EDIÇÃO COMPLETA - JORNAL DOS LAGOS - 06 DE JULHO 2013

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Alfenas, sábado, 06 de julho de 2013

2 Editorial

O que o povo quer No vaivém que se transformou a reforma política, há muito o que pensar. Primeiro e mais importante: embora queira, sim, decidir sobre sistema eleitoral e de governo, o que o povo mais quer é respeito, saúde, educação, segurança, trabalho. Quer também o fim da corrupção, dos gastos descontrolados do Executivo e do Legislativo, das falcatruas, das farras com o dinheiro público. Talvez o melhor seja, antes de convocar um plebiscito, o governo cortar seus próprios gastos, enxugar a máquina administrativa, promover ações que melhorem a vida dos cidadãos. E o Congresso Nacional poderia acabar com o uso de aviões da Força Aérea por parlamentares, conter a sangria dos gastos com voos, diárias e verbas de gabinete, punir políticos corruptos, fiscalizar o Executivo. Na verdade, há muito o que fazer antes da consulta popular. Não que ela não seja importante. É e muito. Mas não deve servir como cortina de fumaça para outros problemas que o país enfrenta. O crescimento do Brasil é pífio, as instituições estão desacreditadas, há gente passando fome.

Por isso, o ideal seria ter "muita calma nesta hora". Por que não debater os vários temas possíveis para a re-

PADRE HOMERO HÉLIO DE OLIVEIRA, pároco da paróquia de Nossa Senhora de Fátima

Solidariedade e apoio às manifestações populares e pacíficas

forma política? Por que não discutir que tipo de consulta fazer? Tudo isto deveria ser feito com vagar e com reflexão, ouvindo realmente o que o povo quer, o que ele foi às ruas pedir. É preciso reconhecer que alguns projetos, há anos mofando nas gavetas do Senado e da Câmara dos Deputados, estão sendo votados. No afã de "corresponder ao clamor das ruas", os parlamentares estão aprovando diversas propostas. Este mesmo povo a quem querem agradar, deve ficar atento para que os projetos não se tornem letra morta quando as manifestações arrefecerem. O povo, que aprendeu a lutar por mudanças com seus protestos Brasil adentro, deve aprender agora a cobrar de seus representantes, ficar de olhos bem abertos e não deixar que suas demandas caiam no esquecimento. Acompanhar de perto as decisões governamentais e dos congressistas deverá ser uma sequência natural do que se pediu nas ruas.

As autoridades da Igreja (CNBB) se manifestaram em apoio às manifestações populares pacíficas, levando às ruas gente de todas as idades, sobretudo jovens. Afirma o manifesto que se trata de um fenômeno que envolve o povo brasileiro e o desperta para uma nova consciência. Requerem atenção e discernimento a fim de que se identifiquem seus valores e limites, sempre em vista à construção de uma sociedade justa e fraterna que almejamos. Nascidas de maneira livre e espontânea a partir das redes sociais, as mobilizações questionam a todos nós e atestam que não é mais possível viver num país com tantas desigualdades. Sustentam-se na justa e necessária reivindicação de políticas públicas para todos. Gritam contra a corrupção, a impunidade e a falta de transparência na gestão pública. Denunciam a violência contra a juventude. São, ao mesmo tempo, testemunho de que a solução dos problemas por que passa o povo brasileiro só será possível com participação de todos. Fazem, assim, renascer a esperança quando gritam: "O Gigante acordou!". Numa sociedade em que as pessoas têm o seu direito negado sobre a condução da própria vida, a presença do povo nas ruas

testemunha que é na prática de valores com solidariedade e serviço gratuito ao outro que encontramos o sentido do existir. A indiferença e o conformismo levam as pessoas, especialmente os jovens, a desistirem da vida e se constituem em obstáculo à transformação das estruturas que ferem de morte a dignidade humana. As manifestações destes dias mostram que os brasileiros não estão dormindo em "berço esplêndido". O direito democrático a manifestações como estas deve ser sempre garantido pelo Estado. De todos espera-se o respeito à paz e à ordem. Nada justifica a violência, a destruição do patrimônio público e privado, o desrespeito e agressão a pessoas e instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir, de pensar e agir diferente, que devem ser repudiados com veemência. Quando isso ocorre, negam-se os valores inerentes às manifestações, instalando-se uma incoerência corrosiva que leva ao descrédito. Sejam estas manifestações fortalecimento da participação popular nos destinos de nosso país e prenúncio de novos tempos para todos. Que o clamor do povo seja ouvido. (Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB).

RONALDO SABÓIA, Compositor intérprete e instrumentista - Alfenas – MG E-mail: ronaldosaboia@alfenas.psi.br

JORNAL DA PRAÇA Apac A Apac (Associação de Proteção aos Condenados) de Alfenas iniciou uma campanha para arrecadar colchões e cobertores para os reeducandos que, cujas famílias, não têm condições de adquirir estes itens. A iniciativa tem o apoio do Consepa (Conselho Comunitário de Segurança Pública), Conselho da Comunidade e Secretaria Municipal de Defesa Social. Aqueles que quiserem aderir à campanha podem entregar suas doações no Consepa que fica junto à Guarda Municipal, na praça Emílio Silveira. Mas informações pelo telefone 3292.2617.

Festa São Cristóvão A paróquia de São Sebastião e São Cristóvão vai realizar, de 19 de julho a 4 de agosto, a tradicional festa em louvor a São Cristóvão. O evento vai acontecer no salão paroqjuial da matriz, na Avenida Dona Conceição, 45, bairro Jardim Pa-

norama. Na programação religiosa, missa na matriz em louvor ao padroeiro, na quinta-feira, dia 25, às 20 horas, com bênção de chaves e documentos. No dia 28, domingo, haverá procissão e bênção dos veículos, com concentração e saída da carreata às 9 horas, no loteamento da rodoviária nova e, em seguida, tradicional almoço de confraternização no salão paroquial. Haverá, também, missas em vários dias marcados na programação. Como atrações da festa, batata frita, porção de carne, cachorro quente, churrasco, canjicada, doce de leite, estrogonofe, caldo de feijão, arroz doce, pastel e completo serviço de bar. Terá também bingos especiais de TV colorida, esteira seminova, panela elétrica, celular, joia, bicicleta, jogo de panela inox com tampa de vidro. A coordenação espiritual da festa estará sob a responsabilidade do pároco, padre André Aparecido Silva. Informações na secretaria da paróquia pelo telefone 32927020.

Jornal dos Lagos Publicação da UNIFENAS. Órgão oficial de publicações de editais do Fórum de Alfenas. EDITOR: Valdir Cezário - Reg. 6.321 - DRT-MG EDITORAÇÃO GRÁFICA: Paulo Henrique Corsini. REDAÇÃO E PUBLICIDADE: Rua Bias Fortes, 191 Centro - CEP: 37.130-000 - ALFENAS-MG TELEFAX: 35 3299-3878 PUBLICIDADE (fone): 35 3299-3892. Home page: www.jornaldoslagos.com.br e-mail: jlagos@unifenas.br

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E as opiniões se divergem, mas o povo está nas ruas Opiniões se divergem em relação aos movimentos e manifestos populares que invadem as ruas em todo o Brasil e vêm ditando um novo rumo para o nosso país. Alguns acham ou pensam que o povo está errado e que a melhor forma de agir seria nas urnas, na hora do voto. Já outros acham que é o momento certo de reivindicar mesmo e devemos ir para as ruas e expor todas aquelas mazelas que afetam e destroem, massacram e coroem a nossa sociedade, e cobrar mudanças. E mudanças já, é claro; chega de roubalheira! Particularmente penso que esta nação brasileira precisava mesmo de um bom chacoalhão para buscar caminhos onde possamos encontrar meios de moralizar nossa terra de Cabral! Embora algumas pessoas possam não concordar com as atitudes de grande parte do povo brasileiro, penso que as manifestações e as reivindicações da população fazem parte dos direitos de nossa gente, diante das necessidades latentes da nação. Nós não podemos negar, pois a verdade é que o nosso povo brasileiro cansou de ficar de braços cruzados esperando que um bando de líderes corruptos e incompetentes possa decidir de forma arbitrária e abusiva por todos nós. O povo ordeiro brasileiro cansou! O povo ordeiro brasileiro cansou e está nas ruas lutando pelos seus direitos, cobrando moral das classes políticas, cobrando responsabilidade, caráter, compromisso, respeito pelo bem público, mais valor e dignidade para educação, saúde e segurança pública. O povo só está reivindicando o básico, o simples, o elementar, nada mais que isso. O povo clama por dignidade. Que vergonha para os nossos dirigentes, minha gente, ver toda nação nas ruas todos os dias e o mundo inteiro tomando conhecimento da imensa incompetência administrativa de nosso país. Não vou aqui defender o vandalismo, a farra, a baderna, a bandida-

gem que se infiltram no meio das multidões. São pequenos grupos de maus formados delinquentes, onde algumas pessoas más instruídas, tanto moralmente, educadamente, como politicamente, mas o que não deixa de ser o reflexo de todo um sistema desorganizado que prega constantemente a impunidade para inúmeros crimes. Dizer que estes manifestos, esses movimentos, essas passeatas estão e são errados, e que os problemas da nação se resolvem com o voto, é muito cômodo, é pouco, é pobre, nesta altura dos acontecimentos. O voto é apenas uma das armas diante de uma sociedade calejada e viciada, sociedade que caminha ao longo dos tempos, há centenas de anos e dezenas séculos, com erros e defeitos, maus costumes e jeitinhos para ludibriar a massa, o povo. Portanto, o manifesto, a força moral do povo, além do voto, se faz necessário para mudar esta baderna que vem desde Cabral, lá por volta de 1500! E nós? Nós brasileiro estamos acordando tarde demais, mas antes tarde do que nunca, já dizia um grande sábio. Nós estamos acordando e somos grandes, somos gigantes. Nós não podemos apagar, até então, o sombrio passado da nação brasileira, mas temos que, de agora em diante, criar, buscar condições para escrevermos uma nova história e, consequentemente, escrevermos um belo final para cada um de nós. Eu sempre digo que o Brasil tem jeito. O Brasil tem jeito e depende de nós. O voto é muito importante, mas não é tudo. Temos que votar e temos que cobrar de nossos representantes o compromisso, o respeito pelo bem público e é isso que entendo que nosso povo está pedindo nas ruas. Está pedindo o básico, o simples, o elementar, que é: saúde, educação, segurança e respeito; respeito pela ordem e pelo bem público. As opiniões se divergem, mas o povo está nas ruas. Bom fim de semana minha gente amiga e de paz!


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