso país é 30
inversamente proporcional à política do eucalipto. Os campos estão progressivamente abandonados e a "invasora australiana" vai crescendo parcela a parcela. Esta monocultura faz com que as pessoas abandonem as terras, implica um despovoamento e a descaracterização das paisagens, pois só lá têm de ir no início e fim da exploração, quando não passa o fogo. Não é uma árvore mediterrânea, como o nosso sobreiro que resiste ao fogo e regenera, rebenta, a cortiça é muito valiosa e dá lucro ao proprietário, sem ter de replantar a árvore ciclicamente. A oliveira que tem uma produção anual, que vai dando para as povoações sobreviverem e antigamente não havia tantos incêndios na Serra. A agricultura pode dar mais de uma produção por ano, gerando riqueza e sobretudo: “prende” o homem à terra. Nunca se perguntaram porque a Espanha e a França não têm eucaliptos? Bom, mas eles também exageram na agricultura
intensiva, e o que é certo é que invadem os nossos mercados e a riqueza que geram vai para onde? Aqui não fica!...Nós temos o piorzinho, aquilo que a UE não quer e delega para os países do "3º mundo", as duas indústrias mais destrutivas do património natural, cultural e económico a médio longo prazo e que nenhum país “desenvolvido” da União Europeia quer ter… começam por c: - a indústria do cimento e da celulose. Já repararam naquela espuma amarelada e peganhenta nas nossas belas praias? Naquele cheiro nauseabundo que invade as nossas casas quando o vento muda de feição? Temos as nossas belas e escassas serras de calcário desventradas, basta passearmos nos nossos "parques naturais", as áreas ditas “protegidas”, ou ir ao "Google Earth" para vermos as extensas e numerosas crateras brancas. Somos o fornecedor de cimento e
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de celulose da Europa e tivemos e ainda temos subsídios abundantes para o eucalipto e para transformar zonas agrícolas em floresta. As primeiras leis que surgiram do eucalipto, quando os nossos ativistas ainda se faziam ouvir, restringiam o eucaliptal às zonas menos produtivas, obrigavam a faixas de outras folhosas, a rotações mais espaçadas, a afastamentos de áreas agrícolas, galerias ripícolas, zonas de infiltração, fontes, etc. Começou-se de mansinho... discretamente...mas estas leis já eram! Vieram os subsídios, primeiro à descarada para o eucalipto, depois dizia-se que eram só para a floresta de crescimento lento. Mas lá no fim da lista das espécies subsidiadas, aparecia sempre o Eucalyptus globulus, (que nada tem de lento ou de autóctone). As leis foram sucessivamente alteradas e recentemente até já se chegou ao ponto de mudar a própria Lei da Reserva Agrícola Nacional (RAN)!! Ou seja, os únicos solos que nos restavam bons para a agricultura, (que são tão raros no nosso país), podem ser eucaliptalizados... Quando vamos de Lisboa para o
Porto, a paisagem que outrora era diversificada, um mosaico agrícola e florestal, agora é cada vez mais uma monocultura intensiva de eucalipto...Os resquícios de mata autóctone, diversificada, com os nossos sobreviventes carvalhos que outrora povoavam o território, e até há poucos anos estavam restringidos às vertentes mais inclinadas que o homem não cultivava, e entre as sebes vivas dos terrenos agrícolas, fonte de biodiversidade para o equilíbrio ecológico, controle de pragas, refúgio e alimento da avifauna, vão desaparecendo a pouco e pouco, dizimados por poderosas máquinas que destroem tudo à sua passagem: vegetação, relevo, solo... para plantar as tais árvores australianas. Árvores que são tão competitivas que aquele cheiro intenso a eucalipto não é mais que a inalação dos seus herbicidas naturais que não deixam criar o sub-bosque e a biodiversidade, e nada têm para oferecer à nossa avifauna, secam as nossas fontes, esgotam os nossos solos, com períodos de rotação intensivos de 9 em 9 anos, ou menos!...isto quando não são mais cedo queimadas... Os eucaliptais são desertos botânicos, faunísticos e humanos. Muitos animais morrem 32
atropelados, envenenados...caçados...transformamos, alteramos tudo, sempre só a pensar em nós, mas no fundo esquecemo-nos de nós e dos nossos descendentes, do nosso próprio futuro. E a monocultuE a monocul- ra do eucalipto vai avançando: tura do cume, encosta, eucalipto vai vale, mata, pinhal, olival, avançando: vinha, pomar, cume, terreno encosta, vale, agrícola, vai tudo...a seu mata, pinhal, tempo, vai olival, vinha, tudo! Dizima a nossa cultura, pomar, leva as pessoas terreno a abandonar os agrícola, vai campos e a aumentar a tudo...a seu população das cidades, a tempo, vai perdermos os tudo! nossos saberes...a transmissão dos conhecimentos de pai para filho...porque o filho foi para a cidade e agora o neto emigrou!… Na zona frutícola do nosso País, o Centro Oeste, as frutas caem na terra e ninguém as apanha, não é rentável, “não paga a mão-deobra”, não há escoamento...os supermercados estão repletos de fruta espanhola ou francesa vinda de bem longe... e tanta aqui tão perto, a ser substituída por eucalipto... Está tudo errado...gasta-se
imensa energia em transportes, e mais poluição, mais CO2 de combustíveis fósseis, mais aquecimento... E quando o preço do combustível voltar a aumentar? Ou mesmo acabar? Será que vamos comer eucalipto?! Quem governou, mudou as leis e no dia da árvore plantou um eucalipto!? Será que não somos capazes de pensar por nós próprios? No nosso próprio bem? Temos de nos sujeitar às normas europeias e acabar com o pouco que nos resta? Fui visitar uma exploração agrícola biológica, o Agricultor, disse que para pedir um subsídio para comprar um trator tinha de omitir que iria criar mais 4 postos de trabalho, porque as diretivas são para uma maior eficiência (?)... E temos tantos desempregados... Onde está a nossa agricultura? A nossa própria subsistência? O que faremos numa altura de crise? Uma professora de História dizia nas suas aulas que D. Fernando e sempre que um Rei investia na
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Agricultura, o país saía da crise, crescia economicamente. A base do desenvolvimento estava garantida. Era uma forma de fixar as pessoas à terra e de se produzir riqueza, sustento. Sim, porque uma exploração agrícola não enriquece, mas dá sustento, várias produções por ano e diversificadas, e não é precisa muita área para tal, tem de se investir na melhoria dos solos com estrume, etc, para que estes produzam, para que não se esgotem. Nos eucaliptos é até aos solos não produzirem mais, por isso avança-se agora para os solos da RAN, pois os outros já (d)eram… Uma pessoa mesmo que tenha muitos eucaliptais tem de arranjar outra forma de ganhar dinheiro, não "pode ficar a ver o pau a crescer!" - como dizia o nosso Gonçalo Ribeiro Telles (o criador da "verdadeira" RAN). E assim se abandonam as terras e crescem os subúrbios das cidades… e os desempregados...
Se continuamos neste ritmo de destruição da nossa economia, da nossa paisagem, da nossa cultura, seremos pobres, bem pobres... já não teremos nada para mostrar a não ser a nossa pressionada costa de mar, e o "casco antigo" de algumas aldeias despovoadas. Portugal será todo igual, de um verde metálico, escuro e opaco, rasgado por pedreiras brancas e cidades. De Norte a Sul, apenas notaremos algumas diferenças de relevo. Já foram realmente até ao Porto de carro? Com olhos analíticos? Quando reina o eucalipto, está tudo escondido ou despovoado, as paisagens já não se abrem, perdeu-se o mosaico reticulado e diversificado, perdeu-se o vermelho outonal e o colorido primaveril... Perderemos a ligação à terra... Já alguém fez caminhadas em eucaliptais? Já ouviram o silêncio destes desertos de biodiversidade? Será este o nosso futuro?
Investigador cE3c Filipe Duarte Santos é distinguido com o Prémio Nacional de Ambiente "Fernando Pereira" A Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente (CPADA) distinguiu o investigador cE3c Filipe Duarte Santos com o Prémio Nacional de Ambiente Fernando Pereira 2015/2016. A cerimónia teve lugar no passado sábado 26 de novembro, no Espaço Monsanto (Lisboa), inserida no ENADA'2016 - Encontro Anual de Associações de Defesa do Ambiente. Honrado e sensibilizado pelo prémio, Filipe Duarte Santos afirma: “Este prémio constitui um estímulo para continuar a exercer a minha atividade profissional no domínio da investigação sobre a adaptação às alterações climáticas e sobre os desafios do desenvolvimento sustentável”.
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A PARTIR DE 22/12 OS ANIMAIS DEIXARAM DE SER OBJECTOS PERANTE A LEI. Foi aprovado por unanimidade na Assembleia da República a alteração ao Código Civil que muda o estatuto dos animais. A partir do dia 22 de Dezembro, deste ano, aos olhos da lei, estes deixam de ser objectos e passam a ser classificados como “seres sensíveis”.
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Fragâncias e paladares da serra da Estrela (Plantas Aromáticas e Medicinais) Cláudia Dias
A lista de plantas selvagens que podem ser utilizadas em condimentos como aromas e sabores, na alimentação e medicinalmente, é infindável. A flora e a vegetação da Serra da Estrela apresentam características únicas em Portugal, que se traduzem, por um lado, na existência de cinco espécies, duas subespécies e sete formas e variedades estritamente endémicas da serra da Estrela e, por outro, numa zonação altitudinal muito característica, que é fruto da elevada altitude da serra (ICNF). Em termos de conservação, no que diz respeito à flora, encontram-se no Parque Natural nove espécies de plantas incluídas no anexo II, cinco espécies incluídas no anexo IV e 23 espécies incluídas no anexo V da Diretiva 92/43/CEE (Diretiva Habitats). Hoje, deixo-vos aquela que por todas as razões e mais alguma, deve ser protegida e merece a nossa particular atenção.
Em 1º, pela sua distribuição em Portugal Continental, ser restrita à Serra da Estrela; em 2º, pela sua raridade (Estatuto da Diretiva Habitats - Anexo V). A argençana é uma das plantas mais belas da Serra. Cresce muito lentamente levando dez anos a formar as suas primeiras flores. É uma espécie protegida em numerosos países e deve ser cultivada, portanto, para fins medicinais. O seu nome botânico deriva de Gentius, rei da Illyria, região antiga da costa adriática, o qual difundiu o seu uso medicinal. Na Idade Média a genciana fazia parte de uma poção alquímica denominada “theriac”, cuja fórmula se mantém até hoje em segredo. Popularmente, a raiz é um poderoso febrífugo e também um estimulante das 36
funções do aparelho digestivo. Tem igualmente uma acção tónica sobre o fígado e a vesícula biliar, assim como sobre todo o organismo. A raiz fermentada é usada na indústria alimentar e dos licores amargos. Neste caso, é deixada a secar lentamente e adquire uma cor castanhoavermelhada. A genciana possui cheiro intenso característico e sabor muito amargo, persistente. Em dose elevada, pode causar dores de cabeça e vómitos. Está contra-indicada a grávidas e lactantes, e doentes que sofram de úlcera gastroduodenal.
muito húmidas). Período de colheita: Junho – Agosto. Partes da planta utilizadas: Folhas e raízes. Usos e virtudes medicinais: Antidiabética, digestiva, tónica estomacal, vermífuga, laxante, emenagoga e tónica para todo o organismo. Preparação e modo de utilização no PNSE: Em uso interno, uma infusão das folhas e raízes ou uma decocção da raiz seca para problemas digestivos, febres, dores reumáticas, gota, diabetes, azia, diarreia, parasitas intestinais, indigestão. Adoçar com mel.
Nome científico: Gentiana lutea Nome (s) vulgare (s): ARGENÇANA, Genciana, Argençanados-pastores, Gencianaamarela. Família: Gentianaceae Ecologia: Em pastagens e prados húmidos de altitude (cervunais, plataformas rochosas
Bibliografia Dias, C. (1999). Valorização do Património Genético da Plantas Aromáticas e Medicinais do Parque Natural da Serra da Estrela. ESACB, Castelo Branco. Dias, C. (2008). Aromas e sabores do Concelho de Fig. de Castelo Rodrigo (PAM e/ou condimentares) “Das gentes e da Natureza”. Município de Fig. de Castelo Rodrigo. Silva, A., Meireles, C., Dias, C., Sales, F., Conde, J., Salgueiro, L., Batista, T. (2011). Plantas Aromáticas e Medicinais do Parque Natural da Serra da Estrela – guia etnobotânico. CISE – Município de Seia, Seia. 37
“GALARDÃO CRISTAL DE GELO” A nossa Associação decidiu atribuir o Galardão Cristal de Gelo a quatro personalidades e entidades que se têm distinguido, na opinião da ASE, por serem verdadeiros amigos da Serra da Estrela, apostarem na sua conservação, investigação, desenvolvimento e promoção de acordo com os princípios que sempre defendeu. O GALARDÃO instituído pela ASE pretende homenagear personalidades, entidades públicas ou privadas, que se distingam nas mais diversas áreas, e se constituam como modelo, para a sociedade, e fundamentalmente para os serranos, enquanto verdadeiros amigos da Serra da Estrela. Nenhum dos galardoados tem raízes na Serra da Estrela, mas fica-nos a convicção, pelos exemplos de que somos testemunhas, que teríamos os Montes Hermínios mais autênticos e atractivos se soubéssemos acompanhá-los na relação que estes amigos têm manifestado para com o maior maciço montanhoso do país. Desta vez o Galardão foi atribuído a: MARIA CLOTILDE VAZ MACHADO SOARES, mais conhecida por Tilinha. Natural de Ermesinde, radicou-se em Manteigas onde desenvolveu múltiplas actividades ligadas à apicultura, pastorícia Casa da Águia, nas Penhas Douradas, mandada construir pelo seu avô, republicano e amigo de Afonso Costa (1.º presidente da República), que também ali mandou construir um chalé.
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e silvicultura. É mais serrana que os serranos! CASA DAS PENHAS DOURADAS, propriedade do casal Eng.ª Isabel Costa e Dr. João Tomás, que se apaixonaram pela SERRA e decidiram investir contra ventos e marés. Primeiro na Casa das Penhas Douradas, hotel de montanha, referenciado distinguido e aplaudido pelo turismo nacional e internacional. Posteriormente, a aposta foi nos têxteis através da recuperação de equipamentos que estavam em vias de ficar inutilizados e assim começarem a produzir o burel, introduzindo novos conceitos, designs criativos e fazendo a promoção da Serra da Estrela de uma forma muito autêntica, atenta aos seus valores naturais. JAN JANSEN, botânico holandês, que desde há quase três décadas tem dedicado parte da sua vida ao estudo da botânica da Serra da Estrela, divulgando-a como um tesouro, por quem denota uma grande sensibilidade pelo ambiente serrano que só pode ser motivo de muito orgulho para todos nós, serranos. É autor do livro “GUIA GEOBOTÂNICO DA SERRA DA ESTRELA” e autor e co-autor de mais de cem publicações de estudos científicos. Tem publicitado a Serra da Estrela com imagens interessantes de fauna e flora que obtém durante as saídas de campo bem como muitas outras que revelam pormenores das paisagens que só um olhar lúcido é capaz de captar e que partilha com a comunidade de uma maneira simples e desinteressada. É membro Conselho Científico da AGE - Associação Geopark Estrela. 39
FRATERNIDADE NUNO ÁLVARES (FNA), considerada a estrutura adulta dos escuteiros católicos (CNE), tem agido na Serra da Estrela, desde há dez anos, através de um protocolo de cooperação celebrado com a nossa Associação, na reflorestação e sementeira das áreas ardidas, nomeadamente de zonas de altitude onde os acessos não são fáceis e tudo tem de ser levado às costas. A FNA marcou presença nas acções de conservação da Natureza e no fomento da biodiversidade, trazendo até à Serra da Estrela escuteiros oriundos do Minho ao Algarve. Os comentários que nos chegaram até ao fecho da presente edição: “É com emoção, com muita amizade e com um grande sentido de responsabilidade que recebemos o vosso prémio, pois conhecemos os critérios muito exigentes e bem estreitos (tanto como os da nossa “talisca”) que a ASE e tu próprio colocam na defesa e preservação dos Valores Naturais da Serra mais bonita do mundo… Ao cuidarmos da nossa Natureza estamos a cuidar de nós próprios… se nos deixamos tocar e envolver pela beleza da Natureza seremos certamente pessoas melhores. E isto é tão importante…” João Tomás e Isabel “Obrigado por esta grande honra. Sinto-me muito honrado. Este é um grande apoio moral, a fim de continuar o meu trabalho. Um por todos, todos por um Viva a Serra da Estrela, viva os amigos da Serra!” Jan Jansen 40
COMUNICADO DO CONSELHO DE MINISTROS DE 27 DE OUTUBRO DE 2016 DEDICADO À REFORMA DO SETOR FLORESTAL A reforma do setor florestal constitui uma prioridade da política do XXI Governo no quadro da valorização do território nacional. Sendo a floresta um ativo de enorme relevância estratégica para o desenvolvimento económico e para a sustentabilidade ambiental, é necessário reavaliar e reformular as políticas públicas tendo em vista uma reforma do setor que proteja os seus recursos e promova os seus ativos. A execução destas políticas revela-se tanto mais urgente quando consideramos os enormes prejuízos causados pelos incêndios florestais, que este ano voltaram a assolar drasticamente o país, com graves consequências sociais, económicas e ambientais. Nesse sentido, o Governo aprovou hoje na generalidade um conjunto de medidas legislativas que serão submetidas a debate público alargado, de modo a envolver a administração central, as autarquias, a comunidade académica e a sociedade em geral. Este conjunto de medidas procura responder aos grandes desafios da floresta portuguesa e está ancorado em três áreas de intervenção: titularidade da propriedade; gestão e ordenamento florestal; e defesa da floresta nas vertentes de prevenção e de combate aos incêndios. No que respeita à titularidade da propriedade florestal, serão tomadas medidas que visam facilitar a sua identificação, registo e mobilidade, designadamente: - Criação do «Banco de Terras» e do Fundo de Mobilização de Terras. O Banco de Terras incorporará todo o património rústico do Estado e o património rústico sem dono conhecido que vier a ser identificado. O Estado pode assumir a gestão, ou cedê-la a título provisório a Sociedades de Gestão Florestal (SGF) ou outras entidades. Este diploma garante que, podendo gerir ou ceder a gestão a título provisório, não pode ceder ou transacionar de forma definitiva qualquer propriedade sem dono conhecido integrada no Banco de Terras ao longo de um período de 15 anos, sendo a sua posse restituída ao seu legítimo proprietário em qualquer momento, se entretanto for identificado. 41
O objetivo desta medida é promover a exploração da floresta, facilitar o acesso à terra por entidades interessadas, bem como permitir o redimensionamento de explorações com vista a promover a gestão profissionalizada da floresta e a sua viabilidade económica. É igualmente criado o Fundo de Mobilização de Terras, constituído a partir das receitas provenientes da venda e arrendamento das propriedades do Banco de Terras. O Fundo destina-se à aquisição de novo património, que será incorporado, por sua vez, no Banco de Terras e disponibilizado para venda ou arrendamento a agricultores, preferencialmente jovens, e a outras entidades, designadamente SGF quando se tratar de património com vocação florestal. - Criação do Sistema de Informação Cadastral Simplificada, a propor à Assembleia da República. O sistema de cadastro apoiará os proprietários na identificação dos seus prédios, através de um balcão único que permitirá simplificar procedimentos, inovar as formas de relacionamento com os utentes, promover a transparência de informações e acolher a georreferenciação de todos os prédios, contribuindo para o conhecimento da estrutura fundiária do território, imprescindível para a gestão, controlo e planeamento territorial. Tendo em vista potenciar o valor económico da floresta num quadro de sustentabilidade ambiental e territorial, foram aprovadas as seguintes medidas de gestão e ordenamento florestal: - Criação do regime de reconhecimento das Sociedades de Gestão Florestal, com o objetivo de fomentar a gestão florestal profissional e sustentável, reforçar o aumento da produtividade e rentabilidade dos ativos florestais e melhorar o ordenamento do território, acolhendo a evolução organizativa das Zonas de Intervenção Florestal. - Simplificação das normas de funcionamento das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), de forma a melhorar o funcionamento das ZIF já existentes, potenciando o seu alargamento e tornando possível que as mesmas possam promover a adesão de novos proprietários ou produtores florestais, através de um trabalho técnico de extensão florestal. - Alteração do regime jurídico dos planos de ordenamento, de gestão e de intervenção de âmbito florestal, procurando atribuir aos 42
municípios uma gradual e maior intervenção nos processos de decisão relativos ao uso do solo através da transferência efetiva das normas dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal para os Planos Diretores Municipais. - Novo quadro de incentivos e isenções fiscais e emolumentares para o setor florestal, no âmbito das boas práticas silvícolas e da defesa da floresta contra incêndios, promovendo a rendibilidade dos ativos e tornando mais atrativa a silvicultura. - Plano-Piloto de prevenção de incêndios florestais e de valorização e recuperação de habitats naturais no Parque Natural da Peneda Gerês, a desenvolver ao longo de oito anos, num investimento total de 8,4 milhões de euros. A defesa da floresta passa, por sua vez, por um conjunto de medidas que visam uma atuação integrada na prevenção, vigilância e combate aos incêndios e outras calamidades naturais na floresta: - Reestruturar o Sistema de Defesa da Floresta Contra Incêndios, procurando harmonizar e atualizar os conceitos de edificação e edifício a aplicar em espaços florestais, assim como reforçar o pilar da prevenção. - Estabelecimento do regime jurídico aplicável à criação e funcionamento das equipas de sapadores florestais e definição dos apoios públicos de que estas podem beneficiar. O regime torna-se mais ágil e eficaz e a função destas equipas é reforçada na área do combate. - Revisão do regime jurídico das ações de arborização e de rearborização, com o objetivo de promover a conservação e utilização sustentável da biodiversidade e, simultaneamente, a competitividade das atividades ligadas à floresta. As alterações propostas visam ainda dotar as entidades públicas de mecanismos que incentivem o equilíbrio entre as espécies, conciliando a limitação da expansão com o aumento da produtividade do género Eucaliptus, em detrimento de espécies autóctones. - Adoção do Programa Nacional de Fogo Controlado, promovendo a gestão ativa dos espaços silvestres e a criação de redes de gestão de combustível, incluindo as três componentes fundamentais do uso do fogo: o uso do fogo pela população; o uso profissional do fogo na prevenção; e a preparação para uso do fogo na gestão de incêndios.
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“MAIS SEGURANÇA”… MAIS ACIDENTES!
De acordo com uma notícia do Jornal do Fundão, de 2 de Dezembro passado, a GNR de Montanha registou 715 ocorrências na Serra da Estrela no último ano, a maioria das quais de apoio aos condutores e no período de Inverno. Refere a notícia o registo de 127 cortes da estrada, pressupondo que se refiram apenas à estrada de acesso à “Torre”. Quer este registo dizer que em doze meses, de 1 de Dezembro de 2015 a 30 de Novembro de 2016, a estrada da “Torre” apenas esteve aberta ao trânsito 207 dias. Como esta rodovia só é encerrada quando há queda de neve, podemos concluir que a estrada da Torre esteve fechada praticamente durante todo o Inverno de 2015/2016, mais precisamente até 6 de Abril do corrente ano. Estes dados vêm revelar a justeza da proposta da ASE quando aponta como alternativa rodoviária a beneficiação das estradas 230 e 231. Por outro lado, não se compreende como se defende um investimento de 40 milhões de euros em telecabines se é para manter a estrada aberta. Como esperam tornar rentável o investimento? Existe uma outra contradição através do anúncio, por parte da Infra-estruturas de Portugal, S.A.,
da aquisição de um novo veículo para limpar a neve. É óbvio que a frota tem de ser renovada e melhorada tecnicamente. Mas se a questão estava no equipamento significa que as condições excepcionais da Serra da Estrela, nomeadamente a sua geomorfologia e proximidade ao Atlântico, que faz com que o tipo de neve incorpore um teor de humidade muito mais elevado, era perfeitamente ultrapassável com outro equipamento. É evidente que não acreditamos que a situação se modifique, uma vez que as condições naturais e atmosféricas que se manifestam vincadamente na Serra da Estrela irão continuar a impor as suas leis, e o novo equipamento apenas contribuirá para a renovação da frota e garantir melhores condições de trabalho e da segurança, para quem o manobra. 44
AGENDA MUNICIPAL (cultural e ambiental) PARA O 1º TRIMESTRE DE 2017 DATA
ATIVIDADE
DESCRIÇÃO/OBJETIVO
02 de janeiro
Prémio Reportagem Jornalística - Divulgação
Valorização e promoção dos recursos ambientais, paisagísticos, culturais e etnográficos do Concelho.
16 de janeiro
18.ª Edição do Concurso Literário do Prémio Dr. João Isabel Divulgação
Concurso que pretende promover o aparecimento de novos escritores e homenagear o médico e escritor Manteiguense.
28 de janeiro
Venha ao Teatro todo o ano
Apresentação de espetáculo de teatro, com o objetivo de implementar e fomentar o gosto pela arte teatral.
25 a 28 de fevereiro
Expo Estrela - Manteigas 2017
Certame anual que reúne cerca de 70 expositores, tendo em vista a dinamização do tecido socioeconómico e cultural do Concelho.
03 de março
Peça de Teatro a «Lã e a Neve»
Adaptação da obra literária de Ferreira de Castro.
04 de março
Comemoração do Feriado Municipal
Comemoração do Feriado Municipal, integrando diversas manifestações de índole social, cultural e recreativa.
21 de março
Comemoração do Dia Internacional das Florestas
Ação de sensibilização destinada à comunidade escolar do concelho.
25 de março
Venha ao Teatro todo o ano
Apresentação de espetáculo de teatro, com o objetivo de implementar e fomentar o gosto pela arte teatral. 45
Na véspera de Natal cerca de 130 pessoas ficaram retidas em 20 telecabines que operavam na pista de esqui de Breuil-Cervinia, nos Alpes italianos do Vale d’Aosta, entre o Plan de Maison (2.550 metros de altitude) e o Cime Bianche Laghi (2.800 metros), segundo as notícias de vários periódicos italianos. O incidente foi causado pelo forte temporal que se registou na altura e que terá causado a quebra de um cabo de aço paralisando o equipamento. As cabines encontravam-se a cerca de 10 metros do solo e numa pendente muito acentuada. Na evacuação https:// www.youtube.com/watch? v=3sHXbkQXKbs que demorou seis horas, estiveram envolvidos 150 operacionais dos Cuerpos Alpinos e a Guardiia de Finanzas italianos (militares) que fizeram o resgate cumprindo regras básicas para estes casos, entre as quais a de aceder às telecabines através do cabo que as suportam, equipar
cada pessoa retida com o arnês e descê-la até ao solo onde é recolhida
As setas a vermelho indicam a linha de telecabines servir de cobertura contra os ventos de Norte e Le
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por outros membros das equipas coadjuvantes. É um trabalho árduo, dado o número elevado de evacuações, agravado pela altitude, declive e condições atmosféricas. Devido ao forte vento que se manifestava na zona da estância de esqui, os helicópteros da Protecção Civil não puderam
actuar, nomeadamente para deslocar mais rapidamente as equipas de socorro e recolher as pessoas depois de colocadas em segurança no solo. Se repararmos no plano das pistas de Breuil-Cervinia podemos verificar que todas elas se encontram abrigadas a Sul de uma cadeia montanhosa que forma um círculo delimitado pela
s aonde ocorreu o acidente. Como se pode ver existe uma cordilheira montanhosa a ste, quer para as pistas italianas quer suíças da zona de Zermatt.
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Telecadeiras da TURISTRELA. Uma das telecabines anunciadas vira nesta direcção e nada as protegerá dos ventos atlânticos porque acima desta imagem não há mais serra!
fronteira Helvética/Italiana, de onde se destacam picos com mais de 4.000 metros de altitude, com realce para o Monte Rosa com 4.636 metros e o Cervino com 4.478 metros, pistas de esqui, portanto, bem abrigadas dos ventos de Norte e de Leste. A estrada pela qual os turistas são conduzidos a esta estância de esqui chega apenas a Breuil-Cervinia (2.000 metros), havendo ainda mais de 2.000 metros de montanha acima. Na Serra da Estrela a rodovia ultrapassa o topo das pistas de esqui! Não foi sem razão que quisemos relembrar a ocorrência desta operação de resgate que, como atrás referimos, envolveu 150 operacionais e demorou 6 horas. Num debate, promovido pelos autarcas da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE), realizado nas instalações da Torre, no dia 9/9/2016 com o propósito de debater a questão dos acessos ao
Planalto Superior e em que participaram também empresários, operadores turísticos e outros intervenientes, constatou-se que o mesmo não passou de um evento preparado à medida dos desejos da TURISTRELA para tirar da cartola a ideia de implementar três telecabines no que chamam maciço ou planalto central da Serra da Estrela. A estância de esqui da Torre que a VODAFONE quis apadrinhar está no topo da Serra, contrariamente ao que acontece com as dos Alpes italianos, suíços, franceses... Em Portugal não existem picos ou cordilheiras para proteger as pistas de esqui dos ventos ciclónicos que se fazem sentir ao longo do ano e com predomínio no Inverno. A eventual concretização no terreno do projecto que anunciaram para a montagem das telecabines irá estar tão exposto às intempéries que nos apraz dizer que irão dançar ao sabor do vento da 48
Imagem muito frequente na Serra da Estrela. No topo, a frente atlântica a ser dominada pela barreira montanhosa, protegendo o Vale do Zêzere. É lá cima que querem colocar as telecabines onde não há qualquer espaço físico que as proteja.
mesma maneira que uma criança salta à corda! Citando Thomas Edison, “Qualquer homem pode alcançar o êxito, se dirigir seus pensamentos numa direcção e insistir neles até que aconteça alguma coisa.” O pensamento de Thomas Edison serve de prefácio às 44 páginas de um documento da TURISTRELA a consultar na internet em: https:// www.yumpu.com/pt/document/ view/56449284/turistrela-projeto -telecabines-serra-da-estrela intitulado “Inovação e Mobilidade – um compromisso para a sustentabilidade Serra da Estrela 2020”, que, tudo o indica, está a (e irá) ser seguido à risca. De facto, são 44 páginas de dados e estatísticas de rigor científico duvidoso que servirão sobretudo para impressionar os operadores turísticos, entidades oficiais, investidores privados,.. para que os fins da entidade proponente sejam alcançados e faça sentido a crença na frase em Thomas Edison.
Para culminar, o projecto voluntarista da TURISTRELA não podia deixar de acompanhar a onda que varre o país e o Mundo dos que se propõem vender uma sã imagem de boas práticas ambientais quando a olhos vistos se comprova que basta virar costas para confirmar quanto essa retórica de bons propósitos soa a falso. E para qualificar e dar credibilidade ao trabalho a desenvolver na Serra da Estrela (as prometidas telecabines) nada melhor do que procurar e evocar exemplos lá fora, as tais “Boas práticas internacionais” em “Estâncias de Esqui em Parques Naturais”, (pág. 39 do documento da TURISTRELA Foi o que pespegaram na última página do mesmo documento de compromisso evidenciando mapas de países europeus como a Espanha, a França, a Itália, a Suíça e a Áustria, onde são referidos os nomes dos parques naturais, regionais e nacionais, e das estâncias de esqui, 49
supostamente inseridas dentro daqueles espaços. Não nos demos ao trabalho de analisar todos os Parques e Estâncias de Esqui. Por um lado porque nem sempre os melhores exemplos de conservação da Natureza estão lá fora. Depois porque já existiam pistas de esqui antes de muitas áreas de conservação (Parques Naturais) serem criadas. E ainda porque a propaganda da TURISTRELA não corresponde ao que de facto se passa noutros países. Muitas das pistas identificadas não se encontram dentro dos limites das áreas protegidas. Noutras existe a prática do esqui mas sem meios mecânicos, ou seja, em esqui de fundo, trenós, raquetes. E, em muitas delas a preocupação
com a pressão do turismo de massas faz parte do trabalho das direcções dos Parques que investigam e estudam, com prazos bem definidos, a forma de combater essas pressões para que não se perca o que ainda é possível preservar. De facto, em termos de biodiversidade ainda nos podemos assumir como uma referência exemplar para os países que o estudo da TURISTRELA aponta como modelares. Fizemos uma pesquisa sobre os anúncios que esta empresa com a exclusividade do turismo na Serra da Estrela tem feito ao longo do tempo e deixamos à consideração dos leitores o rigor com que a TURISTRELA projecta e publicita os seus recursos para infra-estruturar e desenvolver o turismo na Serra da Estrela.
Curiosamente, ver o estudo http://siaia.apambiente.pt/AIADOC/ AIA2395/RNT2395.pdf Requalificação da estância de esqui da Serra da Estrela (Novembro 2010), a TURISTRELA ainda só falava das telecabines de Alvoco da Serra e apresentava como povoações mais próximas da área da estância, as Penhas da Saúde a 10,7 km, Alvoco da Serra a cerca de 31,3 km, Loriga a cerca de 22 km e Unhais da Serra a cerca de 20,9 km. Esqueceram-se da existência do Sabugueiro a 18,4 kms, e de Manteigas a 21 kms, apenas para falar de duas terras a menos quilómetros que Alvoco da Serra, e Loriga... Sobre o citado estudo, iremos num próximo número tecer alguns comentários. Turistrela quer instalar telecabines na Serra da Estrela Projecto poderá custar 15 milhões de euros e deverá ser instalado em Alvoco da Serra, Lagoa Comprida e Piornos, "obrigando" depois ao encerramento da Estrada Nacional. Artur Costa Pais apresentou o projecto ao secretário de Estado do Turismo, Luís Correia da Silva, que inaugurou, na semana passada, a nova estância de esqui da Torre. O administrador da Turistrela apresentou o anteprojecto numa maqueta onde 50
determinou as três zonas de onde deverão partir os meios mecânicos, todos eles em direcção à Torre: Alvoco da Serra, Lagoa Comprida e Piornos. A ideia, explicou, «é anular definitivamente, no Inverno, a estrada de acesso à Torre a todos os veículos e transportar as pessoas por meios mecânicos numa telecabine». O equipamento...seria capaz de suportar ventos com velocidades até 100 quilómetros por hora, a uma altura de 20 metros, e transportar quatro mil pessoas por hora. Artur Costa Pais considerou a telecabine viável em termos técnicos, até porque não é novidade em zonas de montanha a nível internacional e porque uma empresa italiana, com dois técnicos também presentes, já o asseguraram. O projecto para a instalação de um sistema de transporte por telecabines já tinha sido apresentado pela freguesia de Alvoco da Serra, que conta com o apoio da Turistrela, AIBT da Serra da Estrela, RTSE, Câmara Municipal de Seia, e as juntas de freguesia de Loriga, Teixeira, Vide, Cabeça, Sazes da Beira e Valezim. A instalação das telecabines, nesta freguesia, que deverá iniciar-se nos 1200 metros de altitude até aos 1980, num total de três quilómetros… Porta da Estrela - Arquivo: Edição de 30-03-2004 - Secção: Região Telecabine é a solução para acabar com caos automóvel no acesso à Torre A ...Turistrela, pretende construir em breve uma telecabine de ligação à Torre para resolver os problemas de acesso ao ponto mais alto de Portugal nos meses de Inverno. … … ... O anteprojecto para a construção do equipamento, capaz de transportar cerca de quatro mil pessoas por hora, rondará os 15 milhões de euros e foi apresentado na última sexta-feira ao secretário de Estado do Turismo, Luís Correia da Silva, que esteve presente na região a convite da Câmara da Covilhã para inaugurar a renovada estância de esqui e conhecer melhor os projectos previstos para a Serra. Depois das obras de requalificação da estância de esqui, a construção do sistema de transporte mecânico, à semelhança do existente no Parque das Nações em Lisboa, assume-se como o projecto «mais importante» para a Turistrela, diz o administrador Artur Costa Pais, uma vez que irá «resolver definitivamente aquela má imagem de acesso à Torre». Para além disso, esta será uma forma de «ampliar a zona esquiável» para algumas estradas nos pontos mais altos em que a neve é mais abundante... 2004(?) Turistrela faz investimento de 75 milhões de euros em projecto turístico A Turistrela está a cargo de um novo projecto turístico na estância de esqui na Serra da Estrela. Um investimento global de cerca de 75 milhões de euros nos próximos dez anos, ao qual a Vodafone se juntou, mas sem anunciar as suas contribuições monetárias. 2005-11-30 16:02Redação / BP TVI24 51
Turistrela defende telecabines para acesso ao topo da Serra da Estrela "Para acabar com os problemas de uma vez por todas, defendemos que a solução ideal passaria pela colocação de telecabines: uma que fizesse a ligação da zona dos Piornos até à Torre e outra da Lagoa Comprida à Torre", afirmou em declarações à agência Lusa Emídio Góis, diretor-geral de operações da Turistrela.
Segundo aquele responsável pela Turistrela, o investimento não poderá, todavia, ser feito "apenas por uma única entidade, dado o elevado valor que acarreta", mas seria possível num quadro de cooperação alargada, liderado pelo Governo. 02 de Fevereiro de 2015 | por Lusa
Turistrela defende telecabines para acesso ao topo da Serra “Para acabar com os problemas de uma vez por todas, defendemos que a solução ideal passaria pela colocação de telecabines: uma que fizesse a ligação da zona dos Piornos até à Torre e outra da Lagoa Comprida à Torre”, afirmou Emídio Góis, diretor-geral de operações da Turistrela. SOCIEDADE (JF DIÁRIO) 4 Fev 2015.
SOCIEDADE TELECABINES: PRINCIPAL ENTRAVE É ADMINISTRATIVO Projecto da Turiestrela para a instalação de três telecabines de acesso à torre, em três locais distintos da Serra da Estrela, está orçamentado em cerca de 55 milhões de euros, mas o financiamento não é o problema. Segundo Artur Costa Pais, administrador da Turistrela, o principal entrave é administrativo, uma vez que a empresa concessionária do turismo na Serra da Estrela tem um plano para financiar o projecto. Por Paula Brito em 13 de Sep de 2016
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Enquanto por estes lados se trás o Allgarve à tona com a remodelação do posto de turismo para “Manteigas Welcome Center” nas proximidades da fronteira, mas do lado espanhol, as preocupações são outras.
Com efeito, os Municípios de Villanueva del Conde e San Martín del Castañar realizaram, nos dias 21 e 28 de Novembro, último as I Jornadas de Património de la Sierra de Francia centradas na reabilitação da arquitectura tradicional, organizadas de forma conjunta com a Deputación de Salamanca e a Junta de Castilla y Leon, dirigidas a promotores, construtores e instituições com o propósito de criar um manual de boas práticas. As comarcas serranas a Sul de Salamanca, declaradas Reserva da Biosfera, concentram uma riqueza arquitectónica fora do comum, tanto na Sierra de Francia como na de Béjar, com municípios cujos “elementos singulares de la arquitectura popular espanhola son produto de la tradición”.“Una arquitectura hecha por el hombre para la vida del hombre” no dizer de Adolfo 53
Domínguez, chefe do serviço Territorial de Cultura, adiantando que são casa para a gente, onde “viva y produzca, guarde sus alimentos… y están construídas com los materiales del lugar”. Os organizadores coincidiram pela necessidade de preservar o património dos povos, pela consciencialização das populações vizinhas para a necessidade de reabilitar as edificações, dando-lhes por sua vez ferramentas e facilidades para que o processo não seja prejudicial para os seus proprietários. “ El desarrollo y la protección del património se ayudam entre sí, pero hay que poner fórmulas que lo hagan viable”, destacou Enrique Saiz acrescentando que o património “es un valor en alza que tiene que ser mucho más compartido por los ciudadanos, no solo por las administraciones. Hay que hacer que los vecions sepan que tienen un recurso en su propia cas”.
A localidade de
Miranda del Castañar, na Sierra de Francia passa a fazer parte dos Povos mais bonitos de Espanha. É a quinta a engrossar a lista que inclui Mogarraz, La Alberca, Ciudad de Rodrigo e Candelario. A partir de 1 de Janeiro de 2017 Salamanca passa a contar com mais um município dentro de la Asociación de los Pueblos más Bonitos de Espanha – Miranda del Castañar, fazendo com que a zona serrana da Sierra de Francia passe a ter três localidades com esse estatuto: La Alberca, Ciudad de Rodrigo e Miranda del Castañar. El Periódico – Diciembre de 2016
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10 Novembro, 2016 por Lusa
O Governo prevê instalar, a partir de 2017, sistemas de videovigilância nos espaços florestais para prevenir e detetar incêndios, que serão monitorizados pelos comandos distritais de operações e socorro (CDOS). O gabinete do secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, avançou à agência Lusa que os sistemas de videovigilância nas florestas vão ser instalados pelas Comunidades Intermunicipais e pela GNR, num investimento com um valor estimado em cerca de sete milhões de euros. Após a instalação dos sistemas de videovigilância, que o Governo prevê que esteja concluída em 2019, vai ser efetuada uma reestruturação faseada da rede nacional de postos de vigia, tendo em conta as áreas florestais que as câmaras de vídeo permitem observar e monitorizar, a partir dos CDOS. No entanto, adianta o gabinete de Jorge Gomes, “até à instalação, entrada em funcionamento e teste real dos primeiros sistemas, a rede nacional dos postos de vigia não será alterada”. Os postos de vigia são da responsabilidade da GNR e durante a fase crítica em incêndios florestais estão a funcionar 236. O gabinete do secretário de Estado refere também que dez Comunidades Intermunicipais e a área metropolitana de Lisboa já contratualizaram a colocação dos sistemas de videovigilância, assegurando a cobertura de 50 por cento do território nacional. De acordo com o Governo, Cávado, Douro, Trás-os-Montes, Aveiro, Beira Baixa, Serra da Estrela, Médio Tejo, Leiria, Oeste, Lezíria do Tejo são as dez comunidades intermunicipais que vão instalar as câmaras de vídeo para detetar e prevenir incêndios florestais, com o apoio de cinco milhões de financiamento comunitário. A Guarda Nacional Republicana, entidade coordenadora das ações de vigilância, deteção e fiscalização no âmbito do sistema nacional de defesa da floresta contra incêndios, vai também promover a instalação de câmara de vídeo nas florestas, adiantou. A instalação de sistemas de videovigilância para a prevenção de incêndios florestais é um investimento previsto no Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR), no âmbito do Portugal 2020, e é uma das medidas previstas na revisão do Sistema Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios, dedicado à reforma do setor florestal.
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Covão d’Ametade
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Com esta magnífica imagem, gentilmente cedida pelo seu autor,, esperamos que tenham tido um Feliz Natal,, desejando, aos membros da ASE e a todos os amigos da Serra da Estrela, um Novo Ano muito próspero. Foto: de Filipe Patrocínio
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