PÉSSIMO . OSSOS DO OFÍCIO
PÉSSIMO OSSOS DO OFÍCIO
ALBERTO PÉSSIMO
OSSOS DO OFÍCIO
ALBERTO PÉSSIMO
OSSOS DO OFÍCIO TRÊS EXPOSIÇÕES SONHAR A BÍBLIA . FOGO NO PAIOL . LAVOURA
Alberto Péssimo Algumas notas para um ensaio biográfico
Carlos Dias nasceu na Ilha de Moçambique em 1953 e aí viveu os primeiros oito anos de vida, os suficientes para alimentar memórias para o resto da vida. Gosta de contar histórias e muitas delas guardam o sabor e o encanto da infância africana. Os pais tinham emigrado e por lá fizeram vida no comércio. As recordações mais antigas têm a marca da nostalgia desse paraíso perdido. Recorda-se, por exemplo, dum nativo que trabalhava em sua casa, na varanda, e fazia arte africana em madeira. Era um artesão que esculpia brinquedos e objectos de utilidade doméstica e decorativa. Muito pequeno, ia para a beira dele vê-lo trabalhar. Olhava as suas mãos e a sua calma, o seu modo de falar pausado e alegre. De um pedaço de pau-santo fazia nascer uma cabeça de elefante, uma gazela, um cinzeiro, etc. Um colonizador tinha sempre ao seu dispor muitos nativos. Lembra-se de o pai contar uma peripécia dum outro em quem tinha muita confiança. Então, quando o Governador vinha à Ilha fazer alguma comunicação, ou transmitir alguma ordem ou algum procedimento, o pai mandava-o lá para tomar nota. Numa dessas vezes, quando ele regressou, o pai perguntou-lhe: então que disse hoje o Governador? E ele respondeu: ó patrão Dias, hoje não disse nada, só falou...
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Conservou dentro de si os encantos duma infância feliz, vivida em ambiente colonial, é certo, mas de uma certa decência entre colonizados e colonizadores. E esse mundo de África nunca mais o abandonou: os cheiros, o clima, os movimentos, a linguagem, as cores, os panos, as mulheres. Quem nasceu em África, ou quem simplesmente alguma vez foi a África, fica tomado por uma espécie de encantamento. Afinal, a humanidade não vem toda de lá? Quando regressou a Portugal para iniciar os estudos primários, com 8 anos, deparou-se com um mundo diferente e o choque foi inevitável. Acabado de desembarcar em Lisboa, confessa o espanto de, pela primeira vez na vida, ter visto brancas com coisas à cabeça. Na sua mente infantil essa era uma tarefa das negras. Quando pisou o chão da Benfeita depressa se afeiçoou ao seu novo mundo. Fez os estudos básicos e preparatórios e depois ingressou na Escola de Belas Artes do Porto. Uma das suas paixões era pintar e fazia dos espaços da Escola o seu atelier. Outra paixão era a investigação histórica. Ainda hoje é um apaixonado pela História e dedica muito do seu tempo à leitura de livros históricos, sobretudo as temáticas relacionadas com o liberalismo e a 1ª república. Compra tudo o que aparece, quer em edições novas, quer em edições antigas que só se encontram em alfarrabistas. Estes, aliás, conhecem-no bem porque é um dos seus melhores clientes. Tem uma grande biblioteca sobre estes períodos. Mas também se interessa pela Idade Média. Gosta sobretudo do que tem a ver com os conventos. Ao contrário da versão que foi passada durante muitos anos, ele acha que é um período de luz e grande reflexão. Ao lado da Escola de Belas Artes estava, e está, a Biblioteca pública do Porto. Dedicou boa parte do seu tempo a vasculhar. Passou a pente fino todos os jornais do tempo do liberalismo. Analisou trinta e tal anos do Jornal de Coimbra, todos, de princípio a fim.
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E tirou muitos apontamentos sobretudo o que dizia respeito à Benfeita, a Coimbra, a Arganil. Depois foi publicando artigos na Comarca de Arganil. Durante muitos anos publicou coisas sobra a Benfeita. Como pintor, adoptou o nome Alberto Péssimo, em homenagem ao avô paterno. Participou em actividades e desafios diversos, nunca se negando à colaboração com colegas e artistas doutras artes. A sua pintura é muito mais do que a ilustração duma ideia e não tem nada de decorativo. Os motivos que começaram a criar-lhe uma identidade, ligam-no à vida torrencial e crua, sem adereços de qualquer espécie. Como escreveu Sebastien Bruy-Hard num pequeno texto para uma das suas primeiras exposições (Árvore, 1983), Alberto Péssimo é um pintor do amor. Não um amor fácil e gelatinoso, mas um amor robusto, feito de contradições e mágoas. Feito de esconde-esconde. É esse o termo que ele usa num texto da exposição Tábuas Pintadas (Galeria Forum, 1987). O amor, como a pintura, é feito de esconde-esconde. Daí a sua crítica, nesse mesmo texto, aos que expõem mais do que pintam ou que só se preocupam em expor a sua obra aos valores da bolsa e do mercado. O seu modo de estar na pintura e no mundo que a pintura cria e envolve (com muitos ratinhos à jorna, como diz ainda no mesmo texto) começa a definir-se muito cedo. Alberto Péssimo, sempre no texto citado, lembra uma frase de G. Vattimo que pode considerar-se um emblema da sua própria obra: No mundo do consenso manipulado, a arte autêntica só fala calando, e a experiência estética só pode dar-se como negação de todos aqueles que foram seus caracteres canonizados pela tradição, a começar pelo prazer do belo. Num conjunto notável de trabalhos de 2002 (Coração das Tripas), dos quais ainda podemos localizar alguns exemplares, ao contrário de que acontece com muitas das exposições anteriores, Saguenail faz uma longa dissertação filosófica sobre a solução/
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dissolução/absolvição da alma na pintura e no pensamento do ocidente. E, no final, afirma: De forma sintética, poderíamos definir a presença da alma na arte como a manifestação visível no seio das técnicas do rasto – que são próprias do espírito – do gesto soberano – como o canto, no seio das palavras, revela a poesia. A pintura está sempre ao serviço das técnicas do (ar)rasto, no sentido em que transporta vestígios, marcas e sedimentos, e deixa, à sua passagem, um halo, uma aura, impossível de capturar e racionalizar. A alma tem na pintura de Alberto Péssimo a visibilidade de um rasto: algo que nunca está, porque se encontra em trânsito. O rasto é um sinal daquilo que, estando presente, já passou; uma impressão que rouba e acrescenta; um vestígio da ausência. O rasto não suporta a minúcia nem a soberba do analista, nem a intromissão técnica duma análise de tipo forense. Numa outra exposição chamada Campos de Batalha (Esteta Galeria, 2003), as imagens dos quadros são intercaladas com poemas seus e de Regina Guimarães. Num deles escreve o poeta-pintor: Alapardado sobre o poço da várzea, o velho salgueiro. As pedras, onde/corámos o sexo ao sol com desvelo igual ao da minha avó cuidando/do bragal da casa, expõem-se ainda generosas ao rapazio que se esqueceu/de voltar. Há coisas, lugares e pessoas que não têm volta, seja por esquecimento ou pela simples impossibilidade de voltar. Alberto Péssimo, na sua pintura e na sua vida, volta quando tem que voltar. À Benfeita volta com frequência, à presença dos velhos salgueiros nas margens da ribeira da Mata. À pintura também voltou agora, depois de um tempo de pousio relativamente longo. Ao teatro volta a cada passo. A sua ligação é demasiado forte para se esquecer de voltar. Ainda nos anos 80 do século passado orientou cursos de teatro de bonecos e de construção de máscaras na Cooperativa Fio de Ariana, no Porto. Foi co-autor, como responsável da cenografia
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e dos bonecos, no programa infantil A árvore dos Patafúrdios, da RTP, juntamente com Jorge Constante Pereira, Sérgio Godinho e João Paulo S. Cardoso. E com esta mesma equipa, mais o escultor Rui Anahory, trabalhou na série, também da RTP, Os amigos de Gaspar. O teatro de bonecos é outra das suas paixões. Durante os anos em que foi professor no Colégio dos Salesianos levou a cena, com os alunos, inúmeras peças, algumas escritas por si. Mais recentemente, escreveu e encenou em Marco de Canaveses Tesourinhas. O Theatro Circo, de Braga, e o encenador Rui Madeira, contam com a sua colaboração habitual e a do seu amigo muito próximo Jorge Gonçalves. Ainda agora (Abril de 2017) assinou os cenários de Os Cegos, de Maeterlinck, uma representação às escuras e interpretada por refugiados do Nepal, do Paquistão e do Congo, acolhidos na região de Braga. À cerâmica também regressa habitualmente, quer em painéis de azulejos, quer noutro tipo de peças. São exemplos recentes a exposição de pratos pintados na Cooperativa Árvore (2009) e de escultura cerâmica, com Isabel Amaral, em Felgueiras (Casa do Cruzeiro, 2015). A produção de livros-objecto e de outras realizações gráficas são constantes no seu percurso. São incontáveis as ilustrações e capas para livros por ele efectuadas. Também a sua dedicação à Editorial Moura Pinto, que criou com o Dr. Fernando Vale, a oriente de Coja, lhe permitiu participar na publicação de livros, plaquetes e folhetos, na organização de exposições e de muitos eventos de dinamização cívica e cultural na sua região natal. Alberto Péssimo é muitos, como todos os mortais, mas, no caso dele, identificámo-los melhor. Carlos Dias, por graça do baptismo, Alberto Péssimo e Carlos da Capela são um e são muitos. Carlos da Capela, com que assina os seus textos, de fino recorte aquiliniano, e Alberto Péssimo, o grande pintor da sua geração (e não só), vão nascendo em cada nova obra. Os três (Carlos
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Dias, Carlos da Capela e Alberto Péssimo) acomodam-se o melhor que podem nas frágeis habitações da vida. Têm muitos amigos, os três, e uma infatigável preocupação cívica e social. Essa preocupação começa na Benfeita, passa pelo Porto e ninguém sabe onde termina. A Benfeita é o nome onde os três se juntam e melhor se entendem. Têm a serra do Açor como capela e a capela da Senhora da Assunção, em frente à casa dos pais, como marco visual inamovível. A magnólia, ao lado da capela, foi plantada pelos três. As gerações futuras recordá-los-ão com a mesma gratidão e sentido de justiça com que hoje lembram outros benfeitenses ilustres, entre eles o grande tribuno e poeta Simões Dias. Gostam de música e poesia e não podia ser doutra maneira. Sempre que podem evitam os protagonismos. São apaixonados pela beleza em todas as suas formas e possibilidades. Alberto Péssimo, o pintor, reúne na sua obra dois princípios que os teóricos da cultura e da arte consideram inconciliáveis: o espírito renascentista e a modernidade. Aceita a tradição e o porvir com um gosto único pela cultura. Isso é próprio dos espíritos verdadeiramente cultos. Nuno Higino
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SONHAR A BÍBLIA
MMIPO – Museu e Igreja da Misericórdia do Porto
18 maio a 10 julho . 2017
Sonhar a Bíblia Trabalhos Recentes do artista plástico Alberto Péssimo
O MMIPO tem uma identidade própria que a sua Exposição permanente tenta definir e comunicar. As suas obras de arte mais apreciadas contemplam os séculos da chamada época moderna. Mas no seu conjunto e no seu objetivo fundamental o Museu e Igreja da Misericórdia do Porto não está voltado para o passado, antes pretende mostrar ao visitante o que foi, o que é e o que faz a Santa Casa da Misericórdia do Porto. O compromisso com o tempo presente é evidente na ação da Misericórdia e revela-se aqui não só na Exposição permanente mas sobretudo nas Exposições temporárias. A abertura e o intercâmbio com outras instituições faz parte da filosofia fundacional do Museu. Isso explica os esforços desenvolvidos e bem sucedidos para que, tão cedo quanto possível, o MMIPO fizesse parte da Rede Portuguesa de Museus. Os parceiros da Misericórdia do Porto no domínio cultural são inúmeros e assim terá que continuar. O MMIPO nunca se desejou fechado sobre si mesmo. Desta vez, a colaboração com a Câmara Municipal de Matosinhos e com a Fundação Júlio Resende, que já existe noutros domínios, faz-se à volta de um Artista Plástico de mérito reconhecido e de inspiração premiada: Alberto Péssimo.
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Sonhar a Bíblia. Belo título para uma Exposição. Aliás, a Bíblia é um manancial inesgotável de inspiração para os artistas de todos os tempos e de todas as artes, crentes e não crentes. Obras primas intemporais da pintura, da escultura, do teatro, do cinema, da literatura, da música partiram dos Livros Sagrados para darem expressão à capacidade do homem para recriar, apreciar e se emocionar pela beleza e perante a beleza. Tudo o que pode interessar o homem tem expressão na Bíblia: o imanente e o transcendente, a divindade e a humanidade, a natureza e o mundo celestial, o sonho e a realidade, a poesia, a dor e o êxtase, o pecado e a redenção, a misericórdia e a cruz, o medo e a glória. A Exposição presente tem vida por si mesma mas faz parte de uma espécie de trilogia. É nosso desejo que os visitantes apreciem e se emocionem o suficiente para não perderem as outras duas partes, de que vão poder usufruir na Galeria Municipal de Matosinhos e no Lugar do Desenho, Fundação Júlio Resende. Francisco Ribeiro da Silva. Mesário do Culto e da Cultura
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Do ler a Bíblia ao sonhá-la
“Eu não li a Bíblia, eu sonhei-a”. É com estas palavras que é introduzida a famosa Bíblia de Chagall, editada em 1998 (Die Chagall Bibel, Stutgart: Verlag Kath. Bibelwerk), em língua alemã. Como se sabe, o grande pintor Marc Chagall nascera em Vitebsk, Rússia, e a maioria das suas ilustrações da Bíblia encontram-se hoje em Nice no Museu da Bíblia inaugurado por André Malraux, ao tempo Ministro da Cultura do governo francês, a 7 de Julho de 1973. Quando a encomenda para ilustrar a Bíblia lhe foi feita, Chagall aceitou com entusiasmo e resolveu partir para a Terra Santa com sua mulher. Chagall que era judeu e sempre foi um homem de profunda cultura judaica, muito amigo de Jacques e Raissa Maritain, escreveu um dia sobre a Bíblia: “Desde a minha mais tenra infância, fui cativado pela Bíblia. Sempre me pareceu a maior fonte de poesia de todos os tempos. Desde então que procuro o seu reflexo na vida e na arte. A Bíblia é como um eco da natureza e é este segredo que tenho tentado transmitir”. Pintar cenas bíblicas é uma aventura arriscada, pois trata-se de entrar num caminho muito andado, percorrido por muitas palavras, símbolos e histórias, ainda por cima, algumas, vividas por diferentes comunidades crentes. E, por outro lado, a escritura – toda a pintura é uma escritura – é uma memória da experiência. Pretende, por isso, preservar, ou dar relevo a
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um certo sucesso vivido como essencial por alguém e que se tornou também relevante para uma comunidade. Pois a vida só se mantém viva em virtude das palavras que renovam uma tradição escrita, que a sonham, para a retransmitirem. Não há escritura a não ser do que se viveu. E, assim, onde houve verdadeira vida, resultou escrita, dita ou não, e onde há verdadeira escrita houve verdadeira vida. Formas de verdadeira escritura são os mitos, as lendas, as obras de arte, as grandes narrativas. Que sempre podem dar azo à invenção da forma. E por onde a alma vai, ou volta, ao seu lugar. Tomando um conjunto de estórias bíblicas, que a linguagem medieval chamava “mistérios” e que depois em tempos de racionalismo tomaram o nome opaco de dogmas, o meu amigo Alberto Péssimo, que amavelmente me pediu um texto para esta exposição, deu voz e vida ao “mistério” central do homem – queda e redenção – tal como o lê o Cristianismo, com quadros de Caim e Abel, do sacrifício de Isaac, da última Ceia, da Crucificação, entre outros … Cenas em que foi passando do dramatismo da morte, dadas em manchas expressionistas que nos fazem lembrar as pinturas negras de Goya, até às imagens da salvação patentes na suavidade do quadro do Pentecostes, passando pela originalíssima Pietà, onde se concentra uma memória sem palavras, quase hermética.
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Em todo este percurso temático não se trata duma recriação pretensiosa, nem meramente didáctica dos “mistérios” fundamentais do Cristianismo. Trata-se de textos-inscrição onde funciona a simultaneidade do ver ainda e do já visto, típico da pintura religiosa, que ao longo dos séculos renovou incessantemente os mesmos conteúdos, ciente de que a memória das coisas nunca se perderia na precariedade dos sinais. Em todos os quadros – memórias/inscrição – é de intensidade que se trata. É ela que funda uma espécie de pegada mnémica que nos acompanha e sem a qual a força duma tradição se perderia. Pintura a colocar, por isso, no domínio da arte religiosa e mesmo da arte sacra (talvez da piedade) em que o trabalho de recriação não é propriamente a afirmação da “identidade do autor” mas a abertura e insistência num espaço de representação em que a humanidade se deve reconhecer no processo, ora trágico ora renascente, de um permanente estar a fazer-se, de uma contínua aspiração a ser. Arnaldo de Pinho
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A serpente, 2016, รณleo sobre madeira, 180x120 cm
a Caim mata Abel, 2016, óleo sobre madeira, 180x120 cm c O sacrifício de Isaac, 2016, óleo sobre madeira, 180x120 cm
c A escada de Jacob, 2016, รณleo sobre madeira, 180x120 cm d O baptismo de Jesus, 2016, รณleo sobre madeira, 180x120 cm
a A convers찾o de S. Paulo (pormenor), 2016, 처leo sobre madeira, 180x120 cm c A convers찾o de S. Paulo, 2016, 처leo sobre madeira, 180x120 cm
FOGO NO PAIOL Galeria Municipal de Matosinhos 20 maio - 17 junho . 2017
A tarefa de afirmar Matosinhos enquanto cidade criativa, a que nos propusemos no início do atual mandato autárquico, implica um trabalho diário de planeamento, programação, produção e gestão nas mais diversas áreas, das artes plásticas à preservação do património. Trata-se de um labor que decorre discretamente e que muito poucas vezes tem eco na opinião pública, normalmente mais atenta às luzes e à estridência da novidade e dos grande eventos, tendendo a desvalorizar a persistência e a regularidade. Inaugurada em Maio de 2005, a Galeria Municipal de Matosinhos é a melhor demonstração de que os projetos de qualidade não carecem da permanente atenção dos media para se afirmarem. Em doze anos de existência, este equipamento tem-se assumido como uma referência entre a comunidade artística da região, tendo acolhido um conjunto de exposições e de artistas que são o seu melhor ativo e a clara confirmação do valor de um projeto cultural que tem sabido percorrer o seu caminho. O sucesso da estratégia que escolhemos para Matosinhos mede-se com exemplos destes. Eduardo Pinheiro, presidente da Câmara Municipal de Matosinhos
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Alberto Péssimo é reconhecidamente um dos grandes pintores portugueses da sua geração, pelo que a sua presença na Galeria Municipal de Matosinhos não é senão a coisa mais natural do mundo. Temos, nestes doze anos, procurado selecionar e oferecer aos matosinhenses aquilo que de melhor se faz em Portugal, persistindo em acolher grandes exposições e em produzir catálogos de grande qualidade, que garantam a perenidade do trabalho que fazemos depois que os focos se apagam e as exposições são desmontadas. Na sequência da grande exposição sobre a obra de Aurélia de Sousa, que no ano passado parcialmente recebemos no Museu da Quinta de Santiago, em estreita colaboração com a Câmara Municipal do Porto, a exposição de Alberto Péssimo volta, por outro lado, a ilustrar as virtudes da colaboração institucional, permitindo apresentar em três locais diferentes três visões distintas sobre o trabalho de um grande artista português. Fernando Rocha, vice-presidente e vereador da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos
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Há quem diga que a juventude é a idade em que o corpo melhor se exprime em presença e em pujança. Mas quem mais do que um velho sente os meandros e recantos do seu corpo que a dor lhe vai revelando todos os dias?
Ora... O pintor abençoa primeiro as noivas chamadas à festa do seu divórcio do seu riso imaculadamente grotesco e busca a almofada vazia da barriga para fazer sucessivamente de gato da casa e de gata borralheira maquilhada de cinzas.
Há quem pense que os loucos perderam a razão ao mesmo tempo que a capacidade de expressão. Porém quem mais do que um doido sabe exprimir-se sem entraves e estar plenamente onde se encontra deixando o controlo ao descontrolo?
O pintor traz a lume homens e mulheres que protagonizam o negativo da esperança pois só pelo e para o negrume da pintura puderam ser fixadas sobre a tela e de antemão embrulhadas na mortalha sob o signo fotográfico de Verónica-a-velha...
Há quem julgue que o retrato é um forma em desuso. Todavia quem melhor do que um retratista pinta a paisagem em redor do sujeito sobretudo quando ela se derrama fora e dentro da pessoa retratada?
O pintor afirma a familiaridade com a morte e suas ceifas suspensas num olhar oferecendo o rigor mortis de bebés ao colo de quem tem mãos e ventre mas não pode, pode, não pode acalentar ou conceber de improviso.
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O pintor proclama a ressurreição dos vivos e dos mortos-vivos dotando-os de uma energia rara feita de rotações invisíveis de silêncios convexos e convulsivos e por pinceladas que tapam mas destapam.
O pintor cruza a neve vermelha com as noites passadas em claro com o verde combustível das florestas e traduz para a linguagem da libido as poses e as posições forçadas a mudez e a surdez forçadas.
O pintor apanha as roupas andróginas que pendiam numa corda entre casas e enche-as de gente ressequida que não cabe nem na carne nem nos espíritos da carne ao relento das frases em mutação.
E sob a forma de um amor que escapa a quem o pratica a tela é o catre onde se deitam Goya, Munch e Manet o negro e Péssimo avistando um pesadelo de mulher que sorri com seus olhos redondos como seios.
O pintor parte de braço dado com o seu gémeo mais-que-imperfeito porventura porque nele distinguiu autoridade de quem conhece o chiaroscuro, o sfumato, a velatura o avesso da vida se infinita.
E sob a forma de um amor que escapa a quem o pratica nascem explosões de fraternidade nasce a pintura da igualdade entre diferentes nasce o pintor livre que deita fogo ao paiol para dançar como um doido e entre os doidos. Regina Guimarães
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Anywhere in the world
Esta vida é um hospital onde cada doente está possuído pelo desejo de mudar de cama Charles Baudelaire
A realidade tem um defeito terrível: não é plana. A menor coisa, o mais trivial objecto possui inúmeras facetas, pelo que não pode ser apreendido nem na sua integralidade nem na sua integridade, ou seja na sua «realidade». Na verdade, a partir de seja lá o que for, é possível provar Deus – por outras palavras, a coisa mais insignificante é já um sofismo. No fundo, das coisas apenas apreendemos a relação, as mais das vezes de submissão, por vezes de prazer, de indiferença ou de distracção quase sempre, que nos liga a elas. Ora a pintura é plana. Como a folha de papel onde o texto se inscreve. É por isso que, na sua incompletude ontológica, ela é susceptível de produzir um sentido – um sentido obtém-se pela eliminação dos traços supérfluos, contraditórios e complexos que parasitam a nossa percepção das coisas, pela redução a duas dimensões. É pelos livros e pelas imagens que passa a nossa compreensão do mundo – sendo certo que se pode viver perfeitamente no mundo, talvez mesmo melhor, sem o compreender. Tudo à nossa volta solicita a nossa atenção, reclama o nosso entendimento, desde a flor que oferece cor e perfume até ao céu que amontoa nuvens e desencadeia a
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tempestade. A nossa relação é geralmente maquinal – por intermédio da tesoura ou do guarda-chuva –, mas a sua representação, pictórica ou textual, permite-nos penetrar o sentido no momento em que o forjamos. O mundo que percepcionamos é tão-só a imagem que dele construímos. Eliminámos muitos dos seus aspectos, reduzidos a uma palavra – ou seja, a uma coisa sem dimensão alguma, virtual, desprovida de significação, consensual, devedora, no melhor dos casos, «do orgulho e do preconceito» –, afogados num discurso mediático – isto é, condenado ao esquecimento imediato –, tais como guerra, miséria e loucura. O mundo é «normal» na medida em que o normalizámos. Mas destituído de sentido porque destituído de questionamento, regular e flutuante – pois só «a excepção confirma a regra». A pintura – a sua história prova-o à saciedade – evita esses temas. É preciso um Goya para nos colocar «os desastres da guerra» diante dos olhos, um Géricault para ir buscar modelos ao asilo, um Van Gogh para pintar um café como «um lugar onde uma pessoa pode arruinar-se, enlouquecer, cometer crimes». São eles os grandes predecessores de Alberto Péssimo, cujos quadros remetem para uma linhagem artística da qual ele se faz eco, reflexo reformado, etapa e estância, «actualização» como se diz na gíria da contemporaneidade. Só os loucos – e os poetas – permanecem «humanos demasiado humanos»; o resto da humanidade passou
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da «servidão voluntária» para a mecanização dos corpos e das almas. O rosto deles, como o das crianças, é expressivo – o contrário do «polido» (polidez e polícia têm a mesma raiz) exigido pela socialização –, reflecte o sentimento e a expectação. O pintor procura captar o humano enquanto diferença – a indiferença é letal. Para tanto precisa de convocar as cores do fauvismo, as distorções do expressionismo, a rugosidade desses singulares – Vicente sempre, Rouault também, Picasso em certos períodos – para quem a pintura não é apenas imagem mas também matéria. Ao retratar estes loucos e loucas, Péssimo simultaneamente expõe a dor e a fragilidade dos seus retratados – coisa que deles faz um reflexo pouco deformado de nós mesmos – e oculta os labirínticos corredores e muralhas que os enclausuram e separam de nós. Essa atitude é, no fundo, parente da de Klimt, de quem se sabe que pintava primeiro as suas figuras nuas e depois as tapava com brocados modern style, complicados mas castos, e o perfeito oposto: o ornamento cede lugar à exposição do signo, do sinal revelador – que ocupa
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geralmente o centro exacto da tela –, uma boneca na maior parte das vezes, ou um virginal ramo de noiva, indícios do desejo «normal» insatisfeito, provas de promessas não cumpridas pela vida, fetiches do que lastimosamente se não teve. A pintura tem de figurar e traduzir uma falta. Por isso as cores laceram as caras e as carnes. Num dos quadros, uma mulher hirsuta embala o seu próprio fantasma – contaminado pela palidez do céu e apertando a sua boneca – numa meta-representação da dor de crescer. Noutro, é o fundo da tela que desata a sangrar e escorre sobre as mãos da personagem. Algumas figuras estão acamadas, mas a maioria delas toma a pose nos cadeirões e fita-nos. Elas interrogam-nos. Chamam-nos, fraternalmente, ou até amorosamente. E acordam emoções inomináveis que dormitavam enterradas no fundo das nossas cabeças. Saguenail
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c Sem título I, 2016, óleo sobre madeira, 180x120 cm d Sem título II, 2016, óleo sobre madeira, 180x120 cm
a Sem título III, 2016, óleo sobre madeira, 180x120 cm c Sem título IV, 2016, óleo sobre madeira, 180x120 cm
a Sem título XXI (Pormenor), 2016, óleo sobre madeira, 180x120 cm c Sem título XXI, 2016, óleo sobre madeira, 180x120 cm
LAVOURA
Lugar do Desenho – Fundação Júlio Resende 4 junho - 9 julho . 2017 Patrocínio: Letras e Coisas, Lda
Este Lugar tem, na sua base, a convicção apaixonada da importância e a urgência do desenho para compreender a arte, a cultura contemporânea e o pensamento criativo, nas suas múltiplas formas. Esta convicção reflete o papel do desenho como uma linguagem que atravessa a arte, a ciência e a tecnologia – uma propriedade comum que se reflete no trabalho das imagens, da escrita, da música ou dança. Por isso, sempre resistiu a caracterizações fixas, posicionando-se entre a breve notação da ideia e a explicação mais detalhada da realidade, entre a certeza e a teatralização da dúvida – como o próprio pensamento. O desenho é hoje um campo em mutação constante. Sempre foi. A compreensão destas mutações envolve uma observação atenta, assente em critérios plurais, eles próprios em constante construção. E num contexto tão plural, com ramificações suportadas por uma enorme variedade de práticas e discursos, é difícil isolar os aspetos que constituem os sintomas da contemporaneidade do desenho.
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É no âmbito desta interdisciplinaridade e exploração das novas possibilidades ensaiadas pelo desenho como prática artística, que se materializam os propósitos defendidos por Júlio Resende: criar um lugar onde o desenho seja o princípio motor do desenvolvimento criativo e espaço de provocação onde a incerteza se torna criativa. Um lugar com estas características não pode ser senão plural, inquieto, provocador. Deve revelar na sua missão o mesmo espírito provocador, inquieto e plural da obra do artista que o imaginou. É neste contexto que apresentamos a exposição de Alberto Péssimo, na Sala de Exposições temporárias, no ano em que celebramos o centenário do nascimento de Júlio Resende e o 25º aniversário da instituição Lugar do Desenho. Alberto Péssimo é um artista que marcou o território do desenho e a arte contemporânea com originalidade e irreverência cujos trabalhos temos o prazer de apresentar. Lugar do Desenho. Fundação Júlio Resende
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Os fragmentos que a lavoura deixa atrás de si
Alberto Péssimo foi um dos leitores que acabou de descobrir o genial Raduan Nassar e leu Lavoura arcaica. Aquela linguagem delirante e trabalhada com o arado tinha de deixar marcas. Apesar de o texto ter sido publicado pela primeira vez em 1975, só agora, e por causa do prémio Camões, tomámos consciência desta joia da literatura lusófona. O texto é uma anunciação e, como tal, um rasto, mais do que um clarão, algo que não pode ser aprisionado nem compreendido inteiramente. Um pouco como a lavoura destes quadros. Desde há tempos que procurávamos um título para a exposição, sem o encontrar. Há dias, cheguei ao atelier de Alberto Péssimo ao final da manhã. Uma manhã radiosa de primavera. Antes de dizer ‘bom-dia’, disse-me: ‘ouviste, a exposição vai chamar-se Lavoura’. Pensei para mim: ‘é isso, não podia chamar-se doutra maneira’. A lavoura de Alberto Péssimo esventra o campo, esconde o que está à superfície e traz à luz a terra fumegante do interior. As aves descem, festivas. Os bois puxam o arado enquanto ruminam esforço e paciência. O arado puxa o lavrador através dos sulcos. O que ele quer mostrar é este momento da lavra, não da sementeira e, muito menos, da colheita. Nesta
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lavoura, um é o que lavra, outro o que semeia e outro o que colhe. Nenhuma das acções é simultânea e executada pelo mesmo sujeito. Há uma expressão usada em algumas regiões do Norte para referir uma lavra penosa, impossível: ‘lavrar com uma cabra’. Não estou certo que Alberto Péssimo lavre com uma cabra, mas que o animal está presente nesta lavoura, não restam dúvidas. A cabra tem um aspecto solar, inteligente e temperamental. É um animal ‘caprichoso’, senhor do seu nariz. Péssimo cita de cor os conhecidos ‘versos a uma cabrinha que eu tive’, de Vitorino Nemésio, o que mostra a sua simpatia pelo animal e pelo autor dos versos. Aliás, chegou a ponderar que eles dessem título à exposição. Ou será que que os apêndices corníferos de muitas das figuras desta lavoura são antes bodes expiatórios?... Bocados de papel colados, de formas irregulares, sobrepostos, alguns previamente marcados por traços arbitrários. Depois, sobre o labirinto dos papéis colados, estende fios que não pretendem indicar a saída do labirinto, mas apenas proporcionar alguma forma de orientação dentro dele. Traços, vestígios, unidades que vivem em função do todo. Traços que vivem
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mais de si mesmos do que das figuras que encerram. Alberto Péssimo não pretende fechar a figura, encerrá-la numa lógica de representação. As figuras que resultam deste processo não são figuras da ‘realidade’ e por isso escapam à denotação da linguagem. São figuras primitivas, totémicas, míticas. São figuras duma lavoura arcaica. Não pertencem ao mundo da res extensa, nem da res cogitans, mas da res dramatica. Fazem referência ao dar-se e ao escapar-se do mundo, ao abrir-se e ao fechar-se da terra, a esses hiatos de segredo ou de revelação que não permitem nem a apropriação nem a racionalização. Talvez o mundo não seja feito de factos, mas de interpretações, de possibilidades, de probabilidades, como já havia suspeitado Nietzsche. Existe na origem remota da palavra ‘desenho’ uma relação com ardil, armadilha, trama, fingimento, conjura. O desenho alimenta a conspiração, instiga-a. Estende e dissimula armadilhas. Os que se dedicam ao desenho não são de fiar porque atraiçoam as ideias, têm sempre em mente uma segunda intenção. Platão insurgiu-se contra a arte, a técnica e a poesia porque estas actividades desfiguram as ideias, as formas verdadeiras. O desenho leva os observadores à contemplação de ideias deformadas. Esta lavoura, contraditória e desalmada, é arcaica porque se esqueceu dos arquétipos.
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Os desenhos de Alberto Péssimo (mas, serão desenhos?) são ardilosos, são contra a natureza e a clareza das ideias, enganam a gravidade e a natural disposição e articulação das coisas no mundo. Suspeitamos que este arquitecto de armadilhas, este lavrador de lavouras arcaicas, nos quer fazer acreditar que o mundo é uma paródia ou uma farsa. Se considerarmos a matéria como uma espécie de recheio do mundo, aquilo que preenche as suas formas, então tudo é uma farsa. Em francês farce tanto pode significar farsa, troça ou partida como, em contexto culinário, recheio, aquilo que se mete dentro dum peru, por exemplo, antes de o levar ao forno. Foi repetido insistentemente que a cultura pós-moderna é fragmentária porque deixou cair as grandes narrativas. Não sei se será exactamente assim. A cultura continua a produzir as suas narrativas, talvez mais curtas, certamente secularizadas, muitas vezes directas, sem interferência de qualquer narrador. Há nestes quadros de Alberto Péssimo uma ênfase teatral: um conflito de forças sobre as quais o artista mantém, apesar de tudo, algum controlo; uma certa aflição; uma teia de peripécias sem aparente ligação. Apetece dizer, de forma contraditória, que somos colocados diante duma ‘tranquilidade dramática’.
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De Demócrito a Planck andamos a tentar perceber qual é a constituição íntima da realidade, para concluir que ela é quântica, quantificável. Será também descritível? Alberto Péssimo atomiza o campo com pedacinhos de papel e planta sobre ele, não narrativas, mas peripécias, esgares do mundo, caretas da realidade. Ele sabe que todas as coisas são mudas, que o desenho é cego e que não há linguagem sem gaguez. E, no entanto, é preciso ‘dizer’ a quantidade, metê-la na linguagem. A grandeza da linguagem é a grandeza do nosso mundo e os seus limites são os limites do nosso mundo, disse Wittgenstein. Limites por todos os lados, limites das coisas e limites da linguagem, mas nunca adequação entre a as fronteiras da linguagem e das coisas. Ela, a linguagem, nunca esgota a realidade, fica sempre aquém. Elas, as coisas, nunca se entregam todas na linguagem. Julgo que há um caso, porém, em que a linguagem vai além da realidade quantificável: na linguagem poética. Colagem. Desenho. Pintura. Há uma totalidade que não pode ser dita. As três coisas ao mesmo tempo, na sua individualidade, mas sem uma palavra, um termo, que possa dizer a totalidade desses três recursos técnicos. Há no meio da lavoura um retrato tremendo. De quem? De ninguém e de todos nós. A distinção entre fundo e figura é mínima, apenas o necessário para fazer a figura surgir do
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emaranhado de papéis colados sobre o suporte. É um retrato sem um núcleo identitário: sem ‘eu’ e sem espírito. Talvez não seja um rosto, mas uma máscara, um disfarce dos tempos primordiais encontrado no meio da terra revolvida. Não é o que parece ser. É outra coisa. Talvez um demónio ancestral, não se sabe. Invenção prodigiosa, como se a mão de Alberto Péssimo, tomado por uma violenta crise febril não fosse já uma parte do seu corpo, a extremidade dum membro superior, mas um canal a abrir passagem, directa e torrencial, entre ‘os sonhos da razão’ e o suporte da madeira. E este, a não comportar essa torrencialidade criativa, a extravasar, a sair fora de si. A não comportar essa lavoura arcaica, primitiva. E, como sabemos, ‘os sonhos da razão produzem monstros’. A história provou, nos tempos revolucionários que Goya viveu, e até aos nossos dias, que, mais do que o título duma simples gravura, a sua intuição se tornou profecia. ‘Para que um quadro seja bom, deve ser mau nas suas partes’. A frase de Renoir ocorre-me quando Alberto Péssimo está a pintar e o quadro começa a ficar ‘muito bonitinho’. Esse é o momento de o abandonar ou de desfazer o que está pintado e fazer uma nova tentativa. Isso reforça a ideia de que ele entende o momento da sua lavoura como lavra, não propriamente como sementeira ou colheita. Como dissemos, outros semearão sobre a terra lavrada e outros, finalmente, colherão. Nuno Higino
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a Sem título I, 2017, colagem, tinta da china e acrílico s/ madeira, 120x170 cm c Sem título II, 2017, colagem, tinta da china e acrílico s/ madeira, 120x170 cm
c Sem título III, 2017, colagem, tinta da china e acrílico s/ madeira, 120x170 cm d Sem título IV, 2017, colagem, tinta da china e acrílico s/ madeira, 120x170 cm
Índice 05. Alberto Péssimo. Algumas notas para um ensaio biográfico 05. Nuno Higino 13. Exposição – Sonhar a Bíblia (MMIPO – Museu e Igreja da Misericórdia do Porto) 14. Sonhar a Bíblia. Trabalhos Recentes do artista plástico Alberto Péssimo 15. Francisco Ribeiro da Silva 16. Do ler a Bíblia ao sonhá-la 16. Arnaldo de Pinho 37. Exposição – Fogo no paiol (Galeria Municipal de Matosinhos) 38. Introdução I 38. Eduardo Pinheiro 39. Introdução II 39. Fernando Rocha 40. Poema 40. Regina Guimarães 42. Anywhere in the world 42. Saguenail 69. Exposição – Lavoura (Lugar do Desenho – Fundação Júlio Resende) 70. Introdução 70. Lugar do Desenho. Fundação Júlio Resende 72. Os fragmentos que a lavoura deixa atrás de si 72. Nuno Higino
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Alberto Péssimo. Ossos do Ofício (3 exposições) Promotores: Sonhar a Bíblia – MMIPO – Museu e Igreja da Misericórdia do Porto Fogo no paiol – Câmara Municipal de Matosinhos – Galeria Municipal Lavoura – Lugar do Desenho. Fundação Júlío Resende Organização e montagem: Letras e Coisas, Lda. Comissário: Nuno Higino Textos: Arnaldo de Pinho, Regina Guimarães, Saguenail, Nuno Higino Concepção gráfica: www.josemiguelreis.com Fotografia: www.josemiguelreis.com Impressão e acabamento: Rainho & Neves, Lda/Santa Maria da Feira ISBN: 978-972-8908-95-9 Depósito legal: 426032/17 1ª edição / Maio de 2017 © Autores, Promotores e Letras e Coisas, Lda LETRAS E COISAS, LDA. Livros, Arte e Design, Soc. Unipessoal, Lda Rua Padre Manuel Teixeira de Melo, 33. Bloco D - 1º C. 4455-161 Lavra. Portugal Telef.: +351 964 089 660 E-mail: email@letrasecoisas.pt www.letrasecoisas.com Exposição «Fogo no paiol» Presidente da Câmara: Eduardo Pinheiro Vice-Presidente/vereador da cultura: Fernando Rocha Coordenação do projeto: Clarisse Castro, Maria José Rodrigues Organização: Fátima Machado Montagem e conceção da exposição: Alberto Péssimo, Fátima Machado e Nuno Higino
PÉSSIMO . OSSOS DO OFÍCIO
PÉSSIMO OSSOS DO OFÍCIO