Chegamos à nossa quarta edição trazendo bastante novidades para os nossos leitores. Neste mês temos uma entevista especial com o Dr. Li Li Min, médico neurologista da Unicamp, especialista em epilepsia, para falar sobre a doença, suas causas, tratamentos e prevenção. E também para desmistificar a visão errada que foi criada em torno da doença, muitas vezes relacionando as pessoas com epilepsia com problemas espirituais, entre tantas outros absurdos. Uma das lutas do médico neurologista é tentar incluir a doença no rol das
deficiência, por se tratar de um problema neurológico grave. Outros assuntos não menos importantes estão registrados nesta edição, como por exemplo, o trabalho da Prefeitura de Campinas, em parceria com a Unicamp, para traçar um perfil das pessoas surdas na cidade. Trazemos ainda projetos que tramitam nas esferas de governo, que, de alguma forma, irão beneficar as PCDs em um futuro próximo. Os serviços de cartório gratuitos para deficientes carentes é um destes projetos. Boa leitura a todos! Reprodução
MAIS UMA CHANCE PARA VOTAR
Os eleitores com deficiência ou mobilidade reduzida, que não fizeram a solicitação de transferência para seção especial até o fechamento do cadastro eleitoral (4 de maio), terão mais uma chance entre os dias 18 de julho a 18 de agosto. Objetivo é garantir os meios e recursos disponíveis para facilitar a estes eleitores a devida acessibilidade nas urnas eleitorais. JULHO/2022
Essa transferência temporária vale apenas para as eleições de 2022 e deve ser solicitada pela Central de Atendimento Virtual ao Eleitor (CAVE). O prazo terminou no dia 04 de maio para que as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida comunicassem ao juiz eleitoral qualquer restrição ou necessidade específica para o dia da votação. (Fonte: Blog da Rose)
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Médico da Unicamp fala sobre o seu trabalho com a epilepsia
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epilepsia é uma doença crônica grave do cérebro com diversas causas, caracterizada na maioria das vezes por crises recorrentes e convulsões. A doença já foi marginalizada até um passado recente, muitas vezes encarada como distúrbios espirituais e possessões demoníacas. Para esclarecer os nossos leitores a Magazine PCD entrevistou o Dr. Li Li Min, médico neurologista e professor da Unicamp, especializado nesta área da saúde. Além de várias especializações internacionais, ele é o Embaixador da Epilepsia, indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e fundador da ONG Assistência à Saúde de Pacientes com Epilepsia. Autor de vários livros e artigos sobre o tema Epilepsia, Doutor Li é ainda líder do Movimento Roxo, que tem por objetivo esclarecer e ajudar no tratamento e prevenção da doença.
Magazine PCD: O que é e quais as causas da epilepsia? A epilepsia é uma doença crônica grave do cérebro e tem diversas causas. Causas essas que podem ser de fundo genético ou hereditário, em um percentual pequeno, e a maioria das vezes acontece por causas adquiridas em um momento da vida do indivíduo em que leva à uma lesão cerebral. E essa lesão possa então, no caso, fazer com que o cérebro desencadeie crises epiléticas recorrentes. Por exemplo: a pessoa na melhor idade, que teve um acidente vascular cerebral (AVC), estimase que de 7 a 10% dessas pessoas poderão desenvolver a epilepsia posteriormente. Uma situação de infecção cerebral pode também chegar a ponto
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de lesar o cérebro, causando uma cicatriz e assim levar à crises recorrentes. Também pode ocorrer com a criança durante o parto, ela pode um quadro de baixa quantidade de oxigênio, com ter uma lesão no cérebro e levar ao quadro de epilepsia.
Qualquer pessoa pode ter epilepsia? Sim, qualquer pessoa pode vir a ter epilepsia. Mas porque algumas pessoas têm a doença e outras não? É uma conjunção de fatores, tem a questão genética da pessoa, a própria formação do cérebro de cada indivíduo, em conjunto com questões ambientais, com eu já falei, pode acontecer em razão de alguma coisa que possa ter acontecido em sua vida.
Quais os tratamentos existentes? Existem inúmeros medicamentos indicados para o tratamento da epilepsia disponíveis no mercado. Temos quatro deles ditos “clássicos”, mais tradicionais, que estão disponíveis, de forma gratuita, no Sistema Único de Saúde (SUS). Existem
ainda alguns medicamentos conhecidos como de “alto custo”, também disponíveis na rede pública de saúde, e, na maioria dos casos, estes medicamentos ajudam a controlar as crises em uma proporção de 70% das pessoas com epilepsia. Para os casos onde a medicação não funciona, há a possibilidade de tratamento cirúrgico, em alguns casos, feitos em centros especializados e credenciados pelo SUS e também de forma gratuita. É importante salientar que, em alguns casos de crianças que não respondem à medicação e que não são candidatas ao tratamento cirúrgico, de fazer o tratamento com dieta cetogênica. E por fim ainda há a possibilidade do uso de estimuladores elétricos, que ajudam reduzir a frequência de crises. E outros casos excepcionais há ainda a possibilidade do uso do canabidiol como opção terapêutica. Qual é o número de pessoas com o problema em São Paulo e no Brasil? O número de pessoas com epilepsia nós costumamos ava-
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liar em cerca de 1 a 2% da população. É uma estimativa, que pode ter variações importantes de lugar para lugar. Depende muito da situação de saúde das pessoas, que pode variar bastante conforme a localidade. A maior parte dos casos são de causa adquirida. Se não tiver, por exemplo, um sistema de saúde que vise o pré-natal, certamente teremos um número maior de pessoas com a doença na infância, decorrente de problemas no trabalho de parto. No Estado de São Paulo temos um número de 460 mil a 920 mil pessoas com epilepsia.
O que é e qual o propósito do Movimento Roxo? O propósito do Movimento Roxo é levar informações sobre a epilepsia. Infelizmente a sociedade ainda não entende o que é a epilepsia. E esta falta de compreensão sobre esta doença neurológica, muitas vezes acaba fazendo com que a pessoa tenha muito medo. E este medo gera preconceito contra as pessoas com epilepsia. O Movimento Roxo visa desmistificar a doença para que as pessoas realmente enxerguem as pessoas com epilepsia não mais como um “bicho de sete cabeças”, mas como um ser humano, que tem uma doença que é tratável, fazendo com que a vida dessas pessoas seja mais fácil. Muitas vezes as barreiras atitudinais fazem da vida da pessoa com epilepsia seja muito difícil, com baixa qualidade. Daí a importância de estarmos levando essas informações para a nossa sociedade, para que ela possa estar melhor preparada para lidar com essas diferenças, mais fraterna e mais inclusiva em todos os aspectos.
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Prefeitura e Unicamp vão traçar perfil de surdos em Campinas
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Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, e a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp firmaram uma parceria para traçar a quantidade e as principais características das pessoas surdas na Região Metropolitana de Campinas. “Entendemos que política pública se faz com parceria e a união de esforços entre o poder público municipal e a universidade criam a chance não só de compreender a realidade, mas também de formular ações inclusivas para a população surda de nossa região”, afirmou a secretária Vandecleya Moro. A parceria chega na segunda fase da pesquisa, coordenada pela docente do Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação (DDHR) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Núbia Vianna, sobre o perfil das pessoas surdas, moradoras da Região Metropolitana de Cam-
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pinas (RMC), maiores de 18 anos, conhecedoras ou não da Língua Brasileira de Sinais (Libras). A primeira fase do estudo foi realizada em 2021 e contou com a participação de 188 pessoas, com o objetivo de traçar a quantidade e as principais características das pessoas surdas. A etapa consistiu de preenchimento de formulário online acessível em Libras, que investigou informações como idade, grau de escolaridade, condições de saúde e uso dos serviços. Desta vez, com o apoio da Secretaria de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos da Prefeitura de Campinas, a segunda fase do estudo ampliará o alcance, por meio de contato telefônico, mensagem escrita e videochamada a aproximadamente 450 surdos assistidos pela Central de Interpretação de Libras (CIL), serviço municipal que oferece profissionais de tradução e interpretação Libras para acompanhar a pessoa surda em ins-
tituições, serviços e repartições públicas, com o objetivo de garantir acessibilidade linguística e comunicacional. “Um dos nossos principais objetivos é averiguar a acessibilidade em Libras nos serviços de saúde, pois sabemos que há uma grande barreira de comunicação entre os profissionais de saúde e usuários surdos”, comentou a professora Núbia Vianna, explicando que a pesquisa teve como motivação, a escassez de estudos voltados a essa parcela da população. “Cotidianamente, os surdos enfrentam barreiras de acesso à saúde. A dificuldade para se comunicar com o médico, durante uma consulta, é uma delas”, acrescentou a docente da Unicamp. Segundo o último censo do IBGE, existem 124.070 pessoas com deficiência auditiva na RMC, o que representa 4,43% do total da população dessa região. Contudo, a pesquisa censitária não especifica neste grupo populacional quantos são
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os que conhecem a Língua Brasileira de Sinais, nem quais as suas características. A segunda fase da pesquisa conduzida pela docente da FCM também terá o apoio da Associação dos Surdos de Campinas (Assucamp) que, ao perceber a relevância da pesquisa durante a realização da primeira fase, empreendeu esforços para divulgar o questionário nas mídias sociais, tornando-se importante parceiro no processo de coleta de dados. Coleta esta que deverá, de acordo com a responsável pelo estudo, sofrer adaptações nessa nova fase. Concluída a pesquisa, os pesquisadores levarão os resultados às prefeituras da RMC, de modo a subsidiar o poder público para o planejamento de ações e políticas de saúde mais inclusivas e compatíveis com as necessidades de saúde das pessoas surdas. Também serão entregues às associações de surdos para fomentar a luta do movimento pela garantia de direitos. (Prefeitura/Assessoria)
Lesão cerebral pode ser a causa da perda de memória e depressão
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raumatismo cranioencefálico, tumores cerebrais, infecções, lesões vasculares e acidente vasculares cerebral (AVC) estão entre os principais problemas que podem danificar diferentes áreas do cérebro. “Após danos cerebrais, mudanças significativas podem ocorrer no campo do comportamento, tais como, perda de empatia, comportamento agressivo, resistência em relação a conselhos e orientações – diferente da conduta anterior – alterações de personalidade, entre outras”, explica Dr. Dr. Ricardo Santos de Oliveira, neurocirurgião pediátrico. As lesões cerebrais podem comprometer seriamente a saúde física e mental e, normalmente, acarretam perda da consciência, alteração de memória ou personalidade e paralisia parcial ou completa. A memória, por exemplo, pode
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ser adquirida no contexto de um determinado estado emocional. Neste caso, o hipocampo é a principal estrutura do cérebro que tem por função realizar o processamento das informações. O intuito da memória é conduzir e facilitar a tomada de decisão racional, mantendo somente as informações mais marcantes, ou seja, experiências com forte componente
emocional permitem que a memória seja consolidada mais facilmente. Isso ocorre pela seleção de áreas cerebrais envolvidas e pela função endócrina – que consiste numa ligação entre o hipotálamo e áreas relacionadas ao campo de memória. Por outro lado, situações de extrema ansiedade, estresse crônico, fadiga e distúrbios do sono podem desencadear pro-
blemas de memória. “A grande maioria dos estímulos estressores estão associados a medo e ansiedade” explica Dr. Ricardo. Lesões cerebrais mais específicas, a exemplo do hipotálamo, podem causar desnutrição, agressividade e depressão. Já danos causados em áreas como o hipocampo, amigdala e estruturas mesiais do lobo temporal podem impactar de forma permanente a memória. Alterações do comportamento devem ser motivo de investigação radiológica. Existem lesões estruturais tais como tumores cerebrais, hematomas intracranianos e abscessos que podem comprimir áreas específicas do cérebro, ocasionando mudanças comportamentais. Nestas situações o tratamento cirúrgico está indicado na maioria dos casos. (Fonte: Gengibre Comunicação)
Hand Talk lança premiação para acessibilidade
A Hand Talk, startup brasileira reconhecida pela ONU como o melhor aplicativo social do mundo, anunciou o lançamento da primeira edição do Prêmio Líderes de Acessibilidade. A revelação dos ganhadores acontecerá no link do site Festival Digital de Acessibilidade (https://linkfestival.me), o maior evento sobre o tema no Brasil. A empresa, famosa por quebrar barreiras de comunicação entre pessoas surdas e ouvintes por meio da tradução automática em Línguas de Sinais, realizará este ano a 5ª edição do festival. O evento de 2022 contará com 4 dias inéditos de palestras, que ocorrerão de for-
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ma 100% digital e gratuita nos dias 8, 9, 10 e 11 de agosto. Neste ano, o Link apresentará o conceito de protagonismo como foco, já presente no slogan “Identidades que transformam o mundo”. Os temas abordados serão divididos em 4 trilhas para diferentes públicos ao longo de cada um dos dias: Transformação Digital, Influência e Criatividade, Identidades Protagonistas e Evolução. O resultado da premiação será divulgado no último dia do evento, e será dividido em duas categorias. A primeira, Profissionais de Acessibilidade, homenageará quem realiza projetos ou promove alguma ação para o fomento da acessibilidade,
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permitindo que mais pessoas possuam autonomia garantindo seu direito de acesso a diferentes contextos. Os indicados serão avaliados por uma comissão julgadora, com base na relevância e
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abrangência de suas ações, o impacto do trabalho na promoção da acessibilidade, seus beneficiários e resultados obtidos. Já a segunda categoria, chamada de Influenciadores em Acessibilidade, celebrará personalidades que atuam em suas redes sociais abordando pautas relacionadas à acessibilidade e incentivando a discussão sobre a necessidade de um mundo mais inclusivo. Sua avaliação será pautada também na relevância de suas ações, conteúdo autoral próprio, engajamento com o tema e alcance das redes sociais. Saiba mais acessando o site www.handtalk.me/br/. (Fonte: Press Manager)
Teste do pezinho ampliado é inviável, afirmam entidades
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ntidades especializadas ouvidas pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados apontaram dificuldades na implementação da Lei 14.154/21, que amplia o número de doenças rastreadas pelo teste do pezinho no Sistema Único de Saúde (SUS). A norma entrou em vigor no dia 27 de maio. Atualmente, o SUS, por meio do Programa Nacional de Triagem Neonatal, realiza um teste que detecta seis doenças. Com a nova lei, o exame passará a englobar 14 grupos de doenças, que podem identificar mais de 50 tipos diferentes de enfermidades e condições especiais de saúde. Autor do requerimento da audiência pública, o deputado Diego Garcia (RepublicanosPR) disse que enviou ao Ministério da Saúde um requerimento solicitando informações sobre o planejamento detalhado da
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execução da lei, mas, segundo ele, as respostas apresentadas não foram satisfatórias, por isso pediu o debate. Uma das preocupações é com os estados que já enfrentam dificuldades na aplicação do teste atual. “Como o Ministério da Saúde vai tratar a ampliação nos estados que atualmente encontram problemas na execução? Alguns não realizam nem o teste básico", alertou Garcia. "Temos vários relatos disso, inclusive no trabalho que foi publicado nesta comissão, que
nós realizamos em 2019 e 2022, com informações do próprio Ministério da Saúde.”Segundo o deputado, muitos serviços dependem de emendas parlamentares para pagar o teste do pezinho das seis doenças atuais. O deputado também ressaltou que o ministério falha em não debater a aplicação do teste do pezinho com entidades que poderiam ser parceiras do órgão.
COLETA TARDIA
Presidente da Sociedade
Brasileira de Triagem Neonatal Erros Inatos do Metabolismo, Tania Bachega destacou que, segundo o próprio Ministério da Saúde, o ideal é que pelo menos 60% das amostras sejam coletadas entre o terceiro e o quinto dia útil de vida, mas os indicadores de 2019 mostravam que apenas sete estados atingiam essa meta. “O problema é que quanto mais a coleta é tardia, mais demora o diagnóstico, e esses bebês já podem ter complicações graves”, disse. CUSTOS DOS TESTES
Outro ponto de preocupação da entidade é com a sustentabilidade financeira do teste ampliado. Conforme Tania Bachega, o custo do teste é de aproximadamente R$ 57, o repasse do ministério é de R$ 39,90 mais R$ 8,17 para o teste de toxoplasmose. (Fonte: Agência Câmara de Notícias)
Reconstrução de lábio leporino poderá ser feita no SUS
O Projeto de Lei 1267/22 determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) preste o serviço de cirurgia plástica reconstrutiva de lábio leporino ou fenda palatina, bem como os tratamentos pré-cirúrgicos e póscirúrgicos necessários. Pela proposta em análise na Câmara dos Deputados, na ausência de especialistas nas redes de unidades públicas, o SUS deverá fornecer a cobertura de todos os procedimentos em algum hospital da rede particular, seguindo os critérios definidos pela administração pública. “É sabido que o Sistema Único de Saúde tem oferecido a
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cirurgia e o acompanhamento dos pacientes que nascem com essas más-formações congênitas, mas a sua cobertura não é integral e também é considerada precária, havendo necessidade de um regramento para que haja essa prestação de procedimento”, justifica o autor do projeto, deputado Ossesio Silva (Republicanos-PE). TRAMITAÇÃO
A proposta será analisada, em caráter conclusivo, pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. (Fonte: Agência Câmara de Notícias) JULHO/2022
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ARTIGO
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Análise de marcha
á cerca de trinta e cinco anos um novo paradigma no tratamento de crianças com paralisia cerebral surgiu. Esse paradigma é baseado na biomecânica normal da marcha, da marcha patológica e nos problemas decorrentes dessa patologia complexa. Essa forma de avaliação também utiliza um melhor entendimento da patologia músculo tendinosa e do alinhamento esquelético, e sua influência na capacidade de caminhar dos pacientes. A análise tridimensional computadorizada da marcha nos torna capazes de mensurar qualitativa e quantitativamente o movimento dos pacientes (cinemática) e objetivamente acessar os momentos e potencias articulares (cinética). Esses dados associados à avaliação de potenciais elétricos gerados por músculos individualizados (eletromiografia dinâmica) têm sido usados para documentar a maturação da marcha normal e entender padrões de marcha típicos de acordo com a idade. Essa tecnologia também tornou possível uma quantificação da marcha patológica e distúrbios da marcha associados a um grande número de patologias, possibilitando o desenvolvimento de esquemas de classificação e entendimento de padrões patológicos comuns da forma de caminhar.
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Com auxílio da análise de marcha tornou-se possível entender desvios parecidos da marcha como situações específicas de cada doença e permitir que métodos de tratamento distintos fossem desenvolvidos para situações específicas de patologias como paralisia cerebral, poliomielite, mielomeningocele, e trauma raque medular. Essa avaliação biomecânica quantitativa tem sido amplamente aceita como uma ferramenta de pesquisa, ensino e mais recentemente como uma melhor forma de indicar diversos tratamentos e entender os resultados dos diversos métodos de tratamento. No Brasil a análise de marcha tem sido usada desde a década de 1980, de forma precursora na Rede Sarah. Nos últimos anos o entendimento da tecnologia e aceitação clinica aumentaram e houve inauguração de inú-
meros laboratórios de marcha no país, tanto clínicos como destinados apenas a pesquisa. Também existe no Brasil, desde 2014, uma sociedade multidisciplinar dedicada apenas à analise clinica da marcha e do movimento humano, a SBACMMH. Um exame da marcha é composto de várias etapas que incluem: um vídeo clínico de alta qualidade com vistas ortogonais sincronizadas, exame físico detalhado com mensuração de goniometria das articulações e testes clínicos pertinentes, medida de força, espasticidade e seletividade de grupos musculares, cinemática, cinética e eletromiografia dinâmica. Cabe lembrar que os dados de cinemática, cinética e eletromiografia são apresentados em gráficos sincronizados com o ciclo da marcha. Essa forma biomecânica completa de avaliar o paciente, fornece um número enorme de dados, e muitos deles de
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extrema importância são absolutamente invisíveis aos nossos olhos. Como todo o tipo de tratamento que visa uma melhora da forma de caminhar, o treino de marcha também se beneficia e é muito mais eficiente quando usamos os dados da análise de marcha para implementar o tratamento focando nos desvios e problemas detectados e entendidos pela análise de marcha. Também, os resultados do tratamento podem ser mensurados e comparados de forma objetiva, beneficiando de forma decisiva o desenvolvimento do paciente submetido ao tratamento. (Kapra Medical)
LAURO MACHADO NETO, Médico, Chefe do serviço de ortopedia pediátrica do hospital Moinhos de Vento; Diretor do laboratório de marcha da UCS; Presidente da SBACMMH.
CAROLiNA PANizzON SANTiNi, Médica, Ortopedista pediátrica do hospital Moinhos de Vento; Laboratório de marcha da UCS, Mestranda em Ciências da Reabilitação UNINOVE.
SONiA MANACERO, PhD, Fisioterapeuta; Responsável técnica CENEFFI; Coordenadora instrutora sênior do curso Bobath básico e de bebês; Presidente da ABRADIMENE. RODRigO SiLvA DA SiLvA, Fisioterapeuta, sócio proprietário CENEFFI; instrutor do curso Bobath básico; Diretor secretário ABRADIMENE.
Paciente com mobilidade reduzida terá prioridade no SUS
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Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que dá aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) com mobilidade reduzida o direito à aplicação domiciliar de medicamentos, procedimentos e vacinas. A proposta, que modifica a Lei Orgânica da Saúde, também concede a esses pacientes o direito de receber em casa todos os medicamentos de uso contínuo prescritos por médico, sem ônus.O texto aprovado é um substitutivo do relator, deputado Cássio Andrade (PSB-PA), que engloba o projeto principal – PL 3697/12, do ex-deputado Marco Tebaldi (SC) –, e os cinco apensados. Andrade afirma que a pro-
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posta está em consonância com a política governamental para o SUS, que nos últimos anos vem implementando medidas para reduzir a necessidade de comparecimento dos pacientes aos postos de saúde e hospitais, como a marcação remota de consultas.
“A atenção à saúde prestada aos usuários do SUS vem cada vez mais incrementando as ações preventivas e a atenção primária, para que os pacientes necessitem cada vez menos deslocar-se desnecessariamente para as unidades de saúde”, disse o deputado.
ATENDIMENTO REMOTO
A proposta aprovada na Câmara determina ainda ao SUS disponibilizar canais telefônicos ou telemáticos para permitir ao cidadão realizar remotamente o agendamento de consultas e procedimentos, e o acompanhamento de filas de procedimentos e cirurgias. Todas as medidas previstas no substitutivo entram em vigor 90 dias após a publicação da futura lei, para dar tempo ao SUS a se ajustar às mudanças. O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado agora pelas comissões de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa; Seguridade Social e Família; Finanças e Tributação; e Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). (Fonte: Agência Câmara de Notícias)
Médico dá 5 dicas para ajudar no tratamento do diabetes
“A adesão ao tratamento do diabetes é o grau de correspondência entre as informações da equipe médica que assiste o paciente e o que ele realmente segue”, explica Dr. Felipe Martins Oliveira, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP). O médico aponta cinco dicas importantes para melhorar a adesão ao tratamento:
Dica 1 – Mantenha atenção nas cinco áreas que envolvem o tratamento: alimentação, exercício, teste de glicose, manejo de hipoglicemias e uso de insulina ou medicamentos. Dica 2 – Esteja alinhado aos profissionais de saúde que cuidam de você: confira se a prescrição médica que segue é a
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coordenar o seu tratamento. Não é vergonha pedir ajuda!
O DIABETES NO BRASIL
mais atual e se você consegue compreender perfeitamente as instruções que estão nela. Na dúvida, entre em contato com a equipe de saúde. Dica 3 – Estabeleça uma rotina escrita: marque em agenda ou calendário as ações realizadas no tratamento. No caso das medicamentos, faça um diário daquilo que precisa tomar da hora que se levanta até o momento de ir dormir. Respeite os horários e anote tudo, em ordem cronológica.
Dica 4 – Mantenha os medicamentos em lugares que sejam intuitivos para você: no móvel ao lado da cama, na pia da cozinha, enfim, nos lugares que julga serem os mais fáceis para você se lembrar de encontrálos e realizar a medicação. “Caixas organizadoras que separam os comprimidos por dia da semana e horário de tomada são bem úteis”, comenta Dr. Felipe. Dica 5 – Avalie se é necessário ter ajuda de alguém para
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Os dados da Federação Internacional do Diabetes (IDF) apontam que o Brasil ocupa o 6º lugar entre os 10 principais países com adultos (20 a 79 anos) com diabetes em 2021 (e nas projeções para 2045); Somos o 3º país com maior prevalência de diabetes tipo 1 (92.300 pessoas), em pessoas abaixo dos 20 anos de idade, atrás apenas da Índia e Estados Unidos Insuficiência renal, problemas cardiovasculares, amputação de membros, cegueira e acidente vascular cerebral (AVC) são algumas das complicações causadas pelo diabetes mal controlado. (Fonte: Gengibre Comunicação)
Câmara aprova serviços de cartório gratuitos para PCDs
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Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que torna gratuitos diversos serviços cartoriais para as pessoas com deficiência reconhecidamente pobres, como procuração pública, reconhecimento de paternidade e assentos do registro civil das pessoas naturais (como certidão de casamento). A proposta também prevê a gratuidade da escritura pública de pacto antenupcial; das escrituras públicas de divórcio consensual, de declaração de união estável e de sua extinção consensual; e de atos notariais e de
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registro sem finalidade ou conteúdo econômico.O texto aprovado é o substitutivo da deputada Rejane Dias (PT-PI) ao Projeto de Lei 4259/21, do deputado Coronel Armando (PL-SC), e ao PL 1284/22, do deputado Domingos Sávio (PL-MG), que trata de assunto semelhante. A proposta principal prevê a gratuidade a todas as pessoas com deficiência. O substitutivo limitou o benefício apenas às reconhecidamente pobres. “Avaliamos que a providência legislativa apontada deve beneficiar apenas àquelas que dele necessitem por não terem condições de arcar com os custos relativos aos emolumentos
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sem comprometer o próprio sustento e de sua família”, disse Dias. COMPROVAÇÃO
De acordo com o substitutivo aprovado, o estado de pobreza da pessoa com deficiência poderá ser comprova-
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do por documento que ateste inscrição no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) ou rendimento mensal até três salários mínimos.Na falta ou impossibilidade de exibição de documento hábil, a pessoa poderá declarar, de modo escrito e sob as penas da lei, o seu estado de pobreza. Os notários e registradores deverão afixar, em local de grande visibilidade que permita fácil leitura e acesso ao público, avisos contendo informações sobre a gratuidade prevista às pessoas com deficiência reconhecidamente pobres. (Fonte: Agência Câmara de Notícias)
CPB
Parapan é adiado para 2023
Seleção feminina de goalball conquista o ouro na Turquia
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Seleção Brasileira feminina de goalball conquistou a medalha de ouro da Copa Ancara, torneio que aconteceu no dia 19 de julho, na Turquia, ao derrotar as donas da casa e atuais campeãs paralímpicas na decisão por 10 a 3. Já o time nacional masculino ficou com a prata ao ser derrotado por 5 a 2 na final também pela Seleção anfitriã. A competição serviu para os atletas como preparação para o Mundial da modalidade, que
acontecerá de 5 a 17 de dezembro de 2022, em Portugal. Após se classificar no saldo de gols para a final, a Seleção feminina tinha pela frente uma rival que a venceu na primeira fase: 7 a 6, em um jogo e 12 a 6 no outro. A equipe foi para o intervalo à frente na disputa com o placar de 3 a 1, para fechar com chave de ouro. Jéssica Vitorino marcou seis gols, seguida de Kátia e Moniza, cada uma com dois. Já a Seleção masculina jogou
sem os medalhistas de ouro nos Jogos de Tóquio 2020 Romário, Leomon e Parazinho. E, apesar de ter vencido os turcos por 7 a 5 na fase de classificação, encerrou a partida decisiva com o revés por 5 a 2 para os donos da casa, garantindo a medalha de prata. Disputaram a Copa Ancara as seleções de seis países no masculino: Brasil, Turquia, Japão, Iraque, Egito e Cazaquistão, e quatro equipes no feminino: Brasil, Japão, Egito e Turquia. (Fonte: CPB)
O Comitê Organizador da quinta edição dos Jogos Parapan-Americanos de jovens anunciou o adiamento da competição para o próximo ano, em Bogotá, na Colômbia. O Parapan de jovens estava previsto para o mês de novembro deste ano, na capital colombiana. Para melhor estruturar o evento, que na última edição reuniu mais de 800 atletas, a organização local estabeleceu que a competição acontecerá em junho de 2023, entre os dias 2 e 12. A competição tem como objetivo desenvolver o esporte paralímpico para nas Américas. A última edição dos Jogos Parapan-Americanos de jovens aconteceu em 2017, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, e contou com a participação de 19 países. (Fonte: CPB)
Estão abertas as inscrições para a Corrida da Casa da Criança Paralítica em Campinas
Para marcar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, comemorado anualmente em 3 de dezembro, a Casa da Criança Paralítica (CCP), de Campinas, realiza a corrida “Corre CCP 2022 – Inclusão e Saúde”, no dia 4 de dezembro (domingo), às 8 horas, na Lagoa do Taquaral, em Campinas. Os organizadores estimam que 1.200 pessoas com ou sem deficiência física e/ou comprometimento neurológico participem da corrida. Com o intuito de parcelar o valor da inscrição de R$ 120 em até seis vezes sem juros, a ins-
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tituição teve início no dia 15 de julho e as vendas através da internet. Os participantes receberão um kit, composto por camiseta, sacola com brindes dos patrocinadores e chip. “O objetivo da Corrida, que teve sua primeira edição em 2017 e a segunda em 2018, é transformar a causa em uma data especial no calendário da cidade e tornar Campinas referência em inclusão, em especial no esporte. Além disso, a Casa da Criança Paralítica busca quebrar paradigmas e preconceitos, passar conceitos de inclusão e valorização das pes-
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soas com deficiência física e também intelectual, assim como arrecadar fundos para a manutenção da instituição, que sobrevive de eventos como
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esse”, diz Jonas Lobo, presidente da CCP. Diferentemente das edições anteriores, a corrida terá percursos de 5 km e 10 km, além da caminhada de 5 km para homens e mulheres maiores de 16 anos e crianças acompanhadas por um responsável. O circuito prevê largada e chegada na praça Arautos da Paz, ao lado da lagoa. As categorias serão de 16 a 29 anos de idade, 29 a 39, 39 a 49, 49 a 59 e acima de 60 anos. Mais informações pelo site www.ccp.org.br. (Fonte: Press Manager)