09/04/2011 - JORNAL SEMANÁRIO

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Sábado, 9 de abril de 2011

Mercado de trabalho

Páscoa não afeta emprego em Bento As vagas temporárias no município não variam muito na região neste período, já que indústria absorve mão de obra Juliana Gelatti

A

zzardo. “Todos os dias está entrando vagas para efetivos na agência, e são vagas diversificadas”, completa. Tanto no setor de serviços quanto na indústria e na construção, há opções para quem começa e não tem experiência quanto para cargos que demandam capacitação. “Os cargos, na indústria, admitem desde ensino fundamental incompleto sem experiência até ensino superior e técnico”, explica Rizzardo. Essa é a razão pela qual, normalmente, todas as pessoas que acorrem ao Sine para procurar trabalho conseguem se recolocar. Rizzardo destaca que este ano está sendo atípico em relação à oferta de empregos. “Há mais vagas disponíveis do que em outros anos, principalmente na indústria moveleira e metalúrgica. Lisiane reforça que no comércio a situação é de falta de mão de obra, em diversos setores. Segundo os dois profissionais ligados aos recursos humanos, os empregos no município são preenchidos por pessoas de Bento, da região, mas também da fronteira do Estado. “Já vivem muitas pessoas daquela região aqui, e acabam atraindo familiares para Bento, por causa da oferta”, explica Lisiane.

Páscoa vem crescendo como data de boas vendas para o comércio. Entretanto, ao contrário do Natal e do Dia das Mães, pelo menos na região de Bento Gonçalves, não há aumento nas vagas de empregos temporários no período que antecede os festejos da Páscoa. Isso é o que identifica o coordenador da agência da Fundação Gaúcha de Trabalho e Ação Social do Sistema Nacional de Empregos (FGTAS/Sine), Eugênio Rizzardo, e a diretora da Câmara Setorial das Agências de Emprego do Sindilojas, Lisiane Vanni de Miranda. As vagas que, eventualmente, abrem no período são preenchidas diretamente nos estabelecimentos, acredita Rizzardo. Vagas temporárias surgem em função de outros eventos, como nas duas melhores datas do ano para o comércio – Natal e Dia das Mães –, explica Lisiane. “O que mais abre vaga temporária são as feiras realizadas na cidade”, afirma Rizzardo. Um exemplo são empresas que oferecem serviço de limpeza. Para a Fimma, uma delas abriu 40 postos de trabalho que não conseguiram ser preenchidas pela agência do Sine. Para Lisiane, o eventual auCultura do dia útil mento no número de vagas temporárias no comércio, nesta Muito emprego disponível época, do ano congrega outras razões, como a mudança na es- não é apenas sinal de prosperidade, segundo Anésio Sabino, tação e volta às aulas. coordenador das Câmaras SeAbundância de efetivos toriais e do Sindilojas Jovem. Ele recorda que a vocação da Aliás, a modalidade vagas cidade não é apenas a indústria, temporárias não é muito co- mas também o turismo, que mum na cidade, afirma Ri- demanda serviços. “A falta de

FELIPE ZIBELL

Contratações para vagas temporárias no período da Páscoa não alteram estatísticas na região

mão de obra para o comércio e serviços acaba se tornando um problema grave em uma cidade turística como Bento”. Os turistas e visitantes querem serviços e para isso é necessário trabalhadores disponíveis. Rizzardo explica que as pessoas buscam trabalho em empresas que não demandem trabalho no fim de semana, de preferência. “Por isso, às vezes, é difícil preencher vagas no setor de serviços e no comércio, como restaurantes, hotéis, lojas e supermercados”, serviços essenciais para o visitante. Para essa constante demanda por mão de obra também colabora o fato de muitas vezes não haver concordância entre funcionário e empregador em relação a salários e benefícios. Nisso ganha a indústria que, normalmente, atende melhor às necessidades dos trabalhadores, como o horário de serviço refeições e outras garantias. Rizzardo atribui esses fatores ao costume que já virou cultura na região. “O empregador quer pagar menos e quer que o funcionário trabalhe mais”, o que não condiz com um contexto de falta de mão de obra. Há concorrência entre as empresas, não tanto entre trabalhadores. reporter6@jornalsemanario.com.br

Pesquisa da UCS retrata a cena do trabalho em Bento O Observatório do Trabalho, um dos Núcleos de Inovação e Desenvolvimento da Universidade de Caxias do Sul (UCS) divulga, mensalmente, um relatório sobre o cenário do trabalho de diversas cidades da região. Recentemente foi divulgada a Carta Mensal do Mercado Formal de Trabalho de Bento Gonçalves relativa a fevereiro. Os dados compreendem informações sobre o Brasil, Rio Grande do Sul e o município, confrontando números de admissões, desligamentos para gerar o saldo de empregos no período. O crescimento do emprego no município nos últimos 12 meses, foi de 8,75% aponta o

MTE, e o resultado está acima do verificado no Estado e no país, 7,94 e 7,45%, respectivamente. O setor da indústria da transformação lidera a abertura de vagas nos três níveis. No município, o setor gerou 353 novos vínculos no mês de fevereiro, seguido pelos serviços, com 158 postos. O setor da construção civil teve o maior aumento relativo nas contratações no acumulado de 12 meses: 30,49% em Bento, 15,15% no Estado e 12,70% no país. A fonte de consulta dos pesquisadores e o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os dados compreendem

Evolução do emprego em Bento Saldo = admissões - contratações Atividade Fev/2011 No ano 12 meses Extrativa mineral -2 -2 +11 Ind. Transformação +353 +651 +1.753 Construção Civil +82 +74 +304 Comércio +66 +7 +253 Serviços +158 +234 +642 Agropecuária -17 -37 +11 Total +643 +931 +2.976 FONTE: MTE/CAGED


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