Revista Infoco

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TREM KI VOA

A rotina da equipe que foi campeã de torneio nacional

FOTO: JEDERSON LUCAS ROSA

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RODRIGO SAMPAIO

Conheça a história do musicista que encontra na música o ponto mais perfeito da arte

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CAOS NO TRÂNSITO DE SÃO JOÃO DEL-REI E DEZ MB Nº 1

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1ª EDIÇÃO

BOOM no crescimento da frota de veículos afeta a mobilidade urbana da cidade e evidencia sua falta de infraestrutura

E AINDA: Um balanço sobre o futebol de base dos clubes são-joanenses


S찾o Jo찾o del-Rei

301 anos de hist처ria Venha conhecer o


... campo das vertentes FOTO: Fテ。IO CABRAL DURSO


EDITORIAL Hoje é um dia histórico. Essa é a primeira edição de uma revista que promete levar a informação de uma maneira diferente para todo o campo das Vertentes. Nosso principal fundamento já está explícito no nome: INFOCO. A soma de informação com o foco nos pontos mais importantes da noticia é o nosso diferencial, para levar a você um jornalismo claro, objetivo e o mais imparcial possível. Iremos abordar os pontos e contrapontos das questões tratadas e deixar que você, nosso leitor, tire suas próprias conclusões. Nesta edição de estreia iremos falar de temas que estão muito presentes em nosso dia a dia. Falaremos de sonhos; de como é o trabalho dos times de base são-joanenses para que nossas crianças possam se tornar jogadores de futebol. Falaremos de conquistas. Acompanhamos como é a rotina de trabalho dos estudantes de engenharia no projeto premiado “Trem ki Voa”. Falaremos de mobilidade. Em uma reportagem especial, nossos repórteres fazem um raio-x do trânsito em SJDR. Há ainda tempo de falar de música. Traçaremos o perfil de Rodrigo Sampaio, regente da Orquestra Ribeiro Bastos. Todos esses ingredientes estarão presentes em nossas próximas páginas. Essa revista é o resultado do trabalho de uma equipe engajada em levar a você o que tem de melhor no jornalismo, além de te deixar muito bem informado sobre tudo o que acontece em São João del-Rei e região. Isso porque, afinal de contas, é esse o nosso objetivo. Informação e Foco. INFOCO. A mistura perfeita para te deixar bem informado. Boa Leitura.

SUMÁRIO

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PERFIL

08/09 CAPA COTIDIANO

Rodrigo Sampaio

Mobilidade Urbana

10/11 06/07

TECNOLOGIA

Equipe Trem Ki Voa

POR THOBIAS VEIRA

Expediente:

Edição: Leonardo Duque/Richardson Freitas Sub-Edição: Thobias Vieira Diagramação: Leonardo Duque Revisão: Richardson Freitas Reportagem: Leonardo Duque/Richardson Freitas/Thobias Vieira Fotografia: Jederson Lucas Rosa/João Victor Militani/Leonardo Duque

ESPORTE

A base de SJDR


PERFIL POR LEONARDO DUQUE

Rodrigo Sampaio: Um músico completo

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música é a mais bela das artes da qual eu não ficaria sem e que me deixa extremamente feliz. A música é a arte que mais toca as nossas sensações”. Essas são palavras do musicista Rodrigo Sampaio. Nascido na cidade de Conceição de Macabu, localizada no estado do Rio de Janeiro, Rodrigo já passou por diversas cidades- Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Goiânia- mas foi em São João del-Rei, juntamente com sua família materna, que o músico cresceu e alavancou sua carreira. A sua paixão pela música foi sendo construída ao longo dos anos. Quando chegou em São João del-Rei, no ano de 1988, Rodrigo, por curiosidade, começou a acompanhar e ouvir, de modo acanhado, as reuniões da Associação de Coroinhas. E foi nessa associação que deu seu primeiro passo para construir sua carreira de músico. Além de poder estudar flauta doce, Sampaio pode desenvolver mais um talento, o canto. Lá, estudou canto gregoriano e também latim. Formado em piano pelo conservatório de São João del-Rei, em 1997, Rodrigo também decidiu estudar mais instrumentos por meio de cursos técnicos, se dedicando ao piano, flauta doce e transversal. Mesmo com tantos estudos, ele queria ir ainda mais além. Foi então, estudando pela UEMG, que conseguiu um diploma de graduação em música, dando enfoque, principalmente, ao piano.

Subindo de degrau a degrau, o musicista alcançou mais uma conquista. No ano de 2003, se tornou regente da Orquestra são-Joanense. Emocionado, o regente declarou: “Foi uma experiência musical fantástica, porque, de repente, você não produz nenhum som, mas você se torna o técnico do time, você conduz o som”. Ainda completa que quando está regendo, deve haver uma doação completa para que a música saia, e, se no final conseguir arrancar os aplausos da platéia, significa que o trabalho foi realizado com sucesso. E as oportunidades não pararam por aí. Em 2004, se tornou regente da Orquestra Sinfônica. O amor pelo ofício é tão grande que o músico deixou até mesmo de fazer sua avaliação final na universidade para poder reger a orquestra. “Quando você está com o grupo ali, vê que o grupo já treinou, está ensaiado, no dia da apresentação, é maravilhoso! Você se solta por completo”. Rodrigo Sampaio afirma: “Sou feliz por ter escolhido a música”. Hoje, o músico declara se sentir realizado profissionalmente em relação à música. É professor de piano em São João del-Rei e Barbacena, ensina percepção musical, dá aulas particulares de piano, é músico nos finais de semana nos eventos sociais e casamentos, é regente titular e presidente da Orquestra Ribeiro Bastos e no próximo ano retornará ao cargo de regente da Orquestra Sinfônica. “Quando estou regendo, é um encontro com Deus, pois sou eu, a música, os músicos, o público, ou seja, há uma interação, tudo circula, vem os aplausos, ser músico é ser feliz”.

FOTOS: LEONARDO DUQUE

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TECNOLOGIA POR THOBIAS VIEIRA

A Decolagem do Trem Ki Voa Projeto de extensão da UFSJ é sucesso e já se prepara para o mundial

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estas, bebidas e descanso são palavras raramente presentes no vocabulário de 45 universitários dos cursos das engenharias Mecânica, Elétrica e Produção da Universidade Federal de São João de- Rei. Estes estudantes se uniram para montar um projeto ambicioso: fazer uma aeronave montada por eles, alçar voos. A proposta com o tempo foi ganhando corpo e um nome pra lá de mineiro: Trem Ki Voa. Durante um ano, os alunos se dedicam a montar uma aeronave de acordo com o edital apresentado pela competição, que reúne alunos de diversas universidades brasileiras. O campeonato, que é organizado pela SAE AeroDesign, é um dos mais respeitados do país. Daí, toda preocupação e entrega dos universitários. Depois de um ano de muita luta e trabalho, a equipe Trem Ki Voa Micro se consagrou campeã da competição em 2014. Ao acompanhar a rotina dos participantes, pode-se compreender que a vitória não veio por acaso. O projeto se divide em duas equipes que participam de categorias diferentes. O Trem Ki Voa Micro, vencedor do campeonato, produz uma aeronave de porte menor, a carga transportada é de materiais mais leves e o motor utilizado é o elétrico. Já o Trem Ki Voa Regular, tem uma aeronave de maior porte que deve carregar a maior carga possível. Neste o motor utilizado é de combustão, ou seja, é mais potente. Os materiais transportados mostram claramente a diferença entre as categorias

das duas equipes. Enquanto a aeronave do Micro leva 40 bolinhas de tênis, a do Regular consegue carregar materiais mais pesados, como a madeira. O integrante da equipe João Antonio Amorim explicou quais os materiais que revestem os aeroplanos: “Os materiais que utilizamos são basicamente microlite ou oralite”. A competição contém regras bem específicas para buscar a melhor aeronave produzida. Com uma duração de três dias, os candidatos precisam fazer com que o aeroplano cumpra o maior número de missões possíveis. “Ao todo são cinco missões que consistem na aeronave dar voltas completas em uma área específica, com a carga no compartimento, sem apresentar problemas.”, afirma João Marcos Andrade, integrante do Trem Ki Voa Regular. Outra dificuldade apontada pela equipe é o fato das regras do campeonato serem modificadas a cada ano, o que obriga os participantes a se adaptar aos novos critérios exigidos. Além de todos os desafios que têm que ser superados, eles têm que lidar ainda com a burocracia e a falta de recursos. Muitos materiais utilizados para o andamento do trabalho são caros e de difícil acesso, há até mesmo aqueles que de-


vem ser importados. “Uma de nossas dificuldades é o fato de alguns materiais nossos ter apenas uma fábrica no Brasil. Até você juntar toda a papelada para comprovar para o governo que só existe essa empresa no país, é um processo muito demorado, pois não temos permissão para comprar diretamente com o fornecedor por não possuir CNPJ”, afirma a estudante Larissa Marques. Apesar de ser um projeto com 15 anos de história e premiado, os integrantes do Trem Ki Voa não recebem nenhuma espécie de remuneração e todo capital que é recebido em competições, é totalmente investido para a melhoria do projeto, comprando novos equipamentos e materiais. Mesmo conseguindo patrocínio, o dinheiro arrecadado nunca é suficiente para os gastos com viagens, e eles ressaltam ainda a falta de apoio que a universidade dá ao projeto. A integrante Tatiane Melo comenta que a universidade “contribui” apenas com o espaço físico e o transporte, e, muitas vezes, eles precisam tirar o dinheiro do próprio bolso para conseguirem comparecer nas competições. As dificuldades não param por aí. Atualmente, São João del-Rei não possui nenhuma pista de voo apropriada para realizar os testes. A equipe precisa

viajar cerca de 115 Km até a cidade de Santo Antônio do Amparo (MG), para conseguir fazer os treinamentos na aeronave. Mas, todos esses obstáculos não foram suficientes para impedir que a equipe Trem Ki Voa Micro fosse a vencedora do Nacional em 2014, se classificando para disputar o Mundial, que acontecerá no estado da Flórida, nos Estados Unidos, no próximo ano.”O evento será em março, então, nós teremos poucos meses pela frente para conseguir patrocínio e montar um novo projeto para ser apresentado no mundial”, afirma João Antonio Amorim. Embora o trabalho exija total entrega por parte dos participantes, é unanimidade entre eles a alegria e a satisfação em ver o projeto dar certo: “O projeto é extremamente importante, porque ele dá ao aluno o conhecimento que ele dificilmente conseguirá em sala de aula, além de nos proporcionar a experiência do trabalho em equipe”, destaca Amanda Mello. Já para João Marcos Andrade, o Trem Ki Voa é praticamente uma graduação a parte: “Você adquire os conhecimentos teóricos dentro de sala de aula e aqui você pode colocá-los em prática. Aqui, além de poder levar o nome da Universidade para fora, nós sairemos com uma formação bem mais completa do que aqueles que ficam apenas na sala de aula”.

FOTOS: ASCOM UFSJ LEONARDO DUQUE

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CAPA-COTIDIANO POR LEONARDO DUQUE RICHARDSON FREITAS THOBIAS VIEIRA

TRÂNSITO CAÓTICO EM SJDR Crescimento da frota de veículos é o principal responsável pela péssima mobilidade urbana da cidade

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compra do tão sonhado veículo tem se tornado cada vez mais fácil. Com o aumento do poder aquisitivo da população e as facilidades encontradas na compra, nos últimos anos o número da frota de veículos no país tem crescido exponencialmente. Dessa forma, os problemas de mobilidade urbana, que até então eram exclusivos das grandes metrópoles, passaram agora a fazer parte da rotina das cidades de médio e pequeno porte. Em São João del-Rei, esses problemas são vivenciados diariamente por motoristas e pedestres. A principal razão está ligada ao fato de a infraestrutura da cidade não ter conseguido acompanhar o “boom” do aumento percentual da frota dos meios de transporte. Segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), no ano de 2004

havia na cidade 19424 veículos, que neste ano irá fechar com 44748, o que corresponde a um crescimento de 130% em 10 anos. A infraestrutura precária do trânsito da cidade afeta, principalmente, aqueles que convivem diariamente com ele. O taxista André Silva apontou quais são os principais problemas que o aflige na rotina de seu trabalho: “Falta sinalização, fiscalização e ruas adequadas para o fluxo de veículos. São João del-Rei precisa de tudo isso”. Se os motoristas se sentem prejudicados, os pedestres também apresentam insatisfação pelo fato de estarem perdendo espaço para os automóveis. Essa disputa entre carros e pedestres acaba por gerar conflitos entre ambas as partes. “Falta conscientização, educação e respeito dos dois lados”, frisou a pedestre Rosa Mariléia, que ainda destacou o


fato da dificuldade existente para atravessar a rua em locais com faixa de pedestres e sem sinais de trânsito: “São poucos os motoristas que dão preferência aos pedestres”ressalta. As pessoas que trabalham à noite também presenciam a arcaica estrutura do trânsito na cidade dos sinos. Para o moto-taxista Carlos de Almeida, àqueles que trabalham neste turno são ainda mais prejudicados: “É complicado, a gente que trabalha à noite corre até riscos de acidentes. Temos que ficar ainda mais atentos porque não tem uma boa sinalização nem organização.”. Além do grande crescimento veicular, outro fator que leva São João del-Rei a sofrer com a deficitária estrutura, é o fato de ser uma cidade histórica, como afirmou o diretor do Departamento Municipal de Trânsito, Aracélio José dos Santos. “Por ser uma cidade antiga, a cidade não teve um planejamento de construção, as ruas são estreitas, e tambémfalta calçamento em algumas.” explicou o diretor. Para Aracélio, a criação de um estacionamento rotativo aliviaria o trânsito: “Criar um sistema rotativo, pois muitas pessoas estacionam às 8 da manhã e saem apenas às 6 da tarde, então quem vai chegando fica sem lugar para parar, tumultuando o tráfego.”. O diretor ainda comentou que a sinalização precisa ser reformulada e que algumas ruas, se necessário, trocarão de mão. Mas, Aracélio deixa claro que tudo precisa ser estudado. “Com essas mudanças, com certeza iria melhorar. Só que tudo deve ser estudado primeiro.”.

Com a atual situação, algumas iniciativas já começaram a ser implementadas. Segundo uma reportagem do jornal Gazeta de São João del-Rei, já está ocorrendo a substituição de semáforos com iluminação de leds, pinturas em várias ruas e trocas de placas de regulamentação de estacionamento no Centro. Ainda segundo a reportagem, para 2015, o Departamento Municipal de Trânsito pretende criar um Plano de Mobilidade Urbana, em que está incluído o projeto viário da cidade. Até o momento, “existe apenas um estudo produzido dentro de uma proposta voltada ao transporte coletivo”.

Frota de veículos/ano

50000 40000 30000 20000 10000 0 2004

2008

2012

2014

Rápido crescimento dos veículos no período de 10 anos.

As informações contam que o documento que pode reformular as vias da cidade “será conhecido ao final do Plano de Mobilidade Urbana”, além de explicar que as mudanças serão feitas no Centro e nos locais que urgem por transformações. Para o aposentado José Arthur, que vive em São João del-Rei há 25 anos, para que o plano dê certo, é necessário um especialista no assunto que conduza corretamente a ação:

“Nada adianta se não for organizado por um engenheiro do trânsito, alguém que consiga pensar e organizar direito o projeto. Só assim o trânsito aqui vai fluir.” comentou o aposentado. FOTOS: JEDERSON LUCAS ROSA

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ESPORTE

Facebook/André Luiz Officiel / Divulgação

POR RICHARDSON FREITAS

O futebol de base de São João del-Rei Dificuldades financeiras dos clubes e necessidade por mudanças estruturais marcam o trabalho com os garotos são-joanenses

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derrota da seleção brasileira para Alemanha por 7 a 1- a maior de sua história – pela Copa do Mundono Brasil em julho de 2014, reacendeu a discussão sobre o panorama atual do futebol no país. Uma maior atenção para as categorias de base seria, para muitos, a solução para que o Brasil volte a ter o melhor futebol do mundo. Em São João del-Rei, mesmo com uma realidade bem diferente dos grandes clubes que se destacam no cenário nacional, algumas equipes se esforçam para manter o trabalho com meninos de todas as idades. Muito se fala no grande potencial do futebol da cidade. Alguns jogadores como Fábio Mineiro, que rodou pela Europa e jogou uma Libertadores pelo Jorge Wilstermann, da Bolívia; André Luiz, que jogou na França e passou por Atlético-MG e Palmeiras; Beto, que jogou no Ipatinga; entre muitos outros, são alguns dos atletas que saíram dos campos são-joanenses e se tornaram profissionais. Para o jornalista Frederico Mesquita, da Rádio Emboabas, a base da cidade é uma das que mais se destacam no campo das Vertentes: “São João del-Rei tem uma das principais bases da região. Nós temos clubes tradicionais que já revelaram bons atletas. Aqui temos um grande celeiro de bons jogadores”. Apesar da tradição, atualmente, a maioria

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Tradição da base de SJDR: André Luiz em disputa de bola com Ibrahimovic, do Paris Saint Germain, um dos melhores do mundo.

dos clubes são-joanenses enfrentam problemas financeiros e estruturais, o queprejudica o trabalho nas categorias iniciais do futebol e pode afetar a formação dos atletas. Para Edvaldo Cabral, que trabalha voluntariamente no São Caetano, falta apoio do poder público: “A gente não tem apoio nenhum. Se nós não corrermos atrás, não conseguimos nada” comentou. O técnico em enfermagem Paulo César, que está ligado ao Minas, disse que em São João del-Rei , o campeonato Amador é muito mais valorizado que os torneios das categorias de base: “Aqui olham muito pro Amador. Deviam olhar mais para a base, já que, assim, tiramos os meninos das ruas” enfatizou o técnico em enfermagem. Graduado em Educação Física e com uma pós-graduação em futebol pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), o treinador Ricardo Campos, o Cacá, que trabalha no Social afirmou que,para que o futebol de São João del-Rei forme mais jogadores, além de um maior apoio do poder público, deveria existir maior qualificação dos profissionais que trabalham com a base da cidade: “Todas as pessoas que trabalham no nosso futebol deveriam se preocupar em se qualificar. Precisamos também do apoio do poder público, para colocarmos um menino para disputar um campeonato com maior visibilidade” explicou o treinador.


A cobrança excessiva por resultados aos garotos é um problema. Tiago Augusto, coordenador geral da escolinha do Athletic, afirmou que os garotos da cidade são talentosos, mas essa metodologia é equivocada: “O grande problema é a pressão por resultados. A gente tem uma cultura de todo mundo querer ganhar. Às vezes, você monta um time para ser campeão, e não um time pensando lá no juvenil, lá na frente” pontuou Tiago. O coordenador de Futebol da Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer de São João del-Rei, Márcio José dos Santos, o Neném, que trabalha com o futebol de base há 41 anos, também concordou que o método de cobrança aos meninos é equivocada: “A intenção da maioria dos clubes aqui é ser campeão. Na base, nunca se exige ser campeão, deve ser feito um trabalho educativo e social primeiro”. Neném reconheceu também que os clubes precisam de mais apoio, mas disse que a prefeitura esse ano contribuiu muito com os clubes: “Nós ajudamos em tudo. Demos transporte, pagamos toda a arbitragem, demos bolas e lanches para o mirim e o pré-mirim. Nossa intenção é fazer o melhor”. Ele também destacou alguns projetos da prefeitura que podem contribuir com a evolução do futebol de base sãojoanense: “Ano que vem nós vamos fazer o projeto Amigos do esporte, que isenta os clubes de pagar o IPTU, esperamos fazer uma parceria com eles. Tenho também a ideia de montar uma seleção de São João del-Rei, juntar todos os clubes para disputar o campeonato mineiro”. Essa seria uma boa ideia para que os atletas pudessem ter maior visibilidade no cenário esportivo, segundo Cacá: “Se juntarmos os clubes,poder público e o lado empresarial da cidade, dá pra criar um time da cidade com os melhores profissionais e os melhores

meninos, assim eles iriam aparecer mais, e os clubes iriam vir buscar os garotos”. Um ponto da reformulação da base da Alemanha depois da copa de 2002 foi lembrado por Tiago, do Athletic. Para ele, a parceria feita entre as escolas e os clubes alemães poderia ser implantada no Brasil, o que contribuiria muito com a formação dos atletas: “Poderia ser instituída uma parceira aqui. Quem sabe se os alunos ficassem em tempo integral, o aluno saía da escola e ia pro campo. Com certeza o interesse ia aumentar e a qualidade do trabalho também”. Mesmo com as dificuldades, alguns clubes da cidade como Athletic e o Social, buscam alternativas, como o apoio privado, para manter as atividades nas categorias de base. De certa forma, em um primeiro momento, o trabalho é de âmbito social. Mas, também existe o objetivo de formar atletas. Em novembro deste ano, um observador técnico do Cruzeiro esteve no campo do Social para avaliar o desempenho de alguns jogadores. Três jogadores do Athletic também passaram uma semana em avaliação no Atlético -MG. Para Neném, isso revela o potencial de São João e o que deve ser feito: “Material humano a gente tem. Temos é que olhar com carinho para os meninos”ressaltou o coordenador.

FOTOS: JOÃO VICTOR MILITANI LEONARDO DUQUE

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