8 ANO SACERDOTAL/IGREJA DIOCESANA
O Mensageiro 5.Novembro.2009
Retratos de mim (VI)
Zaqueu
O sol declinava no horizonte quando uma enorme multidão de gente se dirigia para a cidade. Enorme algazarra e gritaria se fazia ouvir. Havia empurrões, agitação e correria louca. A multidão foi sempre assim, louca. À frente de toda aquele aparato seguia um jovem alto e sorridente. Abeirava-se das crianças e acariciava-as; tinha sempre uma palavra e um gesto amigo para com os que com ele cruzavam. Ia falando com os seus amigos mais próximos, que a todo o custo tentavam impedir que lhe tocassem. Ali mesmo, onde eu tentava compreender o gesto daquele homem que subira para um sicómoro, parou e olhou para ele. Pensei que associar-se a mim e aos que como eu fazíamos chacota daquele nosso amigo. Havia duas estradas que ali mesmo se cruzavam. O jovem parou e olhou para o alto da árvore. De repente todos se calaram como se alguém tivesse dado uma ordem de silêncio. E sem mais nem menos disse-lhe: “desce depressa, hoje preciso ficar em tua casa”. Zaqueu, o nosso amigo, como louco lançou-se directamente para o chão, não dando importância à capa que se rasgara ao ficar presa num galho. E caiu estatelado na sua frente. Parecia uma criança embasbacada. Quase não ousava olhar o jovem. O sol escondia-se no fim da rua. Eu escondi-me por trás do muro de pedra que havia ali mesmo ao lado. Por entre as pedras espreitei o diálogo que travaram um com o outro. Não ouvi o que disseram, mas admirei os gestos: Zaqueu parecia um criado ao serviço do seu senhor. Aquele Zaqueu que eu me habituara a olhar de baixo para cima, deixava-se agora olhar de cima para baixo. Chorava e ao mesmo tempo parecia envergonhado de si mesmo. O jovem abraçou-o e de passo decidido encaminharam-se para a cidade. Por entre a multidão fui escorregando até junto de Zaqueu. Perguntei-lhe o que se passara. Apenas me disse que aquele encontro, aquele homem tinham transformado a sua vida. Segui-o na sua rota de colisão. Já junto ao jovem que entretanto estava rodeado de convivas que ouviam história de ovelhas perdidas e reencontradas, estanquei o passo. Não queria ser visto, mas queria ver. Zaqueu, o meu grande companheiro e amigo Zaqueu, caiu de novo por terra e disse “vou repartir os meus bens e se lesei alguém vou dar-lhe duas vezes mais do que lhe tirei”. Eu estava estupefacto. Não queria acreditar. Conhecia a riqueza que ele tinha na sala interior e sabia o quanto ele a estimava, o quanto ela lhe custara. E agora parecia querer ver-se livre dela. Não me contive e gritei “Não!”. Fez-se silencio de novo e o jovem sem me olhar, apenas de olhos fixos em Zaqueu, disse: “hoje entrou a salvação nesta casa”. Padre Rui Ribeiro
DECRETO DE ERECÇÃO CANÓNICA DO CENÁCULO “MARIA ESTRELA DA EVANGELIZAÇÃO” NA DIOCESE DE LEIRIA-FÁTIMA DOM ANTÓNIO AUGUSTO DOS SANTOS MARTO, BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA Faz saber quanto segue: O Cenáculo “Maria Estrela da Evangelização”, com sede na Casa Giosa de Cerna, em Sant’Anna d’Alfredo, Verona, Itália, é uma associação pública de fiéis de direito diocesano, erecta pelo Administrador Apostólico da diocese de Verona, na Itália, em 25 de Março de 1998; tem estatutos aprovados definitivamente pelo bispo da referida diocese, em 25 de Março de 2005; neles se define como finalidade da associação “obedecer ao mandato do Senhor ‘ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a todas as criaturas”; para o cumprir usam os meios de comunicação social, nomeadamente Radiopace, Telepace e internet. O fundador e moderador geral do dito Cenáculo, Padre Guido Todeschini, em 16 de Julho de 2009, requereu que o mesmo seja reconhecido e aprovado na diocese de LeiriaFátima, onde já se encontra há 5 anos, fazendo transmissões televisivas a partir do Santuário de Fátima. O bispo de Verona, D. Giuseppe Zenti, que exerce sob o Cenáculo a autoridade canónica, em carta de 6 de Outubro, manifestou o seu acordo ao acolhimento e difusão da mesma Associação. Assim, considerando tudo o que acima se mencionou e que o testemunho de vida e o trabalho evangelizador do dito Cenáculo, nomeadamente através da televisão, rádio e internet, é de interesse para esta Igreja Particular e especialmente para o Santuário de Fátima, para a difusão da mensagem de Nossa Senhora pelo mundo; e que as emissões de Telepace realizadas a partir de Fátima têm sido do agrado de muitos
Uma presença orante
“Dai-lhes vós de comer” Na vida dos homens encontramos um Homem, o Homem Jesus Cristo, que trilhou os mesmos caminhos, que viveu a mesma realidade humana. Jesus brincava, sorria, trabalhava, orava, comia… porque apesar de ser Filho de Deus (Heb 5,8) era verdadeiramente Homem. Este Deus vivo, presente e real em Jesus Cristo no meio dos homens é Caminho, a Verdade e Vida (Jo 14,6). É o Oceano Infinito onde a Igreja pode navegar, no barco da confiança, sem risco de se afundar. No Coração de Deus, todos encontramos seguro refúgio: Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos, e aliviar-vos-ei (Mt 11,28). O convite é geral, é para todo mundo hodierno que procura, sem dar por isso, de modo consciente ou inconsciente o Absoluto, porque tem sede e fome do
Sagrado, do Infinito. Mas… muitas vezes procura-o de forma errada, não tendo em conta as palavras que o Senhor nos dirige através do Livro do Profeta Jeremias: Porque o Meu povo…abandonou-Me, a Mim, fonte de águas vivas, para cavar cisternas, cisternas rotas… (Jer 2,13). A vida e missão de Jesus foi clara e Ele realizou-a inteiramente. A sua união com o Pai celeste, a sua vida e pregação atraíram multidões de fiéis sequiosos de Deus. Porque, afinal, sem o saberem, esses sentiam que nem só de pão vive o homem e, por isso, procuravam a Palavra que vem da boca de Deus. Contudo, não se pode pregar a estômagos vazios… Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas sem pastor (Mc 6,34). Perante esse espectáculo, os
Apóstolos queriam despedir a multidão mas Jesus ordenou-lhes: dai-lhes vós mesmos de comer (6,37). Este era o desejo do Senhor: alimentar o “rebanho” sem permitir a sua dispersão. Com a colaboração da boa vontade dos homens, os “insignificantes” cinco pães e dois peixes (Mc 6,38) Deus intervém com o Seu poder, mata a fome ao povo. Não exige que seja o mesmo povo a servir-se, mas dá essa tarefa aos Apóstolos, entregando-lhes os pães e os peixes para que eles os distribuíssem (Mc 6,41) à multidão faminta. Hoje, mais do que nunca, as multidões andam famintas e Jesus continua a ordenar aos Seus Apóstolos, os Sacerdotes: Dai-lhes vós mesmos de comer (Mc 6,34). São pois os dedicados, generosos e zelosos Sacerdotes, os Pastores, que cuidam e servem o Povo de Deus. A
sua missão é sublime. Eles procuram conhecer cada “ovelha ou cordeiro, cada um na sua singularidade para a todos cuidar, amar e ajudar. É-lhes pedido que de nenhuma necessidade se alheiam, nada lhes passe ao lado. A actuação do sacerdote é inteiramente realizada com Cristo. Com Cristo que proferiu aquela parábola: Um homem seguia de Jerusalém para Jericó…os salteadores deixaram-no meio morto… um sacerdote descia e passou ao largo. Também um levita passou… Lc 10, 30-35 Atentos às necessidades de todos, o Sacerdote tem a honra de distribuir em abundância o que a graça e a Misericórdia lhe confiou, em riquezas inesgotáveis e está disponíveis para servir o Povo de Deus, do qual foi constituído Pastor, segundo o Coração de Cristo. A missão do Padre é dinâmica, trabalhosa e também dolorosa. Assim sendo, todo o cristão deve ser ajuda para que ele exerça o seu sacerdócio o melhor possível, porque uma
fiéis e mesmo dos responsáveis do Santuário; Em conformidade com os cânones 312 e 313: a) - reconhece neste diocese de Leiria-Fátima o Cenáculo “Maria estrela da Evangelização” como associação pública de fiéis e a sua missão de evangelizar em nome da Igreja, nomeadamente através da Telepace; b) - confirma os seus Estatutos, na tradução em português que lhe foi apresentada; c) - concede-lhe personalidade jurídica canónica; d) – confirma como moderador local o Padre Cláudio Girlanda, nomeado pelo moderador geral. O Cenáculo tem a sua sede em Fátima, na Avenida Beato Nuno, nº 84-A, 1º Dto. A associação, na sua actuação nesta diocese de Leiria-Fátima, empenhar-se-á em manter viva a comunhão e colaboração com esta Igreja Particular, na diversidade e complementaridade dos seus serviços, movimentos e instituições. Assim, além das normas canónicas e dos próprios Estatutos, observará as orientações pastorais do Bispo diocesano e desenvolverá as acções apostólicas próprias com o seu conhecimento aprovação. O responsável do Cenáculo nesta Diocese, depois de nomeado pelo Moderador Geral, deverá ser confirmado pelo Bispo diocesano. Este decreto entra imediatamente em vigor. Leiria, 21 de Outubro de 2009. † António Augusto dos Santos Marto Bispo de Leiria-Fátima
função que não é exercida acaba por extinguir-se, uma vez que não é realizada. Como é consolador ouvirmos as palavras de Jesus: Vinde, benditos de meu Pai… porque tive fome e deste-Me de comer… (Mt 25,34-35). É necessário dar o pão material, mas muito mais importante é distribuir a “rodos” o pão espiritual, a Palavra de Deus. Esta Palavra que nunca cessa de actuar na nossa história presente. Só que Ela também nunca deixa de precisar do Ministério Sacerdotal. Os Sacerdotes são os representantes e os instrumentos escolhidos pelo próprio Cristo para serem os trabalhadores e anunciadores da Vida e Reino Divinos. Contudo, só a Palavra de Cristo, pela força e acção do Espírito Santo, pode actuar e converter os homens. Mas depende da própria palavra ministerial, que o Evangelho seja proclamado a todas as criaturas, saciando a sua “fome “ de Infinito: Ide, pois, ensinai todas as nações, baptizan-
do-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 19). Por isso, todos os que exercem o ministério sacerdotal esperam de nós, cristãos, a boa-vontade, a colaboração, a docilidade para realizarem com Cristo a sua missão de alimentar as multidões, como Jesus quis a colaboração dos discípulos. Os sacerdotes precisam da compreensão, amizade e ajuda responsável dos cristãos para enfrentarem e vencerem os embates da vida, e são tantos… Às pessoas especialmente consagradas está reservada uma grande “dose” de responsabilidade nesta dinâmica de Igreja Universal. Em espírito eclesial, e dada a necessidade da comunhão do Povo de Deus com os seus Pastores, também nós, Irmãs claustrais de Monte Real, procuramos na adoração permanente, trazer ao Senhor Jesus presente na Hóstia consagrada, as necessidades do Povo e os cuidados dos Pastores. Irmãs Clarissas de Monte Real