Edição 2.417

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OPINIÃO

ES DE FATO, TERÇA-FEIRA, 12 DE JUNHO DE 2012

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CONEXÃO A História Esquece

MANSUR Ano 5 - nº 218

HIGNER MANSUR hmansur@mansureassociados.com.br

BOLHA IMOBILIÁRIA Renato Magalhães Sei não... acho que já vi esse filme. Uma coisa é que Cachoeiro registra grande demanda reprimida com relação a oferta de imóveis residências. Outra coisa, bem diferente, é a super oferta de lançamentos imobiliários que se vê hoje em dia aqui na cidade. Há prestações mensais bem prá lá de 3 mil reis, além das prestações intermediarias. Coisa para poucos. Continuo achando que caldo de galinha e o tradicional orçamento doméstico não fazem mal a ninguém. São, na minha maneira de ver, a melhor medida entre uma decisão pé no chão e uma ação intempestiva movida pelas armadilhas de um bom marketing. Nunca é demais colocar o chapéu onde se possa apanhá-lo. (Concordo em gênero, número e grau com esse texto de Renato Magalhães, colunista da revista cachoeirense "LEIA", que está nas bancas (24 págs., R$ 3,00). Não é segredo para ninguém que eu acho Cachoeiro, nesse tipo de negócio, terra sem lei e terra de leis feitas passando por cima da Constituição Federal. É um prazer sentir que não estou falando sozinho. Pense nisso meu leitor - Higner Mansur)

Higner Mansur Um dia desses, no facebook, a nova mania da comunicação, postaram a filmagem de uma lontra que aparecera no Rio Itapemirim. Dezenas de pessoas enalteceram o bichinho, que traçava um peixe de bom tamanho. Discutiu-se muito se era uma lontra mesmo, ou uma ariranha. Louvou-se o Rio de Itapemirim que recupera-se e até propuseram que a lontra se transformasse num símbolo cachoeirense, ou coisa assim. Passaram-se uns dois meses e hoje ninguém mais fala da lontra, a humanidade troca seus valores muito rapidamente, ainda bem que troca, também, seus desvalores e na mesma velocidade. Bicho e gente: é tudo a mesma coisa. Estou trazendo, hoje, texto assinado pelo grande poeta Narciso Araujo, publicado em 12

de junho de 1902, portanto há 110 exatos anos, reverenciando a morte por fuzilamento do capixaba Domingos Martins, natural de Itapemirim e que liderara a Revolução Pernambucana de 1817. Domingos Martins, por afrontar a El Rey, foi arcabuzado em 12 de junho de 1817, o escrito de Narciso Araújo, homenageando-o, é de 85 anos depois e hoje, 195 anos da morte do herói Domingos Martins, quase ninguém mais se lembra do episódio. Também nesta CONEXÃO está a primeira página do jornal "O CABOCLO" de Athayde Júnior e Narciso Araújo, toda ela tomada pelo aniversário de morte do herói. Já não mais se fala em Domingos Martins, ou pouco se fala, e faltam apenas 5 anos para os 200 anos de morte do grande capixaba Domingos Martins.

Domingos Martins Narciso Araujo Organiza-se logo o governo provisório, e nele fica Domingos Martins em posição saliente. Mas, como não tivessem os revolucionários elementos aparelhados para uma longa resistência, tiveram de ceder ante as forças enviadas pelo capitão general da Bahia e as que do Rio de Janeiro partiram, para repeli-los. Vencidos, as execuções começaram; o zelo das autoridades manifestou-se, então, por horripilantes excessos, e a vingança hedionda dos realistas fez derramar o sangue dos revolucionários, para matar o movimento. Domingos Martins, o audaz patrono e evangelizador do sagrado liberalismo patriótico, preso na Bahia, foi ali fuzilado, a 12 de junho de 1817. Pagou, com o der-

ramamento do seu sangue, o ímpeto ousado das suas ideias generosas, da sua aspiração querida e ardente pela Independência. O seu sonho, afinal, venceu. E hoje, distanciados no tempo, em que o forte entusiasmo liberal e democrático conflagrou a sua alma galharda de paladino, ele nos aparece maior, e o seu nome, farolando dentro da História, é uma lição de amor pelo Brasil, de amor que se bata por ele, e se sacrifique na guarda de seu patriotismo independente, e nos impila a defender, ardendo em ciúme, à custa de nossas vidas, cada polegada da Pátria nobre, hospitaleira, exuberante e boa. Pensar nos mártires da pátria, guardar-lhes ciosamente os nomes, aureolá-los, defender-lhes a memória, prezando-as e glorifi-

cando-as, é manter, vivacíssimo o culto patriótico e semeá-lo pela alma popular. As nações têm o seu hemerológio, que é a significação da posteridade reconhecida à cooperação viril e honesta dos antecessores. Elas se prolongam na arca imedível da História, ao atravessar das gerações, pela irradiação de seus nomes grandes, pelo contingente civilizador que seus escritores trouxeram à causa humana, pela glória inacessível de seus heróis, pela inviolabilidade das memórias de seus mártires. As rajadas perigosas que se desencadeiam, atropeladas e convulsas sobre a existência das nacionalidades, as memórias dos seus homens representativos crescem na consciência dos pósteros, fecundando-lhes o entu-

siasmo, bronzeando-lhes a ação, flamejando-lhes no sentimento patriótico, e apontam, entre clarões, o caminho, e ensinam a vitória. Esses nomes, nas horas tenebrosas que ameaçam a felicidade da Pátria, sintetizam a ira sagrada, com o que o patriotismo responde ao ímpeto dos inimigos, e varre do território os exércitos invasores, e afunda no oceano as frotas assassinas. O nome de Domingos Martins tem uma representação imperecível, é um desses signos que brilham à frente das hostes, para dar-lhes as láureas do triunfo. É uma estátua erguida na História, e ante essa estátua, o "O Caboclo", representando os seus conterrâneos, fica de joelhos para beijá-la.

Responsabilidade Municipal e Meio Ambiente Thalyson Rocha Muito se discute sobre o que será da humanidade, tendo em vista a falta de preservação do meio ambiente. No dia 05 de Junho comemorou-se o dia mundial do meio ambiente. Há motivos para comemorar? Será que podemos dizer que respiramos ar puro? Que comemos frutos naturalmente frescos? E até mesmo que temos liberdade para transitar pelas ruas? Talvez. O meio ambiente não é somente fauna e flora, é também aquele ambiente que construímos,

como casas, praças, ruas, edifícios, shoppings, etc. Em relação a estes dois últimos nosso pequeno Cachoeiro bate record. A cada esquina, um novo prédio, a cada bairro, um shopping que anunciam. Construções cuja fiscalização é de responsabilidade do município, por força da Constituição Federal. Se a cidade cumpre sua função, parabéns para a administração pública. Porém, se a cidade está uma zorra, já sabemos de quem é a responsabilidade. A verdade é que, na semana dedicada ao

meio ambiente, não temos nada a comemorar, mas muito a refletir. Apenas expor plantas e demonstrar como se deve reciclar não reflete a necessária preocupação diante do problema que enfrentamos. Não adianta separar uma única semana para comemorar e o resto do ano para deixar o meio ambiente de lado. Em Cachoeiro não se plantam árvores (e quando se planta, é em local errado), mas planta-se prédios, e muitos… a maioria em locais impróprio. Infelizmente as coisas não mudam, mas deveria.

Culpa da administração? Os fatos respondem. Culpa dos eleitores? Sim. A administração é consequência da escolha popular. Errar é humano, permanecer no erro é burrice. Se cada um fizer a sua parte, as coisas tendem a dar certo. O cidadão deve fazer escolhas conscientes. E os governantes, basta que façam valer cada voto recebido. Parece ser o mínimo a ser feito; se realmente fosse, seria grande avanço. (Thalyson Rocha é advogado)


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