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Opinião
Editorial
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Crescimento comprovado
A
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BAGÉ, 14 DE SETEMBRO DE 2017
força do setor primário extrapola os limites do discurso. Os números oficiais, aliás, comprovam que o campo é capaz de superar a crise. A expectativa para a safra de grãos 2016/2017, por exemplo, é de um novo recorde. Em sua última estimativa, o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) projeta um crescimento de 30,4%, em relação ao período anterior, o que representa 240,9 milhões de toneladas. E esta não é a única projeção otimista. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que também fez levantamento sobre o setor, acredita que deve haver um crescimento de, no mínimo, 27,9% frente à safra anterior, alcançando pelo menos 238,7 milhões de toneladas. Neste cenário, o aumen-
to representa um incremento de 52,1 milhões de toneladas. A evolução também foi verificada no terreno da produtividade, com registro de pequeno avanço na área plantada. Mais um ponto para o setor. Os reflexos, conforme avaliou o pesquisador do IBGE, Carlos Antônio Barradas, em entrevista ao Portal Brasil, são positivos tanto para o mercado interno quanto para o externo. O destaque da pauta de exportações, inclusive, fica por conta da soja, que bate recordes pontuais, no que beneficia a Campanha gaúcha. Apenas em agosto, foram exportadas seis milhões de toneladas, 56% a mais quando comparado com agosto de 2016. Este crescimento comprovado precisa, apenas, ser acompanhado pela infraestrutura.
Laboratório FACOS/Urcamp
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Cheque-mate na tradição cristã
Se é verdade o que afirma a propaganda da Mas- dúvida: caso algum desses investidores resolvessem patercard, existiriam itens que o dinheiro não compra. Tais trocinar o Santa Cruz (de Recife), qual seria a estratégia coisas poderiam estar vinculadas a sensações, virtudes de marketing? ou valores inegociáveis. Submeter tudo à possibilidade Em janeiro de 2016, o primeiro-ministro italiano, de compra equivaleria a transformar o dinheiro, como Matteo Renzi, foi acusado de tomar uma decisão consacreditava Marx, em um “alcoviteiro entre a necessida- trangedora. Durante visita do presidente iraniano Hassan de e o objeto”, um ser onipotente que se apropria de tudo Rouhani, em respeito a algum tipo de sensibilidade culque pode adquirir. De acordo com Georg Simmel, isso tural, optou-se por cobrir com painéis a Vênus, um Eros seria um resultado da dinâmica intrínseca que o dinheiro com Arco, uma Leda e o Cisne, para que não fossem opera na modernidade: a impessoalidade e o nivelamen- mostradas imagens de nudez ao líder religioso-político. to dos atos humanos a meras relações comerciais tende A genitália do cavalo de Marco Aurélio também sofreu a destruir os laços mais profundos entre os indivíduos. uma “castração”: a estátua foi removida para um espaço Sem trocas culturais valiosas que possam apreonde a delegação iraniana não fosse transitar. sentar um sentido a existência humana, a De acordo com o jornal português Diário tendência é a submissão... a quem? de Notícias, outras estátuas não sofreram A simbologia do futebol é sintoações desse tipo por não estarem no caOu será que até mática para o Ocidente. Esporte basminho do presidente do Irã. Mas qual a mesmo a “divindade” tante valorizado entre as massas, alvo razão de tudo isso? Itália e Irã assinae a cultura não de inúmeras ações de marketing e operam acordos comerciais de mais de € rando com cifras astronômicas entre os 17 bilhões. E Renzi é reincidente. No podem ser alvos de maiores times, também faz uso de símano anterior, durante visita de negócios compra e venda? bolos para expressar visões de mundo. do príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Pois o Real Madrid tomou uma Unidos (país que havia adquirido recenatitude icônica no início deste ano. Em temente a Alitalia por meio da Etihad) a razão de acordos comerciais estratosféricos Florença, o premier decidiu cobrir obras de arte com o grupo varejista Marka, que produz, distribui que mostrassem alguma nudez. Meros símbolos? e vende produtos do clube madrilenho em seis países do As tradições razoáveis que ofertam uma vida meGolfo Árabe, os merengues optaram por retirar a Cruz de lhor e que sobreviveram aos testes do tempo são valioCristo de seu escudo. Motivo? De acordo com Khaled sas exatamente por isso: deixaram um legado benigno al-Mheiri, há de se cuidar das sensibilidades culturais geração após geração, possibilitando um aprimoramento de determinados povos (muçulmanos) que não aceitam social. Talvez Denis Diderot tenha captado parte do probem a Cruz. Situação idêntica àquela que foi executada blema: “Em qualquer país em que o talento e a virtude em 2014: em nome de um patrocínio de R$ 295 milhões não produzam progresso, o dinheiro será a divindade com o Banco Nacional de Abu Dhabi, foi ofertada uma nacional”. Ou será que até mesmo a “divindade” e a culversão “laica” do uniforme em países árabes. Resta uma tura não podem ser alvos de compra e venda?
Professor do curso de Direito da Urcamp
Cláudio Falcão Florêncio e a pesca desembarcada
Charge falcaobage58@gmail.com