Espaço do Povo 81

Espaço do Povo Brasil

Outubro 2021

Edição 81

Ano 12

Antonico: uma tragédia anunciada Enchentes, incêndios e desmoronamentos são comuns para as mais de três mil famílias que vivem na região e aguardam por obras de urbanização

Foto: Julia Lima/ Agência Cria Brasil

Página 03

Distribuição Gratuita

EDITORIAL

A comunicação é uma ferramenta necessária para a transformação das favelas Página 02 INOVAÇÃO

Nas favelas e sobre as favelas Comunicação periférica foi tema do 1º Encontro de Comunicadores de Paraisópolis

Página 04

EMPREENDEDORISMO

A força do jovem favelado no empreendedorismo Página 12 TRANSPORTE

EMPREGO E CARREIRA

‘LinkedIn da Favela’ investe Aglomeração e demora: em capacitação são as principais queixas profissional para diminuir dos usuários da linha o desemprego Sto. Amaro Paraisópolis em Paraisópolis Página 14 Página 15

SAÚDE

A importância da campanha de prevenção ao câncer de mama vai além do Outubro Rosa Página 05

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

2 EDITORIAL

TELEFONES ÚTEIS

A comunicação é uma ferramenta necessária para a transformação das favelas

EMERGÊNCIA DISQUE DENÚNCIA DIREITOS HUMANOS - 100 CENTRAL DE ATENDIMENTO À MULHER - 180 POLÍCIA MILITAR - 190 POLÍCIA CIVIL - 197 BOMBEIROS - 193 SAMU - 192 EMERGÊNCIA DE TRÂNSITO - 188

AMA PARAISÓPOLIS Tel: 3742-5394 UBS 1 - Tel: 3744-5822 UBS 2 - Tel: 3501-9031 UBS 3 - Tel:3742-3269 / 3742-1323 SASF VILA ANDRADE - Tel: 3742-6891 CRAS CAMPO LIMPO - Tel: 5841-4776 CREAS CAMPO LIMPO - Tel: 5814-7483 6ª DELEGACIA DE DEFESA DA MULHER - Tel: 5521-6068 DEFENSORIA PÚBLICA Tel: 3105-5799 MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO - Tel: 3119-9000 PREFEITURA DE SÃO PAULO - 156

Foto: Luis Maike / Agência Paraisópolis

SAÚDE E SERVIÇOS

EXPEDIENTE Espaço do Povo É uma publicação da Agência Cria Brasil.

Diretor Jornalista Responsável Joildo Santos joildosantos@paraisopolis.org MTB 67099 SP Redação Francisca Rodrigues Diretora Executiva francisca.rodrigues@agenciacriabrasil. com.br Gabriela Marinho gabriela.marinho@agenciacriabrasil. com.br Keli Gois keli.gois@agenciacriabrasil.com.br Talytha Cardoso talytha.cardoso@agenciacriabrasil. com.br Gessica Carvalho gessica.carvalho@agenciacriabrasil. com.br Fotografia André Silva Luis Maike Projeto Gráfico e Editoração Alex Andrade Edições aandrade9@gmail.com Anúncios e contato

11 - 97723-4537

Cria Brasil Instagram: @criabrasilcomunicacao Facebook: Agência Cria Brasil Espaço do Povo Instagram: @espacodopovo Facebook: Jornal Espaço do povo Rua Herbert Spencer, 113 Paraisópolis São Paulo

Em tempos em que a notícia chega por meio das redes sociais e circulam de um modo muito rápido, apurar a informação e combater as Fake News nunca foi tão importante! Falo isso porque, como morador de Paraisópolis, segunda maior comunidade de São Paulo, vejo informações falsas circulando diariamente.

A necessidade de comunicar e trazer a representatividade que as comunidades tanto necessitam foi a minha maior motivação em criar este jornal, já está em sua oc-

togésima primeira edição. O que começou apenas como um jornal comunitário para dar voz e defender os interesses dos mais de 100 mil habitantes de Paraisópolis, desempenha hoje um importante papel não só em levar informação, mas também apontar tudo o que necessita ser melhorado dentro dessa que é uma das maiores favelas do Brasil. É claro que isso não seria possível se não fosse por meio do esforço de um grupo de pessoas com o mesmo objetivo, seja ao

cobrir os acontecimentos na comunidade, apurar uma notícia, ouvir a voz do morador, apontar um problema e até cobrar respostas do poder público.

Exemplo disso são as coberturas que fazemos há anos sobre as obras de urbanização justamente para dar voz aos moradores, mostrar a

Joildo Santos Diretor de Comunicação da Agência Cria Brasil

rea­lidade em que essas pessoas vivem e trazer tudo isso à tona. Como comunicadores, esse é o nosso papel, somos uma extensão da voz do povo e não vamos parar até que a nossa comunidade seja transformada!

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

3 URBANIZAÇÃO

Antonico: uma tragédia anunciada Enchentes, incêndios e desmoronamentos são comuns para as mais de três mil famílias que vivem na região e aguardam por obras de urbanização

‘Um forte estrondo, era como se tivesse caído um avião’, esse é o relato dos moradores da região do Córrego do Antonico, ao descreverem o acontecimento do sábado, 16 de Outubro, quando um conjunto de casas desabou, deixando oito famílias sem lar, um morto e cinco feridos, dentre eles, uma criança.

As rachaduras e as constantes enchentes já davam indícios da tragédia que viria a acontecer no local, que aguarda pela canalização do córrego há mais de 20 anos.

As constantes enchentes não levam apenas os móveis e os objetos dos moradores. As águas carregam para longe também o sonho da moradia, como levou o sonho do Antônio Vieira da Silva Neto, de 55 anos, que perdeu a vida enquanto pintava as paredes daquele que seria seu novo lar.

“Foi um estrondo tremendo, parecia que tinha caído um avião. Depois disso, foi muita poeira, gente chorando e correndo para ajudar. Desci da minha casa e encontramos o desabamento e quatro pessoas aterradas”, afirma Francisco Assis Diniz, 57 anos, morador da região do Antonico e membro do Conselho Gestor de Urbanização de Paraisópolis.

Inserida no Programa de Urbanização de Favelas, promovido pela Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo (Sehab), a região

Foto: Julia Lima/ Agência Cria Brasil

Por Keli Gois

do Córrego do Antonico — Caixa Baixa, é considerada uma das mais perigosas de Paraisópolis. Além do medo constante de rachaduras, desabamentos e enchentes, que já se tornaram comuns no local, os moradores convivem também com a falta de informação e a constante espera na fila do aluguel-social de R$ 400, valor que, segundo eles, não é suficiente para pagar o aluguel de uma casa em Paraisópolis, o que acaba resultando em novas invasões. “Quando você sai de um espaço que você não é indenizado de maneira digna, não tem opção, você vai voltar para a mesma situação.

E isso vai se repetindo e não para. Nascem novas gerações e vai sendo sequencial”, afirma Aline Raquel, moradora da região.

Em 2010, 176 milhões foram disponibilizados para urbanização da comunidade, desde então, segundo mora-

dores e lideranças locais, quase nada tem sido feito, além da marcação de casas, que começou a ser feita em abril de 2020. Do outro lado está a Prefeitura de São Paulo, que afirma que para que o trabalho tenha continuidade, as famílias que vivem no local e que não aceitaram o acordo do auxílio-aluguel precisam deixar suas casas. “Quando essas famílias são removidas, a prefeitura paga o aluguel-social até que elas recebam os apartamentos. Mas tem gente que aguarda há 10 anos na fila. Eu sou conselheiro e escuto isso todo dia”, conta Diniz.

Atualmente, mais de cinco mil famílias aguardam a construção de novas unidades habitacionais, um reflexo da falta de moradia, problema enfrentado em Paraisópolis há anos. Além da preocupação com o valor do auxílio aluguel e quando elas receberão suas casas, muitas famílias se recusam a receber

o auxílio pelo fato do atendimento ter sido alterado por meio de portarias recentes, que agora determinam apenas a concessão de aluguel-social por um período determinado, mesmo sem garantia de moradia definitiva.

Diferentemente das famílias que atualmente aguardam na fila para receber o aluguel-social, o Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, informou, durante visita à comunidade após o desabamento do dia 16, que o acolhimento às famílias que perderam seus imóveis será imediato, já que serão atendidas de forma diferenciada pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads). A prefeitura anunciou ainda que deverá acelerar o processo das obras de infraestrutura como execução de vias e vielas e implantação de redes de água e esgoto na área, que serão iniciadas ainda este ano.

Para cobrar agilidade nas obras e atendimento às famílias atingidas, lideranças comunitárias de Paraisópolis e moradores da região do Córrego do Antonico realizaram, no dia 21 de Outubro, uma manifestação pacífica na Avenida Giovanni Gronchi. No dia seguinte, receberam, no Pavilhão do G10 Favelas, representantes da Prefeitura de São Paulo, que ouviram a demanda dos moradores e apresentaram propostas para atendimento às famílias atingidas.

Além de anunciar um auxílio aluguel no valor de R$ 600 pelo período de 18 meses (exclusivamente para as famílias atingidas no último desabamento), o Secretário Municipal de Habitação, Orlando Faria, informou também que as famílias atingidas poderão assinar um termo para receber o cartão com o benefício do auxílio de R$ 400 e mais R$ 900 para auxílio mudança.

Dentre as propostas apresentadas para solucionar os problemas das famílias da região, estão a indenização por materiais investidos na construção com base na metragem da casa ou carta de crédito, dependendo do que cada família optar. A carta de crédito será concedida a fundo perdido e a prefeitura se tornará garantidora de financiamento para a quitação do restante do imóvel que a família optar em adquirir.

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

4 INOVAÇÃO

Nas favelas e sobre as favelas: comunicação periférica foi tema do 1º Encontro de Comunicadores de Paraisópolis Realizado durante as celebrações do centenário de Paraisópolis, encontro abordou as maneiras de produzir na favela e a importância da publicidade na periferia No dia 24 de Setembro, durante as celebrações do Centenário de Paraisópolis, a Cria Brasil Comunicação realizou o seu 1º Encontro de Comunicadores. Dividido em três painéis, o encontro teve como tema "A comunicação dentro e fora das favelas" e levantou discussões sobre as maneiras de produzir nas comunidades, a cobertura jornalística durante a pandemia e a publicidade nas favelas.

O primeiro painel contou com a participação da co-fundadora do coletivo jornalístico 'Nós, Mulheres da Periferia', Semayat Oliveira; do fotógrafo e videomaker, Caio Caciporé; da CEO da Quebrada Produções, Renata Alves, e do produtor de conteúdo da Rede Globo, Thiago Simpatia. Juntos, os profissionais contaram sobre sua expe-

riência nas comunidades e falaram também sobre as formas e os desafios de produzir conteúdo na favela, além de responder as perguntas da plateia.

O bate-papo foi mediado pela jornalista e diretora de conteúdo da Agência Cria Brasil Comunicação, Francisca Rodrigues, que também falou sobre a sua experiência como comunicadora há oito anos dentro de Paraisópolis. “É muito importante ter os nossos próprios canais de comunicação e apontar o que as favelas têm de melhor. Chega de sermos vistos como coitadinhos e marginais. Nós somos, sim, capazes”, declarou Francisca Rodrigues durante o primeiro painel.

‘Comunicação sobre a pandemia nas favelas’ foi o assunto do segundo painel.

Com o tema ‘Narrativa de

Fotos: André Silva/Agência Cria Brasil

Por: Keli Gois

jornalistas que já fizeram comunicação nas favelas’, o painel contou com a presença da jornalista e especialista em políticas públicas e projetos sociais, Gisele Alexandre; da fotojornalista, Alice Vergueiro, além do documentarista e morador de Paraisópolis, Daniel Eduardo. Os convidados falaram sobre os desafios de mostrar a realidade das favelas durante o período de pandemia, além da importância de destacar as iniciativas realizadas.

Conduzido por Igor Alexsander, do departamento de marketing da Cria Brasil, o último painel teve como tema "Publicidade na favela". Participaram do bate-papo o diretor da Cria

Brasil Comunicação, Joildo Santos, a jornalista e diretora de conteúdo também da Cria Brasil Comunicação, Francisca Rodrigues, e o diretor da Barça Comunicação, Marcello Barcelos. Os profissionais, que atuam há anos dentro de Paraisópolis, contaram sobre as suas experiências como comunicadores na comunidade e falaram sobre a importância do trabalho que realizam em Paraisópolis, que serve de modelo de expansão para outras comunidades.

“Eu sempre vi Paraisópolis representada na mídia como uma Paraisópolis de crime, problemas sociais e tantos outros que assolam qualquer comunidade. Mas, muito além de problemas,

somos um povo rico em cultura, conhecimento e cheio de talento e potencial, mas não tínhamos representatividade”, explicou Joildo Santos.

“Foi para mudar essa situação de falta de visibilidade e reconhecimento que percebi que fazer comunicação ‘de favela para favela’ era extremamente necessário. Como comunicador, meu maior objetivo é justamente mostrar todas essas características da nossa comunidade e quebrar todos os estereótipos para continuar fazendo uma comunicação mais inclusiva e, assim, transformar não só Paraisópolis, mas outras comunidades do Brasil”, finalizou Joildo.

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

5 SAÚDE

A importância da campanha de prevenção ao câncer de mama vai além do Outubro Rosa Campanha de conscientização alerta a população sobre os cuidados preventivos do câncer de mama Por Gabriela Marinho

No mês dedicado à campanha mundial, Outubro Rosa, que tem o objetivo de conscientizar mulheres e toda a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, e também sobre o colo de útero, instituições de todo o país aderem a campanha por meio de ações de conscientização às mulheres e toda a população.

O câncer de mama é o mais incidente e a principal causa de mortalidade por câncer em mulheres no Brasil, está à frente do câncer do colo do útero, terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal), e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) indicam aproximadamente 66,3 mil novos casos de câncer de mama e 16,6 mil novos casos de câncer de colo de útero no ano de 2020.

Segundo a ginecologista

e cirurgiã do Hospital Santa Catarina, Dra. Simone Davi, campanhas como o Outubro Rosa são essenciais para alertar as pacientes sobre a necessidade de realização dos exames para que, através desses exames, possa ser feito um diagnóstico precoce da doença. “No caso do câncer de mama, a mamografia e o ultrassom de mamas, esse quando necessário, são essenciais para fazer um diagnóstico precoce. Quando o diagnóstico é precoce, as chances de cura chegam em torno de 90%, além dos tratamentos serem menos agressivos para as mulheres”, alerta.

Com o objetivo de contribuir com a causa e ajudar mulheres que estão passando pelo tratamento de câncer, a Costurando Sonhos Brasil, em parceria com o G10 Favelas e a Associação das Mulheres de Paraisópolis (AMP), lançou a campanha “Para Além do Outubro Rosa”, que tem como objetivo fazer a doação de 5 mil lenços destinados às mulhe-

res que estão passando pelo processo de quimioterapia.

“Este ano o Costurando Sonhos resolveu apoiar essa causa, que é tão importante.

Tivemos essa ideia a partir da nossa chefe de produção, uma mulher que foi curada do câncer, que hoje quer devolver todo o carinho que ela recebeu na época do tratamento.” destaca Suéli Feio - uma das idealizadoras do Costurando Sonhos Brasil.

Os lenços serão distribuídos em hospitais de referência em tratamento oncológico nos sete estados do País onde o G10 Favelas atua, São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Minas Gerais, além do Distrito Federal. A confecção dos lenços, além de contribuir para a geração de renda das costureiras da Costurando Sonhos Brasil, irá auxiliar em campanhas de prevenção do câncer para mulheres em situação de vulnerabilidade social.

“A gente sabe que o lenço é um instrumento

de empoderamento muito importante nessa fase da quimioterapia. Estamos bastante felizes de poder dar essa contribuição para deixar essas mulheres que estão nessa fase mais felizes", destaca Suéli Feio do Costurando Sonhos.

Para a chefe de produção, Maria Aparecida Felix de Oliveira, de 50 anos, da Costurando Sonhos Brasil, que venceu um câncer de mama, poder contribuir

com outras mulheres que estão em tratamento é muito importante. “Para mim, está sendo uma alegria. Eu já vivi isso e sei o tamanho da necessidade e da diferença que faz na vida de uma mulher em tratamento. Às vezes, aos olhos dos outros, é só um lenço, mas pra quem está fazendo o tratamento, quem perdeu o cabelo, os cílios e as sobrancelhas, faz uma diferença muito grande.”

Carreta de mamografia realiza exames em Paraisópolis Sobre 4 rodas e com o objetivo de prevenir e salvar vidas, a Associação das Mulheres de

Paraisópolis (AMP) em parceria com G10 Favelas traz à comunidade a carreta de mamografia para

a realização do exame, Até o dia 31 de Outumulheres de 40 ou mais bro, das 7h às 18h, a carpodem realizar o procedi- reta ficará disponível no mento.

Pavilhão G10 Favelas,

para realização do procedimento é necessário a apresentação do RG e o cartão do SUS.

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

6 ENTREVISTA

Foto: José Barbosa

Presidente da Associação de Mulheres de Paraisópolis concede entrevista ao Jornal Espaço do Povo

A estudante de direito Flávia Rodrigues nunca recuou diante de um desafio.

Começou suas atividades no Festival da Juventude, evento de 2017 em que foi voluntária. Com o destaque, recebeu o convite para ser educadora social.

Em seguida, foi cuidar do projeto Horta na Laje. Então veio a pandemia, mas o trabalho não cessou. Flávia se tornou uma das coordenadoras do Comitê dos Presidentes de Rua, cuja ação dentro da comunidade visa a proteção de centenas de famílias. Em 2020, foi convidada a presidir a Associação das Mulheres de Paraisópolis (AMP), posição que ocupa até hoje.

Que conquistas Paraisópolis pode reivindicar, no que diz respeito à luta das mulheres, desde a fundação da AMP? Houve muito fortalecimento das mulheres, especialmente durante a pandemia. São 53% de mulheres na comunidade, mas quando se vê a composição dos Comitês dos Presidentes de Rua, a taxa sobe para 80%.

No momento em que a comunidade mais precisou, quem estava na linha de frente eram as mulheres.

tilhar o que as mulheres sabem. Se tem uma advogada e ela pode vir dar palestra para as mulheres se apropriarem dos seus direitos, então está posta a troca. No geral, as mulheres de baixa renda não têm acesso a muita coisa, então o Clube AMP nasceu para trazer acolhimento e informação a mulheres.

aqui. Você precisa ser três vezes melhor. A gente tem o preconceito que a gente sofre lá fora ainda, de ser mulher, de ser mulher da periferia, de ter os cabelos cacheados, de não se adequar aos padrões que a sociedade impõe, mas eu tenho muito orgulho de morar aqui e de poder trabalhar aqui dentro.

Quais os planos futuros da AMP? Que a gente possa ter a nossa sede e atender mais mulheres da comunidade, levando autoestima e empoderamento para todas. Que a gente possa ter uma Casa da Mulher de Paraisópolis.

Como foi coordenar o Comitê dos Presidentes de Rua, que é 80% composto por mulheres.

Eu falo que desde que a gente nasce mulher a gente tem uma responsabilidade. A mulher é criada para servir o homem, ficar em casa e cuidar da casa. É uma coisa da cultura.

Quando a gente vê que 80% do Comitê é composto por mulheres, que foram criadas com essa cultura, de estar na linha de frente, de ser mãe, de cuidar, de ter o afeto.

Como é se perceber como mulher negra e periférica na liderança de uma associação?

Acho que dentro não foi difícil porque as pessoas aqui entendem o nosso papel na liderança, mas fora é difícil. Dizem que eu tenho 23 anos e me relacionam com a idade. Esse é o maior preconceito que eu sofro. Juntam isso com o fato de a minha mãe ser alcoólatra, como se essa questão familiar interferisse no meu papel.

Como contribuir para ajudar a Associação das Mulheres de Paraisópolis?

Doando na nossa campanha de financiamento coletivo, mas também dando palestras, oferecendo e fazendo cursos. A associação não está só dentro de Como funciona o Clube Como é ser mulher e Paraisópolis. Quando tem AMP Acolhe? ter se formado na comu- uma mulher que acolhe ouEle nasceu da neces- nidade? tra mulher, seja em qualquer sidade de poder comparÉ desafiador ser mulher lugar do mundo, ela já está

contribuindo com a associação de mulheres.

Você também é coordenadora do Agro Favela Refazenda. Como funciona o programa e quem é atendido por ele?

A Agro Favela nasceu do projeto Horta na Laje.

Tem a intenção de oferecer alimentação saudável incentivando o plantio de hortaliças para as mulheres. Está na nossa meta capacitar mil mulheres até o fim do ano. Desde o lançamento da horta, em 16 de Outubro de 2020, dia Mundial da Alimentação, já capacitamos 400 mulheres. A nossa ideia é expandir a horta para outros lugares, para haver mais verde e também por uma questão de incentivo à alimentação saudável, para que haja mais disposição de consumo de hortaliças.

Quem é Flávia Rodrigues e quais os seus planos pessoais?

Meu grande sonho é ver minha mãe curada do alcoolismo. Eu pretendo ainda comprar uma casa, fazer um intercâmbio para a Inglaterra daqui a dois anos e terminar minha faculdade de Direito. Espero que, no que diz respeito à associação, a gente possa conquistar a nossa sede e atender muito mais mulheres.

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

7 EDUCAÇÃO

Volta às aulas presenciais divide opinião de pais e professores Após um ano de aulas à distância, pais e professores tentam se adaptar à nova realidade após anúncio de retorno total das aulas presenciais

Desde o anúncio da retomada obrigatória dos estudantes às aulas presenciais para todas as redes, incluindo escolas municipais e estaduais, além da rede de ensino privada, pais e professores vivem um dilema. Se por um lado há a preocupação em relação à proliferação do novo coronavírus pelo fato de nem todas as crianças terem sido vacinadas, há também a preocupação em relação ao desenvolvimento do aluno diante de todas as dificuldades enfrentadas no ensino à distância.

Apesar da preocupação dos pais e professores, para o secretário da educação do estado, Rossieli Soares, a educação precisa ser a prioridade. Segundo o Governador do Estado de São Paulo, João Dória, o retorno às aulas presenciais, anunciado no dia 13 de outubro, respeita todas as normas de segurança e segue os protocolos sanitários para a saúde dos professores e alunos.

Muitos pais apoiam o retorno às aulas presenciais pelo fato de temerem o desenvolvimento dos filhos, além das dificuldades em promover essas mesmas atividades em casa. "A volta às aulas é muito boa porque muitas crianças ficaram com as atividades atrasadas pelo fato de nós, pais, não conseguirmos ensinar. Indo para a escola, as crianças vão se desenvolver melhor", afirma Jamile Silvério, mãe de uma aluna do ensino infantil.

Joana D'arc, mãe de um aluno da rede pública de ensino, acha necessário e importante o retorno das aulas 100% presencial. "Já não estava mais sabendo lidar com meu filho estudando de casa.

Sem estrutura nenhuma, me sentia impotente em várias situações", afirma. Por outro lado, há ainda a preocupação com a saúde, principalmente porque determinadas idades ainda não receberam a vacina. "Coloco Deus primeiro

e oro pela vida e saúde do meu filho e todos que me rodeiam, mas não dá para viver se isolando para sempre", explica Joana.

Segundo dados da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, somente 24% das escolas estão aptas para receber todos os alunos com o distanciamento de 1 metro, as outras 5.130 escolas estaduais de São Paulo retornam a partir do dia 3 de novembro, quando não será mais exigido o distanciamento entre os estudantes ou o uso de máscaras, o que tem preocupado pais de crianças que ainda não estão no grupo de prioridade para receber a vacina.

A medida preocupa também professores não só pelo fato de não ser possível manter distanciamento, mas também devido ao ano letivo estar chegando ao fim, como explica a professora Fabiana Nascimento, que leciona em uma escola pública de ensino infantil. “A educação infan-

Foto: Reprodução

Por Gessica Carvalho

til precisa de um período de adaptação. Não conseguimos manter as regras do" Protocolo de Segurança" de forma eficaz no quesito distanciamento de um metro entre eles. A oposição no meu ponto de vista é que a pandemia da Covid-19 continua e algumas famílias não aderiram ao retorno presencial por conta dos membros que são do grupo de risco”, afirma.

Segundo o site da Secretaria da Educação, 97% dos profissionais da educação já estão com a vacinação completa e até a data de retorno,

Anuncie aqui!

Jornal Espaço do Povo

90% dos adolescentes entre 12 e 17 anos já deverão ter tomado a primeira dose da vacina, minimizando os riscos nas escolas.

Fabiana já está vacinada com as duas doses. Mas para ela, os cuidados com o vírus e a criança não combinam na educação infantil, “Nossa base para o desenvolvimento, como indica o "Currículo da Cidade de São Paulo" é interação e brincadeiras.

Como pregar esta meta, seguindo regras de protocolo de segurança e não compartilhar objetos?”, conclui.

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

8 CULTURA

Favela Music: Encontro de ideias e talentos po de Teatro de Paraisópolis, num compasso de apresentação abordando o tema sobre “O que será meu presente de Natal” , os atores trouxeram luz e esperança por meio de depoimentos do ponto de vista de suas próprias experiências.

Negritude e desigualdade foram temas abordados no encontro, também expressados por meio da Música Popu-

lar Brasileira e muitas outras atrações. O evento veio trazer a união da arte por meio dos sonhos em tornar a cultura da periferia mais fortalecida.

O idealizador e rapper Daniel Cristóvão, vê o projeto Favela Music como a porta de inclusão social ao levar a diversidade cultural da favela por meio de intercâmbio de ideias e encontro de muitos talentos.

Foto: Caio Caciporé

Com muita arte e muita cultura, durante as celebrações do centenário de Paraisópolis, no dia 25 de Setembro, o Favela Music comemorou seus dois anos de projeto ao som de muita música boa, desde o sertanejo até o batuque do pandeiro, e contou com a presença de lideranças do G10 Favelas.

O evento também contou com a apresentação do Gru-

Ballet Paraisópolis leva primeiro lugar em Festival de Dança de Joinville O Ballet de Paraisópolis foi vencedor da 38º edição do Festival de Dança de Joinville. O grupo ganhou o primeiro lugar na categoria conjunto júnior contemporâneo com a coreografia “Nove Vidas! Para não te esquecer”, da professora Danielle Rodrigues, em ho-

menagem aos 9 jovens mortos em Paraisópolis durante uma ação policial em 2019.

O grupo também venceu na categoria Variação Masculina Júnior com a coreografia “O Talisman” e também com coreografia Ilê de Luz, de Christian Casarin, na categoria Solo Contem-

porâneo Masculino Júnior.

O Ballet Paraisópolis conquistou também o terceiro lugar na categoria Balé Clássico de Repertório Conjunto Sênior com a coreografia “Prólogo de Fadas” e com a coreografia “Satanella/Carnaval de Veneza”, na categoria Pas de Deux Júnior.

Documentário da Netflix mostra como a pandemia foi enfrentada em Paraisópolis e no mundo Por Gessica Carvalho

No dia 12 de outubro, a Netflix lançou o documentário "Convergência: Coragem em tempos de Crise".

A obra, que fala sobre como o mundo foi afetado pela Covid-19, conta com a participação de moradores da comunidade de Paraisópolis, como o diretor de fotografia Daniel Eduardo e a produtora Renata Alves, Coordenadora da equipe médica das ambulâncias do G10 Favelas. Voluntária nas ações de diminuição dos impactos causados pelo vírus.

O documentário mostra as histórias e as soluções encontradas para enfrentar a pandemia em Paraisópolis e no mundo. São apresentadas nove histórias de pessoas que estavam lutando para enfrentar essa urgência, que foi a contaminação do vírus. Dentre elas, está a de Renata Alves, moradora de Paraisópolis.

Renata Alves é produtora e ficou à frente da coordenação do trabalho das ambulâncias mantidas na comunidade de Paraisópolis pelo G10 Favelas. Para o co-diretor e jornalista Maurício Monteiro Filho, a escolha da personagem foi devido à história de superação de Renata, além da paixão como ela atendia a comunidade.

Além da Renata, o documentário também conta com a participação do morador e fotógrafo Daniel Eduardo, na direção de fotografia. Ele passou dias na produção do filme para acompanhar as chamadas de urgência e mostrar como a favela se manteve com a chegada do vírus.

A escolha de Paraisópolis foi pelo seu senso de comunidade, que mostrou desde o início da pandemia uma capacidade muito grande de organização comunitária e conseguiu reverter a expectativa de uma tragédia, tornando-se um exemplo para todo o mundo ao mostrar sua força.

Convergência: Coragem em tempos de Crise ainda conta com a direção do cineasta britânico Orlando von Einsiedel, co-direção do jornalista Maurício Monteiro Filho e fotografia de Caue Angeli. E você pode encontrar entre os filmes na plataforma de streaming Netflix.

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

9 CULTURA

Cria Brasil Comunicação lança documentário em homenagem aos 100 anos de Paraisópolis Parte do projeto Memórias de Paraisópolis, documentário reúne depoimentos de alguns dos moradores mais antigos e mostra a transformação da comunidade nos últimos anos Por Keli Gois

“A gente está falando de comunicação, de história e memórias. O nosso trabalho sempre foi dar visibilidade da melhor forma possível para tudo que acontece aqui dentro e é um orgulho lan-

çar esse material para vocês, que é fruto de muito trabalho de uma equipe engajada e que preza pela memória da nossa comunidade.”, destacou o diretor de Comunicação da Agência Cria Brasil,

Joildo Santos, que completou: “Tem muita coisa ainda para ser mostrada. E estamos sempre correndo atrás para conseguir mostrar o máximo possível.”

Além de resgatar a memó-

Fotos: André Silva/Agência Cria Brasil

Em homenagem aos 100 anos da segunda maior comunidade de São Paulo e a quinta maior do Brasil, a Cria Brasil Comunicação lançou, no dia 24 de Setembro, no Pavilhão Social do G10 Favelas, o documentário ‘Paraisópolis 100 anos’, um recorte histórico que conta a trajetória da comunidade, que no dia 16 de setembro celebrou o seu centenário.

Produzido pela Agência Cria Brasil Comunicação, o curta reúne depoimentos dos moradores mais antigos e imagens que retratam sua formação desde a década de 1940, além do depoimento de jovens moradores, que dão o contraste ao retratar a Paraisópolis atual.

Exposição Memórias de Paraisópolis

A Agência Cria Bra- Social do G10 Favelas, centenário de Paraisópolis, Paraisópolis. sil organizou, no Pavilhão durante as celebrações do a exposição ‘Memórias de A exposição faz parte do projeto “Memórias de Paraisópolis”, lançado em Julho de 2015 pelo diretor de Comunicação da Agência Cria Brasil Comunicação, Joildo Santos, a exposição tem como objetivo criar um centro de memórias da comunidade, fazendo um recorte da história da segunda maior favela de São Paulo a partir de relatos dos moradores mais antigos.

A exposição pode ser

ria da comunidade e de seus mais de 100 mil habitantes, o curta destaca também a história de lutas e conquistas dessa que é hoje uma das maiores favelas do Brasil, mostrando como a união e organização dos moradores impulsionou o processo de urbanização e trouxe melhores condições aos seus habitantes.

Participaram do lançamento os diretores da Cria Brasil, Francisca Rodrigues e Joildo Santos, o Presidente do G10 Favelas, Gilson Rodrigues, além de lideranças e moradores, que puderam assistir ao documentário e conhecer um pouco mais do projeto Memórias de Paraisópolis e da Agência Cria Brasil Comunicação.

vista no Pavilhão do G10 Favelas, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Já o conteúdo do projeto, que inclui um documentário, entrevistas, além de relatos e fotografias, pode ser visto no Facebook: https:// www.facebook.com/memoriasparaisopolis/ Instagram https://www. instagram.com/memoriasdeparaisopolis/ e também no canal do Youtube da Cria https://www.youtube. com/c/CriaBrasil

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

10

Você com certeza já ouviu falar da nossa menina, a Agro Favela Refazenda, que tem sido cenário para tantas reportagens durante a pandemia. Ela foi criada em 16 de outubro de 2020, em plena pandemia. Devo dizer que foi um símbolo, uma forma de plantar e emanar boas energias.

Este mês, ela completou um ano, e como dizem que boas sementes colhem bons frutos, nossa horta já está também na comunidade de Heliópolis e, com certeza, em breve, nossas sementes estarão germinando em outras comunidades pelo Brasil.

A Agro Favela Refazenda segue o conceito de hortas

Olá, Comunidade!

Feijão é indiscutivelmente uma das vedetes no prato dos brasileiros. Mas vou ousar dizer que você, nem de longe, utiliza o feijão como ele, de fato, merece ser usado.

Como toda leguminosa, sim, leguminosa. Apesar de ser um grão, toda espécie que se dá em vagens é chamada de leguminosa como: feijão, grão de bico, ervilhas, lentilhas e amendoins.

Mas vamos falar do fei-

1 ano de Agro Favela

urbanas tão conhecido na Europa, com o objetivo de ampliar as ações de capacitação e educação de pessoas nas favelas e com foco, especialmente, em mulheres, para o cultivo de hortaliças.

Você pode fazer parte desse projeto se inscrevendo nas oficinas que são ministradas na própria horta. Ao final do curso, você leva para casa um kit com todo material necessário para montar um cantinho verde em sua casa e consumir tudo sem agrotóxicos, e o melhor: plantado com suas próprias mãos.

Lá, você ainda tem aulas sobre consumo consciente, afinal, a natureza é tão sábia que só te dá tudo o que você

possa aproveitar, inclusive e é ótima para cozinhar aras embalagens. roz, feijão ou fazer sopas.

Dica da Horta: Como usar integralmente o Espinafre Lave as folhas junto com os talos. Separe os talos das folhas.

Você pode passá-los no vapor ou cozinhá-los em água. (apenas para dar um susto).

Com as folhas, você pode fazer o seu refogado normal, preparar molhos, suflês ou recheios de tortas. Já os talos, você pode deixar um minutinho a mais, cortar em rodelinhas finas e fazer uma deliciosa farofa.

Ah! Não jogue a água fora, ela é rica em nutrientes

Da minha cozinha para a sua

jão, este grão é riquíssimo em proteína, ferro, fibras, magnésio, potássio e zinco. Além disso, é uma ótima fonte de triptofano, aminoácido que ajuda na formação da serotonina, substância que alivia os sintomas da ansiedade..

Mas para que todas essas substâncias sejam, de fato, aproveitadas, precisamos retirar o que chamamos de FAN – Fatores Anti Nutricionais – parece complicado, mas é bem simples. Nossa dica de hoje, além de fazer com que você aproveite melhor os nutrientes do feijão nosso de cada dia, fará com Mônica Rydlewski

que você economize, pelo menos, 20 minutos de gás.

Escolha e lave o feijão de sua preferência. Em uma tigela, cubra com água com pelo menos três dedos acima.

Cubra com um filme plástico ou com um pano de prato bem limpinho e leve à geladeira por 12 horas. Eu geralmente faço isso a noite para usar no dia seguinte, essa técnica, chama-se “remolho”.

No dia seguinte, jogue a água fora, lave o feijão e comece o processo. Refogue os temperos que você gosta de usar, coloque o feijão na panela, cubra com água, es-

Bailarina, produtora de eventos, atua em Paraisópolis há 11 anos. Hoje, além de colunista do Jornal Espaço do Povo e de criadora de conteúdo na Agência Cria Brasil Comunicação, a chefe de cozinha desenvolve diversas atividades voltadas à gastronomia dentro da comunidade.

Beijos e até a próxima!

Monica Rydlewski

Foto: Julia Lima

COLUNA

pere ferver e tampe a panela.

Como ele ficou no “remolho”, vai precisar de menos água e menos tempo de fogo.

Com isso, você garantirá que todo fator anti nutricional foi retirado e só sobrar o que for bom, aquela sensação de gases também acabará!

Receitinha para um aconchego vendo um filminho na TV: Pegue aquele feijãozinho que sobrou, leve ao liquidificador, coloque um bocadinho de água, bata bem, coe e reserve.

Pique uma cebola, um dente de alho e refogue em uma panela com azeite até ficar bem dourado. Junte tudo no liquidificador junto com o caldo já batido e bata no-

vamente, dessa vez, não coe.

Leve o caldo de volta a panelinha de deixe ferver.

Faça um vinagrete com ½ cebola em quadradinhos bem pequenininhos (o corte chama-se bruoise) e faça o mesmo com tomate sem sementes.

Pique salsinha bem batidinha (esse corte chama-se axé). Ah! Pode ser coentro, é que eu....

Bah! Eu não gosto! rsrsr Tempere tudo com azeite, vinagre, sal e pimenta. Se quiser pode por pimentinha dedo de moça, fica uma delícia!

Sirva em uma caneca.

Coloque um bocadinho do vinagrete no fundo e dê o seu toque final!

Se tiver sugestões ou dúvidas, me chame no direct @ monicarydlewski

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

11 GASTRONOMIA

Mãos de Maria reabre para feijoada aos sábados e anuncia novidades Fotos: Caio Caciporé

Bistrô Mãos de Maria tem projetos de expansão para outros estados e de instalação do quiosque em diversos pontos de São Paulo

Por Keli Gois

Nos primeiros andares do prédio da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis funcionam o Banco do Brasil e a Rádio Nova Paraisópolis. Mas é na laje onde fica o espaço da gastronomia e das frequentes confraternizações com feijoada e música ao vivo: o Bistrô Mãos de Maria. A decoração fica por conta não só do ornamental, com sombrinhas e guarda-chuvas que dão a impressão de flutuar sobre os clientes, mas também com ervas e hortaliças, que são utilizadas também no preparo dos pratos.

Fechado no período de quarentena, no último mês o Bistrô Mãos de Maria voltou a servir almoço de segunda a sexta-feira, além da sua tradicional feijoada aos sábados, e anunciou também seu plano de expansão para outros estados. A reabertura aconteceu

de forma gradual, por meio do Delivery, mas foi no dia 18 de Setembro, durante as celebrações do Centenário de Paraisópolis, que o Bistrô reabriu suas portas ao público, com direito à música ao vivo e muito pagode com o grupo Bem Marcado.

Durante a pandemia, a feijoada ainda estava sendo produzida pelas Marias, a diferença é que, ao invés de ser servida na laje, era entregue na casa dos clientes, que podiam pedir o almoço de sábado pelo Delivery. “Mesmo o estado liberando o retorno dos restaurantes e dos espaços, ficamos com muito receio. Somos um negócio social, mas a gente tem uma responsabilidade como liderança também na comunidade. Então não fazia sentido a gente começar a operar pensando só na parte comercial”, explica Elizandra Cerqueira, uma das idealizado-

ras do Mãos de Maria.

Diante de toda a incerteza de como seriam os próximos meses, o Mãos de Maria assumiu outra frente de trabalho. Desta vez, contra a fome não só em Paraisópolis, mas em outras comunidades do Brasil por meio da produção e distribuição de marmitas solidárias. Só em Paraisópolis, foram 2.118.000 marmitas. “Quando a gente entrou na operação, entramos muito pelo social. Decidimos produzir marmitas porque as pessoas estavam passando fome, não sabíamos qual o cenário, e a gente meio que foi”, relembra Juliana Costa Gomes, também idealizadora do Mãos de Maria.

Com a produção das marmitas, muitas outras portas se abriram. Além da produção dos alimentos, surgiu também o Delivery do Bem, quando parte das marmitas passou a

ser subsidiada por empresas, parceiros e apoiadores da iniciativa em combate à fome, fomentando também a geração de renda dentro de Paraisópolis. “E foi essa questão de ser liderança comunitária que nos possibilitou colocar o Mãos de Maria na frente do combate à fome com as marmitas. Essas parcerias nos possibilitaram fechar contratos para que a gente pudesse gerar emprego e renda dentro da comunidade”, destacou Elizandra.

Além da retomada, o Mãos de Maria anunciou também o seu plano de expansão para mais dez comunidades do Brasil que fazem parte do G10 Favelas, como Heliópolis, em São Paulo, e Betim, em Minas Gerais.

As obras de expansão já estão a todo o vapor e, muito em breve, além de capacitar mais mulheres, as novas uni-

dades do Bistrô ainda irão gerar renda e dar continuidade ao trabalho de produção de marmitas solidárias, que passarão a ser distribuídas nas demais comunidades.

Outra iniciativa que vai além de Paraisópolis são os quiosques, que devem chegar também a outras regiões de São Paulo, como Shopping Centers e regiões comerciais, onde os produtos produzidos pelas Marias (mulheres capacitadas pelo projeto) poderão ser comercializados. A linha de produtos inclui panetones, trufas, amanteigados, compotas, entre outros. “A gente trabalha a questão do empreendedorismo para que essas mulheres possam vender. O quiosque será um meio de vender esses produtos para gerar renda para muitas mulheres e promover a independência financeira”, finaliza Elizandra.

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

12 EMPREENDEDORISMO

A força do jovem favelado no empreendedorismo

Exemplos de ações na Maré, no Rio de Janeiro, em Coroadinho, no Maranhão, e em Ceilândia, no Distrito Federal, podem inspirar a juventude periférica pelo Brasil pote era feita em casa, assim como os produtos que vieram depois. Entretanto, o que mais chamava a atenção, não só pelo sabor, mas principalmente pela aparência, eram os bolos, que receberam foco mais ajustado. “Eu via a necessidade das pessoas: elas queriam comer não só algo gostoso, mas também bonito”, comenta.

“A feirinha de que participei, organizada pela prefeitura de São Luís e o Programa Mobiliza SLZ abriu os meus olhos para eu não parar com as marmitinhas com as fatias de bolo de aniversário”, explica Danila.

O marido dela, o eletricista William Carvalho, decidiu ajudar e colocar o negócio para dar certo. “Ele nas entregas, eu na cozinha e Alice como minha blogueirinha”, ri Danila. Agora a família espera a conquista e realização do sonho do próprio ateliê,

que está em construção. Será o primeiro ateliê de bolo do Polo Coroadinho, espaço onde Danila vai poder inclusive, treinar novas boleiras.

Luze Cárita Ramos também é de Coroadinho em São Luís, Maranhão. Ela tem 34 anos e é mãe solteira de uma menina de sete. A necessidade de dar sustento à própria filha e o desejo de garantir para a menina uma boa educação sempre foi sua maior motivação. Luze teve a ideia de comprar peças de roupas para vender para conhecidos e pessoas da própria comunidade. “Eu tive muito êxito nisso, embora fosse pouco para mim. Mas nisso eu tive a perspectiva de que nesse ramo eu poderia ter sucesso.

Com a ajuda da minha mãe, com um empréstimo, eu tive a oportunidade de viajar para comprar mais mercadorias e continuar com as vendas de porta em porta”, conta Luze.

Daí ela teve a ideia de criar

uma loja online, que vai bem, especialmente pelo potencial de vendas para além da periferia.

Thais Ramos, do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, tem 22 anos, mas desde os 19 já empreende.

Seu primeiro trabalho tinha sido em uma casa de festas e doces, onde oferecia produtos. “Mas vi que aquilo não era o que eu realmente gostava de fazer”, comenta. Thais então resolveu ter uma conversa com a mãe, Lucimary Ramos, para que fizessem algo que chamasse atenção do povo, algo que servisse para ajudar no aluguel e nas contas de casa. “Começamos vendendo sacolé gourmet na garagem, e até entrega a pé fazíamos para que conseguíssemos um dinheiro bacana”. Com isso, as ideias foram se desenvolvendo e ambas começaram a investir o dinheiro do sacolé

em cursos de bolos, cones, tortas e outros quitutes. Em 2019, montaram a primeira loja de doces com tudo que tinham aprendido. “Não tínhamos como pagar um funcionário logo no começo, então eu e minha mãe revezávamos, fabricávamos e ainda ficávamos na loja para atender os clientes”, rememora Thais.

Nascido na Ceilândia, periferia de Brasília, Yuri Silva Nascimento tem 21 Foto: Yuri Silva

Foto: Danila Alves Soares

Com o momento fora do normal, em que o mundo inteiro sofre com os impactos da pandemia de coronavírus, o comércio e a indústria se apresentaram como setores fortemente afetados, o que atingiu em cheio todo o mercado financeiro. Apesar dessa perspectiva de perdas de mercado, a situação tem sido driblada dentro das periferias. Trata-se de quando a idade pouco avançada, menos de 40 anos, não impede de empreender.

Danila Alves Soares, 25 anos, moradora de Coroadinho em São Luís, Maranhão, começou a empreender depois de perder o emprego.

Decidida a não mais trabalhar de carteira assinada, especialmente para ter mais proximidade com a filha, Alice Beatriz, então com três anos, sentiu-se motivada a criar a Doce Paixão.

A fabricação de geladinhos gourmet e bolo de

Foto: Beatriz Siqueira

Por Gustavo Moreira

Espaço do Povo

@espacodopovo

Outubro 2021 13

EMPREENDEDORISMO manda ver no empreendedorismo local. Exemplo é o CEO do Favela Brasil Xpress, Giva Pereira. Formado em Tecnologia da Informação, ele mora em Paraisópolis desde os 12 anos de idade, quando chegou da Paraíba. “Gosto de estar dentro da comunidade, vejo que é um local de muitas oportunidades, para todas as áreas. Ao mesmo tempo em que há escassez no sentido de falta de projetos, há oportunidades, pessoas interessadas, novos ideias surgindo, eu vejo um mundo de oportunidades.

Paraisópolis é uma cidade, é um país pra mim, onde eu procuro tudo, onde dá para ter tudo. Meu olhar é daqui pra fora”, defende Giva.

O Favela Brasil Xpress surgiu com a atuação de Giva como coordenador do Comitê dos Presidentes de Rua. A iniciativa tinha como finalidade a proteção das famílias de Paraisópolis em situação de risco diante da Covid-19, e por isso serviu Favela Brasil Xpress em Paraisópolis como mapeamento logístico A juventude também de endereços.

anos e é tatuador há um ano.

Ao ser demitido do seu antigo emprego CLT, viu na arte uma forma de provisão.

Trabalha com tatuagem tradicional ou old-school, que é um estilo norte-americano que representa a época das embarcações: marinheiros e barbearia. “Aqui na periferia é um estilo de tatuagem ainda desconhecido, mas através do meu trabalho procuro trazer essa representação”, explica Yuri.

“Eu sou envolvido com arte desde que me lembro, sempre quis um trabalho com algo relacionado. Vi na tatuagem uma oportunidade de fazê-lo”. O estúdio de Yuri fica em sua casa e em tempos de pandemia é o que tem sido a salvação.

Bruno Carvalho nasceu e se criou em Coroadinho, 32 anos, mora com a família.

Técnico de laboratório por profissão, não atua na área.

Começou a montar o próprio negócio em 2020, quando

nem sequer sabia como começar. “Antes eu tinha um salário, eu tinha um chefe, e agora eu sou meu próprio chefe”, comenta Bruno. Ele atua com plantas de todos os tipos: ornamentais, medicinais, frutíferas, suculentas. “É na minha própria casa, um serviço de fundo de quintal. Iniciei fazendo um pequeno investimento e dando pequenos passos. Comecei a vender por delivery, também nos terminais de integração, para os vizinhos, os amigos, para as pessoas mais próximas. Fui observando que o negócio estava crescendo, aí comecei a expandir levando para a feira do meu bairro”. Bruno comprou um carrinho de mão com o dinheiro das plantas.

Ele já tinha algumas plantas em casa. “Eu sempre gostei de plantar, desde pequeno, mas eu não tinha habilidade”, explica, acrescentando que a feitura de mistura, a capacidade de ter substrato

Foto: Caio Caciporé

Foto: Francisco Bruno Carvalho

bom, de ter adubação boa, tudo isso foi difícil no começo, até que ele começou a pesquisar no Youtube as técnicas de plantio.

Hoje, Bruno coloca as plantas em vasos, em saquinhos e em garrafas pet. Foi adquirindo ainda conhecimento e reconhecimento pelas redes sociais: possui o Instagram desse empreendimento que é a Floricultura Beija-flor. “Depois eu percebi que precisava de local maior, carro maior. Esse carrinho é um carrinho de lanche, mas eu adaptei para ser um carrinho de flores, já decorado com papel de parede, decoração própria. Eu gasto 15 minutos de casa até a feira, tenho um ponto estratégico onde tem fluxo de pessoas que passam, compram, observam, que pegam dicas comigo, porque eu converso com meus clientes, sou bem receptivo, falo com as pessoas, elas falam das suas plantas, eu falo das minhas”, comenta Bruno.

Empresa de logística que funciona como uma empresa terceirizada de um grande centro de operações, o Favela Brasil Xpress se tornou assim uma aliada do e-commerce nacional. Para desbloquear os CEPs, isto é, para mapear os CEPs até então não localizáveis pelos entregadores, Giva e sua equipe trabalham agora com o last mile, isto é, a última milha, o que quer dizer que as empresas maiores levam os produtos para a periferia e a periferia utiliza a inteligência local, com os moradores locais, o que acaba inclusive gerando trabalho e renda.

“Daí a gente falar que entrega muito mais do que pacote, porque pouco tempo atrás parecia impossível o morador de favela receber a encomenda dentro de casa. A gente viu que as entregas são possíveis e estamos transformando a vida dessas pessoas”, finaliza Giva, que já conta com parceiros como a Americanas SA, a Dafiti e a Total Express.

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

14 EMPREGO E CARREIRA

‘LinkedIn da Favela’ investe em capacitação profissional para diminuir o desemprego em Paraisópolis Emprega Comunidades oferece qualificação profissional em áreas como tecnologia, marketing, mídias sociais e empreendedorismo

Muito mais que impactos na saúde, a pandemia trouxe mudanças significativas no modo de trabalho em todo o mundo, quando empresas passaram a adotar o ‘Home Office’, modo de trabalho remoto que permitiu com que diversos profissionais de diferentes áreas mantivessem o emprego mesmo durante o período de quarentena.

Nas favelas, a realidade foi muito diferente. Se em outras regiões do país diversos profissionais puderam trabalhar no conforto de suas casas, em Paraisópolis e outras comunidades do Brasil, onde a realidade muitas vezes não permite um trabalho remoto, inúmeros trabalhadores da área de serviços como diaristas, jardineiros e empregadas domésticas, por exemplo, perderam seus empregos.

“Algumas pessoas até foram trabalhar em home office, mas muitas empregadas domésticas e diaristas foram demitidas e passaram a depender de doações”, destaca Rejane Santos, fundadora do Emprega Comunidades, conhecido como LinkedIn da Favela.

Para driblar o desemprego em Paraisópolis, a alternativa encontrada pelo Emprega Comunidades foi investir em capacitação profissional em áreas como tecnologia,

Foto: Reprodução

Por Keli Gois

marketing e mídias sociais.

Para aproveitar o ‘boom’ das vendas online, o Emprega Comunidades investiu também em cursos de empreendedorismo justamente para que os moradores pudessem investir no próprio negócio.

“A área de vendas online cresceu bastante, com isso, oferecemos, por meio de uma parceria com a Rede Mulher Empreendedora, um curso de empreendedorismo voltado para mulheres para que elas pudessem investir nessa área.”, explica Rejane.

Muito mais que capacitar os moradores, o objetivo do Emprega Comunidades é ser essa ponte entre empregador e empregado. Após receber a capacitação, esses moradores são encaminhados para as vagas de emprego. Durante a pandemia, mais de 750 pessoas foram capacitadas em áreas como governança,

cozinha, manutenção, bartender, cuidador de idosos, eletrônica e micro logística, áreas que estão registrando um crescimento significativo nesse momento pós-pandemia com a retomada dos serviços. “Temos procurado fazer parceria com as empresas que oferecem formação nas áreas que precisam de mão de obra, a ideia é capacitar e utilizar essa mão de obra qualificada.”, explica Rejane.

Outra área que registrou um crescimento significativo é a do trabalho doméstico, uma das áreas com mais demanda dentro de Paraisópolis. De acordo com dados do IBGE, o trabalho doméstico aumentou 7,7%, somando 5,3 milhões de pessoas. Frente ao mesmo período do ano anterior, cresceu 16,1%, um adicional de 739 mil pessoas.

As expansões trimestral

e anual foram as maiores em toda a série histórica da ocupação dos trabalhadores domésticos.

“A procura por empregados domésticos aumentou.

Sempre foi uma área de muita demanda, mas neste momento pós-pandemia está havendo a recontratação dessas mulheres que anteriormente haviam ficado desempregadas.” destaca Rejane, que afirma ter percebido também uma grande demanda na área de manutenção de prédios, restaurantes e hotéis.

Tecnologia é uma das áreas que mais cresceu durante a pandemia, entretanto, dentro das comunidades ela chegou meio tímida, já que é uma profissão que exige qualificação e, muitas vezes, as contratações feitas são apenas de candidatos com experiência.

Pensando nisso, o Emprega Comunidades, em parceria

com a empresa Groove Tech ofereceu capacitação na área de tecnologia para cinco jovens da comunidade, que além de receber capacitação, foram direcionados para vagas de trabalho na área.

Rejane destaca a importância de criar oportunidades nas comunidades para que mais jovens possam se qualificar e acessar essas vagas.

“Tecnologia é uma área que cresceu bastante, mas não tem mão de obra e não há capacitação para essas pessoas.

O que falta é o olhar humanizado para poder capacitar de acordo com a demanda, porque tem muita gente boa e com potencial nas comunidades.” se orgulha Rejane.

Pensando nesse potencial dos jovens da favela e na grande demanda por profissionais na área de tecnologia, nas próximas semanas o Emprega Comunidades vai promover um evento voltado para tecnologia com o objetivo de educar esses jovens em como eles podem se qualificar para aproveitar essas oportunidades. “O evento ‘Tecnologia: uma opção de carreira’ é um projeto desenvolvido pelo Emprega Comunidades para falar do mercado de tecnologia. Nosso objetivo é mostrar aos jovens que existem essas oportunidades e educá-los para que eles possam entrar nessas áreas”, conclui Rejane.

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

15 TRANSPORTE

Passageiros relatam que a espera por ônibus e superlotação tem sido frequentes Aglomeração e demora entre viagens é a principal queixa dos usuários Por Gabriela Marinho

Os usuários da linha de ônibus 807P-10, que faz o itinerário Santo Amaro/Paraisópolis, têm sido afetados pela demora para conseguir

embarcar no ônibus e com a superlotação do transporte. Os passageiros precisam esperar mais de uma lotação para entrar nos veículos. O

problema é que, além de causar uma longa espera, filas causam aglomerações dentro dos automóveis porque todos estão apressados para embar-

car e conseguir chegar no trabalho no horário.

Amanda Jeniffer, 26 anos, moradora do Campo Limpo, disse que trabalha no Panamby, e que leva em média de 1 hora para chegar no trabalho. Ela usa o transporte uma vez por semana e diz que a lotação demora bastante. "Eu venho uma vez por semana, mas demora bastante. Já ouvi muita gente reclamando, o pessoal chegando muito atrasado no serviço por causa disso.

E quando vem o micro-ônibus, vem cheio, alguns deles nem param, vão direto e aí, torno a esperar novamente"

De acordo com a SPTrans, o monitoramento da linha acontece com frequência, justamente, para que quando constatada alguma irregularidade a empresa seja notificada para regularizar a operação. O órgão informou ainda que a linha opera atualmente com intervalo médio programado de 7 minutos nos horários de pico, manhã e tarde, e com uma frota de 11 veículos.

Para dúvidas, sugestões ou outros serviços, o usuário pode entrar em contato com a SPTrans pelos canais de atendimento 156 ou redes sociais.

COMUNIDADE

Do laranja dos tijolos a uma paleta de cores Projeto visa contribuir com a revitalização da comunidade de Paraisópolis Por Talytha Cardoso

Aos poucos a favela de Paraisópolis vai criando vida com novas cores e novas construções. Do bloco, tijolos, massa corrida, cimento e muita força de vontade, novas mudanças no cenário da comunidade vão acontecendo a cada casa e comércio que vem sendo alcançados pelo Projeto Cores da Favela.

Com seus tons alaranjados e crus dos tijolos baianos que compõem a cada construção, novas camadas de inclusão social, empreendedorismo e oportunida-

de de reviver o espaço vão surgindo.

Cláudia de Silvério sabe bem a importância de uma boa oportunidade de estimular um sonho, comerciante há 5 anos e hoje empoderada de seu próprio comércio, tendo sido vendedora ambulante atendendo seus clientes na rua com seus lanches e bolos para garantir o sustento da família, se sente realizada por ter sido alcançada pelo projeto, relata aliviada pela benfeitoria feita no espaço.

O projeto Cores da Favela tem o objetivo de revitalizar

casas, comércios e áreas públicas com o intuito de valorizar o bairro, fortalece o comércio local e proporcionar qualidade de vida e moradia digna. Ele

partiu da necessidade de evidenciar junto aos moradores da comunidade por meio do desejo de reacender o bairro de forma que fosse possível e

acessível para toda a população. Todo o processo de transformação traz visibilidade, novos investimentos além da autoestima dos moradores ao se deparar com os novos tons, que surgem com a esperança de se viver num lugar que está se atualizando.

Relatórios de estudos de casos feitos em grandes cidades como Sidney, Nova Iorque, Londres e outras metrópoles mostram como a iniciativa de revitalização contribui para requalificação e reabilitação dos espaços públicos.

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

16 AÇÃO SOCIAL

G10 Favelas visita comunidades da Colômbia para conhecer iniciativas de transformação social Bloco de líderes e empreendedores visitará favelas como Comuna 13 e Moravia

Por Gessica Carvalho

No dia 26 de outubro, o G10 Favelas chegou na Colômbia com líderes e empreendedores que fazem parte do G10 HUB - Escritório de negócios para uma visita às favelas da Colômbia com o objetivo de trocar experiências e conhecer as iniciativas locais relacionadas as questões sociais, econômicas, tecnológicas, entre outras ações de melhorias para as comunidades.

Os líderes do G10 passarão por Comuna 13, favela

em Medellín que se tornou inspiração por sua história de transformação, e Bogotá, passando pelo Centro da Felicidade e o Centro Histórico da cidade.

Durante a visita ao País sul-americano, o G10 Favelas fará a distribuição de cestas básicas no bairro de Moravia, em Bogotá, uma prática já comum em Paraisópolis e que pode ser exemplo em outras comunidades do mundo.

O G10 Favelas, bloco de líderes e empreendedo-

res de impacto das favelas brasileiras, uniu forças em prol do desenvolvimento econômico e social das comunidades do país e tem como objetivo chamar a atenção do Brasil inteiro para que as favelas sejam vistas como grandes pólos de negócios atrativos para investimentos.

“Essa é a primeira experiência de viagem internacional que o G10 Favelas está fazendo com toda a sua coordenação e isso é motivo de orgulho para a gente!

Teremos a oportunidade de trazer essa experiência de transformação social para que a gente possa replicar nas nossas comunidades e inspirar o Brasil”, se orgulha o Presidente do G10 Favelas, Gilson Rodrigues.

Comuna 13 é uma das 16 comunas consideradas distritos, que compõem a cidade de Medellín, famosa por ter sido considerada, por longo período, a cidade mais violenta do mundo. Atualmente, é possível encontrar jovens dançando

break pelas ruas, moradores caminhando tranquilos e centenas de turistas do mundo inteiro para conhecer a história de superação da região.

“Nós temos uma responsabilidade de ser uma Medellín do Brasil. Que a gente possa cumprir esse papel e olhar esse trabalho com inspiração para fazer com que toda essa energia seja levada para as nossas comunidades e fazermos essas transformações acontecerem”, conclui Gilson.

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

17 COMUNIDADE

Costurando Sonhos Brasil inaugura unidade no morro do Alemão (RJ)

A oficina de costura irá funcionar dentro da ONG Educap, parceira do G10 Favelas Por Gessica Carvalho

va foi compartilhado com demais líderes comunitários do G10 Favelas, que despertaram o interesse de replicar as boas práticas da iniciativa em seus territórios. A exemplo do que foi realizado em Paraisópolis, o propósito da parceria é que a partir da metodologia construída e testada seja possível capacitar mulheres em maior vulnerabilidade social, oferecendo um curso de formação profissional em corte e costura, e empreendedorismo em comunidades do Brasil.

“Estar além dos muros de Paraisópolis, fisicamente, reescrevendo a história em

No dia 18 de outubro, a Costurando Sonhos Brasil inaugurou um espaço de produção e capacitação no Morro do Alemão (RJ). A estrutura comporta uma oficina de confecção no Educap, instituição parceira do G10 Favelas que atua há alguns anos na comunidade. O espaço também será utilizado para capacitação de mulheres em situação de vulnerabilidade, que participarão das oficinas de formação que serão realizadas em novembro. A divulgação das vagas dos cursos será feita nas redes sociais da Costurando Sonhos Brasil e da Educap.

O sucesso da iniciati-

outro território e atravessando inúmeros desafios é uma sensação de regaste. Uma sensação de conseguir entender e não esquecer o porque a Costurando Sonhos Brasil nasceu, para transformar vidas de mulheres das periferias do País.” conta orgulhosa Suéli Feio, uma das idealizadoras da iniciativa, que em breve chegará também em Betim, Minas Gerais, junto ao Escritório de Negócios do G10 Favelas.

Nos quatro anos de atuação, cerca de 300 mulheres receberam capacitação e certificação em corte e costura do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

(Senai). Em 2020, mais de 80 mulheres foram contratadas para trabalharem em Home Office na produção de máscaras de tecidos.

Desde o início da pandemia, a iniciativa já doou mais de 1.900.000 máscaras para famílias em situação de vulnerabilidade social.

No dia 21 de Outubro, lideranças comunitárias e moradores da região do Córrego do Antonico realizaram uma manifestação na Avenida Giovanni Gronchi, Zona Sul de São Paulo, para reivindicar agilidade no atendimento às famílias que perderam suas casas no desabamento do dia 16 de outubro.

Além de cobrar agilidade no atendimento às famílias atingidas, que aguardavam resposta há quatro dias, os

Foto: Julia Lima / Agência Cria Brasil

Moradores realizam manifestação para reivindicar agilidade no atendimento às famílias atingidas em desabamento no Córrego do Antonico

moradores cobravam do poder público a retomada das obras da região do Córrego do Antonico na altura do Caixa Baixa, previstas desde 2005 no Plano de Urbanização de Paraisópolis.

Atingida por incêndios, enchentes e desabamentos, na região vivem hoje mais de três mil famílias em condições precárias; há ainda mais de cinco mil famílias na fila do aluguel social aguardando por uma moradia definitiva.

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

18 1ª INFÂNCIA

Crianças de Paraisópolis saborearam comidas Israelenses durante evento na comunidade Para celebrar o Dia das Crianças, o G10 Favelas, em parceria com o Consulado de Israel, organizou um evento para apresentar a culinária Israelense às crianças moradoras da segunda maior comunidade de São Paulo.

Com o tema "Sabores de Israel", o chefe israelense Nir Barucha trouxe, ao Pavilhão do G10 Favelas, um Food Truck rodeado de balões para atrair a criançada, que teve a chance de provar o tradicional sanduíche Shawarma, que leva pão pita, frango e temperos típicos israelenses.

O evento marcou a primeira celebração pública do Cônsul-Geral de Israel, Rafael Erdreich, que fez algumas comparações entre São Paulo e Israel. "A cidade de São Paulo, assim como Israel, é muito diversa e acolhedora.

Ver todas essas crianças saboreando a comida de Israel é a oportunidade de aproximá-las deste país que está de braços abertos para o mundo", afirmou Erdreich, que fez questão de servir as crianças.

Na expectativa de que Israel possa ser o destino de muitos brasileiros e da nova

geração, presente em Paraisópolis, Gilson Rodrigues, Presidente do G10 Favelas, destacou a importância de um evento multi cultural e gastronômico para a comunidade. “Foi com alegria que recebemos o contato do Consulado de Israel sugerindo a realização da celebração ao Dia das Crianças aqui no Pavilhão Social do G10 Favelas. Tenho certeza que este dia não será esquecido pelas crianças que se conectam, ainda tão jovens, com país tão interessante como Israel”, finalizou Gilson.

Foto: Julia Lima / Agência Cria Brasil

Organizado pelo G10 Favelas, em Parceria com o Consulado de Israel, evento aconteceu para celebrar Dia das Crianças

Instituto Esporte na Favela promove parada esportiva aos moradores de Paraisópolis Além de atividades como Muay Thai, Jiu Jitsu e Slackline, mulheres aprenderam técnicas de defesa pessoal Por Keli Gois

No dia 22 de Setembro, durante as comemorações do centenário de Paraisópolis, o Instituto Esporte na Favela promoveu uma parada esportiva para os moradores da comunidade, que puderam participar de atividades como Muay Thai, Jiu Jitsu, Slackline, além de outros esportes promovidos pelo Instituto.

O Instituto promoveu também uma aula de defesa pessoal voltada a mulheres, que puderam assistir a uma demonstração com algumas técnicas simples de defesa,

apresentadas pelos professores de Jiu Jitsu, Fabiana Fernandes e André da Silva.

Além de atividades como futebol, capoeira, caminhada, alongamento e modalidades de luta, que abrange o público feminino e masculino de diferentes idades, o Instituto vai lançar, no próximo mês, um projeto voltado apenas para as mulheres, que terão aulas de técnicas de defesa pessoal. “Estamos criando um projeto para trabalhar diretamente com mulheres. A gente vê essa necessidade de ter um projeto

exclusivo para as mulheres.

A ideia é começar com 50 mulheres, que terão aula com uma professora mulher, até para que elas sintam-se mais confortáveis”, explica Emerson Barata, Presidente do Instituto Esporte na Favela e Coordenador de Esportes de Paraisópolis.

Criado em 2020, o Instituto abrange diferentes modalidades de esportes dentro da comunidade. Atualmente, atende 60 crianças com idades entre 9 e 17 anos, que, por meio de uma parceria com a Winners Aca-

demy, têm acesso a aulas de futebol com professores particulares. “Eu sou experiência viva de como o esporte pode transformar vidas. Por eu ter tido essa oportunidade dentro do esporte, hoje eu tenho o prazer de devolver um pouco disso para as crianças de Paraisópolis”, conta Emerson Barata. À frente de diversos programas voltados ao esporte dentro de Paraisópolis antes mesmo de presidir o Instituto, Emerson Barata sabe a importância do esporte e de levar oportu-

nidade para as crianças da comunidade. Desde muito novo, por meio de um projeto social realizado na comunidade, teve a oportunidade de se profissionalizar como jogador de futebol, jogando em diversos times de futebol, dentre eles o Japão. “Com o Instituto consigo promover oportunidade para essas crianças de Paraisópolis, dar esperança para que elas possam trabalhar com seus sonhos.

Dar um direcionamento para que elas possam ser alguém na vida.”, finaliza.

Espaço do Povo

@espacodopovo

Outubro 2021 19

AÇÃO SOCIAL

O G10 Favelas lançou, no dia 10 de Outubro, em Salinas, PA, durante a 11ª Varanda de Nazaré, a Campanha ‘Embaixadores Contra a Fome’, mais uma iniciativa em combate à fome em diversas comunidades do Brasil.

A cantora Fafá de Belém é a primeira Embaixadora da campanha, que prevê arrecadar 100 mil cestas básicas para doar às famílias em situação de insegurança alimentar nas favelas do país.

O evento contou com a participação de líderes co-

munitários de Paraisópolis como o Presidente do G10 Favelas, Gilson Rodrigues; a Presidente da Associação das Mulheres de Paraisópolis, Flávia Rodrigues; do CEO do Favela Brasil Xpress, Givanildo Pereira e o Coordenador do G10 Favelas, Nazareno Costa.

A iniciativa visa conseguir o apoio de outros embaixadores, que podem fazer doações de cestas básicas ou quantias em dinheiro por meio do site do site do G10 Favelas: www. g10favelas.com.br.

Foto: Reprodução

G10 Favelas lança campanha ‘Embaixadores Contra a Fome’ durante 11ª Varanda de Nazaré em Belém

SEJA UM EMBAIXADOR CONTRA A FOME

AJUDE QUEM MAIS PRECISA!

AJUDE EM:

www.g10favelas.com.br

Outubro 2021

Espaço do Povo

@espacodopovo

20

@criabrasilcomunicacao

Cria Brasil

(11)97723.4537

www.agenciacriabrasil.com.br