CRUZEIRO DO VALE Edição especial de aniversário | 23 anos
Junho 2013
GERAÇÃO CARAS-PINTADAS
23 ANOS DEPOIS Ao chegar aos 23 anos, o Cruzeiro do Vale viaja no tempo para relembrar costumes e fatos marcantes da década de 1990, uma das mais emblemáticas da história recente do Brasil
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COLÉGIO MADRE FRANCISCA LAMPEL
60 anos educando e semeando valores O Colégio Madre Francisca Lampel é uma escola católica que promove a educação que integra fé, ciência, cultura e vida O lema “Educar é doar-se para construir” sintetiza a linha de atuação do Colégio Madre Francisca Lampel, em atividade na educação gasparensedesde1953.Ainstituiçãodeensino busca sua autonomia por meio da“Construção crítica e social do conhecimento”, pois nenhum homem pode ser líder sem ser autônomo. A conjugação entre razão e fé dá unidade, articulação e coordenação a cada disciplina, o que fortalece na essência do saber escolar a visão cristãdomundo,davida,daculturaedahistória.
Base educacional que faz a diferença AtualmenteoColégioMadreFranciscaLampelcontacomcursosdeeducaçãoinfantil,fundamentalIeIIeensinomédio.Aescolatem650alunos,nos períodosmatutinoevespertino,eofereceaosestudantesumcurrículosólido e moderno. O corpo docente está sempre voltado ao que há de novo na área educacional, com participações frequentes em cursos e congressos. Oensinomédio,cursomaisnovoimplantadopeloColégioMadreFranciscaLampel,formasua11ªturmanofinalde2013.Osmuitosprofissionaisque já estão no mercado comprovam o valor e a eficiência da base recebida no Lampel,sejanoconhecimentocientíficoounosvaloresligadosàcidadania. Aescolaacompanhaasrecentesmudançasnoensino,comoequilíbrionecessárioentreasciênciasexatasehumanas,umavezquetodasasáreastêmo mesmo peso na formação do cidadão e na transformação social do mundo.
COLÉGIO MADRE FRANCISCA LAMPEL IRMÃS FRANCISCANAS DA IMACULADA CONCEIÇÃO “EDUCAR É DOAR-SE PARA CONSTRUIR”
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Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio Atividades do contraturno
47.3332-0935 Rua São José, 33 - Centro Gaspar /SC
Revista
CRUZEIRO DO VALE
Edição especial de aniversário | 23 anos
07 23 anos depois 14 Música 22 Cinema 28 Cultura Pop 34 Moda 39 Literatura 44 Arquitetura 48 Comércio 54 Religião 59 Imprensa
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Diretor Gilberto Schmitt (Reg. Prof. 1557 - MTB/SC) Depto. Financeiro Ana Lúcia Schramm Schmitt; Indianara Schmitt Depto. Comercial Giovana Morauer Editor-chefe Jean Laurindo (Reg.Prof. 3889 - MTB/SC) Chefe de Redação Sandro Lauri Galarça (Reg. Prof. 8357 - MTB/RS)
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Projeto Gráfico e Diagramação Diogo S. Campos Anúncios Maria Luiza Junges
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Fotografias Fábio Venhorst Reportagens Carla Superti; Ana C. Bernardes; Jean Laurindo; Sandro Galarça Impressão Gráfica ZF, Blumenau Circulação Junho 2013
Cruzeiro do Vale Sede: Cel. Aristiano Ramos, 441 - 1º andar Centro - Gaspar/SC Fones: (47) 3332-9060 | 3332-4259 | 3332-5768 redacao@cruzeirodovale.com.br www. cruzeirodovale.com.br Fundado em 1º de junho de 1990 por GilbertoSchmitteJoãoNivaldoTomazzia
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RENATO NICOLETTI ADVOCACIA
Garantia de segurança jurídica O escritório de advocacia Renato Nicoletti oferece serviços na área jurídica para clientes de Gaspar e região desde setembro de 1997. Nesses quase 16 anos de serviços prestados, a atuação se destacou em áreas como Direito Civil e Trabalhista, especialmente com casos de sucesso em defesa patronal. Mais recentemente,otrabalhotambémseestendeuaoutros segmentosjurídicoscomoaáreacriminalecasos de Direito Tributário e Previdenciário. Paraoiníciodosegundosemestredesteano aempresapreparaumanovidadeimportante:a mudança de sede. O escritório deixa o endereçoatual,naAvenidadasComunidades,ocupado desde 2009, e se instala em uma sede própria no Centro Empresarial Atitude, também no Centro de Gaspar. O novo espaço permitirá maisqualidadeeconfortonoatendimentoaos clientes. O trabalho do escritório é desenvolvido por uma secretária e dois advogados. Renato Nicoletti é formado em Direito pela Furb, tem pós-graduação em Direito Empresarial e Ambiental e conclui no final deste ano nova especialização na área de DireitoTributário. Odirlei Gavenda também é graduado em Direito pela Furb e termina neste ano uma pós-graduação em Direito Trabalhista e Previdenciário. Na avaliação de Nicoletti, as especializaçõesdosprofissionaisajudamadarumadimensão melhor de como funciona o trabalho nos maisdiferentesramosdoDireito.“Alémdeoferecerumserviçoamaisparaocliente,também abrehorizontesparaconhecimentosemnovas áreas do Direito”, destaca.
A solução como meta Aolongodotrabalhocomoadvogado,Nicolettiafirmaquesempreteve como norte profissional analisar o Direito pelo lado econômico. Diante de um processo, a equipe sempre analisa a situação e propõe ao cliente uma solução que seja mais interessante e represente maior economia financeira, emocional e de tempo.“É uma quebra daquele paradigma de que se a pessoa entrou com uma ação precisa firmar pé e ir até o final.Temos um viés muito voltado à solução, com uma saída que seja a mais interessante para o cliente”, afirma. Os aconselhamentos aos clientes são feitos desde o início do caso, com a apresentação das vantagens, dos riscos e a orientação sobre cada etapa jurídica.“Com o desenvolvimento da sociedade, as pessoas têm cada vez mais acesso a informação e a tendência é que se crie cada vez mais ruídos nas relações, o que acaba exigindo a atuação do profissional de Direito”, destaca.
OAB-SC 11.615 renatonicoletti@terra.com.br 47.3332-2242
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POLÍTICA E ECONOMIA
Uma década para refletir, não para repetir
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década de 90 pode ser considerada a mais emblemática da história recente do Brasil. Após 20 anos de ditadura militar, o país vivia a expectativa do primeiro presidente eleito pelo voto direto, depois que José Sarney – o vice que virou presidente após a morte de Tancredo Neves – deixava como saldo uma inflação de 82% ao mês. No dia seguinte à posse de Fernando Collor de Mello, em 16 de março de 1990, o presente veio embrulhado em um pacote indigesto: poupança e conta corrente de milhões de brasileiros confiscadas, crise, recessão e um olhar cético sobre Brasília. Como seriam os cinco anos de governo do jovem presidente que dividia a opinião pública com seu choque econômico? 23 ANOS | 07
O tempo se encarregou de destruir a imagem de um líder político austero e vigilante na luta contra a corrupção. Fernando Collor mostrou-se personagem central da hemorragia de dinheiro público que sangrou os cofres e financiou mordomias na residência da família, a Casa da Dinda, em Brasília. A farra terminou em 1992, quando o vice-presidente Itamar Franco foi erguido à cadeira máxima da política nacional com a instauração do processo de impeachment e a renúncia oficial de Collor, em novembro daquele ano. As marcas desastrosas deixadas na política e na economia só seriam esquecidas em 1994 com o Plano Real, a última de tantas manobras para frear a inflação e tentar estabilizar a moeda. O contabilista Augusto César Diegoli lembra bem dessa época. Mas pelo lado ruim. Dentro das organizações, os planos sucessivos causavam mais do que o impacto das novas medidas econômicas: traziam apreensão financeira e o sempre presente risco de redução de pessoal ou até do fechamento das empresas.“Com pouco dinheiro em circulação, as pessoas ficaram amedrontadas. Só compravam o necessário, principalmente nos primeiros dias. Assim é que tivemos deflação nos primeiros meses. O dólar ficou abaixo de R$ 1, os empresários tiveram que baixar os preços para sobreviver. Mas o pior ainda estava por vir: outros planos foram necessários em seguida, pois a inflação já estava voltando”, explica Diegoli, pós-graduado em Direito Tributário e Finanças Empresariais. As consequências daquele momento estão sendo discutidas em ações na Justiça até os dias de hoje. O governo garfou os ganhos das aplicações, principalmente da poupança, maior parte dos processos que ainda pairam no Supremo Tribunal Federal. Augusto ressalta que muitos perderam rendimentos que estavam atrelados a juros e correção monetária, para não dizer à inflação. Quanto aos empresários, estes tiveram que se reinventar. Alguns quebraram, outros aproveitaram os planos Collor I e II para justificar suas falências. No entanto, houve quem contrariasse a lógica e, remando contra a correnteza, conseguiu crescer.
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Empresas enfrentam a recessão Um exemplo entre as poucas empresas que cresceram a partir do período de crise e recessão no início dos anos 90 – que também atingiu a cidade – é a Sango´s Malhas. Localizada no bairro Gaspar Grande, a empresa familiar fundada por Arnoldo Santos e sua esposa, com a sociedade da irmã, segue firme atéosnossosdias.Amalhariaqueiniciou com duas máquinas de costura financiadas é hoje uma das mais importantes da cidade, com clientes distribuídos por todo o Brasil. Quando começou a empresa, Arnoldo e a esposa eram proprietários de uma lanchonetenocentrodacidade.Poruma necessidadefamiliar,precisavamencontrarumaalternativadetrabalhopróximo de casa e que facilitasse o dia a dia do casal, que tinha um menino pequeno e precisava cuidar dele.“Minha irmã mais novatrabalhavaemumaempresacomo costureira, mas estava desanimada com o emprego. Compramos as máquinas e montamosaconfecçãoemcasamesmo. Esse foi o começo, com muitas dificuldades, a um investimento pequeno”, recorda o empresário. Augusto Diegoli ressalta a lógica do Plano Collor, cuja base era ter pouco dinheiro em circulação, momento em que tudo era valorizado. “Os preços tinham quebaixarnamarra,aqualquercusto.As empresasprecisavamvender,masopovo estavasemdinheiro,poisogovernotinha congeladoosvaloresaplicadoseemconta bancária. O plano era este: pouco dinheiroemcirculação,consequentemente os preços teriam que sofrer queda, se alguém quisesse vender alguma coisa”, analisa o contabilista. O empresário confirma a dificulda-
deemtomar um financiamento, um empréstimo junto ao banco. “Não se tinha patrimônio para empenhar em troca, a alternativa foi financiar o equipamento e investir pouco dinheiro no começo”, lembra. O cenário de escassez financeira encontrado pela família Santos foi o mesmo vivenciado por milhares de empresas brasileiras que, na década de 90, fecharamasportaspornãoconseguirem cumprir seus compromissos. A falta de recursos no mercado, reflexo da recessão e da incerteza dos consumidores, fez os primeiros anos da
malhariaseremmaisdifíceisdoqueoplanejado. “De 90 a 94 foi muito complicado, precisamos ter muita convicção que ia dar certo. Só em 1994, quando o então ministrodaFazendaFernandoHenrique Cardoso implantou o Plano Real, conseguimos comprar fios a prazo. Ninguém nos dava crédito, até que um vendedor nosadiantouduastoneladasdematériaprima,eraumnovomomentoeconômico por que o país estava passando. Foi o primeiroempurrãoparaconsolidaronegócio, e a partir daí os recursos começaram a aparecer”, relata.
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Dedicação acima dos números Mas foi somente a partir dos anos 2000, com novos investimentos, mais focado na produção, sem dívidas, que a empresa se consolidou. “Saímos da nossa casa, alugamos uma outra sala, na rua Prefeito Leopoldo Schramm, até a mudança definitiva para a sede própria, onde estamos desde 2006. Passamos pela enchente de 2008 e, apesar de não termos sido afetados diretamente, sofremos os reflexos que ela causou na economia local”, explica Arnoldo. Sua experiência diz que depois de uma en-
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chente o mercado demora cerca de 90 dias para voltar ao normal. “O auge foi 23 de novembro, mas nossos negócios só foram normalizar em fevereiro de 2009”, lembra. Da época do Plano Collor, que trouxe apreensão à economia, Arnoldo tem viva a lembrança das dificuldades financeiras e dos juros altíssimos, dos investidores na poupança, o melhor negócio em termos de rendimento, já que em alguns meses chegava a 82%.“Vencemos todos os desafios porque tanto eu quan-
tominhaesposagostamosmuitodoque fazemos. O dinheiro sempre foi curto, o investimentoerajusto,nuncademosum passoalémdoqueestavaaonossoalcance. Conversando com meu genro esses dias, disse que todo o ar que eu respiro tempódemalha,eusouapaixonadopor confecção, não me vejo fazendo outra coisa”, avalia. A dedicação da família foi maior do que a crise, mais forte do que a recessão e do que os incontáveis planos econômicos enfrentados em mais de 20 anos de trabalho.
Liberdade garantida pela Constituição No campo político, a década de 90 tem seu ápice na mobilização nacional em torno do processo de impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. Após uma sucessão de escândalos financeiros envolvendo o nome do chefe do Executivo, a primeira-dama Rosane Collor e o tesoureiro da campanha, Paulo César Farias, o congresso vota pela abertura do processo de cassação, que não chegou a ser concluído em virtude da renúncia do ex-presidente, em novembro do mesmo ano. A reflexão da professora Edite Müller ajuda a entender em poucas palavras o contexto político da década de 90 e a herança deixada pela geração dos caras-pintadas, a juventude que em 1992 tomou as ruas do país para exigir que Collor deixasse o Palácio do Planalto. Ela lembra a Constituição de 1988 como um marco em nossa história.“Ela vai falar do racismo, dos direitos da mulher, da liberdade de expressão e pensamento e vai abrir caminhos muito amplos. O foco principal da década de 90, de todo o movimento político liderado pelos jovens vem das garantias constitucionais de 1988”, explica Edite.
sem citar o fim da ditadura, em 1985. Na época, Edite lecionava no Colégio São Francisco, hoje Colégio Universitário, e no dia da mobilização nacional pelo Fora Collor levou os alunos para a Praça Getúlio Vargas. “Foi um período de grandes mudanças e ao mesmo tempo de grandes decepções. Senti que também precisava fazer alguma coisa”, revela. E realmente foram
muitas novidades num curto espaço de tempo: a campanha pelas diretas, a Constituição, o voto direto para presidente, o impeachment de Collor, a posse de Itamar Franco, o Plano Real, o primeiro mandado de Fernando Henrique Cardoso, a emenda da reeleição e o segundo mandato, a estabilização econômica.“Foi uma década e tanto”, sintetiza a professora.
Para a professora, é impossível falar da década de 90
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Revolucionários...
...mas nem tanto Moema Beduschi, Marco Aurélio da Cruz Souza e Aline Serafim eram alunos da professora Edite Müller na já distante oitavasérieeengrossaramocorodeFora Collor em agosto de 1992. Junto a outras centenasdejovensestudantes,gritaram palavrasdeordem,cantarammúsicasque lembravam o fim da ditadura, deram as mãos e protestaram contra a corrupção que tomava conta do país. Eles lembram que a professora de História estimulava essadiscussãoemsala,comumposicionamento bem marcante. Moema Beduschi, hoje mãe de dois filhos e professora de Dança, foi convidada para falar ao microfone, na frente da multidão que ocupava a praça em frente à Prefeitura, na sombra da figueira que já assistiuaprotestosemanifestaçõescom a mais variada finalidade.“Quando saí de casa, minha avó havia dito uma frase que me marcou. Como eu era a mais falante do grupo, a professora Edite me passou o 12 | CRUZEIRO DO VALE
microfone para que eu dissesse algo em nome da turma. Foi aí que saiu automaticamente: - Se Collor foi irresponsável, vamosmostraraelequenóssomosresponsáveis”, relembra. MarcoAurélioestáconcluindodoutoradoemMotricidadeHumanaemLisboa, Portugal. Professor na Furb, na Unifebe e na escola de idiomas Fisk, também é um dosresponsáveispelacoreografiadogrupoquevairepresentarGasparnoFestival deDançadeJoinville.Nãotemtãovivasas lembrançasdodiadamanifestação,mas recordaomomentoemquechegouàpraça.“Sei que o local estava tomado, havia umagrandeconcentraçãodealunos.Nós éramososrevolucionáriosdaescola,estar ali era uma obrigação, até pelo que a mídiatinhaexploradodurantetantotempo”, completa. Aline Serafim é corretora de imóveis etrabalhacomoautônoma,depoisde14 anos como concursada da Polícia Civil
(encontra-se em licença não remunerada).Elarecordadoprotestonapraçacom uma boa dose de saudosismo. Naquele tempo, lembra ela, todos eram mais românticos e até inocentes pelo momento recente de abertura política. “Muitos de nósnemsabíamosoqueestávamosfazendoali.Éclaroquefomosincentivadoseaté insufladospeloclimapolíticodopaís,mas principalmentepelainfluênciadamídia.A TVsófalavanisso,osjornaiserevistastambém. Não tinha como ser neutro”, opina. Talvez até mesmo o ex-presidente Collor, que voltou à vida política em 2007 como senador pelo estado de Alagoas, tenha sido ingênuo ao criar um partido próprio e desafiar a elite do país, na caça aos marajás. Combater a corrupção não éumaboaescolhaquandoseestámergulhado até o pescoço nela.
Texto | Sandro Galarça
ARTEFATOS DE PLÁSTICO
Alves Plastic une crescimento e inovação Próximadecompletaroitoanosdeatuaçãonomercadodeartefatosde plásticos, a Alves Plastic, no Gaspar Mirim, continua unindo crescimento, inovaçãoequalidadenosprodutosenoatendimento,característicasque se tornam o referencial da empresa durante a sua trajetória. Os produtos da empresa, que integram utensílios de cozinha, artigos para decoração, peçaspersonalizadaseacessórios,sãoproduzidosefocadosnaqualidade e no interesse do público. Para isso, é realizada uma grande pesquisa de mercado através de uma parceria com a FRP Ferramentaria, que estabelece as viabilidades e necessidades dos consumidores. Mas esse sucesso já vem de tempo. Por volta de outubro de 1986 surge umpequenonegóciodefamília,iniciadopeloempresárioVilmarAlvese,nopassardosanos,amparadopelosfilhosRicardoeCleversonAlves,queassumiramposiçõesimportantíssimasparaodesenvolvimento da Alves Plastic. De início, a principal atividade era a fabricação de utilidade em madeira. A cadaano,aempresaseconsolidaemseusetor,chegandoaocrescimentoanualdeaproximadamente 30%.“Esteresultadoédecorrentedonossocompromissodelevaraopúblicomateriaisdequalidade, alémdeótimoatendimento”,destacaVilmar.Hoje,osprodutosdaAlvesPlasticsãovendidosemtodo o território nacional e também exportados ao Canadá e à América Latina.
Dedicação
Crescimento Hoje a Alves Plastic conta com várias parcerias, que se estendem desde Gaspar até cidades como Rio do Oeste, onde é produzida praticamente 80% daproduçãodeutilidadesdemadeira.Juntashojeas unidadesempregamcercade80funcionários,produzindoutensíliosemmadeiraaliadosàtecnologia,inovaçãoe,principalmente,usandomateriaisadequados às normas e evitando o desperdício do material.
Para chegar a esse tempo de trabalho, a Alves Plastic sempre contou comoapoiodefuncionáriosdedicados.EntreelesestáSinaraAparecida dosSantosPereira,umadasfuncionáriosmaisantigas.Elainiciounaproduçãoquandoaindaadolescente,há14anos,ehojecuidadoPPCP.“Além decresceracadaanoelançarnovosprodutosinovadores,aempresasempreapoiouseusfuncionários.Elacresceupensandononossobem-estar.” OcoordenadordeAdministração,JeanCarlosSchnaider,játrabalha na Alves Plastic há quatro anos e acredita que a empresa nunca perdeu seufocoprincipal,queéoexcelenteatendimentoaopúblico.“Elaestáem constanteevolução,sempreprocurandoinovaremseusprodutos”,afirma. “Dedicação,crescimentoemetasdeatuaçãoemnovosmercadossão indispensáveisparaumaboaaceitaçãonomercadoatual”,destacaogerente nacional de vendas, Hecio Jose Floriano. Alémdoenvolvimentodetodososfuncionários,adedicaçãoeatroca deexperiênciasfazemdotimedaAlvesPlasticumpontoforte,graçastambémaocomprometimentodefuncionárioscomoPascoal,FabioeNelson, quefazempartedogrupoháoitoanosepassamsuasexperiênciasaosnovos membros da equipe.
ALVES PLASTIC FAZENDO A DIFERENÇA
47.3332-1065 Rua Rodolfo Vieira Pamplona, 3896 Bairro: Gaspar Mirim - Gaspar /SC
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MÚSICA
Clima de romance Cantores de diversos gêneros traziam o amor como assunto das principais faixas de seus discos
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alar sobre música é um pouco difícil. Porque as pessoas têm gostos variados. Em cada época, um gênero se destaca”. Assim o comunicador Osvaldo Hotequil começa a falar da música nos anos 90. Segundo ele, no final dos anos 80 e início dos 90, a música gaúcha, popular e alemã estavam em evidência na cidade de Gaspar. Porém, a que mais estava em alta na rádio era a sertaneja. “Todas as músicas, mas principalmenteasertaneja,têmumadefinição queéassim:causos,acontecimentose histórias colocadas em rimas e versos, adicionados a uma melodia que combine e, sendo bem executada, agrada nossos ouvidos”, afirma Osvaldo. O sertanejo dos anos 90, na maioria das vezes, falava sobre amor. De acordo com Darlan Dias, professor do curso de Licenciatura em Música da Universidade Regional de Blumenau (Furb) que também atua ensinando Artes e Música em Gaspar, nessa décadaesteestilomusicalpassaaganhar maior abertura na mídia e, consequentemente, no mercado da região. “Talvezpudéssemosapontá-loscomo maiores influentes da cultura que circula hoje nas casas de shows do Vale. As produções de duplas de sucesso como Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo, e Zezé di Camargo e Luciano são grandes influências para o sertanejo universitário, que tem um mercado forte”, pontua. 14 | CRUZEIRO DO VALE
“A música cantava alguma coisa que realmente fazia sentido”, afirma seu Osvaldo,enfatizandoqueumaboamúsicaédefinidaporacontecimentosouhistórias, acompanhadadeumaboamelodia.Naopiniãodocomunicador,asmúsicasdosanos 90erammelhores para quemviveuaépoca.“Ajuventudeatualfazmúsicas bonitas para dançar no estilo que eles dançam hoje. É comum eu dizer que as canções naquele tempo eram melhores, mas para o meu estilo”, ressalta. Ele confessa que até gostadealgumasmúsicasdosertanejouniversitáriolançadashojeemdia.“Elesfazem uma história a seu modo”, acredita. Darlan ressalta que, na região, a Oktoberfest passa a ter maior visibilidade nacional e impulsiona bandas de músicas alemãs doVale, como a Cavalinho Branco, Banda do Caneco, Society, entre outras. “A música cantava alguma coisa que realmente fazia sentido”- Osvaldo Hotequil
O rock também estava apaixonado “Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor, eu nada seria” (Monte Castelo – Legião Urbana). Essa é uma das composições mais famosas produzidas no ano de 1990. A banda Legião Urbana transforma o soneto 11, de Luís Vaz de Camões, e o capítulo13,deCoríntios,livrodaBíblia,
em música. Monte Castelo é exemplo de um dos temas de letras nacionais que surgiu na época: o amor. Renato Russo era considerado, além de músico, poeta. Em suas letras tratavadeassuntosdocotidiano,como problemassociaisepolíticos,mastambém suavizava os discos com faixas falando sobre amor. Nesta mesma linha
depensamentoestavamoutrasbandas de rock que começaram a carreira nos anos 80 e eram presença certa no rádio na década de 90, como Barão Vermelho,EngenheirosdoHawaii,Nenhum de Nós, Cássia Eller, Kid Abelha, Capital Inicial, Skank, Charlie Brown Jr., Ultraje a Rigor, Ira, Pato Fu e Paralamas do Sucesso.
lasse a f u e e u q a “Aind ens e m o h s o d a u a líng jos, n a s o d a u g falasse a lín ria” e s a d a n u e , sem amor
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“Nosanos90noBrasil,bemcomonaregião,vivenciamosos resquícios de uma geração de rock nacional dos anos 80, o que hoje em termos de história tem-se aceito por BRock. As rádios veiculavamprincipalmenteasbandasreminiscentesdestageração”, afirma o professor Darlan Dias. De acordo com ele, Blumenau e o Vale do Itajaí ficaram marcadas pela realização do Skol Rock, de 1993 a 1996, que trouxe muitas das bandas mais famosas da época à região. Darlan também aponta que outros festivais de rock como Blumenália e Rock na Rua, com participações de bandas independentes, também se destacavam.“As bandas com músicos da região como Portal da Cor, Quarta Redenção, Vlad V e Incandescenteseramfigurasgarantidasnascasasdeshowsenos bailes da região”, lembra. OsmeninosdabandaMamonasAssassinascomeçaramase reunir e fazer seu rock cômico em Guarulhos no ano de 1990. Elesestouraram mesmo em1995,lançando emjunho do mesmo ano um disco que vendeu 3 milhões de cópias. Porém, sete meses depois, em 2 de março de 1996, os cinco integrantes do
gruposofremumacidenteaéreofatalenquantovoltavamdeum show em Brasília. Seus sucessos, como Lá vem o alemão e Pelados em Santos, são lembrados até hoje pelos fãs. Aqualidadedasmúsicasnoquesitotecnologiatambémpassou a ser vista de forma diferente na década de 90.“É um períodoemquenoBrasil,bemcomonaregião,passamosateracesso aequipamentosqueajudaramamelhoramefacilitarasproduçõesmusicais.Podemosressaltaraintroduçãodosrecursosda computação,dosnovosequipamentoseletrônicosdeáudioeda disseminação do CD, MP3 e da internet”, explica Darlan. Conforme o professor, a música passa a ser produzida com maisfacilidade,commaisrapidez,menosrecursosesemrequerer grande mão de obra.“Diferentemente dos recursos analógicos,oprocessodigitalquepassaaseramplamentedifundido noperíodocomeçaaproduzirumsommaiscomprimido,com menosfreqüênciadegraveseagudos,mascommenosinterferência de ruídos. Assim, o fator qualidade passa a ser muito discutido,principalmenteentreosadeptosdovinil(analógico)edo CD (digital)”, esclarece.
Da música lenta ao rap
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Comooromanceestavano ar, José Augusto, Marisa Monte, Adriana Calcanhoto, Simone, Adriana e Sandra de Sá, cantoresdamúsicaromântica, tambémseconsagraramnoinício da década. “Foi nos anos 90 também que as bandas de pagode românticas passaram a ocupar um lugar significativo nas paradas de sucesso pelo Brasil, e a estar mais presentes nas casas noturnas e nos veículos de comunicação noVale do Itajaí. Destacam-senestaépocagrupos como Exaltasamba, Só Pra Contrariar, Negritude Júnior, Molejo, e Raça Negra.”, revela Darlan. O professor de Música ainda comenta que com a escassezdesambistas,ospoucos
queconseguirampermanecer atuantes neste período acabaram se tornando influentes paraestanovageração.“Assim, puderam gozar de certo prestígio devido ao trabalho persistente e de qualidade, como é o caso de Zeca Pagodinho e Jorge Aragão”. Mas o principal assunto comentado no Brasil durante este período não poderia ser deixado de lado na música. A indignação dos brasileiros com as decisões tomadaspelo presidente Fernando Collor também estava presente em cançõesdeváriasbandas,principalmente de rock, e aparecia com evidência no rap dos Racionais MC’s, Thaíde, Gabriel, O Pensador e DJ Hum.
Bandas internacionais como maiores influências “Acredito que as principais bandas em que nos inspirávamos eram The Beatles, Rolling Stones, Creedence, Pink Floyd, Raul Seixas, Zé Geraldo e Expresso Rural” Cláudio Avila, ex-guitarrista da banda Dossiê
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Assimcomooscantoresebandasnacionaisdaépocaemquestão,os internacionaismarcaramtantapresençaqueatéhojeconquistamnovos fãs.“Foi um período de muita importação de artistas, que passaram a figurar com frequência em território brasileiro. A década ficou marcada pela realização de festivais como o Rock in Rio II (1991) e seis edições do HollywoodRock (de90 a96), eventos estes quetrouxeram grandesgruposinfluentesnaépoca,comoGunsN’Roses,FaithnoMore,eSmashing Pumpkins”, ressalta o professor de Música Darlan Dias, que ainda comenta:“as bandas grunges como Nirvana, L7 e Pearl Jam, bem como o pós-punk, já na segunda metade da década de 90, principalmente com grupos como Green Day, Offspring e Bad Religion, foram influentes nas bandas de rock locais”. Isadora Ferrari, 16 anos, nem era nascida no início dos anos 90, mas é fã de carteirinha do rock da época.“Comecei aouvirrockcommaisoumenosoitoanos.Semprepreferias músicasmaisantigasporqueachoaqualidademuitomaiordo queasatuais”.Segundoela,naqueleperíodoorocktinhamais conteúdo.AestudantetemmúsicasdebandascomoNirvana, U2, Pink Floyd e Guns n’ Roses em sua lista das preferidas. CláudioAvilaeraguitarristadabandaDossiê,quesurgiu noiníciodonovoséculoemGaspar.“Nossorepertórioerafocadoprincipalmentenorockclássico,mastocávamostambém poprock,MPB,músicasregionaisepróprias.Abandaacabou incorporandoasdiferentesinfluênciasdeseuscomponentes. Acreditoqueasprincipaisbandasemquenosinspirávamos eramTheBeatles,RollingStones,Creedence,PinkFloyd,Raul Seixas, Zé Geraldo e a catarinense Expresso Rural”, ressalta. Alémdasbandascitadasacima,Cláudiolembraquetocava sucessosdeoutrosgruposnacionaiseinternacionais.Alguns que faziam sucesso também na década de 90, como Lynyrd Skynrd, U2, Pearl Jam, Barão, Ira,Titãs, Engenheiros,TNT, Dazaranha, Nando Reis, Cassia Eller, Lenine, Zeca Baleiro, Zé Ra18| CRUZEIRO DO VALE
malhoeoutros.“Mastambémtocávamosmúsicasprópriasem meioaoscovers.Nossorepertórioerapontuadopormúsicase bandasquenosremetiamaalgummomentooulugar”,afirma. Omúsicoconfessaquesuasreferênciasmaisfortessãoda década de 70 e 80.“Nos anos 90, o cenário musical começou a ficar cada vez mais pop, a qualidade da produção musical melhorou e se tornou, em alguns casos, profissional até demais.Sóquecomeçamosaterasensaçãodequeoimportante é vender em vez de ter o que dizer”. Para ele, isso acabou se tornandoregraatéhoje:“Tudoémuitorepetitivoeparecido. Porém,muitacoisaboafoievemsendofeita.Nossasopções paraouvirmosmúsicasseampliaram,podemosfiltraroque queremos ouvir”. AúltimaapresentaçãodabandaDossiêfoiem2011.Mas Cláudio revela que todos os que fizeram parte do grupo aindasãoamigos.Alémdisso,hojeemGaspartemumgrupode pessoasemconjuntocomosintegrantesdabandaGlicose— bandairmãeparceiradeeventosdaDossiê— queestãopromovendoencontrosondeseapresentambandasdetodasas idades, “onde se pode curtir o bom e velho rock and roll”.
Outros gêneros Ohiphop,movimentonascidonadécadade70nosEstadosUnidos,ganhouforçanoinício dos anos 90. Os principais responsáveis pela popularidade do estilo musical do rap na época foram Snoopy Dog,Tupac, Dr. Dre, Cypress Hill, Ice-T e Ice Cub. Mal vistos por alguns e idolatrados por outros, estes cantores falavam sobre as classes sociais mais baixas, gangues,violênciaedrogasemsuasmúsicas.Comumapropostaderapmaispop,surgeVanilla Ice com a canção Ice Ice Baby, sucesso que emplacou nas rádios de todo mundo em 1990. O reggae, pop, pop rock e soul também continuavam fazendo sucesso neste período. Jimmy Cliff, Gloria Estefan, Michael Jackson, Janet Jackson, Billy Idol, entre tantos outros artistasquecomeçaramsuacarreiraemdécadasanteriores,continuavamfirmenasparadas.Enovosgruposmusicaiscomcantoresdopopepoprockcomeçavamaaparecerna mídia: Spice Girls, All Saints, Backstreet Boys, Oasis, N’Sync, Meredith Books, Sheryl Crown, e Blink 182 levavam as adolescentes à loucura com suas músicas românticas, danças inovadoras e estilos que ditavam a moda.
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ARLETE TRENTINI E JÚLIO CÉSAR BRIDON
Talento reconhecido Com mais de 10 livros lançados e inúmeras premiações nacionais e internacionais, o casal Júlio César Bridon dos Santos, 69 anos, e ArleteTrentini dos Santos, 60, nem pensa em deixar otalentodelado.Aarteépresençaconstantenaresidênciados doisdesdeosquadrosexpostosnaparededasala,passandopelostroféusexpostoscomorgulhonasestantesechegandoaos livros já publicados e arquivados com carinho pelo casal. Ao longo da trajetória na literatura o casal já conquistou mais de 30 prêmios e antologias pelo Brasil e pelo mundo afora. Entre os mais recentes estão o Prêmio Literarte de Cultura, recebido em maio em Foz do Iguaçu (PR), o Prêmio Luso BrasileirodeMelhoresPoetas,conquistadoporBridoncomopoema “Silêncio” e concedido pela editora Mágico de Oz, da Ilha da Madeira, de Portugal, além dos troféus Pedro Aleixo e Cecília Meirelles, concedido a Bridon e Arlete, respectivamente, consideradospersonalidadesnotáveisemeventoorganizadoem Itabira (MG). Mesmo em meio ao reconhecimento, o trabalho do casal não para. Bridon prepara mais dois livros para serem lançados. Oprimeiro,aindasemnomedefinido,devereunirpoesiassobre datas comemorativas, no estilo do livro Poetizando, mas com datas e textos inéditos. A obra já está praticamente concluída, mas o lançamento deve ficar para o final deste ano ou o início de 2014. O segundo, com título de O Viajor, deve ser lançado esse ano pela Literarte, associação internacional de escritores 20 | CRUZEIRO DO VALE
à qual o casal é vinculado, com sede em Cabo Frio (RJ). Já Arlete divide os dotes artísticos entre as artes plásticas, com quadros pintados com óleo sobre tela, e a literatura, com ênfase também em poesias. Em outubro, um quadro pintado por ela fará parte de uma exposição no Museu do Louvre, em Paris, um dos mais conceituados do mundo. A oportunidade surgiu após ela participar do livro L’art Contemporain du Brésil com a pintura que estará em exposição na França. Além disso, emmaioelaacompanhouolançamentodaversãoeminglêsdo livro Elas Pintam, Elas Pensam, que teve a primeira edição lançada em 2012, com pinturas e poesias de Arlete.O lançamento ocorreu na entrega do Prêmio Literarte de Cultura, em Foz do Iguaçu. No primeiro semestre deste ano o casal viveu emoções diversasemhomenagensrecebidaspelotrabalhonaáreaartística.Noiníciodemaio,elesforamhomenageadosporestudantes da quarta série da Escola José Elias de Oliveira, de Ilhota, com desenhoseapresentaçõesfeitaspelosprópriosalunos.Diasdepois,foram agraciados com os títulos deEmbaixadoresdaPaz, da Divine Académie Française des Arts Letters et Culture, em cerimônia de gala no dia 6 de maio de 2013, no Palacete Julieta Serpa, no Rio de Janeiro.“Cada manifestação dessa tem o seu valor e todas são sempre muito especiais para nós”, conta Arlete, que guarda com carinho os versos feitos pelos alunos que homenagearam o talentoso casal.
Mulheres pintam POR ARLETE TRENTINI
Mulheres pintam E alegram o mundo. Elas pensam, Pensam em toda humanidade Dão vida a outras vidas, Criam vida em telas esquecidas... Carregam pincéis e telas E na mente ou no ventre são criadoras de criaturas que dão colorido ao mundo
Silêncio POR JÚLIO CÉSAR BRIDON DOS SANTOS
Calado, pensativo Olhar distante Perdidonohorizontedospensamentos Aguarda silencioso o seu pensar. Não emite som algum, Apenas observa, absorto Dentro do seu próprio eu. Passam-se dias, anos Uma vida inteira E ele, ali, calado Mas consciente. Sabe que o seu segredo Está no saber calar E fazer da sua vida Um eterno caminhar.
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DÉCADA DE 90
O cinema fecha as portas Gasparenses recordam época em que a cidade exibia sucessos da sétima arte
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A
década de 90 foi marcada por grandes sucessos do cinema, como Ghost, Edward Mãos de Tesoura e Esqueceram de Mim, lançando atores como Johnny Depp e Macaulay Culkin etambémterminandosequênciasdealguns dos filmes mais famosos da telona: De Volta para o Futuro III e O Poderoso Chefão III. Em Gaspar, essa foi a época queocinemadacidadefechouasportas. Nilton Isensee Junior, 25 anos, viu doisfilmesnoCineGasparquandoainda era criança. “Assisti a Debi e Loide com minha irmã e a Rei Leão com minha mãe e um amigo. Os dois entre 1994 e 1995”. Pouco depois, o cinema de Gaspar fechou as portas. “Assisti a Rei Leão numa quarta-feira, por volta das 18h, e tinha pouca gente na sessão. Hoje um cinema faz muita falta na cidade. Sempre me lembro de quando era criança e vi esses filmes”, afirma. Como é apaixonado pela sétima arte, Nilton acaba indo até outras cidades, como Blumenau e Balneário Camboriú, para assistir aos lançamentos que ainda nãochegaramàslocadorasgasparenses. Ioná Eberhardt, 41 anos, também recorda da sala de cinema já praticamente vazia nos anos 90. “Este cinema ficou
Laura Schönfelder, 93 anos, recorda a época de ouro do cinema gasparense
pouco tempo na cidade. O dono colocava cartazes dos filmes na loja em que eu trabalhavaenosdavaumingresso.Tinha vezesqueeraapenas eu eapessoaqueia comigo assistindo ao filme”, lamenta. Como não há cinema em Gaspar e o maispróximoficaemBlumenau,algumas pessoas acabaram deixando de ver os lançamentosemcartazeoptaramporassistir filmes apenas na televisão de casa. MiltonSebastiãoReinert,60anos,revela que na década de 90 não chegou a conhecer o Cine Gaspar e o último títuloqueassistiunocine-
ma foi o sucesso nacional Dois Filhos de Francisco, lançado em 2005. “Vi o filme emBlumenau,depoisnuncamaisfui.Não valeapenasedeslocaratéláapenaspara ir ao cinema”. Sobre o município não ter um cinema atualmente, Milton reclama: “é um absurdo uma cidade com mais de 60 mil habitantes não ter sequer uma sala de cinema”.
O cinema mundial Os gêneros dos filmes eram os mais variados. As comédias Esqueceram de Mim, O PestinhaeOlhaQuemEstáFalandoTambém nasceram em 1990 e tornaram-se sucessos para toda a família assistir. Edward Mãos de Tesouratambémfoiumgrandeclássicodogênerolançadonoano,misturadocomromance e fantasia e dirigido por Tim Burton. Alguns dostítulosmaisassistidosduranteadécadade 80voltaramcom sequênciasem1990, como O Poderoso Chefão III, DeVolta Para o Futuro III, Rocky 5, Robocop II,Predador II – A Caçada Continua, O Exorcista III, entre outros. Os romances Uma Linda Mulher e Ghost,
estrelados por Julia Roberts e Demi Moore, respectivamente,tornaram-segrandesclássicosdocinemamundial.Jánogêneroterror,em 1990 foram lançados clássicos como A Noiva de Chuck, Boneca Assassina, O Novo Pesadelo,It–Umaobra-primadomedoeFrankestein – O terror das trevas. Nacategoriasuspense,HorasdeDesespero,SobaSombradoMaleMorandocomo Perigomarcaramoprimeiroanodadécada. E dos títulos de ação, O Exterminador do Futuro 2, Duro de Matar 2, Pulp Fiction – Tempos de Violência e Missão Impossível são algunsdosquemaissedestacaramnoperíodo.
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A época de ouro no cinema gasparense O cinema surgiu em Gaspar na década de 40, com sessões itinerantes que aconteciam no salão do Hotel Wehmuth, na rua Coronel Aristiliano Ramos, Centro da cidade. O equipamento era trazido de Blumenau e comandado pelos irmãos argentinos Horwarth, pioneiros da sétima arte na região. A jornalista gasparense Magali Moser, que escreveu o livro Cinema contando a história de Herbert Holetz, um dos responsáveis por implantar o cinema na região, diz que houve várias tentativas de se fazer cinema em Gaspar.“Uma das primeiras talvez tenha sido onde hoje é o Bazar União. Lembro que o Sr. Holetz sempre me falava disso”.
Sala onde era o cinema abriga hoje o plenário da Câmara de Vereadores
Neste local funcionava o Cine Mogk, que tinha como proprietárioWalter Mogk, dono de um cinemacomomesmonomeemBlumenau.LauraSchönfelder,93anos,recordaqueelaeseumarido,RolandtSchönfelder,eramdonosdocaféerestauranteUniãoecompraramoedifícioonde ficava o Cine Mogk na década de 50.“Seu Mogk era muito organizado. Lembro que o cinema fez tanto sucesso que, algumas vezes, assistíamos aos filmes pela porta da sala do café porque não havia lugar nas cadeiras. Na bilheteria tinha fila de tudo quando é lado”, afirma. Segundo dona Laura, as sessões aconteciam sempre sábado, domingo e um dia no meio de semana.“Naquele tempo não importava se o filme era bom ou ruim. O que as pessoas queriam era ir ao cinema.Vendíamos balas ao lado da bilheteria e víamos o grande movimento que tinha por aqui”, recorda. Milton Sebastião Reinert lembra claramente de quando frequentava o Cine Mogk:“eu tinha aproximadamente 18 anos. O mais interessante era ver o tipo do cinema, a diferença que é de atualmente. Naquela época eles manuseavam o filme à mão, hoje é tudo eletrônico”.
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Produções nacionais em baixa Nos anos 90, os filmes produzidos no Brasil não tinham as mesmas características dos atuais. No início da décadanãohouvemuitoslançamentos. Um dos motivos da baixa produção de filmes nacionais foi a extinção da Embrafilme, Concine e Fundação do Cinema Brasileiro peloentãopresidente daRepública, Fernando Collor. Mesmo assim, alguns filmes marcaram época. Os infantis Lua de Cristal e Menino Maluquinho, e os dramas Quem Matou Pixote,
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O Quatrilho e Perfume de Gardênia foram alguns dos mais famosos. O público nos cinemas e locadoras do país nãotinhaocostumedeassistir a muitos títulos brasileiros e o que contribuía para isso era a falta ou a precariedade de espaços disponíveis para divulgar filmes nacionais. Em 1992, no governo de Itamar Franco, é criada a Secretaria para o DesenvolvimentodoAudiovisual,quefoi o primeiro passo para a criaçãodaLeidoAudiovisual.Foi apósesteperíodoqueocine-
mabrasileirotevemaisênfase e produções que chegaram a ganhar prêmios internacionais. O filme que inicia a retomada da alta no cinema nacional é Carlota Joaquina – A princesa do Brasil. Outrostítulosfamososdaépoca são O que é isso companheiro e Central do Brasil, que fizeram do cinema brasileiro famosointernacionalmente, com filmes que ganhariam prêmios em vários festivais e abririam as portas para grandes e populares produções que são feitas atualmente.
DL COR CONVÊNIOS
Uma empresa com credibilidade Desde 2004, a DL Cor Convênios oferece a todos os seus clientes a tranquilidadequemerecem.Tradicionalem Gaspar, a empresa oferece serviços de planosfamiliareseauxíliofuneral.Seus conveniados têm acesso a uma ampla rededeprofissionaisnasmaisvariadas áreas da saúde e serviços em geral. “É uma empresa que hoje tem credibilidadedentrodeGaspar”,afirmam os proprietários Almir Ricardo Zuchi, responsável pela parte operacional, e Elke Zuchi, que gerencia o setor administrativo da empresa. De acordo com eles, a DL Cor Convênios teve grande crescimento desde a fundação até os dias de hoje, atuando em Gaspar, Ilhota e região. Os associados da DL Cor têm convênioscomconsultasmédicas,exames laboratoriais e de diagnósticos com valores até 80% abaixo da tabela particular.Sendoumassociadodaempre-
sa,apessoatambémtemdescontosem dentistas e comércio em geral, como óticas,farmácias,lojas,escolasdeidiomas, entre outros. Tudo sem fila, sem carência e sem limite de idade. ADLCordisponibilizaaosassociados serviço funerário com assistência 24 horas. O plano inclui carro funerário, velas, coroa de flores, translado do corpo dentro da cidade, cesta de café e nota de falecimento no rádio. Atualmente, a empresatambémconta com plano de cremação. Os interessados em se associar devem se dirigir à empresa, que ficanaRuaDouglas Alexandre, 50, no Centro de Gaspar, tendo em mãos uma conta de luz, carteira de identidade e CPF.
A TRANQUILIDADE QUE VOCÊ E SUA FAMÍLIA MERECE
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NOSTALGIA
A cultura pop dos anos 90 Videogames, desenhos animados, seriados e programas de televisão revolucionaram toda uma geração
T
elevisão de tubo, videocassete, DVD e videogames. Estes são os eletrônicos clássicos dos anos 90 que revolucionaram a tecnologia mundial e alimentaram a fome de informação de toda uma geração. Com a popularidade da televisão nas casas, oscanaisabertoscomeçavamapassar umavastaprogramaçãoqueagradava todososgostoseidades.Ovideocassete, que a partir de 1996 começou a ser substituído pelo DVD, permitia que as pessoas alugassem filmes para assistir nahoraquequisessem.Jáovideogame era líder entre crianças, adolescentes e adultos, sendo que neste período a
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competição entre as marcas fabricantes começou a ficar acirrada. O gasparense Gilson Dezindério, 26 anos, era criança nos anos 90 e lembra de alguns dos seus desenhos e programasfavoritosnatelevisão:“osqueeu mais via eram Dragon Ball Z, Cavaleiros do Zodíaco e Família Dinossauro”. Os animês (desenhos animados produzidosnoJapão)viraramfebreem todoomundo,comosdesenhosSailor Moon, Dragon Ball, Pokémon, Sakura Card Captors, entre outros, que eram atraçõesdeváriosprogramasfamosos. Entre eles, Bom Dia e Cia. (SBT), Clube da Criança (TV Manchete), Xou da
Xuxa (Globo), TV Colosso (Globo) e Disney Club – TV Cruj (SBT). RafaelVinícius, 25, contaque quando pequeno adorava assistir a esses animês.“Geralmente via os de heróis e deluta,comoJaspioneJiban.Também gostava muito de Dragon Ball Z, Cavaleiros do Zodíaco e Pokémon. Esses três últimos foram os que mais marcaram minha infância”, ressalta. Alémdestes,TinyToon,Animaniacs, Power Rangers, Tartarugas Ninja, As Aventuras deTin-tin, Capitão Planeta, O Fantástico Mundo de Bob, Popples, Teletubbies, Dennis, O Pimentinha e Barney eram sucessos.
Como os desenhos infantis estavam em alta não só entre crianças, mastambémcomosadultos,nessadécadaatelevisãocomeçaraainvestir mais em séries animadas para essa faixa etária. Alguns exemplos são Os Simpsons, Ren e Stimpy, Beavis and Butt-Head, South Park e King of theHill.Seriadosamericanosapareciamcomtemasvoltadosaosjovens adultos: Barrados no Baile, Plantão Médico, O Quinteto, Friends, Blosson, Arquivo X, Seinfeld e Buff, A Caçadora de Vampiros. Com mais personagens nas tramas e aproximadamente uma hora de duração, nos anos 90 as telenovelas brasileiras estavam em evidência. Nomes como Top Model, Rainha da Sucata, Pantanal, Vamp, Mulheres de Areia, A Viagem, O Rei do Gado, Renascer, Quatro por Quatro, Irmãos Coragem, Por Amor e A Próxima Vítima também se destacaram na década. O SBT investia em novelas mexicanas, algumas das mais famosas são A Estranha Dama, A Usurpadora, Luz Clarita, Maria Mercedes, Marimar, Rosa Selvagem e Simplesmente Maria. Foi também na década de 90 que a polêmica de pessoas se assumindo gays e lésbicas tem mais ênfase na mídia, com seriados, filmes e novelas tendo personagens homossexuais em suas histórias. Will and Grace, A Próxima Vítima e Torre de Babel são algumas das produções do período que abordaram o tema.
“-O futuro é uma droga. Vamos mud á-lo.” “-Eu sou leg al, Beavis, mas eu não posso muda ro futuro.”
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Sucessos vistos atualmente na telinha A rotina dos proprietários e frequentadores da academia de ginástica na Barra da Tijuca, a Malhação, deu vida à série de mesmo nome no início dos anos 90 e era uma das mais assistidas na época. Até hoje, o seriado é exibido na Rede Globo, mas, ao invés de academia, retrata o cotidiano de jovens em uma escola. A vida de Hommer, Bart, Lisa, Marge e Maggie, todos integrantes da família Simpson e moradores de Springfield, nasceu em 1989 e está atualmente em sua 24ª temporada. Stan, Kyle, Eric e Kenny, os polêmicos rapazinhos de South Park, também surgiram nos anos 90 e continuam na ativa com a 16ª temporada em exibição na TV. A telenovela mexicana Carrossel estreou na televisão brasileira pelo SBT em maio de 1991 e foi reprisada várias vezes no mesmo canal. Esta versão já era um remake de uma novela argentina dos anos 70. Em 2012, a mesma emissora brasileira regrava o sucesso, que atualmente anima a garotada. Ainda neste ano, será substituída pelo remake de Chiquititas, que foi exibida no fim dos anos 90, e será exibida no mesmo canal.
A indústria dos videogames se consolida
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Nessa década, os consoles domésticos começavam a ficar populares. O ano de 1990 é marcado no Brasil pela chegada do Mega Drive. Patrícia Fão, 27, lembra dessa época. “Tinha o console e jogava a fita do Sonic, Mickey, Castle of Ilusion e Street of Rage”. Em 1993, o japonês Super Nintendo, que vendeu mais de 50 milhões de unidades em todo o mundo, chega ao país munido de alguns dos principais jogos da história dos videogames.“Eu tinha uns 12 anos e ganhei o Super Nintendo com algumas fitas junto. A primeira que coloquei foi a do Super Mário. Quando liguei o videogame e ouvi a música tema do jogo pensei: é meu. Não precisaria mais ir ao fliperama e dali pra frente poderia jogar a hora que quisesse”. Essa é a lembrança de Leonardo Arendt, 32 anos, sobre quando recebeu um dos presentes mais esperados dos anos 90.
Gilson Dezidério conta que no Super Nintendo jogava muito Super Mário e Mortal Kombat. Rafael Vinícius, além destes nomes, gostava de Street Figther e Top Gear. O Neo Geo era outro concorrente, não tão popular quanto os dois anteriores, mas que também teve fãs por todo o mundo. Suas principais fitas eram Metal Slug, The King of Fighters e Fatal Fury. Em 1994 é lançado o primeiro videogame mais parecido com os que temos atualmente: o Play Station. Utilizava CD-ROM ao invés de fita e com um memory card, que permitia salvar dados dos jogos para o jogador continuar de onde parou. O console atraiu os olhares do público, mas só depois de 1996 que foi comercializado no Brasil. Resident Evil, Castlevania, Tomb Raider, Medal of Honor, Gran Turismo e Final Fantasy são alguns dos jogos do console que mais fazem e fizeram sucesso.
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PACOPEDRA
Inovação e tecnologia em favor das obras Obra da Rua Marechal em Indaial está concluída
Sempre focada na inovação, modernização e valorização de seus clientes e funcionários, a Pacopedra Obras de Infraestrutura marca presença em importantes obras doVale do Itajaí, Alto Vale e Litoral catarinense. São quase 27 anos executando serviçosdeterraplanagem,pavimentação,drenagemereurbanização, que contribuem para o bem-estar e qualidade de vida das pessoas. AlgunsdostrabalhosdemaiorevidênciarealizadospelaPacopedrasãoaconstruçãodoComplexodaPontedoBadenfurt, em Blumenau, que deve ser concluído até 2014, e a de infraestrutura na Rua Marechal Deodoro da Fonseca, no município de Indaial, também em execução. A drenagem do bairro Santa Terezinha,emGaspar,eamacrodrenagemdobairroSteffen,na cidadedeBrusque,sãooutrosfeitosdesumaimportânciaparaa população que foram realizadas pela empresa. Os equipamentos utilizados pela Pacopedra são de última geraçãoeosinvestimentosemmodernizaçãonãoparam.Outro diferencial da Pacopedra, além do cumprimento da legislação trabalhista, é a preocupação com a segurança e o bem-estar de todos os colaboradores que hoje somam cerca de 60, com a recente contratação de um técnico em segurança do trabalho.
A motoniveladora Volvo G930 é um dos mais recentes investimentos da Pacopedra, o equipamento de última geração foi adquirido ao final de 2012
Todas as obras executadas pela empresa atendem às normasdesegurançaesãosupervisionadasporumaequipe de técnicos e engenheiros preparados para garantir o máximo de qualidade em seus serviços. A sustentabilidade também está presente nas obras da Pacopedra, que tem como lema sempre respeitar o meio ambiente. Satisfazer as necessidades dos clientes, garantir a segurança dos colaboradores, estabelecer parcerias com seus fornecedores e melhorar continuamente seu sistema de gestão de qualidade são metas que fazem parte da política de qualidade da empresa. A macrodrenagem da Bacia do Paquetá, em Brusque, está concluída
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Ponte do Badenfurt UmaobrahistóricaparaBlumenau,oComplexodaPontedoBadenfurtéumaligaçãoviáriaentre a Rua Bahia e a BR-470 composta por um viaduto, duas pontes, uma via expressa, vias marginais, alças de acesso, ciclovias e passeios.Toda a estrutura desafogará o trânsito da região, facilitando o acesso aos bairros Salto Weissbach e Badenfurt, transpondo o Rio Itajaí-Açu e o Rio do Testo.
Confira como será o trajeto do complexo Entroncamento das ruas General Osório com Bahia, por meio de uma via expressa e uma marginal na rua Henrique Weise; Segue com uma ponte sobre o Rio Itajaí-Açu de 362 metros (popularmente conhecida como ponte do Badenfurt); Prossegue com viaduto sobre rua Arnold Hemmer, com alças de acesso; Continua com uma ponte de 80 metros sobre o Rio do Testo; Chega à BR-101. MACADAME | TERRAPLANAGEM | DRENAGEM | URBANIZAÇÃO LOCAÇÃO DE EQUIPAMENTOS | LOTEAMENTOS | TOPOGRAFIA | IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS VIÁRIOS OBRAS DE ARTE CORRENTE | PAVIMENTAÇÃO | SANEAMENTO
47 3332.8521 Rua Alberto Francisco Junkes, nº 55 Sta. Terezinha - Gaspar / SC
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ESTILO
Novas tendências de moda marcam a época
Reconhecidos pelos estilos minimalista e grunge, os anos 90 trouxeram diversas mudanças para os guarda-roupas e hoje voltam a inspirar a moda atual
O
xadrez é uma das estampas preferidas de todos aquelesqueoptamporumacombinaçãoderoupassimpleseaomesmo tempodespojada.Oqueridinhodos antenados em moda pode ser visto nas mais variadas peças de roupas, como em saias, camisetes, calças, blusas,entreoutras.Estegostopelo xadrez,assimcomopelasestampas coloridas e calças rasgadas, por exemplo, ganhou força na década de 1990 e desde então faz parte dos mais variados guarda-roupas. Quando se tornou destaque, a estampa compunha o estilo grunge, que ganhou espaço no fim da década de 1980 e início da década de 1990. Mas se engana quem pensa que foi apenas a estampa xadrez
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quesedestacounestadécadaeque continuafazendosucessonamoda atual. De acordo com o professor do curso de Design de Moda da Univali, Renato Riffel, a moda dos anos 90 se apresenta como uma reação à moda da década anterior, ao exagero dos anos 80. O visual minimalista demarcascomoCalvin Klein e Helmut Lang, por exemplo, vai trazer formas retas e sem muitos detalhes. Outrosestilosquetambémaparecem nesse período estão relacionados à febre da música eletrônica, como os Clubbers e os Cyber Fashion. Os Clubbers, que apareceram principalmente na Inglaterra, frequentavam as raves e buscavam misturar inúmeros estilos para
compor os seus looks, sempre comumapitadadediversãoebom humor. Já os Cyber fashion são conhecidos pelo fascínio pelo futuro. Gostavam de ficção científica e realidade virtual, curtindo filmes cult como Mad Max.“Esses amantes da música eletrônica passaram a usar roupas e acessórios de neoprene, microfibras, borracha, PVC e couro, que com certeza marcaram e muito a década”, ressalta. Ainda conforme Renato, a crise financeira que surgiu em meados dos anos 90 atingiu as vendas de roupas de alta moda. Com isso, o consumo da alta-costura diminui, os estilistas se concentram em usabilidade, qualidade e valor, e as marcas começam a investir no chamado look urbano.
Tendências voltam ao cenário atual Formada em Design de Moda pela Uniasselvi, Gabriela Pereira diz que os anos 90 foram marcados pela diversidade de estilos. Como tendênciasdaépoca,destaca, aparecem principalmente as peças de cintura alta, a calça baggy, o jeans, a minissaia, as estampas e calças coloridas vindas do movimento Pop, o macacão, as es-
tampas de linhas retas e geométricas do minimalismo e o jeans rasgado por influência do rock.“Atualmente, os anos 90 estão voltando. O que usamoscommuitafrequência ainda hoje, que vem desde a década de 1970 com o movimentopunk,masquetambém teve destaque na década de 1990 é o jeans. Além
disso, temos o sapato branco, as miniblusas, agora chamadas de top cropped e o moletom repaginado por Kenzo”, ressalta. Para as próximas tendências de 2014, Gabriela afirma que será possível observar a influênciadoestilominimalista,quemarcouaqueladécada.
Porém,destavez,ominimalismovemcomalgumasmudanças. “Este estilo vem com um pouco mais de cores, não tão neutro quanto dos anos 90. Ou seja, mais trabalhado nos novos desejos do século 21, destacandoumasilhuetamais seca e reta”, explica.
Estilo grunge se destaca Um dos estilos que mais se destacou durante toda a década de 1990 foi o grunge. Segundo o professor Renato Riffel, este estilo se tornou uma febre entre jovenseadolescentes,tendocomoreferência os roqueiros de Seattle, cidade do nortedosEstadosUnidos,como Nirvana e Pearl Jam. “Esse visual representava uma certa rebeldia contra a sociedade consumista da década de 1980, tendo
como características o despojamento, o uso de roupas puídas, de camisas de tecido xadrez, calças e bermudões largos, botas, gorro e bonés”, explica. A estética grunge correu o mundo e maisumatribourbanaganhouvida,exaltandoamelancoliaeadepressãodaspessoas. Ainda conforme Gabriela Pereira, um dos maiores ícones desta tendência foiovocalistadabandaNirvana,KurtCo-
bain.Eminglês,grungesignificasujeirae era exatamente isto que as roupas transmitiam. Kurt gostava de usar calças rasgadasecosturadascomretalhos,ostênis All Star foram ainda mais popularizados por ele.“Hoje, o estilo grunge não é mais utilizado como forma de manifestação. Elefezsuahistóriaeficoumarcadocomo tendência e por diversas vezes vemos suas características na moda atual”. 23 ANOS | 35
Guarda-roupas se adequam às novas tendências
Maria Madalena Preis da Costa, 46 anos, sempre esteve atenta às novas tendências do momento. Durante os anos 90, ela trabalhou como modelista na empresa Dudalina e, mais tarde, como coordenadora do curso de Moda do Senai, mas a ligação com os estilos de moda vem desde que tinha 14 anos, quando começou a trabalhar como modelista. Para ela, a moda na década foi marcante e trouxe tendências que se confirmam ainda hoje.“As mudanças da época não marcaram apenas as roupas, mas também os penteados, acessórios, maquiagens e calçados. Foi uma década cheia de novidades”, lembra. Olhando algumas de suas fotos antigas e relembrando momentos vividos durante os anos 90, a moradora do bairro Margem Esquerda afirma que costumava usar jaquetas de couro com muitos zíperes e também jaquetas jeans. Os blazers com ombreiras também faziam parte dos guarda-roupas de diversas mulheres. “Eu costumava usar calças baggy, que eram tendência. Sobreposições de blusas e algumas transparências, mais discretas que hoje em dia, também eram muito utilizadas”. Além destas peças, Madalena diz que o
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macacão jeans era uma das roupas que usava bastante por ser confortável e estar em alta. Os penteados do final da década de 1980 e meados da década de 1990 são para ela uma das características mais marcantes.“Lembro que praticamente todas as mulheres faziam permanente para deixar os cabelos encaracolados e volumosos.Tive permanente por quase 10 anos, até o fim dos anos 90”, conta.
Assim como o estilo de cabelo, os brincos grandes e de argola, a maquiagem mais viva com batons escuros e os sapatos de saltos inteiros e chamativos também faziam parte das combinações usadas por Madalena e outras mulheres da época. “Aquela década foi marcada pelaascensãodamulher,quecomeçava a ter muito mais espaço na sociedade, e a moda acompanhou isto, trazendo peças dos mais variados estilos”.
Comércio local se envolve com estilos da década Nos anos 90, a febre da cintura alta, peças com estampa xadrez e roupas mais largas também estimularam o comércio gasparense a se adequar às novas tendências. Méri Lúcia Schramm, proprietária da loja Júlio Schramm Fashion, lembra que as roupas da época para as mulheres eram basicamente vestidos e calças de cós alto, que eram fundamentais no guarda-roupa. “O famoso filme Uma Linda Mulher, com Julia Roberts e Richard Gere, tipifica bem o estilo feminino e masculino da década de 1990”, destaca. Entre as peças mais vendidas estavam os macacões com uma lavagem mais escura do jeans cru, ou mais desbotada que o tom claro típico da década. “A procura era muito grande. Era colocar na vitrine e vender”, recorda a comerciante. Além do macacão, Méri Lúcia afirma que peças relacionadas ao estilo grunge, como camisas xadrez e bermudões largos, também eram vendidos com frequência. Texto | Ana C. Bernardes
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SUPERMERCADO FREI SOLANO
Bom atendimento e proximidade com o cliente Com 15 anos de atuação completados em março de 2013, o Supermercado Frei Solano, do bairro Gasparinho, dá sequência ao ritmo de crescimento aliado à qualidade que marcou a trajetória do estabelecimento até aqui. O trabalho pautado na variedade, na ofertadeprodutoscomqualidade,nos preços baixos e em diferenciais como bom atendimento e entrega em domicílio fortalece a empresa e intensifica a relação com os consumidores. Noanopassadooestabelecimento concluiu a reforma de ampliação, que elevou a área construída para 1.050 metrosquadrados.Todaalinhadeequipamentos de setores como açougue e padaria foi reestruturada e o ambiente decompraspassouaproporcionarmais conforto aos clientes na hora das compras. Atualmente, 24 profissionais fazempartedaequipedoSupermercado Frei Solano. O estabelecimento faz parte da Rede Super Pic, criada para dar ainda mais força aos supermercados.
Ao lado da comunidade Nesses 15 anos de atuação o Supermercado Frei Solano sempre teve como foco a comunidade do bairro Gasparinho, que também cresceu muito ao longo desse período. “Sempre tivemos a ideia de nos fortalecer junto com o bairro, fazendo com que os moradores não precisem sair daqui para comprar em outro lugar”, afirma o proprietário Renato Genésio Sansão. Para alcançar o crescimento junto à população do bairro, uma das estratégias foiapostaremumcontatomaispróximodocliente,ouvindosugestõesebuscando atenderàspreferênciasenecessidadesdosconsumidores.“Essaposturafazcom que o consumidor confie no estabelecimento”, explica Renato.
Treinamento Uma das ações importantes para manter a evolução e a qualidade no trabalho desenvolvido é investir em treinamento e capacitação. No último mês a equipe concluiuumtreinamentode11mesesnoprograma5S,queenvolveconceitoscomo utilização, ordenação, limpeza, higiene e autodisciplina.“Todos os funcionários puderamconhecermelhoralgunsaspectosimportantesdotrabalhocomolayout, abordagem,padronização,pós-vendaeoutraspreocupaçõesnecessáriasnonosso dia a dia”, explica o proprietário do Supermercado Frei Solano.
Supermercado Frei Solano 38 | CRUZEIRO DO VALE
47 3332-9560 Rua Frei Solano, 2560 Bairro Gasparinho - Gaspar/SC
LEITURA
Um hábito que ganha espaço Fácil acesso a livros e ferramentas da internet como blogs e redes sociais ampliam número de leitores em comparação com início dos anos 1990
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ara o gerente de vendas aposentado e hoje taxista Adalberto Rickmann, 61 anos, ler é um hábito e uma paixão. Dentro de seu táxi, num compartimento da porta do motorista, está o livro Fortaleza Digital, de Dan Brown, pelo qual ele afirma ter pago R$ 10 em uma loja de departamentos. No porta-malas do veículo, outra obra comprada na mesma promoção espera para ser lida. Adalberto conta que tem o hábito da leitura desde criança. Todos os gêneros de literatura passam pelas suas mãos e, em casa, ele tem um acervo com vários títulos – alguns comprados em livrarias e outros nos famosos sebos. Em comparação com os anos 90, ele garante: atualmente é muito mais fácil de adquirir um livro. “Antes não existiam sebos, pelo menos em nossa região. Hoje conseguimos comprar livros por preços muito mais baixos do que antigamente”. Conforme a terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, produzida pelo Ibope Inteligência
e divulgada em março de 2012, cada brasileiro lê, em média, quatro livros por ano. Adalberto lê muito mais que isso. Ele não conta quantos, ao certo, por ano, mas garante: “estou sempre lendo”. Na década de 90, o índice de livros lidos por habitante ao ano, de acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, ficava na base de 2,5. “Não tenho dúvidas de que as pessoas leem mais hoje em dia”, afirma Adair de Aguiar Neitzel, doutora em Literatura e professora no programa de pós-graduação em Educação da Universidade do Vale do Itajaí, Univali. De acordo com ela, o brasileiro hoje tem mais acesso ao livro e à biblioteca do que em 1990. “Temos também um farto mercado editorial. O preço do livro é que poderia ser ainda menor”, pontua. A doutora em Literatura explica que o Proler, maior política pública de leitura no Brasil, nascido em 1992, colhe hoje os frutos do que plantou.“O livro está nas escolas, gratuitamente, e
o governo vem investindo milhões em distribuição de livros anualmente”, destaca. No entanto, ela faz uma ressalva: “a relação do brasileiro com o livro literário é que precisa ser trabalhada: ler não apenas de forma funcional”. Além da facilidade de adquirir livros impressos, atualmente a literatura conta com uma ferramenta de interatividade que pode servir de aliada: a internet. Sobre isso, Adair revela ser otimista. “O computador auxilia as pessoas a lerem. As redes sociais também são espaços de interação acerca da leitura. Quantos blogs e sites sobre literatura temos!”. Certa de que se lê mais atualmente, a professora aponta que o problema está no que as pessoas leem e em como leem. “O jargão de que ‘devemos ler qualquer coisa’ não pode ser levado a sério. É necessário crivar a leitura porque um texto sem qualidade estética vai formar um leitor preguiçoso, que não quer dialogar com o livro, quer tudo pronto e acabado”, defende. 23 ANOS | 39
Os mais lidos da época: Em 1990, Paulo Coelho começa a se firmar como grande escritor de ficção. No ano, ele lança Diário de um Mago, Brida e O Alquimista, livros que ficam por anos entre os mais vendidos no Brasil. Outras obras de sucesso do autor escritas na década são As Valkírias, Na margem do Rio Piedra eu sentei e chorei, Monte Cinco e Verônica decide morrer. Ainda nos primeiros anos da década de 90, Chico Buarque emplaca o livro Estorvo, Rubem Fonseca tem Romance negro e outras histórias e Agosto, lançados em 1992, entre os mais vendidos no país neste período. A obra Bala na agulha, de Marcelo Rubens Paiva, fica entre os livros mais procurados no ano de 93. Em 1994, Jorge Amado escreve o sucesso A descobertadaAméricapelosturcos,JoséRobertoTorerolançaaobraGalantesmemóriasdo Conselheiro Gomes, o Chalaça, e Raquel de Queiroz emplaca na lista dos mais vendidos com o sucesso Memorial de Maria Moura. A doutora em Literatura Adair Neitzel revela que, no Sul do país, em 1990, o gaúcho Moacyr Scliar se fortalece como o escritor representante da região juntamente com o poeta catarinense Alcide Buss.“Ambos já vinham publicando nos anos anteriores, mas nesse ano começam a ganhar espaço na mídia”, relembra.
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literatura brasileira em foco Adair, que também é escritora, recorda que é neste período que Márcio de Souza alavanca sua carreira e Mad Maria, apesar de ter sido lançada em 1980, populariza-se. Ainda na análise dos sucessos de 1990, a doutora em Literatura afirma que Ignácio Loyola Brandão e Luiz Antonio Assis Brasil tornam-se ícones da literaturacontemporânea.“FoitambémnestadécadaquePauloCoelhocomeçaa publicar e, juntamente com ele, a série Harry Potter toma fôlego”, destaca. Ao avaliar a qualidade da literatura brasileira no início dos anos 90, Adair elucida:“a grande literatura, isto é, a literatura de peso, que coloca a linguagem em primeiro plano, sempre caminha lado a lado com a literatura fácil, digestiva, que tem como objetivo reafirmar o que o público quer ouvir”. Ela afirma que esses dois tipos de literatura não são uma peculiaridade de determinada época nem de um país. “Sempre teremos duas situações paralelas: leitores ávidos por uma leitura que amplia a sua visão e o insere num redemoinho intelectual e leitores que se contentam com a leitura fácil, que visa apenas o prazer e o entretenimento”, esclarece.
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Literatura internacional O sucesso O Parque dos Dinossauros, de Michael Crichton, foi lançado em 1990, e sua sequência Mundo Perdido, em 1995. Ambas as obras foram adaptadas para o cinema por Steven Spielberg. Shrek!, obra ilustrada deWillian Steig lançada em 1990, também foi parar nas telonas, só que na década seguinte. Uma casa no fim do mundo, de Michael Cunningham, O quarto K, escrito por Mario Puzo, O dia do Curinga, de Jostein Gaarder, A Imortalidade, de Milan Kundera, Quando Nietzsche chorou, de Irvin Yalom e a série de livros Harry Potter, de J.K. Rolling, são outros sucessos escritos na década de 90. SidneySheldon,umdosautorespreferidosdo taxistaAdalbertoRickmann,lançouvárioslivros aolongodadécadade90,sendoLembrançasda meia noite (1990), Juízo final (1991), O ditador (1995) e O plano perfeito (1997), alguns dos títulos mais famosos na época.
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CPEP
Um futuro promissor
“O sucesso ép quem se para repara”
O Centro Preparatório de Educação Profissional (CPEP) visa sempre o crescimento de seus alunos e da empresa. Por isso, novos cursos estão sendo implantados no local, como o de Planejamento e Controle de Produção (PCP). De acordo com a proprietária do CPEP, Francisca Otília de Souza, conhecida como Kika, o projeto já foi montado e agora as pesquisas estão sendo finalizadas para, em breve, começarem as aulas. Além disso, uma das metas para o futuro é oferecer um supletivo para quem não conseguiu concluir o ensino fundamental. Kika explica que o CPEP tem como um dos principais objetivos atender as pessoas que não têm condições de fazer um curso por não terem o ensino médio completo.“Temos em nossas aulas de modelagem pessoas que são formadas em moda e também algumas que não sabem nem ler, mas identificam os números e conseguem aprender as medidas. Uma das minhas missões é atender este público”, ressalta. Ensinar corretamente é lema do CPEP. Os cursos têm carga horária de 72 horas cada e, para receber o certificado de conclusão, o estudante precisa ter 75% de frequência. “Temos aula de reposição para aqueles que não tiveram todas as presenças necessárias e de reforço para os que não conseguiram aprender tudo a tempo. O aluno tem que sair do curso sabendo tudo o que veio aprender”, afirma Kika. Os meses de junho e julho serão de abertura de novos módulos, como manutenção de computadores e rede, informática iniciante, auxiliar administrativo, modelagem manual e no sistema. Outros cursos oferecidos no CPEP são de modelagem industrial, alemão, espanhol, inglês, libras e Corel Draw.
História
O CPEP foi fundado em 4 de julho de 2007 e, desde então, ampliou a oferta de cursos e oportunidades para os alunos. Um dos destaques do trabalho está nas criações do ateliê, que elabora trajes sociais, esportivos e típicos com o apoio e a experiência da estilista Kika na área de criação. Com o passar do tempo e o
aumento da procura de alunos, outros cursos foram introduzidos. “Criamos o CPEP pensando numa coisa, mas o crescimento foi bem maior que o esperado”, revela. Hoje o CPEP tem uma ampla estrutura para atender seus alunos, com sala de idiomas, um laboratório de informática com Windows Seven,
CENTRO PREPARATÓRIO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
outro com Windows XP, onde é dado o curso de modelagem no sistema, uma sala para as aulas de manutenção de computadores e uma de modelagem e ateliê de corte e costura, todas climatizadas. Uma biblioteca onde os alunos poderão consultar livros sobre osassuntosabordadosemaulatambém está sendo montada no local.
47 3332-1542 Rua Doralício Garcia, 136 Centro - Gaspar/SC
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CONSTRUÇÕES
A estrutura de ontem e hoje A Gaspar horizontal dos anos 90 vem cedendo, aos poucos, espaço à verticalização. Porém, objetivo é manter o Centro preservado
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aspar tem quase 80 anos e, assim como outros municípios do Vale do Itajaí, é fortementeinfluenciadapelaculturagermânica. Uma das características alemãs que ainda pode servistanacidadeéaarquiteturaenxaimel.Casas eprédiosdoestilocompuserampormuitotempoo cenáriodacidadejuntocomosfamososengenhos de arroz, hoje praticamente extintos. “Lamento o tratamento que estão dando às casas antigas. Estão derrubando a história apagando casarões, usinas, engenhos”, afirma o engenheiroMaurílioSchmitt.Deacordocomele, estas construções podiam ser vistas com maior destaquenadécadade90.“Gasparestáperdendo aidentidade,oqueélastimável.Estoufalandoisso como técnico e cidadão”, pontua. Mas nem toda a história gasparense contada pelos tijolos das construções está perdida. Pequenos prédios inspirados na arquitetura germânica,mesmoquecomdetalhesmodificados, aindapodemservistosprincipalmentenoCentro, atualmentesendoutilizadosparafinscomerciaise repartições públicas. Casas antigas, algumas em pé desde a década de 50, também fazem parte do estilo arquitetônico da cidade, mostrando que o conservadorismo predomina mais que a modernidade em alguns lugares do município. O prédio onde está localizado o Bazar União e o casarão rosa ao lado dele, na Rua Coronel Aristiliano Ramos, são exemplos da antiga arquitetura que ainda vive em Gaspar. Segundo a secretária de Planejamento e Desenvolvimento de Gaspar, Patrícia Scheidt, não há lei de patrimônio e tombamento no município. Essa é uma das mudanças que está sendo providenciada na reformulação do Plano 44 | CRUZEIRO DO VALE
Diretor. Porém, no Centro é permitido construir apenas edifícios com até quatro andares. “Essa lei começou a vigorar a partir de 2006 e é uma forma de preservar o nosso centrinho. Os prédios com andares mais altos foram construídos antes disso”, ressalta. Emmeioatodaessatradiçãocomeçatambém a se fortalecer a verticalização de Gaspar, que nos anos90nãoeravistacomtantaênfase.“Nadécada de 90, a cidade era composta mais por unidades familiares. As construções eram horizontais. Começamos a ver o crescimento verticalizado depois da catástrofe de 2008, quando também o custo dos imóveis fora de áreas de risco começou a ficar maior”, afirma a secretária. Em relação a isso, Maurílio diz estar preocupado.“Comoengenheiroeconstrutorsou a favor da verticalização. Mas vamos fazer isso, morar, com qualidade. Aí o Plano Diretor tem que entrar. Querem construir um prédio com um montedeapartamentos,tudobem.Masaoredor deste prédio tem que ter estrutura, como escola, creche, mercado, posto de gasolina, tratamento de esgoto. Há uma atração pelo crescimento moderno, só que não estamos mais vencendo os serviços”. Para o engenheiro, a cidade tem crescido desordenadamente. “Temos que decidir o que queremos de Gaspar, que rumo devemos tomar”, ressalta. Porém, para contribuir com a organização e expansão da cidade, ele afirma que devem ser impostas algumas melhorias. Por exemplo, além de definir uma vocação para o município, Maurílio garante que tem que haver um maior respeito ao Plano Diretor e um jeito de expandir o Centro.
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A Casa Dançante, em Praga, é ícone do desconstrutivismo
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Como funciona o Plano Diretor de Gaspar A secretária de Planejamento e Desenvolvimento, Patrícia Scheidt,contaqueoprimeiroPlanoDiretoratuanteemGaspar é datado da década de 80. Porém, nesses anos iniciais, ele era baseadoapenasnaáreaurbanae,comoelaeramuitopequena, acabava que as pessoas construíam sem limites na parte rural. “O estatuto de 2001 (Lei Nacional 10.257, de 10 de julho de 2001) exige que o Plano Diretor atue na área urbana e rural das cidades. É uma lei que entrou em vigor no ano de 2001, mas os municípiostinhamprazoparaseadequaraté2006.Foiquando Gaspar se adequou”, pontua Patrícia. A Lei Municipal Ordinária que institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Gaspar é a nº 2803, de 10 de outubro de 2006. O documento serve para orientarasaçõesdoPoderPúblicoetambémagentesprivados
na produção, ordenamento e gestão do território municipal. Conforme o Art. 2º da lei, os dispositivos constantes no Plano Diretor possuem abrangência na totalidade do município, sendo instrumento básico norteador da política de desenvolvimento urbano e ambiental, parte integrante do sistema de planejamento municipal e devendo, conforme disposto no artigo 40 da Lei Nacional nº. 10.257/2001, ser respeitadoquandodaelaboraçãodoplanoplurianual,daleide diretrizes orçamentárias e do orçamento anual. Além disso, consta na lei que o Plano Diretor de DesenvolvimentoUrbanotemcomoprincípiosfundamentais a garantia da função social da propriedade e da cidade, a promoçãodagestãodemocráticadomunicípioeagarantiado desenvolvimento sustentável do município.
Arquitetura e decoração A década de 90 é marcada pelo minimalismo, que priorizava formas simples e cores neutras, tanto na decoração quanto arquitetura.Estemovimentotinhacomoobjetivoreduzirqualquercoisadesnecessáriadeumespaço.Noquesitocor,obrancoe preto eram muito utilizados para compor um ambiente. Mas,aomesmotempoemqueoestilobásicoestavaemalta,opós-modernismodaarquiteturadesconstrutivistatambémfica em evidência no fim dos anos 80 até a metade da década de 90. O desconstrutivismo pode ser caracterizado pelo processo de desenhonãolinear,formasnãoretilíneasqueservemparadeslocaroudistorceralgunsdosprincípioselementaresdaarquitetura, como a estrutura interna e externa de um edifício. A Casa Dançante, desenhada pelo arquiteto Vlado Milunic em cooperação comoarquitetocanadenseFrankGehryeinauguradaem1996,emPraga,eoVitraDesignMuseum,naAlemanha,construídoem 1989 e também projetado por Frank Gehry, são alguns dos exemplos criados na época que trazem este tipo de arquitetura. Também foi na década de 90 que a preocupação com o meio ambiente começa no ramo. Destaques da sustentabilidade no períodosãoosmóveisproduzidospelosirmãosCampana,queganharamevidêncianoBrasileexterior.Elesreutilizavammateriais como plástico, tecidos e madeira para produzir uma infinidade de objetos. Móveis com formas geométricas inovadoras também podiam ser vistos como tendência. A Bird chaise, cadeira pássaro, produzida por Tom Dixon para a Capellini em 1990, é uma cadeira de balanço com formato totalmente diferente do comum. O móvel fez tanto sucesso que até hoje modelos parecidossãolançadosnomercado,algunsfocando mais no design inovador e outros no conforto.
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CONSUMO
A montanha-russa da economia Desde o início até o fim dos anos 90, altos e baixos no setor moldaram o bolso de empresas e consumidores
A “
década de 90 inicia com todos os pesadelos de uma jovem democracia. O presidente Fernando Collor de Mello confisca a poupança e começa a gerar caos para a economia informal e o comércio em geral”. Com essa frase, o secretário-executivo da Associação Empresarial de Gaspar, Acig, Adrian Marchi, também MBA pela FGV em Gestão Empresarial, começa a relembrar a economia do Brasil na década de 90. Toda essa mudança fez com que, nessa época, os brasileiros tivessem menos poder de aquisição. Portanto, mesmo produtos que eram sonho de consumo, principalmente os importados – Collor reabriu as importações no país em 1990 – não estavam ao alcance por causa da crise econômica que abalou o país. O jornalista Silvio Rangel, um dos fundadores da Associação dos Micro e Pequenos Empresários, Ampe, e que esteve à frente da entidade em Gaspar desde seu surgimento, na década de 80, até meados de 1992, conta que a estrutura econômica da cidade era pequena.“Havia apenas a presença dos que estavam engajados há anos no comércio da cidade”. 48 | CRUZEIRO DO VALE
Em 1994, reacende a esperança de uma economia melhor em todo o país. Fernando Henrique Cardoso, ainda ministro da Fazenda, começa a implantar o Plano Real. A partir daí, o sonho de consumo do brasileiro pode enfim virar realidade. De acordo com o secretárioexecutivo da Acig, com a criação do plano teve início um período de estabilidade econômica. “Para se ter ideia, o real se equiparava ao dólar. Era um por um”, lembra. Essa igualdade de valores entre as duas moedas foi positiva, segundo Adrian, porque trouxe a estabilidade para o empresariado, por exemplo, da região do Vale do Itajaí, comprar maquinários e outros equipamentos para suas indústrias por preços mais baixos. “Houve uma enxurrada de importados no Brasil”, enfatiza. O que também teve seu lado negativo, pois os produtos fabricados no Brasil foram desvalorizados. “Nos supermercados apareciam coisas que nunca tinha visto na vida. Azeite de oliva, por exemplo, tinha dezenas de marcas deles nas prateleiras. As lojas sofreram invasão de tudo quanto é produto importado”, recorda.
Comprar alguma coisa de marca internacional era muito mais fácil. Em alta, principalmente entre os jovens, estavam os famosos relógios Champion troca pulseiras, que há alguns anos voltaram a circular no mercado, os tênis e agasalhos Adidas, Nike e, como eletrônicos da vez, walkmans, discmans, televisões coloridas detubo,osrecém-criadosaparelhosdeDVDetambémcomputadoresdomésticos. Paraosconsumidoresumaépocamaravilhosa,porquepraticamentetodospodiam comprar os produtos que desejassem. Porém,aalegrianãoduraparasempre.Apartirde1997,ainstabilidadeeconômica em todo o mundo fez com que o dólar subisse a um valor muito elevado em relação aoutrasmoedas.“Lembroquefoitudomuitorápido.Fuiviajarcomaminhafamíliae assim que a gente voltasse meu pai iria comprar umaVitara 4x4 (caminhonete das mais conceituadas da época), que com o dólar em baixa estava custando cerca de R$ 30 mil. Mas quando a gente voltou, o dólar subiu e o preço do carro foi lá em cima, aí não teve como a gente comprar”, conta Adrian.
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Além de a situação mudar para os consumidores, os fabricantes de produtos brasileiros tiveram que se adaptar novamente à outra realidade. Os Tigres Asiáticos–paísesocidentaisqueimplantarammercado industrial destinado à exportação – começaram a invadiromercadonacionalcomartigosdecustomuito abaixodoqueerafabricadonopaís.“Comtodosesses problemas,aeconomiapassouporumatransformação séria na região. A indústria têxtil foi muito afetada. Muitas delas fecharam as portas. E as que ainda estão aqui tiveram que passar por toda uma mudança”, ressalta Adrian. Silvio Rangel revela que, por este motivo, pedidos internacionais foram suspensos, gerandoumaquebradeiratotalnasgrandesempresas e afetando também os pequenos. Porém,nomeiodessacriseeconômica,osprodutos brasileiros começam a ser vendidos mais baratos lá fora, automaticamente aumentando o índice de exportações.“Foi uma década singular. Vai ficar para sempre na história do Brasil porque nunca terá outra igual”,concluiosecretário-executivo daAcigsobreas oscilações econômicas dos anos 90.
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As diferenças entre ontem e hoje Gaspar possui quase 60 mil habitantes. Lojas tomam conta das principais ruas e grandes redes passaram a fazer parte do comércio da cidade. Porém, esse crescimento se deu em maior escala no século 21. Na década de 90, apesar do boom econômico atingir todo o país, o município possuía um comércio pequeno. “Não tínhamos lojas de rede, de departamentos. Era um comércio bem diferente, mais de 50% menor do que hoje”, garante o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas, CDL, do município, José Rovere Passos, que completa:“tínhamos movimento no comércio apenas das pessoas que aqui moravam. Agora, gente de outras cidades e estados migram para cá”. Elza dos Santos é proprietária de uma das mais tradicionais lojas de vestuário do município. Há 31 anos no mercado, ela garante que atualmente tudo está muito melhor. “Tem a facilidade do crediário e o povo pode comprar muito mais, porque tem mais empregos disponíveis”, explica. A lojista também conta que toda semana chegam novas mercadorias. Sobre os fregueses, Elza afirma que além dos que residem no município, sempre teve muito um público fiel do Morro do Baú e Ilhota em geral, sua cidade natal. O crescimento do comércio visto nos dias atuais, não apenas em Gaspar, mas em todo o Brasil, conforme o secretário-executivo da Acig, Adrian Marchi, se deu por causa das mudanças econômicas que ocorreram na década de 90.“Toda economia hoje só está desse jeito por causa do Plano Real. Esse foi o maior de todos os feitos do Brasil, a maior transformação que o país sofreu”.
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FÉLIX ALARMES
22 anos de destaque no município de Gaspar
Há 22 anos no mercado, a Félix ComércioeMonitoramentodeAlarmesse destaca pela atuação com sistemas de monitoramento eletrônico, vigilância e segurança patrimonial. Os serviços atendem casas, indústrias, estabelecimentoscomerciaisecondomíniosresidenciais,comsoluçõesvoltadasaproteger os imóveis e garantir segurança aos clientes. A Félix Alarmes foi pioneira neste ramonomunicípioecresceujuntamente comosetor,incorporandoasnovidades etecnologiasqueomercadodesenvolveu ao longo desses anos. Os serviços não se limitam à vigilância eletrônica e envolvemdesdeainstalaçãodealarmes, portõeseletrônicoseinterfonesatésistemas de câmeras em circuito fechado de TV e monitoramento de alarmes. Para atender à demanda de atendimentos, a empresa conta com 12 viaturas, oito motos e aproximadamente 80 funcionários. A principal área de atuação da Félix Alarmes é formada pelas cidades de Gaspar, Ilhota e Blumenau, ondeaempresaconquistouboabasede clientes no último ano. Mas a atuação também chega ao Litoral, em cidades como Navegantes e Itapema.
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Soluções eficientes AbasedeoperaçõesdaFelixAlarmesficanobairroColoninha,deondeaempresa monitoraossistemasinstaladosemimóveisdetodaaregião.Ocontroleéfeitodurante24horaspordia,comgarantiadeatendimentorápidoemcasodealgumasituação suspeita, o que proporciona tranquilidade e segurança aos clientes.“A vigilância e o monitoramentoeletrônicosãomuitomaiseficientesetambémmaisvantajososdoque a maioria das alternativas que existem na área da segurança”, garante o proprietário da Félix Alarmes, Francisco Felaço.
Atuação em condomínios Uma das mais recentes novidades da empresa diz respeito à ampliação no leque de serviços oferecidos. Desde o ano passadoaFélixAlarmesatuatambémcomofornecimentodeprofissionaisparaserviçosdezeladoria,limpezaejardinagem em prédios e residenciais. Empreendimentos de cidades como Blumenau e Gaspar já estão entre os clientes da empresa, que em alguns casos tambémincorporaoserviçodevigilânciaemonitoramentoeletrônico.“Comosistemacoletivo,instalamoscâmerasnas áreascomuns,noelevadoretodososmoradoresconseguemacessardeumaformasegura.Alémdetrazermaissegurança, também torna o serviço mais acessível, já que o valor será dividido entre todos os moradores”, explica Felaço.
Locação de equipamento é diferencial Um dos diferenciais de mercado da Félix Alarmes é o serviço de locação de equipamentoparavigilânciaemonitoramentoeletrônico.Assim,oclientenãoprecisa bancar o custo inicial de aquisição de todos os aparelhos para implantar um sistema em uma residência ou estabelecimento comercial, que são locados pela empresa. Outra postura que confere credibilidade à atuação é o fato de a empresa gasparense estar sempre atenta às novidades no mercado, que neste ramo são constantesepodemrepresentarumagrandediferençanoserviçoprestado.Nofinalde maio,profissionaisdaempresaestiveramemumafeirainternacionaldesegurançaeletrônica,emSãoPaulo,paraacompanharosnovosequipamentosesoluções para o setor.
COMÉRCIO E MONITORAMENTO DE ALARMES
47.3332-3527 alarmefelix@brturbo.com.br Rua Arnoldo Kock, 170 - Coloninha - Gaspar /SC
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FÉ
O crescimento das religiões Os anos 90 marcam o início de importantes mudanças no país
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O
perfil da religião no Brasil sofreu algumas alterações nos últimos anos. A diversidade de credos foi uma delas. Além do catolicismo, outros começaram a se fortalecer no país, e a década de 90 foi o período em que essas transformações começaram a ocorrer com mais destaque. O Novo Mapa das Religiões, publicado em 2011 pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, FGV, mostra que, no século 19, o índice de católicos no Brasil era de 99,72% da população, ficando acima dos 95% até 1940. Já nos anos 90, a quantidade de adeptos a religião era de 83,34%. Atualmente, o número passou para a média dos 70%, o que significa que os católicos continuam sendo maioria no país. “A Igreja Católica sempre foi e é uma referência cultural, um referencial de conduta e moralidade e um destaque pelas obras de caridade que mantém ou inspira. Além disso, sempre desempenhou um protagonismo na luta por justiça, diálogo e pela paz”, afirma o frei Germano Guesser, da Paróquia São Pedro Apóstolo, da Igreja Católica de Gaspar. De acordo com ele, na década de 90, época de redemocratização do país, vários foram os nomes que se destacaram no cenário nacional como símbolo de luta pela justiça, como Dom Hélder Câmara e Dom Paulo Evaristo Arns. Frei Germano afirma que, sem dúvida, a religião passou por muitas transformações nos últimos anos, bem como a sociedade. “Não vivemos mais num ambiente de cristandade, onde uma religião oficial pode se outorgar o direito de verdade exclusiva. A religião, nesse sentido, progrediu muito – e ainda tem muito a progredir – no caminho do diálogo e da comunhão. Cada vez mais é possível reconhecer a religiosidade na vida dos fiéis, superando uma pretensa separação entre o religioso e o profano. Eu acho que esse é o caminho mesmo”, conclui. A pesquisa da FGV também revela que a participação de evangélicos no país durante
o século 19 era de apenas 1%, mantendo-se nesta casa até 1940, quando atingiu os 2,6%. Um crescimento com maior evidência dos adeptos à religião aconteceu na década de 90, quando eles chegaram aos 9%. Atualmente, o número de evangélicos no Brasil, dividido em igrejas como a Assembleia de Deus e Luterana, passa dos 20% dos habitantes. O pastor Oséias Morlo, presidente da Assembleia de Deus do município, ressalta que nos dias de hoje a igreja mudou bastante em aspectos positivos.“Atualmente, temos um maior esclarecimento, tanto tecnológico comoteológico.TemosumaescoladeTeologia na igreja há 12 anos, onde já formamos uma turma de bacharéis, oito básicas e sete médias”, explica. Essas mudanças podem ser atribuídas ao crescimento da Assembleia de Deus em Gaspar a partir de seus trabalhos, como projetos sociais, físicos e espirituais desenvolvidos pela equipe da igreja, que é composta por cinco pastores, três funcionários da Secretaria Administrativa e diversos missionários. “A mídia também ajudou muito nos últimos anos com a divulgação”, revela. Ainda conforme a análise da FGV, atualmente apenas 50% da população brasileira frequenta cultos religiosos de qualquer credo. Sobre este assunto, o pastor Edwin Fickel, da Igreja Luterana de Gaspar, comenta que o mundo vive um fenômeno interessante. “Estamos vivendo um tempo materialista, mas de maneira antagônica. As pessoas estão mais místicas e menos religiosas. Elas tendem a não ser tão fiéis na sua denominada fé. São tempos líquidos, em que tudo se mistura. As pessoas acabam crendo em um pouco de uma religião, outro pouco de outra. O grande desafio da fé, em todas as religiões hoje, é ressaltar os valores de cada uma. Dar para essa época conturbada um acento mais permanente de pessoas. Trazer à tona o sentimento de pertencer”, pontua Fickel.
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Em Gaspar O último Censo (2010), publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, mostra que os católicos apostólicos romanos em Gaspar ultrapassam o número de 44 mil pessoas, mais do que a metade do número de habitantes. Conforme os mesmos dados, os evangélicos da Assembleia de Deus chegam ao número de 3.487 e os evangélicos da Igreja Luterana a 906. “O processo de colonização no Sul do país sempre envolveu comunidades bastante devotas e piedosas. A implantação e o desenvolvimento dessas comunidades em vilas e cidades têm muito a ver com a instalação e construção das primeiras igrejinhas paroquiais, certamente um ponto de referência e de unidade para essas comunidades que afloravam”, conta o frei Germano Guesser, que completa:
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“em meio a todo o trabalho árduo, a religião não era apenas consolo, mas também fortalecia e ajudava a dar sentido a todo sacrifício e esforço”. O pastor Oséias Morlo conta que o crescimento da Assembleia de Deus na cidade durante os últimos anos tem se destacado. “Na época que eu entrei, nos anos 2000, tinha mais ou menos 390 membros. Hoje temos aproximadamente 3.500”, afirma. O luteranismo, que está na cidade há muito tempo, tem aproximadamente 690 membros ativos, segundo o pastor Edwin Fickel. “Dentro do Vale tem uma tradição alemã muito forte. Imigrantes vieram colonizar a região, tanto católicos quanto luteranos, o que fez com que o luteranismo tivesse contribuição importante no crescimento dessas cidades”, revela.
Papa Francisco no Brasil De 23 a 28 de julho acontece no Rio de Janeiro a Jornada MundialdaJuventude,eventointernacionalpromovidopelaIgreja Católica, que neste ano também será marcado com a primeira viagem do Papa Francisco. “Um evento em que jovens do mundo todo se põem em peregrinação para um encontro privilegiado, não simplesmente com o Papa, mas com o Cristo que se revela no outro. É claro que nessa dinâmica é um privilégio poder contar com a presença também de Sua Santidade”, afirma frei Germano. O frade conta que os preparativos para a Jornada são muitos e em âmbitos diferentes, como a questão de logística e segurança por recepcionar um chefe de Estadoereligioso,sempremuitovisado.“Masacredito queoefeitomaissignificativomesmo,maisatédoque amobilizaçãoparaencontrarhospedagemparaesses milhõesdeperegrinos,sejaumrevigoramentointerno da própria fé do brasileiro. As comunidades rezam pela JMJ, acolhem seu novo pontífice com alegria e reverência, já o amam filial e devotamente”, resalta.
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Onde os bons negócios acontecem A Famarso Imobiliária e Incorporadora completa 19 anos com forte presença no mercado de imóveis da região. Fundada em 1º de julho de 1994, ainda em Blumenau, a empresa teve início atuando em serviços como venda e aluguel de imóveis. Hoje localizada no início da rua Barão do Rio Branco, 555 - Sala 02, bairro Sete de Setembro, a Famarso agregou serviços como incorporações, assessoria e avaliação de imóveis. O diretor da Famarso, Fábio Marcelino de Souza, explica que as avaliações feitas pela empresa têm laudo assinado por corretor de imóveis e engenheiro civil, o que representa um diferencial de mercado. “Essa diversificação ajudou no fortalecimento da empresa ao longo desses 19 anos”, destaca Fábio, que trabalha no ramo desde 1989 e administra a empresa ao lado do filho Maicon Fabio de Souza. Fábio explica que todos os trabalhos da Famarso são contratados junto a empreiteiras, desde a construção até etapas como instalação elétrica e acabamentos, o que oferece mais segurança e qualidade para os clientes. Na avaliação dele, o amplo acesso a financiamentos tem facilitado a vida de quem deseja comprar um imóvel. “Isso também abre uma série de oportunidades para quem atua neste mercado”, destaca.
Residencial Portinari Para acompanhar a evolução e a demanda do mercado de imóveis, a Famarso busca sempre apresentar novidades. O lançamento mais recente da imobiliária é o Residencial Nº Incorporação R6-7208 Portinari, que será construído no bairro Sete de Setembro. O prédio de quatro andares terá dois apartamentos por andar, garagem, teto rebaixado e foco em acabamentos voltados à sofisticação, com promessa de bons negócios para a empresa gasparense.
Certificação Seja no ramo imobiliário ou na área de incorporação, a atualização é vista como fator imprescindível e que recebe atenção constante da equipe da Famarso. Além disso, a empresa integra o Núcleo Imobiliário de Gaspar e conta com o selo de qualidade oferecido pela entidade como certificação de qualidade dos serviços. “Quem busca serviços nesse ramo deve conferir se a empresa tem este selo, que mostra qualidade no serviço e traz segurança aos negócios”, garante.
ONDE OS BONS NEGÓCIOS ACONTECEM 58 | CRUZEIRO DO VALE
47 3332-1313 Rua Barão do Rio Branco, 555 - Sala 02 Bairro 7 de setembro - Gaspar/SC
IMPRENSA
Vinte e três anos depois Jornal Cruzeiro do Vale completa mais um ano de vida e carrega na bagagem a evolução que acompanhou a comunicação na década de 1990
A
o invés de computadores, máquinas de escrever. No lugar de sites de busca, enciclopédias e livros históricos. Máquinas fotográficas de filme em vez dos equipamentos digitais atuais. Esse era o cenário que envolvia a redação do Jornal Cruzeiro do Vale na produção da primeira edição, colocada nas bancas e distribuída pela cidade em 1º de junho de 1990. A ideia de criação do Cruzeiro do Vale surgiu para preencher uma lacuna na sociedade gasparense, carente de um jornal impresso que abordasse comprofundidade os temas da cidade. Os empreendedores Gilberto Schmitt e NivaldoTomazzia colocaram o projeto em prática e puderam acompanhar os resultados e a repercussão. A primeira edição foi às ruas com 12 páginas, em formato tabloide,
com reportagens produzidas durante um mês. O jornal ganhou espaço e contribuiu para o fortalecimento do jornalismo e do progresso da cidade. Na mídia, além das primeiras edições do Cruzeiro do Vale, a Rádio Sentinela do Vale também apostava em conteúdos informativos e programas como o tradicional Contatos com a Cidade. A proximidade com a comunidade e as reportagens investigativas acabaram se tornando marcas do Cruzeiro doVale, que também se destacou por inovações como o primeiro portal de notícias da cidade e por seer o primeiro a publicar duas edições por semana. Seosequipamentosusadosnaprodução das notícias eram bem diferentes da realidade atual, alguns aspectos como a linha de atuação, baseada na seriedade e no compromisso com a comunidade,mantêmomesmovigor. Ao completar 23 anos, o Cruzeiro do Vale aposta no trabalho contínuo para conquistar ainda mais credibilidade e respeito perante os leitores, valorizando preceitos éticos e o desafio de contribuir com o desenvolvimento do município e da sociedade.
Crise econômica O cenário de instabilidade econômica do início da década de 1990, com direito a bloqueio da poupança e inflação alta, foi destaque nas páginas do Cruzeiro doVale. Na edição 33, em 11 de janeiro de 1991, uma reportagem abordava a insegurança na economia nacional, mas mostrava que o comércio local ainda conquistava bons números, o que deixava o setor confiante. 23 ANOS | 59
A rotina na redação
O jornalista José Roberto Rodrigues, hoje com 60 anos, trabalhou no Jornal Cruzeiro do Vale no início da década de 1990. Ele lembra que o jornal, na época semanal, já tinha como área de abrangência Gaspar, Ilhota e parte de Blumenau, e também ressalta o enfoque dado a matérias sobre assuntos de comunidade, que acabaram se tornando marca do jornal. Além disso, ele cita a importância da cobertura de ocorrências policiais, coluna social e cultura, área em que o acesso a informações era mais reduzido, na avaliação dele. O jornalista recorda que tempo depois o jornal incorporou a coberturapolítica,comfocoemopiniãoenotassobreamovimentação dos partidos, o que ajudou a dar mais credibilidade ao veículo.“O debate político sempre foi muito forte em Gaspar”, reconhece. A preocupação visual, a diagramação atraente e o uso de elementos como charges são outrosdiferenciaisapontadosporRodriguescomofatoresquepermitiramo crescimento do Cruzeiro doVale.“Hoje, ver que o jornal já está completando 23 anos nos dá satisfação por saber que contribuímos um pouco com essa história”, afirma.
A edição nº 100 do Cruzeiro abordou temas como problemas em rodovias, consórcios de veículos e o combate ao sarampo
Boom da telefonia Aedição32doCruzeirodoVale,de4dejaneirode1991,informavaquearegiãodeBlumenau seria a menina dos olhos daTelesc, antiga operadora estatal dos serviços de telefonia. Naquele ano,13milnovostelefonese260orelhõesdeveriamserinstaladosnacidadevizinha.Apromessa de ampliação da rede nas cidades de Gaspar e Ilhota era para 1994, o que acabou culminando com a expansão da oferta de linhas telefônicas e com o avanço da tecnologia, que permitiu a chegadaaoperíodoatualemqueatelefoniaéumadasferramentasmaisacessíveisdodiaadia. 60 | CRUZEIRO DO VALE
Uma vida na comunicação TodososdiasocomunicadorJúlioCarlos Schramm,57anos,acordaporvoltadasseis damanhã,tomacaféesaidecasaparairatéo estúdiodaRádioSentineladoVale,noCentro de Gaspar. Ali, apresenta o tradicional programa Contatos com a Cidade, que vai aoarcominformaçõessobreacidadedas8h às 11h30, desde o final da década de 1980. No microfone do rádio Júlio se realizou profissionalmente. Fez entrevistas e reportagens das quais se orgulha até hoje. Entre as favoritas estão aquelas com personalidades políticas como o expresidente Fernando Henrique Cardoso e ex-governadores de Santa Catarina. Hoje, dedicado à apresentação do programa matinal,mostra-sesatisfeitoeaindadisposto a atuar. “Saio de casa todo dia contente, assobiando,jápensandonoquepoderemos fazer para alavancar o programa”, conta. O começo foi como sonoplasta em 1973, na então Rádio Clube de Gaspar, que se tornaria Rádio Sentinela. Saiu para servir ao Exército, chegou a trabalhar na antiga Ceval, hoje Bunge, mas logo voltou ao rádio. Em 1977, com a chegada dos sócios Benvindo e Leo Miglioli e Alcides Morastoni,Júlioganhouoportunidadenos microfones.“Minha primeira entrevista foi com o ex-governador Pedro Ivo Campos, emFlorianópolis,semexperiêncianenhuma. Masaospoucostodosviramminhavontade de aprender e consegui meu espaço”, recorda.
Visibilidade JúlioselembrabemdasprimeirasediçõesdoJornalCruzeirodoVale.Chegouaser colunistadoveículonadécadade1990,quandoabordavaassuntosdodiaadiadacidade. Eleacreditaqueatrajetóriadojornal,quechegaaos23anosemjunhode2013,contribui paraacredibilidadedasinformaçõespublicadas.“OCruzeirodoValeconseguiutrazer mais visibilidade às notícias locais e ao trabalho da imprensa em Gaspar”, afirma. Ocenáriodoiníciodosanos1990,quemarcouoiníciodoCruzeirodoVale,mudou bastante. Hoje a tecnologia joga ao lado dos veículos, trazendo rapidez à divulgação deinformações,enovasempresaslocaisapostaramnoramodacomunicação,comoa emissoraderádio89FMeajovemTVGaspar.“Hojehámuitomaisopçõesdeinformação e entretenimento e isso é excelente para a região”, avalia o comunicador. Naimprensa,Júliopôdeacompanhardiversosepisódiospelosquaisacidadepassou, como enchentes, cassação de prefeito, inauguração de obras e eleições. Entre eles, o radialistadestacaofechamentodoHospitalNossaSenhoradoPerpétuoSocorro,em 2007, que teve cobertura da emissora.“Foi a maior lambança de Gaspar”, sentencia.
Enchente de 1992 Nofinaldemaiode1992,oValedoItajaívoltouaseratingidoporcheiasdorioItajaí-Açu,quechegoua12,80 metros.Otraumadasenchentesde1983e1984aindaestavavivonamemóriadapopulaçãogasparense,que novamenteprecisoulevantarosmóveisesairdesuascasas.Aedição106doCruzeirodoValeretratouodrama dasfamíliaseosestragosprovocadosnacidade,queatingiram1,5milfamíliase640quilômetrosdeestradas. Poucomaisdeummêsdepois,noiníciodejulho,oníveldoriovoltouasubir,atingiuamarcade10,62e repetiu as cenas de alagamentos e deslizamentos em bairros como São Pedro, SertãoVerde e BelaVista. 23 ANOS | 61
Stammtisch: evento aliado à solidariedade A atuação do Cruzeiro do Vale também se estendeu à área de eventos, que mobilizam a cidade e inserem o veículo de comunicação no contexto social do município. Realizações como o Baile do Hawaii e o Stammtisch caíram no gosto popular e hoje são sinônimos de diversão, organização e da qualidade associadaaonomedojornal.Campanhas solidárias também se destacaram ao longo desse período, com quatro casas construídas para famílias do município nos últimos anos. Neste ano, o 7º Stammtisch Cruzeiro doValeincorporouesseespíritosolidário e vai contribuir com a edificação de mais um sonho para uma família gasparense. O ingresso de R$ 5 pago por quem participar da Festa dos Grandes
Amigos será integralmente destinado à construçãodeumacasaparaumafamília que mora em área de risco. O ganhador daresidência, queseráerguidanobairro Gaspar Mirim, será escolhido por uma comissão ligada à área habitacional, e os interessados devem enviar uma carta para a redação do Cruzeiro do Vale contando sua história.
Dessa forma, a diversão dos participantes continua garantida, mas todos estarão contribuindo também para uma verdadeira transformação na vida de uma família necessitada da cidade.
Texto | Jean Laurindo
Obras viárias Ao longo desses 23 anos o Cruzeiro doVale acompanhou obras viárias importantes parareceberoaumentodonúmerodeveículosdafrotagasparense.Em1992,acapado CruzeirodoValemostravaasobrasdepavimentaçãodaAvenidadasComunidades,no Centro.PosteriormenteojornalaindadestacoufatoscomoasinauguraçõesdaAvenida Francisco Mastella e do novo trecho da BR-470.
Fechamento do hospital Em 19 de março de 2007, a Justiça determinou o fechamento do pronto atendimento do Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Gaspar, em função de problemas no serviço e na remuneração de profissionais. A notícia gerou reclamações da comunidade e foi destaque na edição 880 do Cruzeiro do Vale.
Eleições Nos 23 anos de história o Cruzeiro doVale acompanhou mais de 10 disputas eleitorais. A última, em que o prefeito Pedro Celso Zuchi (PT) foi reeleito, ganhou uma edição especial que circulou já na segunda-feiraseguinteàdisputa,comarelaçãocompletadevotoseeleitos,comocostumaacontecer nas coberturas eleitorais do jornal. As campanhas dos candidatos também são acompanhadas de perto,commatériassobreasperegrinaçõesdoscandidatosepesquisaseleitoraiscontratadasjunto a institutos conceituados. 62 | CRUZEIRO DO VALE