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AÇÃO SOCIAL & MEIO AMBIENTE
Maio 2016
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Desafio da bioeletricidade é ser parceiro de peso Consumo de energia crescerá 40% em dez anos e bioeletricidade quer aumentar sua cota de participação LUIZA BARSSI, DE VALINHOS, SP
Dentre todos os métodos para produção de energia, a eletricidade gerada a partir do bagaço da cana-de-açúcar está garantindo e aumentando seu espaço. Suas vantagens, como a contribuição na redução de emissões de gases do efeito estufa, fez com que em 2013 essa atividade originasse 16% da energia de todo o país. Estima-se que nos próximos dez anos o consumo de energia crescerá 40% no Brasil. Com isso a oferta de energia precisará aumentar para atender a demanda sem correr o risco de futuros apagões. O desafio é garantir a geração firme para diminuir a dependência das hidrelétricas. A EPE — Empresa de Pesquisa Energética, junto com o Ministério de Minas e Energia iniciaram um processo para estimular o desenvolvimento de novos projetos de geração térmica através de leilões federais, como o leilão chamado A-5 (venda futura para entrega em 5 anos). Nesse ritmo o governo passou a considerar a bioeletricidade como uma fonte de geração
Zilmar de Souza: bioeletricidade já chegou a originar 16% da energia de todo o país
de base, informa Zilmar Souza, gerente de bioeletricidade da Unica. Os projetos de maior custo de geração
são os de gás natural e carvão, portanto o preço-teto cresceu para que se tornassem menos viáveis. A partir disso os outros
projetos de bioeletricidade, mesmo os que estavam esquecidos há quase dez anos, voltaram para a competição. Em julho de 2015 a capacidade total dos projetos no Brasil era de 12.368MW2, que representa 8,62% da matriz elétrica brasileira. Entre 2008 e 2011 foram vendidos apenas 263 MW de capacidade em projetos de bioeletricidade por ano, e em 2012 não houve venda alguma, o que fez com os preços da energia elétrica despencassem, inviabilizando uma maior participação. Porém no ano seguinte, com a exclusão dos leilões de eólica e de biomassa e com a retomada do preço, os projetos voltaram a vender em grande quantidade. Cada projeto tem sua particularidade, e a porta de entrada tem sido os projetos nos leilões reguláveis. Hoje, através do leilão do governo federal, o contrato tem duração de 25 anos, portanto, ao fazer uma venda, garante-se um futuro mais seguro. Zilmar Souza, gerente de bioeletricidade da Unica, informa que, no período entre 2004 e 2015, a empresa vendeu por volta de 120 projetos no leilão regulado, e diz: “A bioeletricidade está sendo muito bem recebida no setor sucroenergético”. O que falta são recursos para novos investimentos. O leilão, que aconteceu em fevereiro deste ano, contratou energia elétrica para ser entregue em 2021, e tinha cadastrado 64 projetos por biomassa, onde predominaram os provenientes do bagaço e palha da canade-açúcar.