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veículos

Jornal do Meio 649 Sexta 20 • Julho • 2012

por Rodrigo Machado/Auto Press

Das marcas alemãs de luxo que se aventuraram no segmento de utilitários esportivos, a única que tem alguma tradição é a Mercedes-Benz. Culpa do jipão Classe G, constantemente usado por forças militares ao redor do mundo. Por isso, quando entrou no setor com a ML, em 1997, tentou fazer jus à sua fama com um carro que tinha tração reduzida e era montado em chassi de longarinas. Mas a cada geração, esta realidade foi se modificando. Começou ganhando chassi em monobloco na segunda geração, mas ainda manteve um certo ar lameiro. Agora, a terceira geração do SUV chega ao Brasil ainda mais distante dessa origem. Com dimensões maiores, menor altura do solo e rodas de perfil esportivo, a nova ML foca definitivamente no conforto ao rodar. Afinal, é esse a principal necessidade do novo habitat natural dos utlitários: a cidade. A própria Mercedes admite que o público que compra a ML não costuma sujar muito o carro de lama. As capacidades off-road são apenas um complemento para um carro primariamente urbano. “Elas servem mais para mostrar o espírito aventureiro do motorista do que qualquer outra coisa”, sintetizaGlauci Tomiato, gerente de marketing do produto da marca no Brasil. Tanto é que, na nova ML, existem apenas dois assistentes para a condução fora-de-estrada. Um que freia o veículo automaticamente nas descidas de barrancos e outro que calibra o controle de estabilidade para situações de menor aderência. Ao menos, a tração integral é permanente e tem divisão 50/50 entre os dois eixos. Visualmente, a terceira geração da ML também ficou mais urbana. As dimensões já explicitam isso. O comprimento e a largura cresceram 2 cm, enquanto a altura caiu os mesmos 2 cm. A distância entre-eixos é a mesma: 2,91 m. O desenho também ajuda a mostrar o maior tamanho do carro. Na frente, a grade está mais larga e os faróis mais horizontais que na geração anterior. O para-choque tem um imenso aplique cromado e as luzes de led são dispostas Fotos: Divulgação

horizontalmente. De perfil, a Mercedes optou por destacar a terceira coluna inclinada, marcante desde a primeira geração e copiada de forma generalizada por outros utilitários. A traseira também recebeu itens que valorizam a largura do carro, tais como as lanternas, que se estendem até a tampa do porta-malas. É no conforto que a ML recebeu o maior capricho. O utilitário vem com controle de cruzeiro, ar-condicionado de três zonas, sistema de entretenimento dianteiro e traseiro, GPS com acesso a internet, bancos com acionamento elétrico, faróis bixênon inteligentes – que desativa o farol alto em caso de carro vindo na outra direção – e sistema de auxílio de estacionamento. Em termos de segurança, a lista inclui sete airbags, ABS, controle de estabilidade e de tração, além da tração nas quatro rodas. Por enquanto, a Mercedes só irá trazer uma versão do utilitário. É a ML350, equipada com um V6 a gasolina de 306 cv e 37,7 kgfm de torque. A importação de uma variante a diesel – a única disponível do antigo modelo por aqui – ainda está em estudo. Os executivos da marca afirmam que preferem esperar a melhor distribuição do diesel S-50 no Brasil antes de assumir esse compromisso com o consumidor. O propulsor a gasolina tem transmissão de sete marchas– já usada em grande parte dos modelos da marca –, mas com um novo conversor de torque que permite trocas mais suaves. A fabricante alemã garante que este conjunto consegue levar os 2.130 kg do SUV a 100 km/h em 7,6 segundos e atingir a velocidade máxima de 235 km/h, limitada eletronicamente. Disponível em pacote único de equipamentos, o preço é de R$ 335 mil e a projeção é vender de 200 a 250 unidades até dezembro, quando chega a ML63 AMG, com um V8 de 557 cv de potência.

Primeiras impressões

Campos do Jordão/São Paulo – De frente, a nova ML pode até gerar confusão de tão pouco que mudou. Mas indo aos detalhes, as linhas

mais horizontais do utilitário se destacam. A ML parece maior do que é. Embora não seja pequena, dá a impressão que cresceu mais do que a fita métrica revela. Isso significa que manteve o excelente espaço interno. Na frente, os bancos têm ajustes elétricos. Atrás, um ótimo vão para as pernas. A área para bagagens se destaca com seus generosos 770 litros. Ao volante também há a impressão de ser carro de grandes proporções e pouco ágil. No trecho urbano, mostrou a frente excessivamente “viva” e rolagens constantes da carroceria. Ao menos, existe uma extrema facilidade de comandar o carro. A direção é extremamente leve e a Mercedes desta vez colocou a haste de controle das setas no lugar próprio. A antiga ficava muito baixa e era fácil acionar a alavanca do controle de cruzeiro, que fica logo acima, na hora de ligar a seta. O conforto é valorizado com o acabamento interno digno de um Mercedes. Caso do alumínio escovado no painel e no couro pespontado no volante, console e bancos. A única versão disponível no Brasil no momento não entusiasma. O motor V6 de 306 cv é competente, mas não faz milagres em relação aos 2.130 kg do carro. Há força, mas não de sobra – como é desejável em um utilitário de luxo. Além disso, o torque só está totalmente disponível aos 3.500 giros. Regime de rotações muito alto para um modelo destas proporções. A transmissão é eficiente e promete o que a Mercedes propõe, com trocas rápidas e quase imperceptíveis. Se for necessário, as borboletas atrás do volante permitem extrair um pouco mais de esportividade do conjunto. Mas, como a própria Mercedes admitiu – e torce –, donos de ML geralmente não têm pressa. Prezam por um rodar suave e tranquilo. E isso, esta terceira geração do utilitário faz com extrema qualidade. A suspensão é macia e mesmo em pisos irregulares, os sacolejos no interior são controlados. A marca até propôs uma pequeno percurso off-road para valorizar algumas das capacidades da ML, com destaque para exibições de inclinações laterais. Mas é apenas um alento para quem paga R$ 335 mil por um utilitário. A ML até se dá bem fora na

terra, mas é no asfalto que se sente em casa.

Ficha técnica

Motor: A gasolina, dianteiro, longitudinal, 3.498 cm³, com seis cilindros em “V”, quatro válvulas por cilindro, com comando duplo no cabeçote variável na admissão e no escape. Acelerador eletrônico e injeção direta de combustível. Transmissão: Câmbio automático de sete marchas à frente, com primeira trator, e uma a ré. Tração integral permanente. Oferece controle de tração. Potência máxima: 306 cv a 6.500 rpm. Torque máximo: 37,7 kgfm com entre 3.500 e 5.250 rpm. Aceleração 0-100 km/h: 7,6 segundos. Velocidade máxima: 235 km/h. Diâmetro e curso: 92,0 mm X 86,0 mm. Taxa de compressão: 12,0:1. Suspensão: Dianteira independente do tipo double wishbone e amortecedores de dupla ação. Traseira independente do tipo multilink com amortecedores de dupla ação. Oferece controle eletrônico de estabilidade. Pneus: 265/45 R20. Freios: Discos na frente e atrás. Oferece ABS. Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,80 metros de comprimento, 1,92 m de largura, 1,79 m de altura e 2,91 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista. Peso: 2.130 kg. Capacidade do porta-malas: 710 litros. Tanque de combustível: 93 litros. Produção: Tuscaloosa, Estados Unidos. Lançamento mundial: 2011. Itens de série: Câmara de ré, sistema de auxílio de estacionamento, bancos dianteiros com ajustes elétricos, retrovisor anti-ofuscante, teto solar elétrico, revestimento interno de couro, rádio/CD/MP3/USB, GPS, ar-condicionado de três zonas, faróis bixênon com sistema inteligente, fechamento eletrônico da tampa do porta-malas e rodas de liga leve de 20 polegadas. Preço: R$ 335 mil.


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