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Cidade

Quarta-feira

Natal, 2 de abril de 2014

O Jornal de HOJE 13

Cena Urbana VICENTE SEREJO - serejo@terra.com.br w ANOTEM Não está descartada no círculo mais fechado da família a candidatura de Rosalba Ciarlini na busca da reeleição, por mais inusitado que pareça. A não ser que o DEM negue a legenda e derrote na convenção. w MOSSORÓ A governadora teria em mão pesquisa amplamente favorável ao governo no eleitorado mossoroense. E depois, raciocinam os rosalbistas, o governo tem sempre 30% dos votos. O que pode ser determinante. w COMO? O presidente do PR em Mossoró, Renato Fernandes, rompeu com João Maia por ter vetado nome de sua mulher para ser vice na chapa do governo em Mossoró? E o PR tem tanta altivez e coerência assim? w PERGUNTA Primeiro o Governo de Mossoró desejou vender o Juvenal Lamartine. Agora tenta retomar a área do Aero Clube. A pergunta: o que leva o Governo de Mossoró a desejar destruir velhos ícones natalenses? w HERDEIRA Não há vagas nas bases do deputado João Maia. A legítima herdeira será a ex-secretária Shirley Targino. E a paixão de João Maia para vê-la na Câmara Federal vai além, muito além da questão apenas eleitoral. w ASSIM Como a herança de votos do deputado, e tio, Henrique Alves será para o sobrinho Walter Alves, hoje deputado estadual, mas com inegável bom desempenho no plenário da Assembléia nestes quatro anos. w MEMÓRIA Será dia 4, sexta, às 10h, a homenagem da Academia de Letras Jurídicas à memória do advogado José Arno Galvão que ocupou a cadeira 38 que tem como patrono seu pai, advogado e escritor Hélio Galvão. w MILAGRE Acredite, está nas folhas: Governo Rosalba vai aparelhar a polícia - viaturas, armas e munição em 60 dias que é quando falta para começar a copa. Depois acenda uma vela lá nos pés de padre João Maria.

Sístole e diástole À

s vezes, Senhor Redator, a gente é obrigado a aceitar que o bruxo-general, Golberi do Couto e Silva, tinha razão quando dizia que a política na sua busca pelo poder tinha dois movimentos que se alternavam como o miocárdio, o músculo do coração: sístole, a contração; e diástole, a descontração. O que pode também ser aplicado na união e desunião, duas formas de contrair e distender, todas as vezes que a classe política sente a ameaça à sua hegemonia por erros que ela mesma tenha cometido. Deve ser por isso, quem sabe, que os contrários se unem e se separaram sem a menor cerimônia, ainda que façam dos seus liderados simples caudatários, quando não, cabisbaixos seguidores, numa fiel e, por vezes, canina obediência. Ora, como construir partidos fortes se não temos e não exercemos posições programáticas e muito menos ideológicas? Se somos um amontoado de siglas, quase todas aventureiras, o que esperar da política, a não ser acordos ao sabor de cada interesse que se apresentar? Enquanto a sístole e a diástole enchem e esvaziam os ventrículos do coração, alternando seus movimentos e renovando o sangue, na política atual não há nobreza nenhuma. A contração se torna essencial todas as vezes que os políticos sentem uma ameaça ao seu espaço de dominação, e a diástole vem depois da luta. Ônus e bônus, e, para isto, é preciso todo cuidado, jamais facilitar a vida do inimigo. Se ele ergue a clava forte, não há alternativa a não ser unir forças, mesmo entre os piores adversários.

E os políticos sabem quando erram e precisam se unir. Agora mesmo eles parecem conscientes de que são responsáveis por dois erros: o acordão costurado pelo prefeito Carlos Eduardo para Fátima Bezerra que produziu a reação da cidade e a eleição de Micarla de Sousa; e o Governo Rosalba Ciarlini, quando o PMDB de Garibaldi apoiou e o PMDB de Henrique ficou com Iberê Ferreira de Souza. Eram dois? Não. Era hermafrodita. Um duplo no duplo, tornando rigorosamente impossível a derrota deles. O que restou disso tudo é tão nocivo às lideranças tradicionais e tão arriscado defender nas ruas que veio o novo acordão 'pela salvação do Rio Grande do Norte' que eles, com seus candidatos, quebraram e desrespeitaram, nas expressões de Henrique no primeiro discurso como candidato. Não há, pois, culpados. A não ser eles próprios. Daí o chapão acomodando a todos. Nenhum poderoso acusará outro poderoso. De fora, só aquele que eles acham fácil derrotar, uma certeza que, às vezes, é perigosa. Esta é a versão tupiniquim da teoria da sístole e diástole do general Golberi do Couto e Silva, o gênio maquiavélico que participou da trama para impor todos os generais que vieram depois de Castelo Branco. Tão genial que, diante do tenebroso episódio do Riocentro, ao sentir que o aparelho repressor havia fugido do controle do poder, indo para o terrorismo de direita, desceu as escadas do Palácio do Planalto e disse a Heitor Aquino, seu fiel escudeiro, sobre o SNI: 'Criei um monstro'. E foi pra casa.

w LUSÍADAS - I O escritor José Paulo Cavalcanti Filho está escrevendo um prefácio longo e erudito, como só ele sabe fazer, para uma edição especial de Os Lusíadas que será lançada, ainda este ano, pela editora Record. w ESPECIAL - II Para se ter uma ideia das suas credenciais, José Paulo não apenas é um leitor especial de Camões como tem em seu acervo a mais bela edição de d'Os Lusíadas, das mais caras do mundo, em caixa de vidro. w ALÉM - III Da primeira edição comentada, de 1647, singularíssima, e a edição com o bico do pelicano virado para o lado certo, uma das sete únicas no mundo. Ele que é o maior estudioso de Fernando Pessoa no Brasil. w MEMORIAL - IV Outro dia, nem rompia a manhã, conversando com este amigo ilustre, via e-mails, ele confirmou que vem escrevendo um memorial contando as histórias do seu escritório e vividas por ele como advogado. w VINTE - V Serão vinte narrativas baseadas rigorosamente em fatos reais, todas na terceira pessoa, menos uma que será narrada na primeira pessoa. E pode ser transformada numa série de tevê já em fase de negociação. w DEFITIVA - I Aedição da Cosacnaify de 'Invenção de Orfeu', o grande e grandioso poema de Jorge de Lima, agora com uma vasta documentação que revela toda a arqueologia do texto e o melhor de sua fortuna crítica. w POESIA - II Dele, de Jorge de Lima, abrindo o Canto I do poema a Invenção de Orfeu - 'Um barão assinalado / sem brasão, sem gume e fama / cumpre apenas o seu fado: / amar, louvar sua dama, / dia e noite navegar...'. w ESPELHO Instituição fundada nos princípios democráticos respeita a ordem jurídica e aceita o controle externo. Afinal, qualquer forma de autoritarismo acaba revelada nas sociedades democráticas. Seja de quem for.

Vaticano adia canonização do Padre José de Anchieta EM NATAL, PARÓQUIA

DE JOSÉ DE

ANCHIETA,

EM

LAGOA NOVA,

COMEMORA A SANTIFICAÇÃO Fotos: Heracles Dantas

MARCELO LIMA REPÓRTER

O sacerdote conhecido pela dedicação aos índios brasileiros deixa de ser apenas um "bem-aventurado" (beato) para agora ser chamado de São José de Anchieta. Isso porque o Papa Francisco assina amanhã (3), no Vaticano, o documento que o torna santo. A data para a assinatura do decreto de canonização do jesuíta beato seria nesta quarta-feira (2). Mas apesar do adiamento, a programação em homenagem ao padre está mantida e na paróquia de José de Anchieta em Natal, passará o dia comemorando a santificação do padroeiro do bairro de Lagoa Nova. Às 19h de hoje, também haverá uma missa solene em homenagem à santificação. Em Natal, a paróquia de José de Anchieta passará o dia comemorando a santificação do padroeiro do bairro de Lagoa Nova. Uma das devotas natalenses mais fervorosas é Maria Auxiliadora Albuquerque de 64 anos. O seu fascínio por um dos pioneiros da catequese dos índios no Brasil começou ainda na infância. "Quando eu estudava, eu sentia uma afinidade pelo trabalho dele com os índios e a catequese", contou. Mas foi em 1974, quando se mudou para o Estado do Amazonas, que sua fé foi impulsionada. "Encontrei no quintal da minha casa uma relíquia de Anchieta. Estava até meio sujo de areia", falou. Segundo ela, era um papel enrolado contendo um pedaço da batina do padre e a informação escrita que aquilo era uma relíquia sagrada. Auxiliadora passou pouco mais

Maria Auxiliadora encontrou uma relíquia sagrada do jesuíta no quintal de casa

Padre Lucas alega fé no Padre Anchieta para a cura de problemas na visão

de dois anos na cidade de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, na fronteira com a Venezuela. Quando retornou a Natal, ficou com grande expectativa que sua casa fosse perto de uma igreja que tivesse o padre Anchieta como padroeiro, mas não se preocupou em procurar. Contou apenas com a fé. Ao conhecer o bairro teve a grata surpresa. "Minha casa fica só a cinco minutos da igreja", destacou. Depois da chegada, a relíquia foi utilizada uma vez como símbolo de fé. O pároco da igreja, padre

Anchieta, sua filha, segundo conta, melhorou. A neta não nasceu prematura nem com seqüelas da doença da mãe. Um caso ainda mais grave da possível cura de um câncer no pulmão em um jovem de 25 anos foi levado para o Colégio dos Jesuítas em São Paulo para auxiliar na santificação. Mas não foi preciso. Os relatos de graças e milagres alcançados são muitos. No entanto, para alcançar o status de santo, o Vaticano dispensou o processo regular, processo incluiria a comprovação de

Francisco Lucas, estava com a visão reduzida progressivamente em um dos olhos. O pároco e a devota afirmaram que, depois de uma oração com a relíquia no olho, padre Lucas teve seu problema de visão solucionado. Hoje em dia Auxiliadora se dedica aos estudos da vida do sacerdote e também coleciona relatos de milagres alcançados para sua família e pessoas próximas. Uma delas foi de sua filha que estava grávida e teve catapora. Ao pedir a intersecção do então padre

um milagre. De acordo com o padre Lucas, isso só ocorreu em função de Anchieta ter uma história "especial" de dedicação aos mais necessitados e à fé cristã. Em 22 de junho de 1980 foi proclamado beato pelo Papa João Paulo Segundo. Porém, o processo de beatificação havia começado no século 17, mas o processo não prosseguiu. APÓSTOLO DO BRASIL O mais novo santo brasileiro nasceu nas Ilhas Canárias, Espanha,

em 1934. Segundo o padre Lucas, aos 14 anos de idade foi estudar em Portugal. Um dos motivos para vir para a então colônia portuguesa foi o seu diagnóstico de "espinhela caída". "Ele veio para ajudar na missão, porque em Portugal disseram que ele poderia ficar melhor morando em outro continente", contou padre Lucas. Já integrando a Companhia de Jesus (ordem dos Jesuítas da Igreja Católica) aos 19 anos, chegou ao Brasil. Aqui ele escreveu os capítulos mais relevantes de sua história. Ele é um dos fundadores da cidade de São Paulo e participou da fundação de tantas outras. Anchieta não se restringia ao sacerdócio. Também desenvolveu habilidades como professor, historiador, gramático, escritor, enfermeiro e até médico, manuseando plantas medicinais que faziam parte da tradição indígena. Conseguiu aprender e ter fluência em tupi-guarani. "Ele escreveu até uma gramática da língua tupi-guarani. Se esses estudos tivessem sido levados à frente, o Brasil hoje provavelmente teria duas línguas oficiais", comentou o líder religioso da paróquia de São José de Anchieta.


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