Jornal do Dia 21 de Abril 2012

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Macapá-AP, sábado, 21 de abril de 2012

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Editor: Fabrício Costa - fabriciocosta@jdia.com.br

Causa do acidente será estudada, diz Infraero ANDERSON CALANDRINI Da Redação

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s 5h53 da manhã de ontem (20), a Infraero teve o último contado com a aeronave Cessna, modelo C-206, que estava sendo pilotada pelo deputado estadual Dalto Martins (PMDB). Na última conversa entre o piloto e a torre de controle, Dalto havia informado que a aeronave estava com problemas técnicos. Foi aproximadamente nesse mesmo horário que moradores do bairro Marabaixo IV ouviram uma explosão, que espalhou um clarão por uma área de mata fechada da localidade. Algumas horas mais tarde foi confirmado pelo Corpo de Bombeiros Militar, que o responsável pela explosão

era a nave que tinha perdido o contato com a torre de controle do Aeroporto Internacional de Macapá. De acordo com David Oliveira, superintendente da Infraero, o órgão enviou sua equipe de de apoio ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado, que com algumas dificuldades chegaram ao local do acidente. “A nossa equipe foi com o intuito de preservar a área para evitar contratempos na hora da investigação”, disse. O representante que forneceu uma entrevista ao Jornal do Dia afirmou que todos os procedimentos que cabiam a Infraero foram realizadas e que mais informações, como a causa do acidente, só poderiam ser fornecidas pela equipe do Serviço Regional de In-

vestigação e Prevenção de Acidentes (Seripa), que chegou na tarde de ontem em Macapá. “O que estava a nossa jurisdição fizemos, as outras informações só serão repassadas após o fim da investigação da Seripa, que é o órgão regional responsável pela investigação. O que podemos repassar é que o piloto ganhou a autorização da torre as 5h48 da manhã e que às 5h53 perdeu-se o contado”, contou David. Em relação à torre de controle, as legalidades do voo, os motivos do acidente a Infraero só informou que essas respostas seriam divulgadas pela equipe da Seripa. As investigações serão desde o envio do pedido de autorização para voo (plano de voo), até o momento da perda de contado.

FOTO HEVERTON MENDES

De acordo com David Oliveira, todos os procedimentos que cabiam a Infraero foram tomados

Avião do deputado era considerado um dos mais seguros do mercado

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Cessna 206 Station Air é um avião monomotor a pistão com capacidade para um piloto e cinco passageiros, fabricado nos Estados Unidos pela empresa Cessna Aircraft Company, de propriedade da corporação americana Textron Company, que utilizou como base outro projeto original da década de 1960 chamado Super Skywagon do mesmo fabricante Cessna. Na verdade, os modelos Cessna 206 Station Air e Cessna 206 Super Skywagon são praticamente o mesmo projeto e as denominações diferentes de cada um deles foram originadas apenas para efeitos de marketing aplicados para sinalizar ao consumidor a modernização natural do projeto básico do antigo

Super Skywagon produzido até o final da década de 1970, ou seja, o Station Air atual é mais moderno que o modelo anterior Super Skywagon, principalmente no que se refere aos aviônicos utilizados, a introdução do sistema de injeção eletrônica de combustível e alguns sutis retoques de estética que o deixaram mais bonito que o antecessor. A produção em série do robusto Super Skywagon foi interrompida temporariamente no início da década de 1980 por iniciativa da própria fabricante Cessna, que utilizou como argumento o excesso de regulamentação e responsabilidades financeiras advindas de uma Lei de Responsabilidades aprovada nos Estados Unidos, chamada por

lá de Liability, e que provocou alguns temores por parte da indústria aeronáutica civil norte-americana em geral, sobre a sua própria saúde financeira pois, como uma eventual consequência da legislação aprovada. A partir daquela data os fabricante teriam que arcar com uma forte carga de eventuais custos e de indenizações ocasionados por acidentes envolvendo aviões que se julgava serem acima do que seria razoável. Nesses 15 anos em que a produção desses aviões foi interrompida, o mercado mundial acumulou uma espécie de “demanda reprimida” por aviões à pistão de fácil operação e custo operacional extremamente baixo, a maioria de proprietários rurais emergentes que

estão adquirindo seu primeiro avião ou decidiram simplesmente trocar a sua aeronave mais antiga por um modelo mais novo e moderno. Quando essa Lei de Responsabilidades foi rediscutida e reformada nos Estados Unidos, na metade da década de 1990, a Cessna norte-americana estudou o relançamento dos modelos Cessna 210 Centurion e Cessna 206 Super Skywagon, que na verdade são quase idênticos entre si, mas decidiu pelo relançamento do modelo mais simples e barato Super Skywagon. Para relançar o Super Skywagon rebatizado de Station Air, a Cessna decidiu também manter todas as características de baixíssimo consumo de combustível e manuten-

ção fácil e muito barata, acrescentando apenas o necessário para atualizar este modelo onde essas características básicas não fossem afetadas, conservando as características anteriores de robustez estrutural do Super Skywagon. Seguro O Cessna 206 Station Air é uma aeronave fácil de pilotar graças a uma boa aerodinâmica e aos componentes eletrônicos, mecânicos, elétricos e hidráulicos que formam um bom conjunto, começando pela confiável e tradicional motorização Lycoming IO 540 Aspirado de 300 hp produzida nos Estados Unidos pela própria Textron e pelas hélices de três pás McCaulley, passando pelos indispensáveis

GPS, Stormscope, TCAS e, finalmente, completados pelo sistema EFIS de navegação, com o PFD (tela primária) e MFD (telas multifuncional) no painel de controle, que podem ser solicitadas pelo cliente ao fabricante como opcional. O Station Air tem três amplas portas laterais de acesso ao interior da aeronave, uma para o piloto e acompanhante (não há necessidade de co-piloto) e outras duas para os passageiros dos quatro assentos traseiros, totalizando seis assentos. O robusto trem de pouso é fixo, o que reduz os custos de manutenção da aeronave. Para finalizar, o fabricante Cessna tomou o cuidado de acrescentar itens de conforto como bancos de couro, entre outros.

Veja o momento em que os corpos foram resgatados sob intensa chuva

Equipe do Seripa já está no Estado investigando as causas do acidente

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entro de um mês o Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa VII) deve emitir um relatório preliminar sobre as causas do acidente ocorrido na manhã de ontem, envolvendo o avião Cessna, modelo C206, prefixo PT-PTB. O órgão disponibilizou

duas equipes para atuar no caso. Enquanto uma atua na coleta de dados e destroços da aeronave, no local em que ocorreu o acidente, numa área de mata fechada, próximo ao distrito do Coração. Segundo informações, a outra equipe está responsável pelo levantamento de informações referentes a documenta-

ção da aeronave. Segundo informações, o resultado final da perícia e das causas que provocaram o acidente e que resultou na morte do piloto, deputado Dalto Martins, e da empresária Rachel Loyola, deve ficar pronto em um prazo de um ano. Ligado ao Ministério da Defesa, o Seripa tem como atribuição promo-

ver o planejamento, controle e execução da prevenção e investigação de acidentes aéreos na Amazônia, atuando nos estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima e Belém. Nos últimos meses, cerca de três acidentes foram registrados na região norte. Acredita-se que o acidente do deputado Dalto Martins seria o

quarto investigado pelo Seripa VII. A Portaria nº2/ GC3, de 5 de janeiro de 2007, criou sete novas Organizações Militares denominadas Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA), encarregadas do planejamento, gerenciamento e execução das atividades de Segurança de

Voo nas suas respectivas áreas de atuação. Distribuídos pelo território brasileiro, os SERIPA facilitaram a disseminação da doutrina de segurança de voo no país. Os SERIPA são subordinados, técnica e operacionalmente, ao CENIPA e, administrativamente, aos Comandos Aéreos Regionais (COMAR).


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