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Grajaú - MA 17 a 24 de agosto de 2013 Ano: 1 Edição Nº 3 Gratuito
Cartas dos Leitores: Amantes das letras e do jornalismo dão sua opinião sobre o novíssimo jornal de Grajaú Página 2
Editorial: Grajaú de Fato sai em defesa do fim da impunidade e da violência no município
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Foto: Francisco Matias
Agora sai o município de Alto Brasil?
Passados 43 anos de existência, o Povoado de Alto Brasil poderá enfim saborear o gostinho de se tornar cidade em outubro de 2014. O almejado desmembramento de Grajaú, porém, passa por um proesso com muitos percalços. O principal deles é provar que a população do futuro município, 13 mil habitantes, pode andar com as próprias pernas e se desenvolver sem prejudicar Grajaú. O desafio foi lançado >> Páginas 6 e 7
Dona Delu, pioneira e maior personalidade do Alto Brasil
O desrespeito aos clientes no Bradesco de Grajaú Página 3
Como se deu o brutal assassinato do jovem Carlos Tadeu, 23 anos Página 12
Conheça a história dessa mulher de fibra que com destemor venceu a fome, a sede e todas as dificuldades que a época, fim da década de 1960, se apresentava no interior do Maranhão. Parteira, garante que já fez mais de 5 mil trabalhos de parto em 59 anos Página 5
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17 a 24 de agosto de 2013
Política
Chega de violência, valorizemos a vida humana e busquemos juntos a paz que Grajaú merece Chegamos à terceira edição e abrimos a página policial deste jornal. Na verdade uma triste página que ficará para sempre marcada em nossa história. Dois fatos, um sob investigação da polícia e outro já elucidado. Os cem dias do desaparecimento do ex-coordenador das Pastorais Sociais da Diocese de Grajaú, João de Deus, é um fato que assusta porque não há suspeitos, segundo a polícia. Mas a sociedade, principalmente no Alto Brasil, onde o desaparecido morava, sabe que existe uma pessoa, um fazendeiro que pode ter sido o autor do crime. Vestígios foram encontrados pela família e repassados à polícia: partes da moto e sangue que está sendo investigado. Infelizmente, tudo indica que um crime foi praticado, mas nada ainda confirmado. Análise do sangue indicará o que de fato pode ter acontecido. Esperemos, pois. Outro episódio, o brutal assassinato do jovem Carlos Tadeu Galvão, 23 anos, nos dá conta de quão frágil é a vida humana. Por pouco se tira uma vida. Casos como esse nos fazem refletir sobre a falência da instituição família. Uma discussão, uma cara feia, ou qualquer outra motivação vale uma vida? Quanto custa matar um ser humano? Nos dias de hoje, pelas diversas formas de assassinato, percebemos que vale muito pouco. Grajaú, nos últimos meses, tem assistido a crimes bárbaros que não podem ficar impunes. Infelizmente, o caso da jovem Maria do Amparo, 22 anos, assassinada misteriosamente no último mês de maio e sem ter sido encontrado o autor do crime até o momento, nos deixa pasmos e impotentes. Uma suspeita foi presa, mas, por falta de provas, foi solta. O que falta à sociedade? Mais presença da família, resgate de valores esquecidos em nossos antepassados? Mais educação e atenção aos nossos filhos? Grajaú ainda é uma cidade pequena, onde todos se conhecem, se sentam na porta, onde vizinhos ainda têm o hábito de se agradar levando o pão, o doce, o bolo para o outro. Não podemos já ter chegados ao momento de termos que conviver constantemente com crimes tão bárbaros como os vistos nos últimos dias e meses. Chega de violência, de impunidade. Precisamos de paz, mas para encontrá-lo cada um precisa fazer a sua parte.
Vereadores destacam que não tiveram férias durante recesso e promotor cobra trabalho e fim de discursos vazios Os vereadores abriram os trabalhos da Câmara Municipal na manhã do dia 6. O presidente da casa, Marinaldo do Gesso (PT) fez um breve relato das indicações e aprovações de projetos feitos no primeiro semestre do ano. Alguns parlamentares, por sua vez, usaram a tribuna da casa para destacar trabalhos individuais e coletivos desenvolvidos até o fim de junho. A maioria fez questão de afirmar que não usou o período de recesso da Câmara para gozar de férias nos poucos mais de 30 dias do mês de julho.
querem te pegar”, desconversou. Fim dos discursos vazios na Câmara de Grajaú
Foto: Fúlvio Costa
Editorial
“Nessa sessão solene retornamos os nossos trabalhos e garanto que nenhum vereador parou em período de férias. Posso falar por mim, que em momento algum parei porque sempre sou procurada pela comunidade; as pessoas confiam muito em mim e eu trabalhei durante os 30 dias de recesso, talvez mais do que nos outros dias que havia sessão”, disse a vereadora Elisabete Nogueira (PV). João Batista Costa Milhomem (PPS) também frisou que não teve férias nos últimos 30 dias de recesso da Câmara. “Estive nos últimos 30 dias pelo interior com o João Gabriel (secretario de obras). Visitamos as casas sem energia elétrica. Eu, preocupado com o meu povo, com aqueles que acreditam em mim. Quero falar aos meus amigos da Região do Brás que daqui para sábado (10 de agosto) já irei levar as boeiras para colocar no Riacho. A região que eu visitei: São João, Taboca Seca, Galheiro, Lagoinha, Ponto da Nega, Lagoa, Boa Esperança. Essa é a região que está na minha preocupação e vamos conseguir energia para o meu povo”. José Jairo (PMDB) voltou a tocar no tema educação e denunciou que as aulas continuam sem começar em
Sujeira no “Tanque dos Padres”, no Olho D’Água
algumas escolas do município. “Infelizmente a educação vai de mal a pior em Grajaú e muitas escolas continuam sem ter tido um dia de aula sequer. É lamentável essa situação”. Zé Leão (PPS) deu boas vindas aos colegas e saudou os grajauenses. Ele também destacou que não teve férias no mês de julho. “Em momento nenhum o vereador Zé Leão parou de fazer o seu trabalho durante o recesso. Eu trabalhei muito mais do que nos meses anteriores. As indicações que eu fiz foram aprovadas e eu agradeço ao nosso prefeito que atendeu onde eu tanto bati e pedi que a administração fizesse o trabalho que está sendo feito na Santa Ifigênia, na Rua Petrobrás, na Santa Mélia que está ali o equipamento do Dr. Gonzaga que atende aquela rua que nem bicicleta passava”. Reginaldo Santos Sousa (PR) destacou algumas de suas indicações. “Quero dizer a você, Zé Leão, que eu também tenho indicações nessa casa, graças a você e aos outros colegas que estão sendo concluídas. Na semana passada, teve início a reforma da ponte de madeira na Rua Antônio Teles; acredito que nesse mês aquele problema estará sendo revolvido. Outra indicação, meus amigos, foi a Praça de Alimentação do Bairro Rodoviário, que antiga-
mente os donos de pontos falavam em vender, mas depois da reforma ninguém mais fala em venda”. Zezinho das Motos (PR) e Telmiston Sousa (PMN) também destacaram os trabalhos realizados no primeiro semestre, além deste último ter frisado, como a maioria de seus colegas, que “nunca parou de trabalhar desde que a Câmara entrou em recesso” e que “tem atendido a população grajauense 24h por dia”. Não compareceram à sessão os vereadores Arão Marizê (PMN) e Remilson das Flores (PDT). Cassação do Remilson das Flores Grajaú de Fato conseguiu falar com Remilson por telefone. No primeiro momento, perguntamos para ele onde se encontrava e recebemos a firme resposta: “Estou em algum lugar, o que vocês querem?”. Respondemos prontamente que queríamos conversar com ele sobre a sua cassação. “Não tenho nada a dizer no momento. Não tem nada definido pela justiça. Estão publicando coisas que irão ter que retirar em breve, pois estão colocando a carroça na frente dos bois”, disparou. Questionado sobre o motivo de não ter participado da sessão que abriu os trabalhos da Câmara, o parlamentar não titubeou. “Porque virei estrela, você sabe que quando a gente vira estrela todos
“Para bom entendedor meia palavra basta”, já diz o ditado. A presença do promotor de justiça, titular da 1ª Comarca de Grajaú, Carlos Róstão Martins de Freitas, na sessão solene que abriu os trabalhos na Câmara Municipal de Vereadores, na manhã desta terça-feira, 6, reflete bem a frase. O promotor foi enfático ao chamar a atenção dos parlamentares para a campanha contra as queimadas, que foi lançada no último dia 1º e não teve o engajamento esperado por parte dos vereadores. O promotor não parecia animado com a Câmara grajauense e fez questão de relembrar os episódios dos protestos que tomaram conta do Brasil inteiro no mês de junho. “Os discursos são fáceis, a teoria é mais fácil ainda. Difícil é colocar em prática. Estamos vendo até hoje estudantes invadindo parlamentos em alguns estados. A Câmara de Vereadores de São Luís é um exemplo. Precisamos mostrar o que os parlamentares estão fazendo em prol da sociedade”. Dr. Róstão completou sua fala pedindo um basta aos discursos vazios. “Não são apenas os discursos que irão mudar os problemas que aí estão. O apoio maior está vindo da Prefeitura. Tivemos o comprometimento de todas as secretarias. Todos dizem que apoiam, mas falta compromisso. O movimento das ruas serve de lição para todos nós. Esse movimento que veio e se alastrou por todo o país mostra que a população está cansada de discursos vazios, apenas. Ela quer ação”.
Cartas dos Leitores- Grajaú de Fato Kathia Rossana - Grajaú - MA
por entre bairros, povoados e
Parabéns pela 2ª edição. Um
cidad-es outras.
verdadeiro sucesso! Continue
e jornalismo de qualidade, se fazia
acontecem em nossa cidade, num
em papel impresso. Assim, quero
JORNAL sério, transparente e
dizer que vocês ganharam, por me-
culto. É com satisfação e curiosida-
recimento, o batismo de sangue,
de que lemos o JORNAL GRAJAÚ
de fazer jornalismo pelo veículo
DE FATO.
mais antigo, elegante, charmoso e
Heider Moraes – Jornal Turma da
barato, que é o papel.
Barra – Brasília - DF Caro Fúlvio: Quero cumprimentar a você e toda equipe do ‘Grajaú de Fato’ pelo lançamento do jornal impresso, ampliando a família “GF”, já que desde 2008 esse bom site grajauense está no ar do qual sou
Expediente
CNPJ: 11.517.678/0001-62 End.: R. Patrocínio Jorge, nº 5, Centro – Grajaú-MA CEP 65.940-000 Fundação: 20 de julho de 2013
leitor desde então. Jornal Grajaú de Fato O Jornal Grajaú de Fato é uma publicação que circula semanalmente no município de Grajaú-MA e cidades circunvizinhas (Sítio Novo, Arame, Itaipava do Grajaú, Formosa da Serra Negra). Tem tiragem semanal de 3 mil exemplares. É publicado pela empresa França Pereira Jornalismo e Comunicações Ltda. Jornalista responsável: Fúlvio Costa (MTB 8.674/DF) Redação: Fúlvio Costa e Francisco Matias Planejamento gráfico: Jovailton Vagner Publicidade e Marketing: Raimunda de Araújo Costa Revisão: Fabrício França Costa Contatos: (99) 8122-2926 (Tim), 9130-8119 (Vivo), 8436-3612 (Claro),9935-8737 (OI) Site: www.grajaudefato.com.br – e-mail: contato@grajaudefato.com.br Gráfica: Top Graf - São Luís-MA - e-mail: atendimentotopgraf@gmail.com
Sou do tempo que jornalismo,
assim registrando os fatos que
Também quero acrescentar que é muito bom ver um jornal nascer e nascer com qualidade. Li o editorial quando vocês citam a realização do “segundo sonho”, que é a publicação do jornal impresso e defendendo, e bem, que enquanto a internet não atinge a todos, a
Peço a Deus que vocês tenham
Francisco Matias e Fúlvio Costa. Maria Cléa de Jesus – Grajaú - MA A reportagem sobre a Biblioteca Publica Municipal Ministro Jarbas Passarinho - Grajaú MA, homenagem que emocionou. Grata, digo em meu nome e da equipe: João Alberto, Francisco Cruz, Angelita Santos Barros, Raimunda Bastos, Fábio Lima, Neuton Lima,
sucesso nesse novo empreendi-
Elana Chaves. As colaboradoras,
mento. Saibam que esse número
Sara e Benedita!
um do jornal GF vou guardá-lo como troféu histórico. Sigam em frente e recebam meu abraço fraternal e de contentamento. Pe. Costante Gualdi – Barretos - SP Fiquei muito feliz em receber a primeira edição do Jornal Grajaú de Fato. Os Grajauenses estão de parabéns por esta nova conquista e para nós, que moramos longe, receber esse jornal nos ajuda a não perdermos as raízes da nossa cidade amada. Que o Senhor abençoe a todos,
tecnologia de papel é necessária e
em modo particular os promotores
importante para levar as notícias
desse novo meio de comunicação:
Lucivane Barros Costa - São Luís-MA Atentem grajauense para as personalidades que fizeram muito por Grajaú. Frei Lauro é uma delas. Francisco Brito – São Luís – MA Grande garoto, Fúlvio Costa, tenho certeza que o seu esforço, aliado à sua inteligência, muito contribuirá para a concretização de um sonho acalentado ainda em solo Brasiliense. Os primeiros passos do Jornal Grajaú de Fato são apenas o início de uma grande caminhada rumo ao sucesso almejado. Aquele abraço.
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Sociedade
“As queimadas desordenadas levaram Grajaú a começar as campanhas contra as queimadas”, relembra ex-secretário de meio ambiente, Fernando Barros
A brigada de incêndios Campanhas tiveram início em 2005. De lá para cá foi criada uma brigada de incêndio PrevFogo/Ibama com 15 brigadistas
Há oito anos nascia a primeira campanha contra as queimadas de Grajaú. Era o ano de 2005 e encabeçava, também na luta a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, cujo secretário era o médico veterinário, Antônio Fernando dos Santos Barros. Entre os anos de 2005 a 2009, período em que ele ocupou a pasta, a campanha se dividia em etapas e tinha divisão de tarefas e responsabilidades entre os diversos setores da sociedade grajauense.
conscientizar sobre o problema”. Queimada x Incêndios Há uma diferença importante a ser observada entre queimadas e incêndios, feita pelos próprios órgãos federais, como o Ibama, que intitulam queimadas como sendo as áreas trabalhadas, mecanizadas ou não, que têm derrubadas, usadas para a agricultura e a pecuária. Os incêndios, por sua vez, são acidentais
“Fazíamos os contatos com as associações de produtores, com os sindicalistas, as escolas e depois com os meios de comunicação. O objetivo era envolver o máximo possível as diversas esferas da sociedade, mas dando responsabilidades a todos”, relembra.
Joeder, com outros colegas, foram a Goiânia e conseguiram levar o Conselho Regional de Corretores de Imóveis para o novo estado. O conselho foi implantado e ele deveria ter sido presidente da entidade, mas acumulava outras funções e indicou um amigo. Hoje, após 20 anos de fundação do conselho, o corretor
Brigadistas grajauenses atuam em incêndio nas redondezas de Grajaú.
explica. Fernando Barros aproveitou ainda a entrevista para parabenizar a campanha do Ministério Público, “Queimadas: o fogo pega, a vida acaba!”, mas fez uma ressalva. A iniciativa é mais do que válida, contudo o MP assume uma campanha que foge à sua responsabilidade. Ao invés de encabeçar a campanha, deveria chamar os diversos órgãos e instituições para assumirem as responsabilidades. De outra forma, quando o promotor for embora, o que acontecerá?”, questionou.
“Durante todo esse tempo, mesmo tendo voltado para o Maranhão, eu nunca deixei de ter atividades imobiliárias no Tocantins. Por isso fui homenageado pelos serviços prestados. Fiquei, inclusive, bastante emocionado porque fui o homenageado exclusivo do evento. Tinha conselheiros do Brasil inteiro presentes. Pessoas que ficaram lá em Palmas todo esse tempo. Ao fim da comemoração do CRECI ( Conselho Regional de Corretores de Imóveis), o reconhecimento à minha pessoa foi enorme. Pois,
Foto: Fúlvio Costa
de imóveis que adotou Grajaú como morada em 2008, volta ao Tocantins para receber um diploma e uma medalha pelas duas décadas de trabalhos prestados àquele estado.
Um dos problemas das queimadas desordenadas é a falta de informação, uma vez que a gravidade causa danos à saúde humana e também à fauna e flora. Fernando indicou as consequências das queimadas no subsolo, onde estão micro-organismos indispensáveis à vida. “As camadas mais profundas do subsolo são atingidas, levando à destruição de micro-organismos fundamentais ao nosso planeta”,
Foto: Fúlvio Costa
Equipe de brigadistas de diveresas regiões do Brasil
Corretor de imóveis, Joeder de Oliveira, ganha comenda no estado do Tocantins Quando da criação do estado do Tocantins, em 5 de outubro de 1988, integrava os pioneiros daquele estado, o corretor de imóveis, Joeder de Oliveira, hoje com 45 anos. Naquela época, como qualquer início de estado da federação, no Tocantins não havia: governo, conselhos, estrutura da sociedade civil, nem mesmo um conselho de corretores de imóveis.
Foi nesse cenário de tentar controlar as queimadas e os incêndios que teve início o papel da brigada de incêndios PrevFogo/Ibama. Em 2008, uma triste página das queimadas em Grajaú, foi necessário o deslocamento de uma equipe composta de brigadistas dos estados do Mato Grosso, Goiás, Tocantins e do Distrito Federal. “Começamos a prever a necessidade de um grupo de brigadistas em Grajaú, principalmente em função das previsões do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) de que nos anos seguintes haveria mais incêndios em decorrência da baixa umidade, do clima, da pouca chuva e do desmatamento”. Após esse ano foi criada a primeira brigada de incêndio de Grajaú. Consequências das queimadas
Foto: Fernando Barros
Mesmo tendo dificuldades com relação aos meios de comunicação da época, falta de internet e transporte precário, o ex-secretário se diz feliz com os resultados alcançados. “Foram as queimadas desordenadas que levaram Grajaú a começar a campanha contra as queimadas. O objetivo maior era fazer a população se
Foto: Fernando Barros
A cultura da queimada em nossa região tem uma motivação segundo Fernando. “As queimadas são práticas comuns em nossa região porque, infelizmente, é o modo mais barato para a limpeza da área a ser cultivada. Por isso é impossível acabar com as queimadas, mas é possível controlá-las”, pondera.
Ex-secretário e entusiasta da causa ambiental no município.
Clientes reclamam de superlotação no Bradesco de Grajaú A superlotação, como de costume, tomou conta mais uma vez da Agência do Bradesco de Grajaú, no último dia 5 de agosto, uma segunda-feira. O que se viu foi pessoas se esbarrando, empurra-empurra, e idosos de pé aguardando sua vez para resolverem seus problemas “na boca do caixa” e nos caixas eletrônicos.
Conselho daquele estado relembra atuação de seus pioneiros
confesso que eu não sabia que era tão importante para a minha classe, uma classe que defendo e luto”, comemora. Joeder é paulista e está no Maranhão desde 1983. Em dezembro do ano passado ele recebeu o título de Cidadão Grajauense, da Câmara Municipal de Vereadores de Grajaú.
Quando a reportagem do Grajaú de Fato entrou na agência, diversas pessoas se manifestaram pedindo para tirar fotos e publicar na internet, dizendo que “é um absurdo um banco prestar serviços dessa maneira”. A lei de espera por 20 minutos na fila também não está sendo respeitada pela agência. Segundo alguns usuários dos serviços do Bradesco, na abertura do banco, houve bastante tumulto de pessoas querendo pegar os primeiros lugares. Filas não existem e con-
Foto: Fúlvio Costa
Foto: Fernando Barros
ou provocados, estes, porém atingem áreas maiores sem controle. É nesse caso que mora o problema.
O desrespeito aos clientes de Grajaú é uma constante na única agência do banco no município.
seguir entrar na agência por volta das 10h30 era quase impossível. Perguntamos a um funcionário se as senhas estavam funcionando normalmente. “Funciona, mas está muito ruim o sistema”, respondeu.
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Negócios
Grajaú ganha a segunda associação de contadores do estado do Maranhão
A nova associação é a segunda do estado do Maranhão. Até então, apenas o município de Santa Inês contava com a organização de classe. O estatuto da classe foi aprovado ainda no mês de maio; a posse da diretoria, porém, deverá acontecer em data a ser marcada, com a presença do presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Maranhão, Heraldo de Jesus Campelo. Um dos principais objetivos da entidade é organizar a classe e oferecer a Grajaú serviços contábeis e informações de qualidade, conforme explica o contador da Acont Contabilidade e presidente da Acongra, Uvandson Silva Sabóia. “A Associação chega para unir forças e trazer benefícios para a classe e, consequentemente, para os demais empresários. Iremos realizar treinamentos para que possamos apoiar
o crescimento do nosso município”, disse. Fernando Sousa dos Santos, da Futura Contabilidade, acredita que a associação levará a sociedade a conhecer o trabalho da profissão contábil. “Com união nós iremos estar mais próximos da sociedade e levar os empresários a conhecer melhor o nosso trabalho. Assim todos ganham”, enfatizou. Além disso, o contador destaca que a associação terá “força e voz para trazer para Grajaú cursos de aperfeiçoamento que levarão todos a ganhar”. O contador da Imperial Contabilidade, Luciano Costa Nascimento, concorda com os colegas e acredita que a associação valorizará e unirá a classe. “Somos conhecidos no cenário estadual e nacional como uma classe bastante desunida, essa é a realidade. Por isso, a partir da organização, conseguiremos estar unidos e trabalhando com mais qualidade e compromisso com as empresas. Acredito que conseguiremos ter o reconhecimento que merecemos”. De acordo com o estatuto da Acongra, são objetos da classe:
Foto: Francisco Matias
Está formada desde o mês de julho a Associação de Contadores de Grajaú (Acongra) composta por seis escritórios: Imperial Contabilidade, Chaves Contabilidade, Acont Contabilidade, Conjur: Contabilidade e Consultoria, Sousa Contabilidade e Futura Contabilidade.
Diretoria é formada por oito contadores, sete homens e uma mulher, Haraynna Kerlly Costa Sousa, da Sousa Contabilidade, que por motivos de força maior não pode compor a fotografia. Criada a Associação, categoria mostra agora a que veio e levará o Grajaú a entender a importância do seu trabalho para a saúde das empresas do município, além de cursos e treinamentos, indispensáveis ao mundo econômico e empresarial em que estamos inseridos.
congregar e apoiar os profissionais da área contábil para disponibilizar o desenvolvimento tecnológico, assim como a sua capacitação através da educação continuada; promover os princípios éticos que devem presidir o desempenho das atividades de consultoria e assessoria contábil; exigir que as execuções dos serviços de assessorias contáveis sejam de acordo com as normas brasileiras de contabilidade; promover cursos e eventos direcionados à classe; despertar o interesse pela pesquisa de assuntos inerentes a atividades de consultoria e assessoria como segmento estratégico da região.
Diretoria da Acongra Presidente: Uvanson Silva Sabóia Vice-presidente: Fernando Sousa dos Santos Secretário: Manoel Maria da S. Chaves Tesoureiro: José Orlando Oliveira da Luz Presidente do Conselho de Ética: Diogo Lins de Oliveira Vice-diretor do Conselho de Ética: Renildo do Jordão S. F. dos Santos Diretor de Marketing e eventos: Luciano Costa Nascimento Vice-diretora de marketing e eventos: Haraynna Kerlly Costa Sousa
Ex-prefeito de Itaipava do Grajaú é denunciado por apropriação indébita e improbidade administrativa contra Previdência dos Servidores Públicos daquele município José Maria da Rocha Torres, ex-prefeito de Itaipava do Grajaú, no último mandato (2008 – 2012) foi denunciado pelo Ministério Público do Maranhão, através da Comarca de Grajaú, representada pelo promotor Carlos Róstão Martins Freitas, no último dia 6 de agosto. A denúncia se deu devido à falta de repasse de contribuições de servidores para o Instituto de Previdência dos Servidores Públicos daquele município no período de 2007 a 2011, portanto, abrangendo parte do seu mandato. O MP ajuizou ainda, na mesma data, ação civil pública por
improbidade administrativa contra José Maria. Após auditoria fiscal feita pelo Ministério da Previdência Social constatou-se que o ex-gestor reteve as contribuições efetivamente descontadas dos servidores públicos de Itaipava. Ele deixou de repassar os valores para a unidade gestora do Regime Próprio da Previdência Social (RPPS). Somente de julho de 2009 a maio de 2011 foram descontados aproximadamente R$ 901.778,36 (novecentos e um mil, setecentos e setenta e oito reais e trinta e seis centavos).
O MPMA concluiu que José Maria omitiu-se, continuadamente, em sua obrigação legal de efetuar os repasses dos valores descontados dos servidores públicos, causando sérios prejuízos ao Instituto de Previdência daquele município. Pedidos Na Denúncia, a 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Grajaú pede a condenação do réu às penas previstas nos artigos 168-A e 71, do Código Penal. A pena para esse tipo de crime, apropriação indébita, é de um a
quatro anos de reclusão mais multa. Como medida liminar, o MPMA requer, na Ação Civil Pública, a indisponibilidade dos bens de José Maria da Rocha Torres. A justiça solicita ainda à Receita Federal a informação da evolução patrimonial e de rendimentos do requerido desde 2009 até os dias de hoje. Também foram requeridas, de acordo com a Lei 8.429/92, que reza sobre improbidade administrativa, a suspensão dos direitos políticos pelo prazo de dez anos, entre outros benefícios.
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Social
Fundada em 1971, sob a égide de levar o carinho e o amor cristão aos hanseníanos
Hoje, 42 anos depois, a Vila continua a realizar o seu trabalho inicial levando o conforto e o amor àqueles que mais precisam. Além de hansenianos, o São Marino acolhe também pacientes com diversas doenças de pele, como feridas venosas e diabéticas. Pessoas que não têm onde se hospedar, também são bem-vindas. A vila oferece espaço e apoio para a pessoa ir e vir ao posto de saúde para fazer o seu tratamento.
O São Marino atende pessoas dos mais diversos estados. Segundo Lizete, há pessoas do Maranhão, do Pará, Mato Grosso, que recebem informações do tratamento oferecido pela Vila. O que encontram é um trabalho oferecido com qualidade que supera as expectativas. “Apoiamos pacientes que vêm de muito longe. As informações correm e as pessoas não hesitam em vir conferir, acabam gostando e retornam”, conta. Há também pessoas mais próximas, que têm um histórico longo de tratamento na Vila como é o caso de José Inácio de Carvalho, 70 anos, que mora em Vitorino Freire (MA) e conhece o lugar desde 1983 quando recebeu tratamento pela primeira vez. Ele é portador da Hanseníase. “O tratamento do São Marino é muito bom, nunca vi igual. Já fui a diversos hospitais em várias cidades, mas não tive resultados positivos. Aqui é um lugar abençoado”, conta.
Foto: Fúlvio Costa
Leva o nome de São Marino porque Mama Lúcia, fundadora do Instituto Secular de leigas Consagradas, Voluntárias da Caridade, ganhou um anel de um bispo na Itália e o leiloou. O maior lance foi dado pela República de San Marino, naquele país, que revestiu parte do dinheiro na construção da vila que tem como principal função cuidar de hansenianos em Grajaú.
da ao Instituto das Voluntárias da Caridade. Lizete é baiana de São José das Matas e pós-graduada em gestão em saúde. Um dos seus primeiros trabalhos, assim que chegou ao São Marino, foi alavancar o projeto da panificadora que hoje vende pães para instituições e empresas de Grajaú e tem o faturamento de R$ 2.000,00 (dois mil reais) por mês. É pouco para a quantidade de trabalhos que a vila desempenha e para cobrir as despesas.
Leiga consagrada se doa há 12 anos ao projeto abraçado pela Diocese de Grajaú
Coordena os trabalhos da Vila há 12 anos, Maria Lizete de Jesus Santos, leiga consagra-
Marizete Alves da Silva, 56, também elogia o tratamento. Ela diz que chegou a acreditar que teria o pé amputado de tão grave que era sua situação. Primeiro recorreu aos hospitais de Grajaú, sem êxito, pois as feridas só aumentavam. Sua situação começou após ela sofrer um acidente de moto há pouco mais de seis meses. Uma ferida se criou e só aumentou.
“Passei mais de dois meses indo ao hospital, mas o ferimento só piorava. Já estava numa situação de mau cheiro, na carne viva. Cheguei a pensar que teria o pé
amputado, mas encontrei o São Marino e agora estou quase sarada”, disse. “O amor aqui é visível. Estou muito satisfeita, pois a nossa enfermeira, a Elisana, faz o trabalho por amor e cuida da gente muito bem”, afirma elogiando a técnica em enfermagem da Vila, Elisana Viana de Oliveira, que trabalha no lugar há cinco anos.
Só o amor explica o trabalho realizado pela Vila São Marino há 42 anos
A entidade tem tido a colaboração da população grajauense, segundo Lizete, mas é preciso levar ao conhecimento de mais pessoas. “A boa vontade é muito bem-vinda. Temos, por exemplo, a Dr. Ana Riso que atende aqui na Vila e nos dá total liberdade de levar pacientes ao seu consultório; há pessoas também que depositam dinheiro para que possamos continuar os nossos trabalhos”, agradece. Desafios A parte financeira é um ponto superado mês a mês na Vila São Marino. Como acolhe pessoas todos os meses, seja para passar temporada ou para ser tratadas por um longo período, o dinheiro precisa ser devidamente calculado para que se consiga realizar a missão que desempenha junto à pessoa humana. “Não falta o dinheiro, mas temos dificuldades e nós contamos com os benfeitores para que não deixem de colaborar”, diz Lizete que disponibiliza uma conta bancária àqueles que querem colaborar com qualquer valor. O dinheiro cai na conta da Diocese de Grajaú, mas é revestido ao São Marino. Bradesco AG 723-4 Conta Corrente 9322-9 Diocese de Grajaú As pessoas também podem doar alimentos
na própria Vila. Apoio e perspectivas Estudantes do curso de Serviço Social da Uniderp desenvolvem um projeto para que 0,05% do Fundo de Participação do Município (FPM) seja revestido à Vila São Marino. O projeto, depois de concluído, precisa passar pela Câmara Municipal de Vereadores. Se aprovado, o equivalente a R$ 15.000,00 (quinze mil reais) será destinado ao São Marino. Outro projeto é desenvolvido junto aos bancos, para que contribuam através de seus funcionários, clientes e associados. “Eu acredito em nossos vereadores e tenho certeza que esse projeto será aprovado. Também acreditamos que os bancos podem muito bem fazer esse trabalho social”, torce Maria Lizete.
Foto: Francisco Matias
Foto: Francisco Matias
A 2 km da zona urbana, à margem direita do Rio Grajaú, está a Vila São Marino, uma instituição da Igreja Católica fundada em 19 de março (Dia de São José) de 1971, quando era bispo da Prelazia de Grajaú, dom Adolfo Luís Bossi.
Foto: Fúlvio Costa
Vila São Marino: um projeto social que precisa da sua ajuda
José Inácio conhece a Vila São Marino desde 1983 quando recebeu tratamento pela primeira vez.
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Regional
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Alto Brasil está preparado para se tornar cidade? Conheça os
Lideranças do Alto Brasil, além de vereadores de Grajaú e demais políticos interessados na criação do novo município, acompanharam de perto as discussões e comemoraram a aprovação do texto pela Câmara. Naquele povoado foi feita uma eleição e criado o Comitê Pró-Criação do Município de Alto Brasil, cuja responsabilidade é estruturar e organizar as comunidades que farão parte da possível cidade, levantando a bandeira a favor do desmembramento de Grajaú. O objetivo agora é estudar argumentos que levem a população de todo o município mãe, no caso Grajaú, a apoiar a causa, pois o projeto determina algumas exigências: antes, vai ser preciso comprovar, através de estudo, se o Alto Brasil tem recursos, população e infraestrutura suficiente para se desenvolver com as próprias pernas; os moradores de Grajaú serão consultados em plebiscito no próximo ano. Só depois é que a Assembleia Legislativa do Maranhão irá oficializar a criação da nova cidade. O texto, porém, ainda passa por outro processo: volta a ser analisado pelo Senado de onde saiu em 2008 quando foi aprovado por esta casa e pela sanção da presidente Dilma Rousseff.
Não é a primeira vez que o Alto Brasil se mobiliza para se tornar cidade. Há 17 anos já se lutava pela criação no episódio que ficou conhecido por Farra dos Municípios, onde concorreram também Itaipava do Grajaú e Formosa da Serra Negra emancipados em 1994 e 1997, respectivamente. A luta reacendeu há três anos e, de lá para cá, o grupo que hoje compõe o Comitê Pró-Criação da cidade de Alto Brasil já fez mais de 30 viagens a São Luís
De acordo com o ex-vereador Porfírio dos Santos Neto, Alto Brasil está preparado e preenche todos os requisitos exigidos pelo projeto aprovado pela Câmara Federal: “Temos mais de 5.056 habitantes, só na sede. Em toda a extensão da redondeza que comporá o novo município, temos mais de 13 mil; todas as localidades que comporão o município têm escolas; na sede contamos com três do ensino fundamental e uma pré-escola; há também um anexo do ensino médio do Comitê Pró Alto Brasil recebe a reportagem do Jornal Grajaú no fim da tarde do dia do dia 6 de agosto, naquele povoado Colégio Nicolau Dino e uma Apoio universidade à distância que funciona nos fins de semana. Ao Apoiam a criação do novo município, diversos políticos, nos todo, 37 povoados irão compor a nova cidade”, enumera. âmbito municipal, estadual e federal. Grajaú de Fato entrevistou A economia de Alto Brasil é movida, essencialmente, pela alguns vereadores da Câmara Municipal que sinalizaram pelo agropecuária. Cultivo de soja, produção de leite e a presença sim. “Com certeza o novo município será criado. Nós apoiamos de empresas de plantação de eucalipto empregam a população a causa e vamos lutar pela emancipação”, afirmou o vereador Zé local. As fazendas estão bastante presente, como é o caso da SoLeão (PPS) na abertura. berana, forte na criação de gado. O nascimento anual, na região, passa de seis mil cabeças. Com a criação da nova cidade, a população local tende a ganhar, pois mais empregos são gerados, a saúde e a educação se tornam próximas e a implementação de políticas públicas pode ganhar um novo viés, uma vez que a administração municipal pode ser cobrada in loco.
Foto: Comitê
Para vencer cada etapa do longo processo, o Comitê de Criação já deu início aos trabalhos, fazendo visitas às comunidades, deslocando membros da diretoria, formando grupos nos povoados, com o objetivo de alcançar o maior número de adeptos do Sim, pela criação da nova cidade.
e Brasília.
Foto: Francisco Matias
O dia 4 de junho de 2013 marcou o início de um novo tempo de esperança na página de cerca de 400 povoados, Brasil afora, que guardam o desejo de se tornarem cidades independentes. Entre eles, o Alto Brasil, que fica a 45 km de Grajaú. É que a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do projeto de lei que poderá criar novas cidades brasileiras. O documento estabelece a incorporação, fusão, criação e desmembramento de municípios. Determina ainda que distritos poderão se emancipar após a realização de um plebiscito.
Comitê vai a Brasília reivindicar um antigo anseio do Povoado Alto Brasil: o desmembramento de Grajaú.
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Regional
s prós e os contras da criação de um novo município no Brasil 22 prédios públicos 113 alunos na Pré-Escola 356 alunos no Ensino Médio 5.056 habitantes na sede 13 mil no município 36 povoados 35 povoados com iluminação pública 3 Igrejas 3 rios banham o Alto Brasil (Grajaú, Corda e Mearim)
136 km de extensão 3 grandes empresas (G5 Agropecuária, JS Florestal e Susano)
4 casas de material de construção 3 farmácias de grande porte 1 Posto de Saúde
Mãe Delu, uma pioneira que aprendeu a amar o Povoado Alto Brasil no amargo da dor Era o ano de 1969 e o país fazia os últimos preparativos para participar da Copa do Mundo de Futebol no México. Maria de Lourdes Araújo Costa, 78 anos, se preparava para deixar a cidade de Codó e morar no Alto Seco, o primeiro nome do hoje Povoado Alto Brasil, que se prepara para ser emancipado. Não havia nada no lugar: água, comida, quitandas. Até as pessoas eram poucas. Maria de Lourdes, conhecida por Mãe Delu, na época com 36 anos, ao chegar, quis dá a meia volta e retornar de onde veio, mas não foi mais possível. “Fomos enganados. Viemos com a promessa de que havia trabalho e fartura por aqui, mas não foi o que encontramos. Não havia ‘budegas’, nem água que só encontrávamos na Ingarana e na Cana Brava (povoados) e até farinha, meu marido falecido se deslocava para o São Pedro dos Cassetes 5h da manhã e voltada às 17h”. Mãe Delu é uma figura conhecida por todos no Alto Brasil. Além de pioneira do lugar que hoje ela ama e não deixa por nada, é também a principal parteira do povoado. Garante que já fez mais de cinco mil partos dos 19 anos até hoje. “Nunca deixei de fazer partos. As pessoas confiam em mim porque eu os realizo com amor”. A parteira diz que já passou tudo que um ser humano pode sofrer na vida: fome, sede, dormiu ao relento. Viu os sete filhos adoecerem todos de uma só vez, lavou roupa com água aparada de um buraco no chão e já esteve cega por um período. Mãe Delu aprendeu a amar o Alto Brasil na dor. Ela estudou apenas o básico e só sabe ler e escrever, pois a mãe morreu quando tinha apenas 12 anos. O marido, Sinval Araújo, ainda trabalhou para o Batalhão de Engenharia de Construção (BEC) fazendo estradas. Durante a entrevista, dona Delu começou a rir sem dizer o motivo. Questionada sobre a alegria, ela explicou: “Esqueci-me de contar um episódio. Uma vez estávamos sentados eu e meu marido na porta de casa. Eu chorava e ele me perguntou se eu queria voltar para Codó, tamanho era o nosso sofrimento aqui e eu lhe respondi: só se for de urubu porque é só o que vejo nesse lugar; nem carro passa aqui, como é que vamos embora?”, contou. Em 1970 o Brasil vencia a Copa de Futebol. Alto Seco passou
Foto: Francisco Matias
Números da sede do município
Mãe Delu é uma figura conhecida por todos no Alto Brasil. Além de pioneira do lugar que hoje ela ama e não deixa por nada, é também a principal parteira do povoado.
a se chamar Alto Brasil pelos poucos moradores, segundo dona Delu; na época, só havia seis casas no lugar. O nome Alto Brasil foi motivado pela geografia do povoado, que fica no alto de um monte e por a seleção brasileira de futebol ter vencido a Copa do México. A princípio foi chamado de Alto Brasil 70. Hoje, mais de 30 anos depois, a parteira não troca o Alto Brasil por nenhuma cidade. Tem 40 netos e mais de dez bisnetos. Já foi a Brasília diversas vezes e sonha ver o povoado cidade. “Com fé em Jesus o Alto será emancipada. Já temos condições, aqui é bonito e tem muita gente e acredito que a Dilma, os deputados e o prefeito não serão contra”. Uma creche às margens da BR-226, no Alto Brasil, leva o nome de Mãe Delu, em reconhecimento aos trabalhos de parto que fez durante toda a sua vida.
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Prefeitura Municipal
Um total de 2.780 funcionários trabalha diretamente em prol da melhoria da educação. Destes, 1.902 são professores e 878 trabalham no administrativo, distribuídos em 160 escolas nas zonas urbana e rural. Os alunos:20.246 são atendidos na Rede de Ensino do Município. A folha de pagamento mensal da educação soma R$ 3.315.292,59 (três milhões, trezentos e quinze mil, duzentos e noventa e dois reais e cinqüenta e nove centavos). Nesses primeiros meses de gestão, escolas foram e estão sendo reformadas, ampliadas e/ou construídas; salas foram e estão sendo climatizadas, proporcionando espaços confortáveis. A merenda escolar é definida por uma equipe de nutricionistas, que busca ofertar aos alunos alimentação balanceada, saudável e de qualidade, com frutas, verduras, legumes e carnes.
Foto: Fúlvio Costa
Pagamento dos salários em dia e respeito à classe que é responsável pela formação de milhares de pessoas em nosso município são realidades na atual administração municipal de Grajaú. A prova da afirmação está nos números.
Foto: SECOM Prefeitura de Grajaú
A educação de Grajaú tratada com o respeito e a seriedade que a população merece
Creche Pró Infância em Construção no Povoado Alto Brasil
Em média, o investimento mensal é de R$ 284.000,00 (duzentos e oitenta e quatro mil reais). O transporte escolar é regular e conduz alunos tanto dentro da zona rural como os trazem para a cidade. Uma frota de oito ônibus escolares e 78 camionetes, somando 86 veículos, faz este transporte e em breve mais oito ônibus estarão disponíveis para a comunidade estudantil. O material didático é ofertado em parceria com o Governo Federal por meio do PNDE e neste ano, o município, com recursos próprios, comprou e distribuiu 1.126 kits para alunos da modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) e 3.240 kits escolares para a
Entrega de Kit EScolar do Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA)
Educação Infantil. Do programa Pró Infância do Governo Federal em parceria com o município, já funciona uma creche e estão sendo construídas mais duas em contrapartida do município nos povoados Alto Brasil e Remanso. Nas escolas Caminho do Futuro no bairro Vilinha e Sirino Rodrigues no povoado Remanso estão sendo construídas quadras poliesportivas cobertas. Entenda-se que a educação não é um trabalho pronto e acabado, contudo, as conquistas e melhorias podem e devem ser buscadas a cada dia.
Kits EJA - 1.126
Educação infantil - 3.240
Alunos beneficiados com transporte escolar - 7.062 Administrativo - 878
Professores - 1.902
Alunos na rede municipal de ensino - 20.246
Funcionários da educação - 2.780 Quantidades de transportes - oito ônibus do município do Programa Caminho da Escola; 78 carros alugados, e, em breve, chegarão mais oito ônibus que estão comprados. Folha de pagamento - R$ 3.315.292,59
Curiosidade
Foto: Fúlvio Costa
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Fachada do prédio denuncia uma empresa que foi vencida pelo tempo. Prédio é ambiocionado por grandes corporações presentes em Grajaú
Armazém Novo: uma empresa que observa as mudanças do mercado e do tempo Aos 29 anos, José Rodrigues, hoje no alto dos seus 67 anos, fundava o Armazém Novo, na Rua São Paulo do Norte, no centro da cidade. O ramo: venda de tecidos. O empresário não diz, mas provavelmente o nome da sua loja foi inspirado no Armazém Paraíba, empresa que ele trabalhou em Teresina (PI) entre os anos de 1969 e 1975 a quem ele agradece pelo aprendizado que obteve.
A década de 1980 foi a época de ouro para o Armazém Novo. A loja chegou a ser referência no ramo de tecidos em Grajaú. O movimento era intenso na época e o proprietário contava com 15 funcionários. Como poucos pensam, a decadência da empresa aconteceu de propósito, segundo conta José Rodrigues. “Foi um período muito bom, ganhei muito dinheiro, mas cansei de ‘estar para lá e para cá’, por isso resolvi vender as lojas das outras cidades”, disparou. A loja de Balsas, que funcionou na Praça Balduíno foi vendida para Wilson Mateus, proprietário do Grupo Mateus; a loja de Açailândia para um empresário de nome Benjamin, conhecido por Zé da Ema e a de Tasso Fragoso para um empresário local.
Foto: Fúlvio Costa
Na década de 1990 o Armazém Novo ainda apresentava força, mas aos poucos foi deixando de ser uma referência. Nos anos 2000 já era apenas um comércio vazio, sem renovação de estoque e o mercado da cidade só crescia e se desenvolvia. Essa evolução e perda de espaço tem sido acompanhada por José Rodrigues que vê com alegria e esperança o crescimento de Grajaú. “O desenvolvimento chega de uma maneira surpreendente. De dez anos para cá muita coisa mudou e temos ainda o gesso com uma reserva incalculável, a agricultura e a pecuária, além da lavoura”.
Proprietário do Armazém Novo, Sr. José Rodrigues, assiste à evolução de Grajaú enquanto tece suas redes de pescar
“Foi um período que despertou um aprendizado muito bom porque o Paraíba é uma grande empresa que se funcionário trabalha de maneira correta, evolui profissionalmente. Por sinal, temos várias empresas em Grajaú que surgiram após os donos trabalharem para o Grupo: Feirão dos Móveis Magazine; Casa Lins; Lojas Sorriso; Bazolão e outras”, disse Rodrigues que trabalhou diretamente com o dono do Paraíba, João Claudino. Grajaú de Fato se interessou em contar a história do Armazém Novo porque se trata de uma das lojas mais antigas da cidade ainda em atuação. É também uma empresa questionada por quem bate-pernas pelo centro: poucos artigos expostos, fachada ultrapassada e apenas um ou dois funcionários que são os próprios donos. Outra, ocupa um prédio de 400 m² ambicionado por grandes empresas, conforme você verá nas próximas linhas. José Rodrigues começou a empreender em Grajaú vendendo em sacola como mascate. Pouco tempo depois adquiriu uma parte do prédio da sua loja, que antes era uma garagem do Sr. Dorival Azevedo e construiu o que ainda hoje é o Armazém Novo. O negócio deu certo, Rodrigues comprou a outra parte do prédio que dá de fundos com a Rua dos Vicentinos e pouco tempo depois estendeu o empreendimento para outras cidades: Balsas, Açailândia e Tasso Fragoso.
O empresário dá expediente todos os dias na última loja que lhe restou, de segunda-feira à sexta-feira, das 8h às 17h30 motivado apenas pelo objetivo de deixar o estabelecimento aos filhos. Um deles, que mora em Brasília, já deu sinal ao pai que retornará a Grajaú para trazer o negócio ao mercado. “Ele quer prosseguir no ramo de tecidos, confecções, calçados e artefatos”, comenta o Sr. Rodrigues que já chegou a comprar nos anos de 1980 dois carregamentos de tecidos por mês quando o movimento em sua loja era invejável. De acordo com ele, as pessoas, antigos clientes e amigos, pedem o sortimento do estabelecimento como outrora. Com o pouco movimento, resta ao tranquilo José Rodrigues, que hoje tem duas fazendas, uma na Bela Estrela e outra no São Rafael, apenas continuar os trabalhos no Armazém, segundo ele, aguardando o momento de passar aos filhos. “Meu objetivo com a loja é apenas deixar uma chama acesa do empreendimento que já foi um dia tão importante para Grajaú. É uma relíquia que irei guardar para deixar aos meus filhos. Não vendo porque não quero me isolar; aqui eu passo o tempo”. Na loja, o empresário “passa o tempo” confeccionando redes de pesca, tarefa que ele faz por prazer e intitula de ‘terapia ocupacional’. “Faço as redes diariamente. Quando eu estou preocupado com alguma coisa, passo 20 ou 30 minutos tecendo e pronto, o estresse vai embora. Para mim é uma terapia ocupacional”. Propostas de compra do estabelecimento O prédio do Armazém Novo tem 400 m², fica de frente a duas ruas, São Paulo do Norte e dos Vicentinos e tem estrutura pronta para receber quatro pavimentos. Por isso, é um imóvel valorizado que hora e outra recebe propostas de compra por parte de grandes empresas. “O Banco Bradesco já me ofereceu R$ 1.000.000,00 (hum milhão de reais). O mesmo valor foi oferecido pelo Grupo Liliane de Imperatriz, mas eu não pretendo negociá-lo”, garante.
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Colunistas
Não faltam médicos, falta plano de carreira “O levantamento demográfico da medicina no Brasil, publicado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em fevereiro, indicou que no nosso país o número de médicos cresceu 74%, na relação por 1.000 habitantes, de 1980 a 2012. Hoje se conta com 2 médicos para cada 1.000 habitantes, enquanto em 1980 a proporção era de 1,15. A meta proposta pela Frente Nacional de Prefeitos é de 2,75 por 1.000 habitantes no prazo de dez anos, o mesmo índice da Inglaterra. Esse crescimento desejado será consequência natural em face do número de inscrições nos Conselhos Regionais de formados pelas 201 faculdades existentes: de outubro de 2011 a outubro de 2012 se inscreveram 16.227 novos médicos”. Como visto anteriormente, o problema relacionado aos médicos brasileiros não é falta desses profissionais, mas sim a distribuição desigual deles. Ora, um médico não quer trabalhar em hospitais onde faltam: leitos, medicações, exames de imagens, instalações, e sem falar na falta de vínculo empregatício para essa classe profissional que vão trabalhar nos interiores do Brasil sem contrato, sem garantia de que vai receber os seus salários em dia, dentre outros. Logo, o que está em jogo, não é o desinteresse nem a carência de médicos, mas o desinteresse das autoridades em promover a fixação desses profissionais nos locais mais distantes.
munícipio há 13 UBS (Unidades Básicas de Saúde) cada uma, muito bem assistida por seus médicos e pelas suas equipes de saúde da família, mesmo sabendo disso, a gestão solicita 13 médicos do programa governamental, para tentar assistir a população grajauense. Qual seria a verdadeira intenção do munícipio? Demitir os 13 médicos ali empregados e perder o vínculo trabalhista com esses profissionais? Ou aumentar a oferta de médicos para a população? Seja a primeira ou a segunda pergunta a intenção do munícipio, mesmo assim, a nossa gestão agiu de maneira equivocada, pois o ideal seria melhorar as estruturas das Unidades Básicas, para que os agravos da saúde fosse solucionados ali, sem haver a necessidade de se deslocar para outro hospital mais complexo, ou para cidades mais distantes. Obviamente que não podemos esquecer dos estrangeiros, pois como sabemos, o ensino ao qual são submetidos nas escolas latino-americanas deixa muito a desejar, então, para confirmar isso basta o relato do ex-presidente do CFM, Edson de Oliveira Andrade, que após uma visita à ilha assinalou: “Os médicos recém-formados em Cuba não conseguem aprovação nas provas de revalidação de diplomas no Brasil porque a sua formação é deliberadamente limitada, com ênfase nos cuidados básicos - importantíssimos por certo, porém insuficientes para o exercício de uma medicina plena, como precisamos e exercemos no Brasil”.
Contudo, malgrado a esse cenário, o governo brasileiro de maneira demagógica, por meio do programa Mais Médicos, permitiu o exercício da medicína aos formados no exterior, sendo a estes desnecessária a revalidação do diploma. Eliminando a necessidade de avaliação de médicos, brasileiros ou estrangeiros, formados no exterior. Entregando assim a saúde pública, com cegueira deliberada, a uma aventura de estudantes mal sucedidos em vestibulares no Brasil, médicos esses, formados na Bolívia, na Argentina e em Cuba, em cursos reconhecidamente sofríveis.
Logo, seja em Grajaú ou nos demais munícipios brasileiros, não é contratando médicos estrangeiros com enormes salários que iremos fixá-los no interior do país e resolver o problema da saúde no Brasil. Pois isso só será possível quando duas coisas básicas e comuns estiverem disponíveis: Concursos públicos para estabelecimento de vínculo empregatício, consoante a uma carreira de estado, que observe os méritos dos profissionais, associados à estrutura física devida para o perfeito exercício da Medicina, pois não adianta ter milhares de médicos se faltam leitos, medicações, e, principalmente, compromisso da gestão pública.
Sabendo disso, o amigo leitor, deve se perguntar: o que isso tem a ver com a realidade grajauense? Tem muito a ver. Em nosso
Paulo Roberto da Silva Marques, Acadêmico de Medicina, do 7º Período da Universidade Ceuma.
Paradoxos Grajauenses Este inculto ensaísta resolveu compartilhar alguns rápidos pensamentos que, vez ou outra, roubam-lhe a atenção. Trata-se de um mero exercício da faculdade intelectiva, sem nenhum compromisso, mas que, por algum motivo, deseja ser compartilhado. Talvez como forma de garantir a sua existência, certamente efêmera, nesta época em que tudo é fluido. Seguindo essa rota, alerta-se que não há nenhum rigor, nenhuma crítica, nenhuma pretensão que não seja o simples desejo de expor essas nômades inquietações. A vida em Grajaú, como em qualquer outro lugar do mundo, possui peculiaridades dignas de nota. Afinal, nossa cidade conta mais de duzentos anos, está situada em um país e em um estado singulares, com riquezas a perder de vista e é habitada por um povo inconfundível. Talvez seja esse o contexto sobre o qual me apoio quando sigo com as reflexões vindouras. Vivo a me perguntar, por exemplo, qual a razão de todas as grandes obras de infraestrutura nos darem a impressão de sempre terem existido? É tão fácil
nós reprovarmos e sabotarmos a nós próprios quando pensamos em grandes trabalhos destinados à nossa cidade. Sempre nos vem à cabeça: é muito caro; é muito difícil; quem sabe nos outros duzentos anos? No entanto, dando seguimento aos sonhos que habitam os desocupados, pergunto-me então: como é que foi construída a famosa ponte de tábua situada no centro da cidade? Referência arquitetônica em vários sentidos, está lá, aparentemente, desde sempre. E todo o calçamento do centro da cidade feito de pedras, colocadas uma a uma? Também parece sempre ter existido. A nossa grande Catedral, a outra ponte, a de cimento, o sistema central de abastecimento de água. Se precisarmos desconsiderar tudo isso, retornaremos a um tempo que, para boa parte de nós, é imemorável. Temos a perniciosa impressão que tais elementos sempre existiram em nossa cidade e não mais a compreensão que foi fruto do labor humano. Por que era possível antes e não o é mais hoje? Será que era mais fácil realizar todas essas obras em um remoto passado? Será que os antigos possuíam mais instrumentos, maquinário e material apropriado? Recuso-me a acreditar nessas possibilidades. O problema disso
Deuzuíta Uma história real (Parte I)
Subindo serras e descendo baixões, apreciando as belezas do cerrado, das chapadas e do agreste grajauense, na região da Soberana e Pau Ferrado, vamos encontrar o Manelão, homem rude do sertão, mãos calejadas pelas asperezas das enxadas e das foices, a pele queimada pelo sol escaldante. Além das cinco vaquinhas de leite, dois cachorros de caça e algumas cabeças de galinha, Manelão tinha uma roça de cinco linhas de onde tirava o sustento da família. Balbina, sua esposa, mulher prendada, boa cozinheira, acostumada a fazer galinha caipira e apanhar pequi na chapada, não se aborrecia com nada e cuidava da família com zelo típico da mulher sertaneja. Edileuza, a filha do casal, era uma menina alegre, inteligente e vivia a explorar as cercanias da casa. Ali era seu mundo, sem brinquedos e sem a companhia de outras meninas. Sua diversão era brincar com os cachorros já adultos e sem muita disposição para correrias, e um velho papagaio que de tão velho já não dizia coisa com coisa. A casa feita de taipa e coberta de palha de piaçaba mal dava pra abrigar a família. Era pequena, mas sempre limpa, a sala bem arrumada, a cantareira com potes sempre areados. O fogão à lenha estava sempre aceso para manter quente o bule de café. A região onde a humilde família vivia era rica em caça: peba, tatu, cotia e queixada tinha à vontade. Pequi, bacuri, angico, ipê, candeia e aroeira, apesar da ação contínua e cruel dos madeireiros ainda se achavam naquelas paragens que já começavam a aprender a conviver com o cultivo do eucalipto e a presença constante de estranhos a construírem fornos e mais fornos de carvão, feitos com os restos dos desmatamentos que ainda hoje assolam o município. Manelão, todo final de semana, saía para caçar ou “esperar” no afã de encontrar mais uma fonte de alimento para sua família. Era esperto e experiente nessa arte e conhecia bem as flores da temporada de caça e os pontos de bebida dos animais. Apesar da valentia, temia a onça-pintada que reinava por ali. Numa dessas caçadas se depara com um grupo de macacos pregos, que fazia um barulho ensurdecedor. Com a cautela costumeira, o caçador toma a “pro fora”, conhecida arma de fogo, mira com cuidado e com um tiro certeiro abate um dos grandes. Satisfeito com o resultado, vai com cuidado ate o animal abatido e para a sua surpresa e tristeza vê que tirou a vida de uma fêmea e para maior tristeza ainda percebe que agarrada às costas da velha mãe está uma “macaquinha” recém-nascida. Continua... Antonio Fernando dos Santos Barros, membro da Academia Grajauense de Letras e Artes
tudo é que perdemos, gradualmente, a credibilidade na nossa força de trabalho, no nosso poder de transformação. Acomodamo-nos. Em razão do limitado espaço desta edição física, obrigo-me a suspender nossa conversa por aqui. Rogo, contudo, ao paciente leitor que não interprete tal ação como uma falta de cortesia. Cuida-se, tão somente, de um convite para continuarmos nossa conversa em local mais adequado. O ensaio completo está publicado no site deste jornal. Até já. Guilherme Ferreira Cezar
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Utilidade Pública
Foto: Fúlvio Costa
Enfim, começam as reformas de um dos principais cartões postais de Grajaú, a Ponte de Madeira
Trabalhos tiveram início na quarta-feira, 14 de agosto, um momento histórico registrado pelas lentes do Jornal Grajaú de Fato
Chega ao fim o perigo por que passam os transeuntes que usam a Ponte de Madeira diariamente. Após vários anos de reclamações e promessas, um dos principais cartões postais da cidade ganhará uma nova página depois de mais de 41 anos de existência. Segundo o chefe de gabinete do prefeito Júnior de Sousa Otsuka, José Edilson Camilo de Sousa, dentro de 120 dias, a empresa Arantes e Borges Ltda, de Araguaína (TO), que venceu a licitação, concluirá os trabalhos que começaram no dia 14 de agosto. “Atendemos às reivindicações da população que pedem a reforma da ponte, uma vez que corre grande risco. A Defesa Civil nos alertou também e nos comunicou do perigo dela, e, o prefeito preocupado com a integridade física das pessoas, determinou que viéssemos colocar em prática o orçamento que já está licitado e aprovado para a obra”, disse o chefe de gabinete. Perguntamos o valor da obra, mas o Edilson informou que a placa com esta e outras informações será exposta no loca, após a reforma. O coordenador de Defesa Civil, Wendel Bioca, explicou como será dado o processo de passagem da população que utilizará a ponte durante sua reestruturação. “Com o objetivo de preservar vidas, interditamos toda a área do entorno da ponte e a travessia será feita pela ponte do Canecão. Como a ponte estava, oferecia sérios riscos e era praticamente intrafegável”, afirma. Nelson Oliveira Alves, engenheiro responsável pela obra, também relata como será todo o processo de reforma da ponte. “A ponte será totalmente revitalizada e receberá uma estrutura melhor, com pilares de concreto, dando um reforço estrutural na parte central, e no balanço que acontece quando muitas pessoas passam por ela. Contará também com um muro de arrimo na parte inferior que levará a estrutura a ter uma vida útil maior do que se fosse de madeira”. De acordo com ele, o projeto original não sofrerá mudanças. “Continua a estrutura com cabos de aço para não tirar a parte estética que sempre teve, mas o reforço será todo em concreto armado”. A nova ponte irá também desafogar o trânsito na ‘Ponte de Cimento’ na BR-226, segundo o secretário de meio ambiente, Raimundo Sabóia. “A nova estrutura irá possibilitar a passagem de carros de passeio, motocicletas e pedestres. Estes terão duas passarelas de 1,20 m de largura”, garante. Ainda segundo o secretário, o meio ambiente não sofrerá nenhuma ameaça com a reforma. “Em nada iremos afetar o meio ambiente, pelo contrário, iremos com a nova estrutura proteger o leito do rio”. O corretor de imóveis, Joeder de Oliveira, vem fazendo um
apelo pela reforma da ponte desde 2008, quando veio morar em Grajaú. Já estendeu faixas três vezes na velha estrutura, sendo que a última ocorreu no início deste mês. Ele esteve no último mês de junho visitando a ponte com o prefeito Júnior de Sousa Otsuka e comitiva, que garantiu a reforma. Em entrevista ao Grajaú de Fato, o prefeito também havia garantido que para as obras de reforma tivessem início, seria necessário apenas tempo. “Estamos concluindo o projeto de recuperação para todas as pontes de madeira de Grajaú. Esse projeto tem um cronograma físico e financeiro para que possamos executar e apresentar em audiências públicas porque não podemos fazer uma despesa sem um planejamento”, garantiu. O site deste jornal publicou mais de dez matérias referentes ao perigo na ponte, quando ainda era prefeito Mercial Lima de Arruda.
Opiniões dos transeuntes Osmar Fernandes Peixoto, proprietário da Construtora Peixoto Sou empresário e entendo de obras. Aqui precisa de outra ponte porque o material que temos é muito velho, desgastado e em péssimo estado. Do meu conhecimento adquirido com prática, aqui deveria ter outra ponte. Essa oferece muito perigo à população. A estrutura apodreceu e há um risco muito grande. Deveriam começá-la de baixo para cima, mudando totalmente o material.
COMUNICADO Grajaú-MA, 17 de agosto de 2013 LOJAS ELETROSAT COM. VAREJISTAS DE MOVEIS, solicita o comparecimento do senhor ROMILDO MARTINS DE SOUZA, portador da CTPS Nº 82988, série 005, ao estabelecimento desta empresa,no prazo de 2 (dois) dias, para tratar de assuntos de seu interesse.
Drogarias de Plantão – 17 a 24 de agosto Sábado, 17 – Vitta Farma: Rodovia BR-226, 889 A, Km 421- Canoeiro Domingo, 18 – Drogaria Lucas: Rua das Tulipas, QDA 03, 16 – Cohab Fone: (99) 3532-7511
José Alves da Silva, fotógrafo Precisamos urgente da reforma porque está perigoso demais. Eu passo aqui quase todos os dias porque eu trabalho com fotografias e sempre tenho que vir ao centro fazer revelações. Ao passar pela ponte sempre procuro lugares para pisar porque está muito feia a situação. Está ruim mesmo. Precisa de uma reforma geral; só o reparo não adiantará. Passo por ela há 30 anos e nunca vi uma reforma geral. Manoel de Jesus Silva Loiola (Pinto), pedreiro Se acontecer a reforma, chega em boa hora. Há 22 anos moro em Grajaú e nunca foi feito nada eficiente. Já colocaram tábuas diversas vezes, mas com 15 dias depois se soltavam umas e quebravam outras. Nunca foi feito nada sério até hoje. Para nós que moramos na Trezidela, corremos um risco muito grande com a ponte nessa situação.
Segunda-feira, 19 – Drogaria Veloso: Avenida Brasil – Canoeiro Fone: (99) 3532-943 Terça-feira, 20 – Lopes Farma: BR-226, 340 – Vila Viana Fone: (99) 3532-6091 Quarta-feira, 21 – Pronto Farma: Rua Felinto Santos, 135 – Canoeiro Fone: (99) 3532-7605 Quinta-feira, 22 – Drogaria Lúcia: Avenida Edison Lobão, 222 – Vilinha Sexta -feira, 23 –Drogaria Esperança: Rua José R.da Costa,QDA 01,O4 – Cohab - Fone: (99) 3532-6954 Sábado, 24 – Unifarma II: Rua Ayrton Senna,368- Vilinha
Um grupo de estudantes do curso de Ciências Humanas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus de Grajaú, fez uma pesquisa inédita no Colégio Hilton Nunes, no bairro Canoeiro, que é possível desenvolver uma educação de qualidade em qualquer ambiente, podendo chegar até o problema individual de cada aluno, com eficácia, em busca da solução para um melhor aprendizado. A pesquisa foi feita com alunos de 7º ao 9º
ano, na disciplina de Geografia e História; na maioria dos alunos foi detectado analfabetismo. O trabalho, cujo tema é “A educação nas escolas vistas por um novo viés metodológico”, foi apresentado na 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizada na Universidade Federal de Pernambuco, entre os dias 21 a 26 de julho, pelos estudantes Líster Cláudio dos Santos e Wesley de Sousa Queiroz, sob orientação do professor Me. Ramon Alcântara.
Foto: Turma de Ciências Humanas/UFMA-Grajaú-MA
“Avaliamos que há outros métodos para o aprendizado, como gincanas culturais, peças teatrais, jogos didáticos, enfim, atividades que possam aproximar os estudantes da realidade, ou seja, sair um pouco da sala de aula, da teoria e aproximar à prática, uma vez que a prática, às vezes, assimila melhor o conteúdo que a teoria”, explicam.
Lister Cláudio explica pesquisa realizada pelos acadêmicos de Grajaú
Durante a pesquisa foram realizadas palestras com o corpo docente da escola, a fim de mostrar a eles que é possível fazer um ensino diferenciado e atrativo, ou
Foto: Turma de Ciências Humanas/UFMA-Grajaú-MA
Estudantes de Ciências Humanas propõem redução do analfabetismo em Grajaú. Pesquisa foi apresentada na 65ª SBPC seja, como aplicar o projeto para melhorar o ensino-aprendizagem. “A metodologia não pode ser engessada, tem que ser adotada em todas as áreas, para isso, devemos estudar o contexto em que será aplicado e verificar em que momento o projeto deve ser alocado”, afirmam.
Segundo a pesquisa, após a implantação do projeto na escola Acadêmicos vão a Pernambuco apresentar alternativa de educação eficiente Hilton Nunes, os professores perceberam que o rendimento e que cada um processa o aprendizado de forma o desenvolvimento dos estudantes, bem como diferenciada”, concluem. seu aprendizado, melhoraram, porque, de acordo com os pesquisadores, o projeto foi inserido Com isso, o trabalho revela que as teorias no Planejamento Político Pedagógico da escola. podem ser utilizadas em conjunto para pensar a realidade em sala de aula, operacionalizando “Escolhemos estudantes do 7º ao 9º ano, por terem tido um índice baixo no IDEB (Índice os conceitos de acordo com cada situação e de Desenvolvimento da Educação Básica). Cada mostrar que para ter uma educação qualificada, é necessário levar em consideração todo o estudante tem um rendimento diferente, até processo histórico, metodológico e social do porque cada um tem uma assimilação e forma aluno. Assim, é possível reduzir os índices de de entender diferente e individual. Não podemos trabalhar o entendimento no coletivo, já analfabetismo em Grajaú.
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17 a 24 de agosto de 2013
Polícia
Cem dias do desaparecimento do morador do Povoado Alto Brasil e ex-coordenador das Pastorais Sociais da Igreja Católica, João de Deus
Saiba como foi o brutal assassinato do jovem Carlos Tadeu Galvão, no Bairro Expoagra Carlos Tadeu, 23, é mais uma vítima da violência contra a vida humana. As versões sobre o caso são diversas. Boatos pela cidade dão conta de que ele não era nem um santo, mas o fato é que tirar a vida de uma pessoa não pode ser medida por grau de simpatia Foto: Francisco Matias
Neste momento em que você lê esta reportagem, faz exatamente cem dias do desaparecimento de João de Deus Lourenço Silva, 38 anos, conhecido por João Moda, ex-coordenador das Pastorais Sociais da diocese de Grajaú, e morador do Povoado Alto Brasil, a 45 km de Grajaú. Ele foi visto pela última vez no Povoado Sabonete, quando saiu para cobrar um fazendeiro da região.
Foto: Polícia Cilvil
já foi comunicada do ocorrido. “A prisão foi comunicada na manhã do domingo, 11, dentro do prazo legal para que a prisão seja analisada e homologada pela justiça e para que o inquérito possa ser concluído no prazo de dez dias e haja o prosseguimento da ação penal”. Antônio Henrique Câmara Melo foi o autor do crime que tirou a vida de Carlos Tadeu. Ele não quis conceder entrevista ao Grajaú de Fato
A viúva, que durante a entrevista não pronunciou em nenhum momento o nome do autor do crime, também clama por justiça. “Aquele homem não conhecia o meu marido, nem a minha família. Ele não tinha motivos para fazer o que fez, não houve briga, nem discussão. Ele matou porque queria matar, mas não se pode matar uma pessoa só para satisfazer um desejo”, disse.
As marcas do crime na Rua do Bar Pé de Manga, Bairro Expoagra
Pena O crime de Antônio Henrique Câmara Melo, o Neto da Sucam, que levou a óbito Carlos Tadeu Galvão de Almeida, está qualificado no tipo penal do artigo 121, Inciso 2º, que caracteriza assassinato por “motivo fútil”. No momento em que Neto desfere cinco facadas contra Tadeu, já não se configura legítima defesa como o autor alega. Uma facada poderia ser uma possível justificativa contra a agressão, cinco não. A pena de Neto, de acordo com o Código Penal Brasileiro (CPB) poderá ser de 6 a 20 anos de reclusão.
Foto: Polícia Cilvil
Foto: Polícia Cilvil
Na hora de ir embora, o casal montou na moto e ao tentar sair caíram. Riram do acontecido e então sucedeu-se o início do fim do jovem Tadeu. Estava ali perto, Antônio Henrique Câmara Melo, 40 anos, conhecido por Neto da Sucam que disse alguma frase com Tadeu que Jessilene não conseguiu entender, exceto a última palavra pronunciada: ‘cara’. Neste momento, Tadeu perguntou a Neto: “o que foi?” a partir daí, este empunhou uma faca de 40 cm de inox que estava em sua cintura e começou a golpear o jovem.
A arma do crime mede 40 cm, pesa cerca de meio quilo e parece uma espada de tão grande. Segundo colegas, Neto não saia de casa sem o objeto
Autor do crime se encontra com a família na delegacia de Grajaú, no dia seguinte ao ocorrido
A jovem lamenta o ocorrido e conta que Neto da Sucam não estava totalmente embriagado no momento do crime. “Em nenhum momento ele soltou a faca; o autor do crime não estava embriagado a ponto de estar muito bêbado, porque durante todo o tempo ele estava com a faca firme na mão. Em momento algum ele tropeçou ou ficou caído. O álcool não foi o responsável pelo assassinato do meu marido. Ele o matou porque queria, porque estava com vontade de matar. Foi do mesmo jeito que ele sempre disse para muita gente: matou porque tinha vontade de testar para saber como é matar uma pessoa”, desabafou.
A reportagem do Grajaú de Fato esteve na Delegacia de Grajaú no exato momento em que esposa, filha, mãe e irmãos do autor do crime o visitaram, na manhã do domingo, 11. Em nenhum momento se perguntou o que o motivou a ter assassinado Tadeu. A filha desejou feliz dia dos pais, a mãe perguntou como ele estava e os irmãos como ele havia dormido na cela e se ele precisava de algo. Uma cena lamentável em que todos choraram em família. Neto ainda questionou a um agente da polícia civil: “Você viu o tamanho que ele era né? Conhecia a peça, né? Eu só me defendi. O agente, por sua vez, explicou o ocorrido: “o problema é que ninguém se defende de uma espingarda munido de uma bazuca”. Perguntamos se ele (Neto) queria conceder entrevista a este jornal. Recebemos um não e a família pediu para o repórter se retirar da sala.
Na madrugada do crime a polícia não apareceu no local. Somente ao amanhecer do dia, por volta das 6h, começaram as buscas. Quando Jessilene foi registrar o Boletim de Ocorrência, Neto da Sucam já havia sido preso por volta das 8h.
Prisão preventiva
O socorro
Justiça Entrevistado pelo Grajaú de Fato, o delegado da Polícia Civil de Grajaú, Dr. Idaspe Perdigão, confirmou que a justiça
O mandado de prisão preventiva foi expedido pelo juiz de direito, titular da 1ª Vara da Comarca de Grajaú, Dr. Holidice Cantanhede Barros, na terça-feira, 13 de agosto. A prisão em flagrante de Neto da Sucam foi convertida em preventiva, devido o réu ter agido sem o menor uso de reprovação moral contra a vida da vítima, demonstrando seu grau de periculosidade.
Foto: Polícia Cilvil
Após ser golpeado com cinco facadas, sendo que uma delas, na perna pegou mais de 30 pontos, além de uma na barriga, no ombro, Tadeu foi socorrido de moto, mas os ferimentos eram graves e ele levou duas quedas. Ainda no Bairro Expoagra. Segundo a esposa, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) só apareceu 25 minutos após o ocorrido. “Não conheço a mulher, mas sei que é funcionária do SAMU, negou pegar o Tadeu ensanguentado para colocá-lo na maca. Foram meus cunhados que o colocaram”, denuncia Jessilene. O jovem morreu no Hospital Geral de Grajaú (HGG).
Bar Pé de Manga, um ambiente bastante visitado nos fins de semana
Foto: Fúlvio Costa
Domingas Galvão de Almeida, 63 anos, mãe do Tadeu, assassinado por Neto da Sucam, chora a morte de um dos oito filhos (quatro homens) e pede justiça. “Era o meu caçula. Eu só quero justiça porque ele foi morto barbaramente sem nenhuma defesa. Ele era uma pessoa maravilhosa que não merecia morrer dessa forma”, chora.
Era madrugada do dia 10, um sábado, e Carlos Tadeu Galvão de Almeida, 21 anos, saiu com a esposa, Jessilene de Almeida Bezerra, 23 anos, para aproveitar o final de semana. Eles foram ao bar “Pé de Manga”, que fica no Bairro Expoagra. Ali beberam, conversaram e chegaram até ao ponto de uma discussão, nada além do normal, segundo Jessilene.
“Vi tudo, corri para pedir socorro, mas não tinha como ninguém chegar perto, pois ele ameaçava a todos. Vieram amigos, vizinhos, mas era impossível fazê-lo parar. Eu ainda golpeei o homem com o capacete e ele também tentou me matar. Um amigo, Wallison encontrou um pedaço de pau e acertou ele, que levantou e correu atrás até a outra esquina”, conta à reportagem deste jornal a viúva de Tadeu, Jessilene de Almeida.
“Ele saiu para cobrar um fazendeiro da região de Sabonete. Conversou com este homem e discutiu. Isso foi numa manhã. O fazendeiro prometeu pagá-lo à tarde. João foi atrás do seu dinheiro como combinado com o fazendeiro, saiu de moto sem capacete
Rogério Ribeiro, atual coordenador das PS
da casa de sua comadre e esta foi a última vez em que foi visto”, relatou o atual coordenador das Pastorais Sociais, Rogério Ribeiro. Inúmeras buscas já foram feitas pela região. Sua família que mora em Tuntum, município onde ele nasceu, não dá notícias e continua à sua procura desesperadamente. De acordo com Rogério, João falava em receber o dinheiro do fazendeiro já no início do mês de junho, durante a 5ª Semana Social Maranhense, evento que aconteceu em Santa Inês, em preparação à 5ª Semana Social
Brasileira que acontecerá em Brasília, no próximo mês de setembro. “Ele contava que receberia o dinheiro para comprar uma propriedade na região de Itaipava”. Durante as buscas que foram feitas, a princípio, pela própria família de João de Deus, foram encontrados na Região de Sabonete, partes da sua moto com sangue e cápsulas de balas. O delegado da Polícia Civil de Grajaú, Idaspe Perdigão, conta que a polícia enviou para análise uma amostra do sangue encontrado nas proximidades da entrada da Fazenda Gusa, na Região de Sabonete. “O material foi enviado para análise, se confirmado que se trata de sangue humano, já trabalharemos com a possibilidade de que ele tenha sido executado sem descartar a possibilidade de latrocínio (roubo seguido de morte) ou até mesmo execução. As investigações, a partir daí, continuarão no sentido de confirmar a morte de João de Deus”, disse o delegado, que confirmou também que não há suspeitos no desaparecimento. “Não temos suspeitos, apenas testemunhas que dão conta que ele sumiu no dia 14 de maio de 2013”, concluiu.