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Estresse: a influência das cidades na saúde mental
Por Welinton Moraes
A qualidade de vida é o indicador que mede o bem-estar dos cidadãos, nos diferentes territórios do planeta. A busca por essa modalidade evita o estresse, ação de defesa do corpo humano que em excesso pode ocasionar patologias como a depressão e ansiedade. O ambiente urbano é um dos contribuintes dessas doenças psicossomáticas, devido aos acontecimentos enfrentados diariamente nas cidades.
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De acordo com dados coletados em 24 países pela Pesquisa Mundial sobre Saúde Mental, coordenada pelo psiquiatra Ronald Kessler, da Universidade de Harvard, somente na Região Metropolitana de São Paulo, 30% dos cidadãos apresentam transtornos mentais. A prevalência destes transtornos na metrópole foi a mais alta registrada em todas as áreas pesquisadas.
Saúde mental. Para alcançar a saúde mental, são necessárias condições mínimas e psíquicas para se adaptar ao ambiente em que se está inserido, seja em municípios grandes ou pequenos, com intuito de contornar os estresses diários e nos manter ativos. Algumas dessas recomendações são praticar atividades físicas, manter uma boa alimentação, cultivar bons relacionamentos, não ignorar os sinais do corpo e da mente, reservar momentos de lazer, e procurar ajuda profissional. O estresse no organismo. Segundo a psicóloga especialista em saúde mental, Isadora Rossi, o estresse é uma reação do sistema nervoso a situações novas como ameaças físicas ou psíquicas, tanto biológica quanto emocional, que afetam nosso corpo e mente, podendo ir desde um estado de alerta até uma exaustão ou esgotamento. Ele está presente no trabalho, nos estudos, nas relações, e em ambientes com condições prejudiciais, como as grandes cidades, pela presença de violência, poluição, altíssimo volume de informações, trânsito e solidão. “Tudo isso gera uma carga grande no corpo e na mente, nos obrigando a funcionar e estar em vigia praticamente 24 horas. Acredito que a prova disso é que cresceu o número de pessoas que estão mudando para o interior” explica Isadora.
Interior. Marcos Luko, 53, modelo há 30 anos, escolheu se mudar para Cachoeira Paulista com a família, realizando um sonho em busca de tranquilidade. Acostumou-se na correria em SP, porém, não deixando de lado o desejo de calmaria. “Aqui aprendemos a viver com menos, a sermos mais simples, fizemos grandes amigos e pretendo ficar por muito tempo”, declara. O modelo relata os benefícios da migração para a cidade pequena, fatores não encontrados com facilidade em uma região metropolitana. “Em relação a vantagens, temos todos eles aqui. Moro em frente à montanha que nos proporciona tranquilidade e paz. Possuímos qualidade de vida, sem violência, a natureza, e a Canção Nova fornecendo o encontro espiritual através dos eventos”.
Metrópoles. O desejo de muitos jovens e adultos do interior é morar em cidades grandes, mas o medo de deixar família e amigos, viver uma nova realidade e estar em um lugar diferente acaba tirando o desejo da mudança, porém, a realização pessoal fala mais alto.
Nicole Katiki, 19, graduanda em fisioterapia no instituto Albert Einstein, voluntária da ONG Equoterapia transformar, mudou-se para SP e conta que foi necessário a procura de alternativas para se movimentar e viver na selva de pedras. Através da organização da rotina e da equoterapia, encontrou o equilíbrio, podendo ocupar seu tempo ajudando outras pessoas. Assim, após adaptar-se, viu seus hábitos se adequarem ao ritmo da população, restando apenas a memória de como era morar no interior. “A maior saudade de Limeira é da família e a calmaria. Mas não trocaria por nada a correria que essa metrópole me proporciona. No interior não tinha muitas opções de lazer”, conclui Katiki. Alerta e sintomas. Quando o estresse está contínuo e causando esgotamento emocional, é importante buscar ajuda profissional para identificar seus causadores, e então pensar em formas de amenizá-los e lidar com eles dentro da realidade física e psíquica. Os sintomas variam e os mais comuns são: cansaço excessivo, dificuldade de se concentrar e executar tarefas que antes desempenhava normalmente, irritabilidade constante, insônia, alterações no apetite, tensões musculares, dores de cabeça, queda de cabelo, gastrite, alergias na pele e tonturas.
Ilustração: Bryan Stewart Conforme a psicóloga Isadora, organizar a rotina e incluir tempo de descanso, atividades prazerosas e relaxantes, procurar se conhecer para conseguir identificar o que gosta e não gosta, o que te estressa, relaxa, e entender suas limitações podem ajudar a evitar o estresse.