EXPEDIENTE
REVISTA GENTE CIENTE A SERVIÇO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
FUNDADOR: José Luiz Gennari (Zelão) em memória DIREÇÃO COMERCIAL: José Roberto Guimarães
EDIÇÃO: João Lage (MTb 47.175/SP)
GENTE CIENTE COMUNICAÇÃO E EVENTOS LTDA.
SUMÁRIO
Governo altera as regras para a isenção de ICMS para PCD´s
AUTISMO EM ADULTOS: o problema do diagnóstico tardio
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n Beni Car (Honda) n Nippokar (Toyota) n Auto Escola Shalon n UNIMED CAMPINAS n GM (Concessionárias - Interior) n Dra. Rosemary Antoniolli n Vancar adaptações n Land Rover n Adara GM n Germânica + Kia + Cooper n Priscilla Bitinia (Imp. de Renda) n Valec Renault n Jeep Dahruj n Nissan e Jeep Jundiaí
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Outras áreas
São João da Boa Vista + distribuição n Mogi Mirim n São José do Rio Pardo via Correios para assinantes n Mogi Guaçu n Rio Claro de todo o Brasil n Piracicaba n Limeira n Araras
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SETEMBRO - 2020
GENTE CIENTE - SETEMBRO 2020
SELEÇÕES PARALÍMPICAS INVESTEM NOS TREINOS VIRTUAIS
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CPB/Divulgação
Gente Ciente
IMAGENS DO MÊS
FALE CONOSCO
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Nova técnica detecta o Alzheimer de forma rápida e mais barata
R. Dona Luísa de Gusmão, 555 Sala 5 Lagoa Office - Taquaral Campinas - SP Cep: 13.088-028
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DRIVE-IN INCLUSIVO
Campinas realizou a primeira sessão de cinema na modalidade Drive-In Inclusivo na cidade. O evento aconteceu no dia 22 de agosto, na Fazenda Santa Margarida, e contou com a presença de dezenas de espectadores que puderam ver o filme “Extraordinário” de dentro de seus automóveis. O encontro contou com a participação de intérpretes de
Libras, para a comunidade surda, e foi promovido pelas instituições Assucamp (Associação dos Surdos de Campinas), Apascamp (Associação de Pais e Amigos Surdos de Campinas), e organizado pela Comissão das Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida, da Câmara Municipal de Campinas, presidida pelo vereador Jorge da Farmácia (PSDB).
Governo de SP disponibiliza serviço de apoio tecnológico às PCD´s
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om o objetivo de desmistificar o sentimento de medo e insegurança em acessar os recursos tecnológicos, garantindo maior autonomia e a inclusão da pessoa com deficiência, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPcD) disponibiliza o TeleApoio Tecnológico, serviço de atendimento de inclusão digital. A atividade é realizada por assessores em inclusão do Centro de Tecnologia e Inovação e do Serviço de Reabilitação Lucy Montoro – Jardim Humaitá, equipamentos da SEDPcD, e funciona com abrangência estadual de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. O atendimento pode ser feito pelo e-mail faleconosco@cti.org.br ou por meio do aplicativo WhatsApp (11) 99841-6685 / 99690-3359. O serviço visa auxiliar a pes-
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soa com deficiência no uso de aplicativos on-line. Com o isolamento social devido a pandemia de COVID-19, aumen-
tou-se a necessidade do uso destes aplicativos e conhecimento em recursos tecnológicos, para isso a SEDPcD tam-
bém oferece cursos de ensino à distância (EaD) sobre tecnologia voltados à pessoa com deficiência, que fazem parte da ação de inclusão digital. As pessoas com deficiência interessadas, poderão se matricular nos cursos de: Alfabetização Digital, Digitação, Redes Sociais e Tecnologia Assistiva voltada para pessoas com deficiência visual. As inscrições podem ser realizadas pelo link https://bit.ly/2WwSWzd
TELEAPOIO O TeleApoio da SEDPcD é um serviço de atendimento psicológico às pessoas com deficiência. Com abrangência também estadual, a ação busca promover o bem-estar emocional das pessoas com deficiência neste momento de pandemia de COVID-19. (Fonte: Governo de São Paulo)
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Pandemia agrava problemas de visão, alerta oftalmo de Campinas
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Lentes de contato e óculos com grau desatualizado, muitas horas online, envelhecimento e falta de acompanhamento são as causas
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maior causa de deficiência visual no mundo é a falta de óculos de grau. A informação é da OMS (Organização Mundial da Saúde). O levantamento demonstra que a prevalência dos problemas de visão varia entre os países. Por aqui, a falta de correção da presbiopia que dificulta enxergar de perto a partir dos 40 anos e dos erros de refração - miopia, hipermetropia e astigmatismo – respondem por 53% das deficiências visuais evitáveis. Superam, inclusive, a catarata, opacificação do cristalino, que no Brasil responde por 49% da perda reversível da visão, contra 35% nos países mais ricos. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier, a pandemia de coronavírus piorou ainda mais a saúde ocular do brasileiro. Isso porque, os prontuários do hospital mostram que 53% dos brasileiros acreditam ser possível perceber qualquer alteração na visão logo no início. Não é bem assim. O médico afirma que a maioria das doenças passam despercebidas no início. Por isso, para preservar a saúde dos olhos é necessário acompanhamento médico. A quarentena e o medo da Covid-19, comenta, fizeram muitas pessoas falharem na periodicidade das consultas oftalmológicas. Resultado: Na retomada das atividades do hospital, uma das queixas mais frequentes tem sido a dor de cabeça decorrente de lentes de contato e óculos
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com grau desatualizado.
MAIS HORAS ONLINE O oftalmologista afirma que outra causa da dor de cabeça é o aumento de horas em frente ao computador para realizar trabalhos home office. Isso porque, em frente às telas fazemos menos movimento com o globo ocular e diminuímos de 20 para seis ou sete vezes o número de piscadas. “Por isso, quem usa computador ou celular por mais de 2 horas tem cefaleia, olho seco e visão embaçada. Para reduzir o desconforto nos olhos as dicas são: diminuir o brilho e aumentar o contraste da tela, olhar para um ponto distante com frequência, piscar voluntariamente e manter a iluminação ambiente difusa.
RISCO DAS LENTES DE CONTATO “Muitas horas online entre pessoas que usam lente de contato, principalmente do tipo gelatinosa, provocam a quebra mais rápida do filme lacrimal”, salienta. O risco é ainda maior no inverno porque a baixa umidade aumenta o ressecamento da lágrima e facilita a formação de depósitos na lente. Estes fatores, ressalta, podem provocar alterações na textura, coloração e transparência da lente por causa de sua maior fricção na superfície do olho. Por isso, recomenda consultar um oftalmologista e inter-
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romper imediatamente o uso da lente quando os olhos apresentarem vermelhidão, sensação de corpo estranho e visão embaçada. Em muitos casos, ressalta é necessário trocar a lente antes do vencimento. As dicas do especialista para o uso seguro de lente de contato são: jamais dormir com lente, limpar e enxaguar a lente e o estojo só com solução higienizadora, nunca enxaguar com água, trocar o estojo a cada quatro meses, respeitar o prazo de validade e interromper o uso sempre que sentir algum desconforto.
MIOPIA EM CRIANÇAS O especialista afirma que a dupla jornada online de crianças navegando um período para estudar e outro para brincar aumenta o risco de miopia. Isso porque até os 8 anos de idade o olho está em desenvolvimento e o excesso de esforço visual para enxergar as telas próximas contrai a musculatura ciliar dos olhos que perdem a capacidade de focalizar à distância. Isso ficou demostrado em um levantamento feito por Queiroz Neto com 360 crianças de 6 a 9 anos. É a miopia acomodativa, uma dificuldade temporária de enxergar à distância. O médico afirma que este tipo de miopia pode ser eliminado com mudança de hábitos, atividades ao ar livre que aumentam a produção de dopamina e controle do consumo de açúcar que interfere no
crescimento do eixo óptico de crianças. O problema, comenta, é que a pandemia dificulta a prática de exercícios por crianças que vivem em apartamentos sem opção de espaços abertos. Ainda assim, um banho de sol na varanda do apartamento é melhor que permanecer o tempo todo em ambientes fechados olhando para uma tela.
ENVELHECIMENTO E DOENÇAS CRÔNICAS Queiroz Neto afirma que o rápido envelhecimento da população brasileira vem acompanhado do aumento de casos de catarata que acumula pessoas na fila de espera do SUS por causa da diminuição das cirurgias eletivas durante a pandemia. O único tratamento para catarata, ressalta, é a cirurgia que consiste no implante de uma lente intraocular que substitui o cristalino opaco. Ele conta que recentemente recuperou a visão de uma paciente que tinha grande chance de ficar definitivamente cega por ter comorbidades. Na pandemia, ressalta, muitos portadores de doenças oculares crônicas que podem levar à perda irreversível da visão como o glaucoma, retinopatia diabética e degeneração macular falharam no acompanhamento dessas doenças. Por isso após a pandemia os casos de cegueira definitiva podem aumentar no País, conclui. (Fonte: LDC Comunicação)
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Governo muda as regras de isenção de ICMS para PCD´s O
Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) publicou, em agosto, o Despacho 55/20, que altera as regras sobre a isenção de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na venda de veículos destinados para pessoas portadoras de deficiência física. As novas regras, que alteram o Convênio ICMS 38/2012, passam a valer a partir de 1º de janeiro de 2021. Deficiências físicas consideradas de grau leve passam a não ser mais beneficiadas pela isenção do ICMS, apenas aquelas de grau moderado ou grave. O despacho altera ainda as regras para a indicação de condutores autorizados. O terceiro condutor só será permitido nos casos em que o laudo comprovar a incapacidade total do beneficiário para conduzir o veículo. Já em caso de mudança na lista de motoristas autorizados , os novos deverão comprovar residência na mesma localidade.
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A concessão do benefício depende de um laudo pericial emitido por empresas ou profissionais credenciados. Mas agora o médico responsável pelo documento precisa assinar um termo de responsabilidade, que em caso de fraude indica a possibilidade de o profissional ser denunciado ao Conselho Regional de Medicina e ao
Ministério Público, além de ter que pagar pelo imposto devido. A lista de deficiências graves inclui "paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, nanismo, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou
Projeto visa dispensar o uso de máscaras por autistas em Campinas
O vereador Jorge da Farmácia (PSDB), presidente da Comissão Permanente das Pessoas com Deficiência ou Mobilidade Reduzida da Câmara Municipal de Campinas, protocolou, em agosto, um projeto que dispensa o uso da máscara para pessoas com Transtorno do Espectro Autista. A medida atinge também pessoas com deficiência intelectual, com deficiências sensoriais ou com quaisquer outras deficiências que as impeçam de fazer o uso adequado dos equipamentos de proteção facial, conforme declaração médica. Jorge da Farmácia lembra que, por conta do combate à pandemia da Covid, Campinas e o Estado de São Paulo instituíram diversas penalidades como a aplicação de multa no
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valor de R$ 100,00 para quem não utilizar máscaras em ambientes públicos e privados. Segundo o vereador, a proteção facial causa incômodo ás pessoas com o transtorno do espectro autista devido as difi-
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culdades sensoriais delas. “A própria legislação federal (leia matéria ao lado) já definiu essa excepcionalidade nos termos da obrigação do uso de máscaras no país”, comenta. (Fonte:Câmara Municipal de Campinas)
adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções", e segue sem alterações, assim como os requisitos para a concessão do benefício para os casos de deficiência visual, mental ou autismo. Vale lembrar que são consideradas deficiências físicas moderadas ou graves quando há alteração parcial ou completa de parte do corpo humano, causando comprometimento das funções. Além disso, para quem tem alguma deficiência visual ou mental, além de autismo, as regras continuam sem alterações. Segue sem mudança também o prazo de venda do carro para PCD (quatro anos) e o teto de preço para a isenção do ICMS, que é de R$ 70 mil. Caso o veículo ultrapasse esse valor, o comprador terá direito apenas ao desconto do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). (Fonte: Portal IG)
Lei da máscara tem exceção para PCD´s
A Lei n° 14.019/2020, em vigor desde o dia 3 de julho, sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras em todo o País, tem exceções para pessoas com deficiência, em alguns casos. “A obrigação prevista neste artigo será dispensada no caso de pessoas com transtorno do espectro autista, com deficiência intelectual, com deficiências sensoriais ou com quaisquer outras deficiências que as impeçam de fazer o uso adequado de máscara de proteção facial, conforme declaração médica, que poderá ser obtida por meio digital, bem como no caso de crianças com menos de 3 (três) anos de idade”. Vale destacar que autoridades de saúde consideram o uso das máscaras fundamental no combate à propagação do coronavírus e à pandemia de Covid-19. (Fonte: Vencer Limites/Estadão)
Projeto exige fisioterapeuta em academia adaptada para PCD´s
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Projeto de Lei 3676/20 torna obrigatória a presença de fisioterapeuta nas academias de ginástica adaptadas para utilização por pessoas com deficiência, em todos os turnos de funcionamento do estabelecimento. A proposta, do deputado Paulo Bengtson (PTB-PA), tramita na Câmara dos Deputados. Bengtson entende que a presença dos profissionais de fisioterapia, sem desmerecer os de educação física, daria ao aluno com deficiência maior segurança e incentivo em seus treinos. “São profissionais que atuam no tratamento de funções motoras, disfunções funcionais de órgãos e sistemas e na prevenção de problemas ou de complicações relacionadas às funções motoras”, explica.
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O parlamentar acrescenta que o Brasil é uma potência paralímpica e que muitos atletas não possuem patrocínio para treinamento em locais
adequados. “A presença do fisioterapeuta nas academias comuns possibilitará que um potencial medalhista paralímpico tenha um acompanha-
mento direcionado”, acredita.
DEDUÇÃO DO IR Ainda segundo o projeto, o valor das despesas com a remuneração dos fisioterapeutas que atuarem exclusivamente no atendimento de pessoas com deficiência poderá ser deduzido do Imposto de Renda, conforme regulamentação posterior do Poder Executivo. “A finalidade é estimular a reestruturação das academias e a abertura de novos estabelecimentos adaptados para utilização por pessoas com deficiência, permitindo que este público seja inserido na rotina de prática de exercícios físicos em ambiente que promove inclusão e socialização”, defende Bengtson. (Fonte: Agência Câmara de Notícias)
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CAPACITISMO
O que você realmente sabe sobre o preconceito contra as pessoas com deficiência?
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ocê sabe ou já ouviu falar em capacitismo? O termo refere-se enxergar uma característica humana como exceção que pode ser superada, corrigida ou supervalorizada, e não como o que é: a diversidade, respeitando às diferenças. O capacitismo se manifesta de diferentes formas e em diversas esferas da sociedade, seja no mercado de trabalho, estudos, âmbito familiar ou situações do cotidiano e pode ser percebida quando se acredita que a pessoa com deficiência é incapaz de ser autônoma, de compreender o mundo ou quando superestima essa característica distinguindo-a de outras pessoas, por exemplo. No mercado de trabalho, por exemplo, revisar a atividade de alguém por ser uma pessoa com deficiência ou dar uma tarefa mais fácil do que suas habilidades reais, é uma situação em que se coloca em dúvida a capacidade do indivíduo. Parabenizá-la por ela conseguir cumprir as mesmas tarefas de alguém (sem deficiência) “mesmo com a deficiência”, também é uma atitude capacitista. Ao invés de focar na falta, correção ou na supervalorização da característica de alguém, é fundamental reconhecer e valorizar a diversidade, incentivando a capacidade humana de cada um. Murilo Delgado nasceu com glaucoma e perdeu totalmente visão aos 18 anos. Assistente de relacionamento no Instituto Magnus, ele conta que o capacitismo está presente na vida da maioria das pessoas com deficiência que ele conhece, seja ignorando totalmente a condição ou colocando o indivíduo em uma redoma. “A cada 5 pessoas, 4 duvidam do potencial até mesmo nas coisas mais simples. Já aconteceu algumas vezes uma forma clara do préconceito: em restaurantes, por exemplo, o/a atendente se diri-
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ge à pessoa com visão que me acompanha para saber qual será o meu pedido, ignorando a minha presença”, completa Murilo. Até a capacidade de cuidar da própria filha foi colocada em questão por pessoas próximas, comprovando a presença do capacitismo no dia a dia. O contrário da dúvida sobre a capacidade de habilidade também é verdadeiro e vale ressaltar que o enaltecimento da superação também é considerada atitude capacitista, já que sobrevaloriza a pessoa com deficiência e a coloca como melhor do que pessoas sem deficiência. Confuso? Nem tanto. Quando se considera como superação o fato de uma pessoa com deficiência realizar uma atividade ‘simples’ ou estar num lugar onde para uma pessoa sem deficiência é o esperado, ou considerar um triunfo uma pessoa com deficiência casar, construir família e cuidar de sua casa, são exemplos por duvidar (supervalorizando) a capacidade de alguém. Para apoiar pessoas com deficiência em suas reais necessidades, é de suma importância o trabalho de entidades especializadas, como o Instituto Magnus – instituição que trei-
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na e doa cães-guias, reforçando a sua responsabilidade com a sociedade e as causas sociais. O objetivo do Instituto Magnus é colaborar para uma sociedade mais consciente e acolhedora ao próximo, proporcionando equidade para todos. Para a instituição o cão-guia é a ferramenta de partida para a comunidade discutir a importância da inclusão e as atividades dinâmicas são realizadas para conscientização e engajamento para a causa. Além do treinamento de cães-guias, o Instituto Magnus desenvolve diversas ações em que o Serviço Social contribui para a desconstrução do capacitismo. Segundo a Assistente Social da instituição, Pâmela Menck, “a lógica do capacitismo está alicerçada na ideia de uma padronização e hierarquização de indivíduos, a que chamamos de corpo normatividade. Ou seja, o termo está ligado a discussões sobre discriminações de pessoas com deficiência, estabelecendo um padrão, em que é considerado “normal” aqueles que não apresentam deficiências. Pensando na necessidade da desconstrução desses conceitos o trabalho em torno da
conscientização da população é muito importante, e seguindo nesse caminho, Pâmela complementa: “desenvolvemos palestras em instituições de ensino e escolas, rodas de conversas e vivenciam lúdicas abordando diversos assuntos relacionados ao cão guia e diversidade e ainda trabalhamos em torno do desenvolvimento da plena autonomia dos nossos assistidos.” Trabalhos como esses colaboram que a voz de todos seja ouvida, valorizando as potencialidades de cada uma.
SOBRE O INSTITUTO MAGNUS Localizado em Salto de Pirapora, interior de São Paulo, o Instituto Magnus é uma iniciativa sem fins lucrativos, gerido pela empresa Adimax Pet. O trabalho do Instituto é contribuir para a inclusão social por meio do cão-guia em diversas esferas da sociedade, por isso, além do treinamento e entrega dos cães, suas atividades também são palestras informativas e educativas, vivências, dinâmicas de grupos e ações de divulgação para conscientização e engajamento de pessoas para a causa. (Fonte: Grupo Image/Assessoria)
Deficiência auditiva, um mal que atinge a infância, diz OMS
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Para um diagnóstico precoce e tratamento adequado, é necessário que os pais estejam atentos aos sinais de alerta. Aprenda a identificá-los.
ouco discutida, a audição na infância é um fator importante que deve ser lembrada. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 34 milhões de crianças no mundo possuem deficiência auditiva em algum grau. Os dados também mostram que 3 a 4 mil bebês já nascem com algum tipo de problema auditivo. Por isso, o Dia Nacional da Infância, lembrado na próxima segunda-feira (24), alerta sobre colocar a infância como prioridade, principalmente em relação à saúde e ao desenvolvimento. É importante cuidar da audição desde os primeiros dias de vida. "A perda auditiva pode limitar o acesso da criança a alguns sons, que são importantes para a comunicação. A gente aprende, basicamente, por meio dos nossos sentidos, pelas experiências auditivas, visuais e táteis. Isso cria as conexões cerebrais que dão significado às coisas. Por meio dessas experiências acontece o aprendizado", explica Erica Bacchetti, fonoaudióloga da Clínica ParaOuvir. A médica lembra que a perda auditiva tem tratamento e quanto mais cedo for diagnosticada, melhor é o prognóstico. "O desenvolvimento da criança precisa ser acompanhado em um todo. Quando os pais levam a criança ao pediatra, é observado quanto a criança cresceu, quanto ela pesa, se está com os exames todos dentro dos padrões. Muitos pais levam ao oftalmologista para fazer uma triagem visual, mas esquecemos de dar atenção à audição", ressalta Erica. SINAIS DE ALERTA Para um diagnóstico precoce e tratamento adequado, é necessário que os pais estejam atentos aos sinais de alerta. Os
comportamentos da criança devem ser minimamente observados. Nos primeiros anos de vida, a criança manifesta muitas de suas dificuldades e sofrimentos em mudanças de comportamento. "Sempre que a gente observa que nossos filhos estão se comportando um pouco diferente do que o habitual deles, devemos investigar", pontua a fonoaudióloga. Dores de ouvido constantes, incômodo com sons intensos, dificuldades na escola, falta de interesse em atividades de comunicação, assistir televisão com o volume muito alto podem ser sinais que indicam para alguma alteração auditiva. "A criança pode começar a responder algo totalmente diferente do que perguntamos dar respostas desconexas. Quando chamamos pela criança e ela não responde, quando é muito distraída ou ainda muito agitada", lista a médica. Em crianças menores e bebês os sintomas podem ser mais sutis. Nos primeiros meses de vida, por exemplo, o bebê começa a se familiarizar com a
voz de quem cuida dele, assusta se escuta sons altos, como a batida de uma porta, por exemplo. Com o passar do tempo começam os balbucios e as primeiras emissões de sílabas e as reproduções de barulhos que podem parecer palavras.
TRATAMENTOS No Brasil o teste da orelhinha é obrigatório. Assim que nasce o bebê, ele é submetido a esse exame com a finalidade de identificar precocemente perdas auditivas. Essa triagem auditiva neonatal é muito eficaz. "Tem muitas crianças que nascem, passam na triagem auditiva porque realmente escutam bem, mas durante o desenvolvimento têm alguma intercorrência que causa a perda da audição", afirma a fonoaudióloga. Apesar da perda auditiva resultar em algumas dificuldades durante a infância, ela não é impeditiva. A criança não será impedida de falar, de aprender ou se relacionar, isso devido aos inúmeros tratamentos disponíveis para proporcionar qualidade de vida a esses indivíduos.
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"É importante ressaltar que uma criança com perda auditiva não necessariamente vai ter dificuldade para desenvolver a fala", tranquiliza a especialista. O tratamento para os problemas auditivos em crianças depende da causa e gravidade da perda, por isso é sempre necessária uma avaliação médica para indicação do procedimento adequado para cada paciente. O médico determinará a causa da dificuldade para ouvir e qual conduta será adotada: uso de medicamentos, cirurgia, uso de aparelhos auditivos ou implante coclear. No mercado existe uma infinidade de modelos e opções de aparelhos auditivos, que podem ser usados no tratamento de perda auditiva em crianças. "A criança com deficiência auditiva que recebe a estimulação adequada por meio da tecnologia, seja usando aparelho auditivo, implante coclear ou prótese implantada, tem o mesmo acesso aos sons que uma criança com a audição dentro da normalidade", finaliza Erica Bacchetti. (Fonte: Folha Vitória)
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AUTISMO EM ADULTOS
Quando o diagnóstico é tardio
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oje graças a facilidade e a rapidez das informações, muitos casos de autismo que não foram diagnosticados quando deveriam, estão chegando com muito mais frequência nos consultórios de profissionais que trabalham com o tratamento integral do autismo. São jovens e adultos, desde os casos mais leves, como os asperges, até os casos muito graves, que por falta de tratamento adequado, de informação e de acesso aos diversos tratamentos multidisciplinares que temos hoje, acabaram crescendo sem desenvolver progressos significativos E o pior: Sem alcançarem independência, inclusive dos pais, o que causa para estes, uma terrível angústia, por que o desgaste e a preocupação são muito grandes e a pergunta é uma só: O que fazer agora? Bem, para os portadores da Síndrome de Asperger e os autistas de inteligência mediana e acima, acabam levando uma vida normal, até que aconteça algo que traz à tona o autismo e não é raro, que até mesmo um dos pais possa acabar
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sendo identificado também como dentro do espectro.
DIAGNÓSTICO NA ADOLESCÊNCIA A forma mais comum de identificar o autismo no adolescente dos 12 aos 18 anos, por exemplo, é o comportamento dele nesta fase. Geralmente ele não sabe se relacionar, não consegue lidar com coisas simples como uma mudança de casa, cidade ou escola, além de problemas frequentes nos relacionamentos com colegas e com sua própria sexualidade. Tudo isso, juntamente com a forma deste adolescente não se comportar como os demais, começa a causar uma angústia nele e nos pais, que não entendem o que pode estar acontecendo. Neste caso, acabam por apresentar um quadro de ansiedade extrema, que não consegue ser solucionado com a terapia tradicional. Quando isso acontece, exames mais extensos podem confirmar um diagnóstico de autismo. É importante saber que o diagnóstico preciso e minucioso, devem ser conduzidos por psiquiatras, neuropsiquiatras e
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neuropsicopedagogos, que deverão ter total acesso a todas as informações de como foi a infância deste paciente. Somente assim, depois de um diagnóstico correto, ou seja, depois de dar nome ao que eles sentem, eles e a família encontram respostas para perguntas que vinham fazendo durante todas suas vidas. E isso traz para o autista e para a família, um alívio imenso.
E QUANDO EU NÃO ESTIVER MAIS AQUI? O QUE VAI SER DO MEU FILHO AUTISTA? Quanto mais cedo a descoberta do espectro, melhor pode ser a evolução do tratamento e da independência do autista. É muito comum, ao realizar o diagnóstico de TEA em crianças, ver que a primeira preocupação dos pais é como será a vida acadêmica o filho em questão, a preocupação com a fala e como ele vai se relacionar para seguir com o fluxo normal da vida. Passados isto, um pouco mais tarde, já frente a realidade do dia a dia, a preocupação da grande maioria dos pais, principalmente os pais de autistas
com grau severo, é: E quando eu não estiver mais aqui? O que será do meu filho autista? A Neuropsiquiatra, especialista em Tratamento Integral do autismo, Neurodesenvolvimento e Saúde Mental, Dra. Gesika Amorim, lida com estas situações todos os dias e diz: “Sabemos que não é fácil e que muitos pais abandonam suas vidas para cuidar de seus filhos, que em graus mais severos do autismo, acabam sendo absolutamente dependentes. Dito isto, gostaria de enfatizar algumas coisas: 1- Quanto mais cedo seu filho for diagnosticado, mais chances e melhores elas serão de ele ter INDEPENDÊNCIA, que de fato, é o que mais vai importar e o que realmente ele e vocês, pais, por mais que no primeiro momento possam achar que não, vão precisar que ele tenha. 2- Jamais deixe de contar ao seu filho que ele é um autista. Proteção demais pode trazer grandes prejuízos no futuro, justo quando ele precisará ter o máximo possível de independência para lidar de fato com o mundo. No mais, autistas sem Segue
grandes comprometimentos cognitivos, que sabem seu diagnóstico desde cedo, conseguem lidar mais facilmente com todas estas questões mais difíceis, como por exemplo: relacionamento, sexualidade e mudanças – diz a especialista. Dra. Gesika Amorim diz que, infelizmente, ao menos até agora, desconhece programas de governo que sejam dedicados a cuidar de autistas adultos com graus mais severos, tanto na ausência dos pais, quanto na falta de recursos, condições físicas, estruturais e emocionais de lhes oferecer estes cuidados. Então, ela ressalta a importância das Ongs neste momento. “É muito necessário que ONGs, ativistas, profissionais envolvidos com a causa e famílias, se movam e comecem a buscar este tipo de suporte, porque todos tem direito a vida com dignidade e sabemos que no autismo, principalmente em casos do adulto com grau severo, esta não é uma realidade, ressalta a médica.” Mas existe uma luz no fim do túnel. Em 2012, foi sancionada a Lei Berenice Piana, (12.764, 2012), que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista. Em 2020, foi sancionada a Lei 13.977, de 2020, que cria a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), que assegura aos portadores, atenção integral, pronto atendimento e prioridade no atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados, em especial nas áreas de saúde, educação e assistência social. Segundo a própria Berenice Piana, a próxima luta será para conseguir através do governo, uma casa de apoio para os autistas que por algum motivo perdem os seus cuidadores. Vamos acreditar e lutar para isso! Uma outra solução muito sábia e prática a ser tomada pelas famílias que podem contar com outros parentes ou conhecidos, é deixar acordado, através de um advogado, um documento de tutela de seu filho autista, no caso de um dos pais faltarem.
E SOBRE A SEXUALIDADE? A Sexualidade é inerente ao ser humano. Todos temos. Quando vamos falar da sexualidade no autista, existem mui-
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tas nuances envolvidas, pois o autista pode não ter controle sobre suas emoções e por conseguinte, sobre os seus instintos sexuais, explica a Neuropsiquiatra, Dra. Gesika Amorim: “Isso pode causar situações constrangedoras, pois o paciente dentro do espectro, não tem filtro para falar o que deseja fazer, e em situações extremas, no caso de pacientes não verbais, pode ocorrer masturbações em públicos ou mesmo o toque dos órgãos genitais de pessoas ao seu redor, o que causa intenso constrangimento.”
E O QUE FAZER? Dra Gesika Amorim orienta: “Eles podem não conseguir se controlar ou ter postura frente
ao certo e errado que é imposto dentro de uma sociedade. Então, é necessário que os cuidadores, terapeutas com experiência em autismo, os profissionais e a família, sejam uma espécie de córtex pré-frontal desse paciente, fazendo-o entender como lidar com essas emoções e sensações; explicando o que é correto ou incorreto e o que pode o que não pode, exatamente como explicamos para uma criança as regras sociais da vida. É importante que eles tenham absoluta confiança em seus pais.” Nos casos extremos, de autistas adultos não verbais e sem terapia, pode ser necessário intervir com medicações para contenção de libido. (Fonte: MMello Assessoria)
Vídeos ensinam técnicas para pais de crianças com autismo
Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pesquisadores do ambulatório de Autismo do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (TEAMMUnifesp) lançaram uma série com 15 vídeos voltados para pais de crianças com autismo. O objetivo do conteúdo – disponível gratuitamente na internet – é ensinar técnicas de estimulação de habilidades sociocomunicativas em crianças com o transtorno do espectro autista. A falta de contato visual e a dificuldade de se comunicar pelo olhar (atenção compartilhada) podem ser os primeiros sinais – observados já aos 18 meses de vida – de que uma criança possa vir a ser diagnosticada dentro do espectro autista. “Até o momento, o autismo não tem cura, mas podemos estimular habilidades que as crian-
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ças não desenvolvem naturalmente. Contato visual e atenção compartilhada são pré-requisitos para o desenvolvimento da sociabilidade, além de constituírem a base para que as crianças venham a melhorar outros domínios no futuro”, diz Daniela Bordini, coordenadora do TEAMMUnifesp, à Agência Fapesp. A elaboração dos vídeos e a realização de um estudo clínico sobre a efetividade desse tipo de capacitação para os pais foram fruto de um auxílio de pesquisa regular, apoiado pela
Fapesp e pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, sob a coordenação de Jair de Jesus Mari.
METODOLOGIA A série de 15 vídeos utiliza a metodologia da psicologia comportamental conhecida como análise aplicada do comportamento, ou ABA (Applied Behavior Analysis, na sigla em inglês), já utilizado em diferentes países no atendimento a pessoas com autismo. “O grande diferencial do nosso estudo foi desenvolvermos
e testarmos um modelo de tratamento em grupo e com a mediação direta dos pais. A ideia é que os pais aprendam as técnicas por meio de videoaulas e isso permita que mais crianças sejam estimuladas, pois a maioria dos atendimentos para crianças autistas deve ser intensiva e individual, o que dificulta e onera o tratamento na rede pública e privada”, afirma Bordini. De acordo com Mari, o acesso aberto dos vídeos na internet é uma forma de atingir um maior número de famílias. “A utilização dos meios de inclusão digital vai ser cada vez mais aplicada em intervenções na área da saúde mental. O estudo é contemporâneo e se utiliza de estratégias que podem dar uma cobertura maior para o atendimento das famílias que precisam de informação de qualidade para ajudar no desenvolvimento de seus filhos”, salienta. (Fonte: Governo de S.Paulo)
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Isolamento acelera a catarata em diabéticos, afirma oftalmo
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o final do ano passado, Sônia Maria Azevedo, 54, recebeu o diagnóstico de catarata em uma consulta na rede pública de saúde. “Ainda dava para ir levando, mas logo depois veio a pandemia de coronavírus, a quarentena e em quatro meses minha visão estava tão ruim que já não podia ficar com meus netos, nem reconhecer as pessoas. Comecei a ter dificuldade para fazer praticamente tudo” comenta. Voltou ao hospital, mas foi informada que as consultas só estavam sendo marcadas para dezembro. Depois do primeiro atendimento entraria na fila da cirurgia sem previsão de quando seria operada. “Fiquei muito nervosa. Não dava para esperar. Quando enxergamos não temos noção do quanto precisamos de nossos olhos”, diz emocionada. A CIRURGIA Sônia foi operada pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier. “Ela já estava cega do olho direito que operamos. Só enxergava luz direcionada acima ou abaixo da linha dos olhos. Geralmente quando retiramos a catarata e implantamos uma lente no lugar do cristalino, quem é míope deixa de usar óculos. O astigmatismo também pode ser eliminado e até os óculos de leitura com implante de lente multifocal. No caso dela a cirurgia recuperou a visão com uma len-
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te monofocal” afirma. O oftalmologista conta que cirurgia foi complexa porque o cristalino de Sônia estava completamente opaco e ele não tinha como examinar o fundo do olho antes da operação. “É por isso que sempre alertamos para não deixar a catarata ficar muito madura. O mais gratificante é o resultado que conseguimos. No outro olho a visão é de 10% e operamos quando ela decidir”, salienta
PREVENÇÃO Queiroz Neto afirma que o isolamento social imposto pela pandemia de coronavírus aumenta o stress além de dificultar a prática de exercícios físicos e a manutenção de uma dieta equilibrada. “Estas condições dificultam manter a média dos níveis glicêmicos entre 100 a 125 mg/dL, fundamental na prevenção das complicações ine-
Documento oficial deverá ser acessível a deficientes visuais
O Projeto de Lei 4190/20 determina que os documentos oficiais digitais tenham formato que torne o conteúdo acessível à pessoa com deficiência visual. O texto em tramitação na Câmara dos Deputados prevê ainda que as informações nesses documentos possam ser pesquisadas por meio da internet. “Muitas pessoas com defi-
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ciência visual, inclusive servidores das áreas administrativa e jurídica, encontram dificuldade em acessar processos ou documentos”, afirmou o autor, deputado Ricardo Guidi (PSDSC). “A proposta pretende garantir que todos possam acessar, compreender, utilizar, interagir e contribuir com o meio digital.” (Fonte: Agência Câmara de Notícias)
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especialista percebe se o diabetes está causando alguma alteração na retina, antes dos primeiros sintomas, pelo exame de fundo de olho. “O tratamento pode ser feito com aplicação de laser, medicamento dentro do olho e em alguns casos pela associação dessas duas terapias. Evita a perda irreparável da visão em 90% dos pacientes”, salienta.
RETINOPATIA O especialista afirma que quanto maior o tempo convivendo com o diabetes, até pessoas com glicemia bem controlada por medicamentos e dieta balanceada correm risco de contrair retinopatia. Por isso, quem tem diagnóstico da doença deve fazer exame oftalmológico anualmente. Na consulta, o
OLHO SECO Queiroz Neto afirma que o diabetes também provoca o maior ressecamento da lágrima, que tem a função de proteger a superfície dos olhos. Os sintomas são vermelhidão, ardência, visão embaçada, coceira e maior sensibilidade à luz. A síndrome é mais frequente nos períodos de seca. O tratamento padrão para olho seco, explica, é o uso de colírio lubrificante. Mas não vale usar qualquer um porque as fórmulas variam para agir em uma ou mais camadas da lágrima: aquosa, proteica e lipídica. A dica do médico é procurar beber bastante água e incluir na alimentação fontes de ômega 3 encontrado na sardinha, bacalhau, salmão e semente de linhaça. Aplicações de luz pulsada que estimulam a produção da camada lipídica e por isso diminuem a evaporação da lágrima, são a última palavra para eliminar o desconforto, conclui. (Fonte: LDC Comunicação)
Hospitais, maternidades e casas de parto das redes pública e privada de Pernambuco serão obrigados a permitir a presença de tradutor e intérprete de Libras durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, em Pernambuco. De acordo com a Lei 17.029/2020, isso ocorrerá sempre que solicitado pela parturiente com deficiência
auditiva e, desde que o acompanhante não esteja apto a se comunicar com ela e com a equipe médica. A lei, de autoria do deputado Gustavo Gouveia (DEM), determina que os tradutores e intérpretes serão livremente escolhidos e contratados pelas gestantes e parturientes com deficiência auditiva. (Fonte: Librasol)
rentes à doença: catarata precoce, retinopatia diabética, doenças cardiovasculares, insuficiência renal e o pé diabético. Hoje o diabetes atinge 14,25 milhões de brasileiros e desses só 30% conseguem manter os níveis glicêmicos balanceados segundo o último levantamento da IDF (International Diabetes Federation). Significa que nunca foi tão importante manter o acompanhamento médico em dia.
PE: grávidas surdas terão intérprete de Libras no parto
A Aposentadoria da Pessoa com Deficiência
ARTIGO - PRISCILLA MILENA SIMONATO DE MIGUELI
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uito se discute acerca da inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho como forma de concretização do princípio da igualdade. Contudo, também se faz necessário a discussão sobre o futuro das pessoas com deficiência no meio laboral, principalmente no que tange a tão sonhada aposentadoria. Foi somente no ano de 2005 que a Constituição Federal tratou sobre a possibilidade de adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos segurados com deficiência, cujos termos seriam estabelecidos por lei complementar. A referida Lei Complementar foi publicada m 08 de maio de 2013 sob n.º 142 e teve como objetivo estabelecer os termos para a concessão dos benefícios devidos às pessoas com deficiência com critérios diferenciados. Muito embora em novembro de 2019 tenha entrado em vigor a Emenda Constitucional nº 103, a chamada Reforma da Previdência, não houve modificação, pelo menos por ora, das regras anteriores no benefício de aposentadoria por tempo de contribuição e por idade da pessoa com deficiência
Dessa forma, a legislação aplicável continua sendo a Lei Complementar nº 142/2013, que traz a possibilidade do segurado da Previdência Social, com deficiência, se aposentar por idade e tempo de contribuição, com tempo variável de acordo com o grau de deficiência, seja leve, moderada ou grave. Para a concessão da aposentadoria, seja por idade ou tempo de contribuição, o segurado da Previdência Social será submetido a uma perícia médica realizada pelo INSS, para comprovação da sua deficiência, bem como o respectivo grau. Será assegurada a aposentadoria da pessoa com deficiência desde que tenha cumprido tempo mínimo de contribuição e dependerá da gradação da sua deficiência, bem como do seu gênero. A mulher poderá requerer a aposentadoria por tempo de contribuição do deficiente com 20 anos de contribuição se sua deficiência for grave, com 24 anos se a deficiência for moderada e 28 anos se a deficiência for leve. Para o homem, a aposentadoria será concedida aos 25 anos de contribuição se a deficiência for grave, 29 anos se for moderada e 33 anos se a defi-
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ciência for leve. Além da aposentadoria por tempo de contribuição, há a aposentadoria por idade, que não levará em consideração o grau de deficiência, exigindo-se apenas que o segurado comprove a sua condição de deficiente durante 15 quinze anos de contribuição e tenha 60 anos de idade, se homem, e 55 anos de idade, se mulher. A gradação e reconhecimento da deficiência dependerão da perícia biopsicossocial realizada pelo INSS. O segurado deverá fazer prova da sua deficiência com documentos da época dos fatos que pretende comprovar Ainda que o segurado não tenha se filiado ao Regime de
Previdência Social com a deficiência, poderá ter direito ao benefício em questão, pois a deficiência poderá ser adquirida durante o seu vínculo com a Previdência Social ou ainda, poderá ter seu grau de deficiência alterado. O cálculo do valor do benefício será feito com base na média dos salários de contribuição de julho de 1994 até a data de início do benefício. Sobre o valor encontrado, será aplicado o coeficiente de cálculo de 100% quando se tratar de aposentadoria por tempo de contribuição. Tratando-se de aposentadoria por idade será de 70% mais 1% do salário de benefício por grupo de 12 contribuições mensais até o máximo de 30% no caso de aposentadoria por idade. Tem-se que, os critérios diferenciados utilizados para a concessão da aposentadoria da pessoa com deficiência coadunam com as diretrizes de inclusão social, sobretudo, como forma de proporcionar a dignidade da pessoa humana. (Fonte: Revista Reação)
Priscilla Milena Simonato de Migueli é presidente do IAPE. Doutoranda e Mestre em Direito pela PUC/SP.
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Cinemas brasileiros têm até 2021 para adaptar salas a PCD´s
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res e devidamente sinalizados. Os espaços devem garantir a acomodação de um acompanhante. O estatuto prevê ainda uma série de recursos de acessibilidade. Entre eles, a subtitulação por meio de legenda oculta, a
BARREIRAS Para a relatora da MP 917/2019, senadora Soraya Thronicke (PSL-MS), ainda per-
sistem barreiras que dificultam o direito das pessoas com deficiência de usufruírem os conteúdos nas salas de cinema. “Constata-se que boa parte dos filmes ofertados no Brasil não apresenta opção de legendagem descritiva ou da língua brasileira de sinais, não possui audiodescrição e, apenas excepcionalmente, os espaços públicos destinados ao consumo de audiovisual exibem conteúdo em modo de fruição voltado a deficientes visuais e auditivos”, destacou. Segundo o Ministério do Turismo, que abriga a Secretaria Nacional de Cultura, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve abrir linhas de crédito de R$ 250 milhões para a expansão e a atualização tecnológica da indústria audiovisual. O plano prevê ampliação da acessibilidade nos cinemas, com obras de adaptação e aquisição de equipamentos. (Fonte: Agência Senado)
Uma série publicada pela Biogen com quatro pequenos livros ensina a reconhecer em crianças e bebês os movimentos da primeira infância para identificar sinais de doenças raras. A coleção ‘Histórias para se viver’ faz parte da campanha ‘O raro também pode acontecer’, que promove o empoderamento das famílias para acompanhar a evolução dos pequenos, fortalece a importância do relacionamento com os profissionais da saúde e a reforça a função da leitura. São quatro livrinhos ilustrados, em formato ‘flipbook’, que
simulam marcos motores importantes, como manter a cabeça elevada e erguer o tronco quando estiver de bruços, rolar para a posição de bruços quando estiver de barriga para cima, sentar sem apoio e também ficar de pé apoiado em algo. A maneira de brincar, aprender, falar, agir e se movimentar tem indicações importantes sobre o crescimento de bebês e crianças. A distribuição do livros digitais é gratuita. Para baixar, acesse oraropodeacontecer.com.br. Não há versões acessíveis. (Fonte: Vencer Limites/Estadão)
janela com intérprete da língua brasileira de sinais (Libras) e a audiodescrição.
Livros ensinam a identificar sinais de doenças raras em crianças
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s donos de cinemas têm até o dia 1º de janeiro de 2021 para adequar as salas de exibição às necessidades de pessoas com deficiência. É o que prevê a Lei 14.009, de 2020, publicada na edição do dia 4 de agosto do Diário Oficial da União. O prazo original terminaria em janeiro deste ano. Mas uma medida provisória enviada em dezembro pelo Poder Executivo estendeu o período de adaptação por mais 12 meses. A MP 917/2019 foi aprovada sem alterações pelo Senado no dia 28 de maio e promulgada como lei pelo presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre. A Lei 14.009 muda o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146, de 2015). De acordo com o texto, os cinemas devem contar com espaços livres e assentos para a pessoa com deficiência, em locais de boa visibilidade, em todos os setores, próximos aos corredo-
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Governo de SP disponibiliza livros em diversos formatos acessíveis
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ara possibilitar o acesso de pessoas com deficiência ao mundo da literatura, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPcD), em parceria com o Centro de Tecnologia e Inovação (CTI) e a ONG Mais Diferenças, está disponibilizando livros em formatos acessíveis para pessoas que sofrem com alguma deficiência. No total, são 13 obras literárias disponíveis em diferentes formatos: libras, legenda, áudio, imagem e leitura simples. Uma delas é a história de “Peter Pan”. A iniciativa garante o acesso de todas as pessoas aos livros acessíveis, que possuem diversos recursos de acessibilidade, como narração e texto em português, audiodescrição e animação das imagens, tra-
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dução e interpretação em Libras e leitura fácil - que traz adequações em relação à linguagem, conteúdo e forma para ampliar a compreensão. Segundo a secretária esta-
dual do SEDPcD, Célia Leão, além de importante, uma ação como esta garante que todos que desejam ler tenham acesso à leitura. "É possível viajar por meio da leitura, conhecer
um mundo novo, novas descobertas. Além de mais conhecimento e cultura, a boa leitura, dá asas à imaginação. Leitura é liberdade. Quando falamos em leitura acessível, garantimos que todos que queiram ler, leiam! Esse é mais um atendimento com respeito que o Governo de SP disponibiliza", disse. Além de disponibilizar os livros em diversos formatos, a iniciativa também prevê a realização de oficinas de formação e sensibilização de profissionais da educação, cultura, assistência social, bibliotecários, mediadores de leitura e outros profissionais interessados às práticas acessíveis e inclusivas voltadas à leitura. As obras podem ser acessadas no site http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/livr os-acessiveis/ (Fonte: Revide)
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primeiro relatório sobre visão publicado pela OMS (Organização mundial da Saúde) mostra que, das alterações oculares que podem ser corrigidas com óculos, a miopia, que pode ser definida como a dificuldade de enxergar à distância, é a que mais cresce. Para se ter ideia, apesar da população mundial estar envelhecendo e vivendo mais, a estimativa da organização é de que em 2020 o planeta vai ter 2,6 bilhões de míopes, bem mais que os 1,8 bilhões com presbiopia, que é a dificuldade de enxergar de perto depois dos 40 anos, o que representa um claro sinal de degeneração da visão. De acordo com Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier, o maior problema da miopia é sua progressão. Isso porque, explica o especialista, a partir de 6 graus aumenta a chance de descolamento da retina, glaucoma e degeneração macular que podem levar à perda definitiva da visão. O assunto ganhou tamanha projeção na saúde pública que deve ser discutido no 64º Congresso Brasileiro de Oftalmologia que acontece no próximo ano em Campinas, nas plataformas on line. O aumento do número de míopes está acelerando a deficiência visual. Prova disso, segundo dados da OMS, é que já existem um bilhão de deficientes visuais no mundo por falta de óculos. Sob controle - A boa notícia é que a progressão da miopia pode ser contida em até 38% dos casos, como com o uso do colírio de atropina a 0,01 junto com lente ortoceratológica. Esta é a principal conclusão de um estudo que acaba de ser apresentado nos Estados Unidos por pesquisadores da Jichi Medical University, instituição japonesa, durante o congresso de oftalmologia da AAO (American Academy of Ophthalmology). Não é nenhum milagre.
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Queiroz Neto explica que o colírio normalmente é usado para dilatar a pupila durante a consulta oftalmológica e bloqueia receptores da retina que estão coligados à evolução da miopia. Já a lente ortoceratológica é usada durante a noite para achatar a superfície da córnea. Por isso, altera o foco periférico do olho, afirma o médico. O estudo japonês acompanhou por dois anos 80 crianças míopes na faixa etária de oito e 12 anos que usaram os dois tratamentos durante três meses. Nas que tinham acima de 6 graus o tratamento diminuiu em 28% a progressão da miopia. No grupo com grau baixo e moderado, a redução foi de 38%. Para Queiroz Neto, os resultados significam que quanto antes as crianças forem estimuladas a ter mais atividade física, maior a chance de preservar toda a saúde, inclusive a visão. O risco das telas - A OMS declara que o excesso de telas e a falta de atividade ao ar livre são os principais gatilhos do avanço da miopia. Isso ficou comprovado em uma pesquisa desenvolvida por Queiroz Neto com 360 crianças na faixa etária de seis a nove anos. O uso intensivo do computador e de outras tecnologias fez 21% dos participantes apresentarem miopia, contra a prevalência de 12% nesta faixa etária. O médico explica que nas crianças que usam muito as telas digitais, a dificuldade de enxergar à distância resulta do excesso de esforço visual para perto, que provoca a perda de flexibilidade dos músculos ciliares do olho e leva à diminuição da amplitude de foco do cristalino.
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"Isso acontece porque até a idade de oito anos a visão está em desenvolvimento”, explica. No início, esta dificuldade de enxergar pode ser revertida com descanso de 30 minutos a cada hora na frente das telinhas. O problema, pondera o especialista, é que muitos pais não conseguem mudar o hábito de crianças que praticamente já nasceram com um celular na mão. Mais ar livre - A dica de Queiroz Neto é estimular as brincadeiras ao ar livre, mesmo em tempos de pandemia, nem que as atividades sejam realizadas no quintal de casa ou até mesmo em uma pequena sacada: buscando desenhos nas nuvens, brincando de quem acha mais carros de uma determinada cor ou modelo, ou o que a imaginação permitir, sempre com a supervisão de um responsável. Diversos estudos já mostraram que duas horas de atividade externa por dia diminuem o risco de ficar míope por relaxar os músculos dos olhos, além de desacelerar a progressão. O oftalmologista acredita que o benefício também tem relação com a luz ultravioleta. Isso porque, este comprimento de luz já é utilizado por oftalmologistas para fortalecer a córnea. Nos míopes pode fortalecer as fibras de colágeno da esclera, parte branca do olho, e por isso dificulta o crescimento do globo ocular característico da alta miopia. O oftalmologista ressalta que o uso dessas terapias pode ser desconfortável, mas em crianças que têm aumento de 0,5 grau a cada seis meses é melhor prevenir o risco de perda da visão. (Fonte: LDC Comunicação
AMAZON VAI PREMIAR IDEIAS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA PCD´S
A Amazon anunciou, no dia 25 de agosto, o lançamento do Prêmio Alexa de Acessibilidade, que visa reconhecer os desenvolvedores responsáveis pela criação de soluções capazes de melhorar o uso da inteligência artificial para pessoas com deficiência. Realizada em parceria com a Fundação Dorina Novill para Cegos, o Instituto Jô Clemente e a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), a iniciativa distribuirá prêmios de até R$ 10 mil, além de dispositivos Echo e mais produtos. Haverá também a doação de R$ 100 mil para instituições escolhidas pelos vencedores. Para concorrer, os interessados devem criar soluções (skills) para a Alexa, que facilitem a autonomia das pessoas com deficiência. Estas ferramentas precisam se integrar aos gadgets equipados com a assistente virtual ou ao próprio app da IA. As skills serão avaliadas sob aspectos como usabilidade, design, qualidade do desenvolvimento, experiência do usuário e o impacto causado na vida de quem necessita de uma maior acessibilidade. O júri contará com representantes da gigante do e-commerce, das ONGs parceiras e pessoas que vivem diferentes tipos de dificuldades.
INSCRIÇÕES E PRÊMIOS Os desenvolvedores interessados em participar do Prêmio Alexa de Acessibilidade podem se inscrever na página da iniciativa (www.premioalexa.com.br), até o dia 17 de dezembro. Segundo a Amazon, serão selecionados os 10 melhores projetos. Destes, sairão os vencedores, com o primeiro lugar tendo direito a R$ 10 mil, um Echo Studio e a possibilidade de indicar uma ONG para receber R$ 50 mil. (Fonte: TecMundo)
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Pesquisa da OMS mostra que é possível conter a miopia
Diagnóstico do espectro autista poderá ter validade permanente
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Projeto de Lei 4065/20, do deputado Da Vitoria (Cidadania-ES), confere caráter permanente ao laudo de diagnóstico do transtorno do espectro autista. A proposta tramita na Câmara dos Deputados. Da Vitoria acredita que o caráter permanente tornará desnecessárias exigências burocráticas relativas ao documento, facilitando a vida das famílias. “Empresas e órgãos públicos solicitam laudo atual toda vez que são procurados. Infelizmente, conseguir laudo atual demanda agendamento médico, perda de dia de trabalho, deslocamento e gastos. Para a população de baixa renda, a média de espera por consulta, perícia e laudo pode chegar a dois ou mesmo três anos”, aponta o parlamentar.
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Ele argumenta ainda que o transtorno do espectro autista não é passageiro nem intermitente, mas acompanha a pessoa pelo resto de sua vida, mesmo que haja melhoras em seu desenvolvimento.
LEGISLAÇÃO O projeto acrescenta a medi-
da à Lei Berenice Piana, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. A lei considera pessoa com o transtorno aquela com deficiência persistente e significativa da comunicação e da interação sociais e padrões restri-
tivos e repetitivos de comportamentos, entre outras características. A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais. Da Vitoria avalia que a Lei Berenice Piana, apesar de ser um marco para inclusão social, não foi suficiente para garantir direitos plenamente. Depois dela, a Lei Romeo Mion expandiu direitos, ao instituir uma carteira de identificação da pessoa com o transtorno, com validade de cinco anos, para garantir atenção integral e prioridade no atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados, principalmente na saúde, na educação e na assistência social. (Fonte: Agência Câmara de Notícias)
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Ferramenta permite legendas e Libras em transmissões online
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esde o começo da pandemia no Brasil e no mundo, pessoas e instituições que defendem a população com deficiência têm alertado sobre a falta de recursos de acessibilidade em pronunciamentos, notícias, boletins, transmissões ao vivo, atendimentos médicos online, publicações nas redes sociais ou em qualquer veículo de informações a respeito do coronavírus e os perigos da covid-19. Mesmo com o avanço da doença pelo planeta e a avalanche de novidades e especulações sobre o assunto, não houve até agora um esforço coletivo, público ou privado, para garantir acesso universal. A situação é mais crítica para pessoas com deficiências visuais e auditivas. Diante desse cenário, as mesmas pessoas e instituições que chamam atenção diariamente para o problema desenvolveram soluções de tecnologia assistiva e colocaram essas inovações à disposição do público, quase sempre sem cobrança, para tentar suprir a demanda. Entre esses projetos está o ‘Hiperconexão inclusiva: informação acessível também é linha de frente’, da ONG Escola de Gente, provavelmente o mais robusto e completo até o momento. “No início da pandemia, percebemos que a ausência de Libras, legenda e audiodescrição nas informações sobre a covid-19 no mundo colocaria em risco a vida de pessoas com deficiência. Como se proteger, e às suas famílias, sem compreender as orientações e notícias atualizadas em velocidade máxima no mundo virtual? Nem mesmo a OMS ofereceu acessibilidade nos seus pronunciamentos sobre a doença”, diz Claudia Werneck, fundadora e superintendente da Escola de Gente. “A maior exclusão em massa de pessoas com deficiência da história”, segundo a ONG, exigiu o desenvolvimento de um
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mecanismo de transmissão online, em qualquer plataforma, com toda a acessibilidade. “Com recursos próprios, transferimos para o virtual todo o nosso aprendizado sobre inclusão e acessibilidade em ambientes presenciais. A ‘gambiarra tecnológica’ foi necessária porque as redes sociais não oferecem mecanismos que permitam o uso simultâneo de Libras, legenda em tempo real e audiodescrição em transmissões ao vivo e na gravação online. Lives acessíveis exigem pré-produção e pósprodução acessíveis também, num exercício de equidade, do qual não é mais permitido escapar”, afirma Claudia. A primeira live acessível foi transmitida no dia 4 de abril e, no total, foram seis, que chegaram a ter 579 participantes juntos. Os vídeos já foram assistidas quase 20 mil vezes, com temas sobre saúde mental, teletrabalho, benefícios sociais, tecnologia e educação. A Escola de Gente liberou o conteúdo e explicou como produzir lives com acessibilidade e também como transmitir uma live acessível para crianças, sem intermediários, com diversidade e aprendizado. “Essa foi, possivelmente, a primeira live totalmente acessível para a infância
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realizada no mundo”, comenta Claudia. A tecnologia já foi usada por instituições como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Ministério Público e até o Congresso Nacional. “O impacto no acesso à informação é amplo para pessoas com deficiência e outros grupos, como idosos, crianças, refugiados, pessoas com baixo letramento ou com dificuldade para ler. A meta é garantir direitos e praticar equidade na participação social e democrática no mundo virtual, sem exceções”, ressalta Claudia Werneck. “Na prática, é uma articulação de programas diferentes, mas todos gratuitos ou muito baratos. Fomos descobrindo a solução e quebrando a cabeça nos primeiros experimentos. O custo maior é a própria contratação de profissionais dos três recursos de acessibilidade, que devem funcionar simultaneamente: intérprete de Libras, audiodescritor e profissional de legenda em tempo real”, explica Pedro Prata, coordenador da Escola de Gente. “Fazemos o encontro em uma plataforma de reuniões online, como Zoom ou Webex. Todos participam juntos: pales-
trantes, mediadores e profissionais de acessibilidade. Por meio de um software para gravar vídeos e fazer transmissões ao vivo, que pode ser o OBS Studio ou Ciclano, fazemos a montagem da tela, fundo, disposição visual dos participantes, janela de língua de sinais, legenda ao vivo, e espelhamos em uma plataforma de rede social, como Facebook ou Youtube”, esclarece Pedro. “Desenvolvemos essa solução ao percebermos, logo no começo da pandemia, como a falta de informações com acessibilidade, principalmente nas lives e outros formatos de encontros virtuais, estava aprofundando a exclusão de pessoas com deficiência. Assim, resgatamos toda a nossa experiência de 18 anos em projetos presenciais totalmente acessíveis e aplicamos em ambientes virtuais. Essa solução pode ser usada em qualquer atividade online: lives, reuniões, conferências e até aulas virtuais”, completa o coordenador. Quem tiver interesse em conhecer o projeto ‘Hiperconexão Inclusiva’ pode entrar em contato com a ONG Escola de Gente pelo Facebook ou Instagram. (Fonte: Vencer Limites/Estadão)
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Isenção de IPI deve abranger carros adquiridos por surdos, decide STF
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or 10 a 1, ministros do STF decidiram por declarar a inconstitucionalidade por omissão da lei 8.989/95, a qual exclui deficientes auditivos da isenção de IPI na compra de automóveis. Estabeleceu-se, ainda, o prazo de 18 meses, a contar da data da publicação do acórdão, para que o Congresso Nacional adote as medidas legislativas necessárias a suprir a omissão legislativa. O caso foi julgado em plenário virtual, em votação finalizada no dia 21 de agosto.
CASO O então Procurador Geral da República (PGR), Rodrigo Janot, ajuizou ação pedindo que fosse estendido aos deficientes auditivos benefício fiscal para a aquisição de automóveis. Na ADO 30, Janot questiona dispositivo da lei 8.989/95 que prevê a isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para pessoas com deficiência, mas não inclui entre os beneficiários os deficientes auditivos. Segundo o PGR, a omissão implica violação ao princípio da dignidade da pessoa humana e da isonomia, previstos no artigo 1º, inciso III, e no artigo 5º, caput, da CF. Para Janot, a isenção do IPI para automóveis adquiridos por deficientes condiz com o
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princípio da dignidade da pessoa humana, mas a ausência desse direito para os deficientes auditivos cria uma discriminação injustificada.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO Dias Toffoli, relator, votou pela procedência dos pedidos, de modo a declarar a inconstitucionalidade por omissão da lei 8.989/95, determinando-se a aplicação de seu art. 1º, inciso IV, com a redação dada pela lei 10.690/03, às pessoas com deficiência auditiva, enquanto perdurar a omissão legislativa. Votou, ainda, por estabelecer o prazo de 18 meses, a contar da data da publicação do acórdão, para que o Congresso Nacional adote as medidas legislativas necessárias a suprir
a omissão legislativa. Dias Toffoli explicou que há quem argumente que o benefício fiscal previsto no dispositivo impugnado seria dirigido às pessoas que, por força de deficiência, teriam dificuldade ou impossibilidade de locomoção, razão pela qual não haveria sentido aplicá-lo em benefício das pessoas com deficiência auditiva. “Em meu modo de ver, as alegações formuladas nessa direção igualmente não merecem prosperar.” Toffoli afirmou que diversos estudos demonstram que a deficiência auditiva geralmente traz diversas consequências, como comprometimento da coordenação, do ritmo e do equilíbrio. “Consequências desses tipos, em meu entendimento, dificultam a locomoção da pessoa
com essa deficiência”. “Destaco que, não obstante o Poder Público tenha, por meio do benefício fiscal em análise, implementado as aludidas políticas públicas, ele o fez de maneira incompleta e discriminatória. Afinal, as pessoas com deficiência auditiva não foram incluídas no rol dos beneficiados de tais políticas. E, ao assim proceder, ofendeu não só a isonomia, mas também a dignidade e outros direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais das pessoas com deficiência auditiva.” Acompanharam o relator: Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux. (Fonte: Portal Migalhas)
mil e 40 mil registros confirmados. A pesquisa feita pela Merck e a associação Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME) avaliou os principais desafios e necessidades não atendidas por pessoas que convivem com a Esclerose Múltipla e também por médicos neurologistas na jornada de tratamento. Fadiga foi o sintoma mais citado por quem tem EM, além dos impactos na qualidade de vida e também no humor. Dificuldade para se concentrar e dor, alterações motoras – como desequilíbrio e ten-
dências a quedas -, problemas cognitivos e de memória também foram mencionados. Entre os médicos ouvidos, a maioria apontou alterações motoras como um dos grandes desafios para quem tem EM. Uma das propostas da ‘Casa da Esclerose Múltipla 2020’, que fica aberta até dezembro, é ampliar o conhecimento sobre sintomas muitas vezes imperceptíveis para quem não conhece a EM. Por isso, a característica imersiva, em realidade virtual, busca a empatia e faz diversos alertas, especialmente no
que diz respeito ao diagnóstico precoce. Nesta quarta edição, o tema é ‘Liberdade para o Amanhã’. (Fonte: Blog Vencer Limites/Estadão)
Esclerose Múltipla e as preocupações com o futuro
Preocupações com as complicações causadas pela Esclerose Múltipla ao longo da vida, os gastos com planos de saúde, exames e outros custos são os principais destaques de uma pesquisa apresentada nesta quarta-feira, 20, na abertura da ‘Casa da Esclerose Múltipla 2020’. O estudo completo será publicado em outubro. Condição neurológica que provoca diversas deficiências, principalmente físicas e visuais, a EM atinge aproximadamente 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, tem entre 30
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Cresce o número de denúncias de violência contra PCD´s
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evantamento do Centro de Apoio Técnico (CAT) da 1ª Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência, em São Paulo, releva que o número de atendimentos, que havia caído de 136 em janeiro para 30 em abril, voltou a subir, assim como o montante de Boletins de Ocorrência. Segundo o documento, em maio, foram 109 pessoas atendidas, presencial ou remotamente. Em junho, foram 134. Em relação aos Boletins de Ocorrência, foram registrados 12 em abril, 10 em maio e 17 em junho. Para Cleyton Borges, supervisor do Centro de Apoio Técnico (CAT) -- que é gerido pelo Instituto Jô Clemente (antiga Apae de São Paulo) --, esses números refletem um cenário preocupante. "Nós percebemos que no início da quarentena houve uma queda considerável no número de atendimentos por conta do isolamento social, que impediu que as pessoas com deficiência pudessem vir até a delegacia ou entrar em contato para denunciar casos de violência. Agora, com a flexibilização da quarentena, mais pessoas estão nos procurando, tanto em atendimentos remotos como em atendimentos presenciais", diz. A supervisora do Programa Jurídico-Social do Instituto Jô Clemente, Luciana Stocco, explica que durante os primeiros meses da pandemia, muitos casos de violência não foram observados em razão do isolamento. "A pandemia tirou as pessoas com deficiência da escola, do trabalho e de outros lugares que costumavam frequentar, pela necessidade de ficarem em casa para se protegerem do novo coronavírus. Com isso, muitos casos de violência que acontecem em casa, por exemplo, não foram observados por professores, psicólogos, colegas, entre outros grupos", comenta. Segundo ela, "muitas vezes, as denúncias surgem após observação de pes-
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soas com as quais eles convivem fora de casa. Sem essa convivência, a violência continua acontecendo, mas não é notada", afirma. Este mês, o Instituto Jô Clemente, em parceria com o Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (FUMCAD), lançou uma campanha nas redes sociais para informar a população sobre a importância de se denunciar a violência contra pessoas com deficiência. Para a titular da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Célia Leão, "precisamos entender que o cenário no planeta hoje é outro. A América Latina, Brasil e Estado de São Paulo também fazem parte desse contexto". Segundo ela, "os problemas aumentaram e as ações têm que ser reinventadas. O número de denúncias de violência contra pessoas com deficiência aumentou, assim como de forma geral contra as mulheres, e isso também se refletiu nas mulheres com deficiência", diz a secretária. A psicóloga do Instituto Jô Clemente, Daniela Farias, que atua na equipe de atendimento do Centro de Apoio Técnico, afirma que "parte da população acredita que a violência só acontece quando deixa marcas, mas não é só isso. Violência é toda forma de agressão, seja, psicológica, patrimonial, sexual, físi-
ca ou violação de direitos humanos. Quando falamos em pessoas com deficiência não podemos esquecer que o ambiente familiar, o mesmo que promove o cuidado, pode por vezes propiciar situações de violências, devido à ausência de uma política de cuidado que acaba sobrecarregando a família", explica.
DISQUE 100 Em 2019, o Disque Direitos Humanos (Disque 100), coordenado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, registrou 12,9 mil denúncias de violências praticadas a pessoas com deficiência em todo o país. Esse número representa um aumento de 9% em relação ao ano anterior. Segundo o levantamento, apresentado pelo Ministério em 4 de junho, o agressor é, na maioria das vezes, alguém do convívio familiar ou próximo da vítima, sendo 29% das violências praticadas por um irmão, 17% por filho, 11% pela mãe e 7% pelo pai. O documento mostra ainda que 54% das vítimas são do sexo feminino e 46% do sexo masculino, sendo a maior parcela (58%) com deficiência intelectual. Pessoas com deficiência física agredidas somam 19%. "Precisamos que a sociedade ajude a denunciar qualquer tipo de violência contra as
pessoas com deficiência, principalmente porque é comum que essas pessoas encontrem barreiras para denunciar o que ocorre com elas, infelizmente", comenta Cleyton. "Além disso, é preciso que o poder público trabalhe cada vez mais no combate a qualquer tipo de violência", finaliza. "O trabalho conjunto da 1ª Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência, junto com o Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência, busca conter essa violência com ações concretas, como o novo ‘Programa Todas in-Rede’ no combate à violência contra a mulher com Deficiência e o Centro de Apoio Técnico (CAT) com profissionais capacitados para acompanhar de perto os casos que requererem maior atenção", finaliza a secretária Célia Leão. Além do Disque 100, existem outros que podem ser usados para se fazer uma denúncia:
n WhatsApp para pessoas com deficiência, exceto pessoas surdas: (11) 99918-8167 n WhatsApp exclusivo para pessoas surdas (com Intérprete de Libras): (11) 94528-9710 n Telefone fixo: (11) 3311-3380
(Fonte: Segs Seguros)
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Nova técnica detecta Alzheimer de modo rápido e mais barato
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ma técnica que detecta no sangue pequenas quantidades de uma proteína fragmentada, ligada à doença de Alzheimer, pode levar a um exame simples que possibilita o diagnóstico anos antes de aparecerem os sintomas. O estudo foi publicado em agosto na revista científica Journal of Experimental Medicine e apresentado no mesmo dia na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer em Chicago (EUA). Uma das boas notícias é que o teste pode tornar o diagnóstico mais simples, barato e, portanto, acessível a um número muito maior de pessoas. Pesquisadores de quatro países liderados pela Universidade de Lund, na Suécia, observaram que os níveis da proteína P-tau27, abundante no sistema nervoso central e no sistema nervoso periféricos, aumentam durante as etapas iniciais do Alzheimer. Eles estimam que o método, baseado nessa proteína, poderia detectar as mudanças cerebrais até 20 anos antes de aparecerem os sintomas da doença. Numa avaliação do estudo para o jornal americano The New York Times, o dr. Michael Weiner, pesquisador do assunto na Universidade da Califórnia (EUA) – e que não participou do estudo – disse que “ainda não é uma cura, não é um tratamento, mas ninguém consegue tratar uma doença antes de ter um diagnóstico. E um diagnóstico preciso, a baixo custo, é algo incrível, um avanço decisivo”. Na mesma linha, o professor de neurologia da Harvard Medical School (EUA), Rudolph Tanzi, ponderou também para o jornal americano que “os resultados precisam ser aplicados em testes clínicos com outras populações, incluindo as que representem mais diversidade étnica e racial”. Ou seja, não é nada para amanhã. Aguardado há tempos pela comunidade médi-
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ca, o diagnóstico, para ser usado clinicamente, precisa ainda passar por mais etapas de pesquisa. Cientistas acreditam que, se comprovados os benefícios, a técnica poderia estar disponível para uso clínico em cerca de três anos.
30 MILHÕES Segundo a Organização Mundia l da Saúde (OMS), a doença é a forma mais comum de demência e representa entre 60% e 70% de todos os casos de síndromes envolvendo deterioração de memória, pensamento, comportamento e a capacidade para realizar atividades diárias. No mundo, segundo os números mais recentes, há cerca de 30 milhões de afetados pelo Alzheimer. Perceptível com mais frequência depois dos 65 anos, a condição começa antes em cerca de 5% dos casos. O tempo médio de vida do paciente vai de três a nove anos e o atendimento a essa população é hoje um dos tratamentos mais caros da medicina nos países desenvolvidos. “Há uma necessidade urgente de ferramentas que sejam simples, de baixo custo e não invasivas para esse diagnóstico”, disse Maria Carril-
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lo, cientista e porta-voz da Associação de Alzheimer dos EUA. “A possibilidade de uma detecção precoce, que permita intervir com tratamento antes que a doença cause perdas significativa no cérebro, seria uma grande mudança para os pacientes, para as famílias e também para o nosso sistema de saúde”, acrescentou a cientista. Rastreando a proteína. A doença de Alzheimer é caracterizada pela presença de placas, que formam no cérebro uma proteína chamada amilóide B e aglomeração da proteína tau. Esta é responsável por formar “nós” de fibras nos neurônios dos pacientes. Atualmente, as mudanças cerebrais que acontecem antes da manifestação de sintomas podem ser vistas somente em tomografia por emissão de pósitrons (conhecida pela sigla em inglês, PET) ou medindo as proteínas amilóide e tau no líquido na medula espinhal. Os cientistas envolvidos na pesquisa já haviam descoberto que um fragmento modificado da proteína tau, conhecido como P-tau-217, se acumula no líquido da espinha (também chamado de líquor ou líquido cefalorraquidiano) dos pacientes
antes que apareçam os sintomas cognitivos. Esse fragmento aumenta o progresso da doença e pode prever com precisão a formação de placa amilóide. Os pesquisadores também estimaram que a P-tau-217 poderia ser encontrado no sangue de pacientes com Alzheimer, embora em níveis muito baixos que dificultariam a detecção. A equipe desenvolveu um método baseado em espectrometria de massa para medir a quantidade desse fragmento e outros da proteína tau em apenas 4 ml de sangue, mesmo que as amostras sejam tão pequenas e contenham menos de um bilionésimo de grama de P-tau-217. Os cientistas também perceberam que, como ocorre com os níveis deste fragmento no líquor, os níveis de P-tau-217 no sangue eram muito baixos em voluntários saudáveis, mas se mostravam mais elevados em pacientes com placas amiloides, mesmo naqueles sem sintomas cognitivos. “Não é ainda uma cura, um tratamento. É um diagnóstico preciso, a baixo custo, é algo incrível, um avanço decisivo”, afirma Michael Weiner, pesquisador da Universidade da Califórnia. (Fonte: Estadão)
Senado aprova: paratletas terão auxílio emergencial por 3 meses
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Senado aprovou em agosto o pagamento de auxílio emergencial para profissionais do setor esportivo. O Projeto de Lei 2.824 de 2020 prevê o crédito de três parcelas de R$ 600 para maiores de 18 anos. Atletas ou paratletas com idade mínima de 14 anos que sejam vinculados a uma entidade desportiva também poderão receber o benefício. Outra condição é que o esportista não esteja vinculado a um emprego formal. Conforme o texto, o beneficiário também deverá ter renda familiar mensal per capita de até meio salário-mínimo ou renda familiar mensal total de até três salários mínimos, o que for maior, e não ser titular de benefício previdenciário ou assistencial. Quem recebe seguro
desemprego ou participa de algum programa de transferência de renda federal também não poderá receber o benefício. O projeto, originário da Câmara, foi alterado pela relatora da matéria no Senado, senadora Leila Barros (PSBDF), e, por isso, retorna para nova análise naquela Casa. O projeto estabelece que o auxílio será pago pela União até o limite R$ 1,6 bilhão de impacto no orçamento. A relatora esclareceu que o auxílio será importante não só para atletas e paratletas, mas também para trabalhadores que dependem do pleno funcionamento do setor, como piscineiros e cortadores de grama de campos e estádios. Leila destacou ainda a importância de ajudar profes-
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sores de projetos sociais em regiões remotas ou comunidades carentes nas metrópoles. “Esses educadores desenvolvem um trabalho de forte impacto na sociedade. Eles estão cui-
dando dos nossos jovens, ajudando por meio do esporte a tirá-los do assédio da criminalidade.”
ALTERAÇÕES Leila Barros incluiu no rol de profissionais aptos a receber o auxílio cronistas, jornalistas e radialistas esportivos, sem vínculos empregatícios com entidades de prática desportiva ou emissoras de radiodifusão. A senadora também acolheu emenda que autoriza entidades como Comitê Olímpico Brasileiro, Comitê Paraolímpico Brasileiro e entidades de administração do desporto a empregar os recursos advindos das loterias também para quitação de débitos de natureza fiscal, administrativa, trabalhista, cível ou previdenciária. (Fonte: Infomoney)
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Seleções paralímpicas investem em treinos coletivos virtuais
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CPB/Divulgação
s atletas brasileiros precisaram readaptar as rotinas de treino durante o isolamento social devido à pandemia do Covid-19. Para as Seleções Brasileiras de modalidades coletivas, como futebol de 5 e vôlei sentado feminino, não foi diferente. As duas equipes estão classificadas para os Jogos Paralímpicos de Tóquio no ano que vem e seguem a sua preparação de forma virtual desde março. Ambas as equipes utilizavam as estruturas do Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, para as fases de treinos programadas ao longo do ano. Com o fechamento do CT em março e a implementação do isolamento social em várias cidades do país, os atletas tiveram seus treinos suspensos. “Nas primeiras semanas nós fizemos inúmeras palestras para que elas pudessem entender a relação da mulher, enquanto atleta, com o treinamento. Tivemos psicólogas, médica nutróloga e vários profissionais que trabalham com esporte de uma forma multidisciplinar para temas diferentes. Depois, nós entramos na segunda fase que foi a parte do treinamento mental com o auxílio da Cris, psicóloga do CPB. Nós elaboramos
todo um treinamento mental. A gente passava as atividades práticas através de vídeos e elas faziam em casa durante a semana. Agora estamos desenvolvendo um treino cognitivo”, conta José Antônio Guedes, técnico da Seleção Brasileira feminina de vôlei sentado. “Os treinos virtuais têm sido importantes para mim, para poder manter o contato com as meninas. Fazer atividades juntas como a gente costuma fazer quando estávamos realmente juntas de corpo”, aponta a jogadora Nathalie Filomena, medalhista de bronze nos Jogos Rio 2016. Já a goiana Adria Jesus, também medalhista nos Jogos Rio 2016, ressaltou que os treinos virtuais trouxeram uma dinâ-
mica diferente para os treinos em casa. “Eu tentei manter meu treino, comprei umas anilhas, elásticos. O treino cognitivo acaba sendo mais um treino para tirar aquele treino monótono. Em casa, você faz aquele toque na parede, somente.” A Seleção Brasileira feminina foi vice-campeã nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019 e conquistou a vaga para os Jogos de Tóquio. Já no futebol de 5, os atletas se reúnem virtualmente mensalmente e os treinos foram adaptados para a condição caseira de cada um. “No fim de março, o preparador físico e eu adaptamos os treinos para dentro de casa. Acompanhamos os atletas individualmente através de fotos,
vídeos. Ajustamos as fichas de treinos de acordo com o que o atleta tinha em casa. Os treinos são de manutenção articular e muscular. A nutricionista também os acompanha para que a gente consiga manter a composição corporal desses atletas e a gente ajusta os treinos de acordo com isso também, para que eles não engordem", explicou Alexandre Sergio, fisiologista da Seleção Brasileira de futebol de 5. Este trabalho é desenvolvido com a Seleção principal e sub-23 da modalidade. A equipe canarinho está classificada para os Jogos Paralímpicos de Tóquio, no ano que vem, desde 2018 ao sagrar-se campeã mundial na Espanha. (Fonte: CPB/Assessoria)
Por conta das mudanças no calendário esportivo decorrentes da pandemia do novo coronavírus, a IBSA (sigla em inglês para Federação Internacional de Esportes para Cegos) anunciou uma nova programação envolvendo as principais competições de futebol de 5, incluindo a próxima edição da Copa do Mundo, que será disputada em 2023, na cidade inglesa de Birmingham. O principal torneio da modalidade estará inserido em uma espécie de "combo" de eventos que a cidade promoverá simultaneamente dentro dos tradi-
cionais Jogos Mundiais da IBSA, de 18 a 27 de agosto de 2023. A última edição aconteceu em 2015, em Seul, na Coreia do Sul – uma versão menor com judô e goalball, que serviu de qualificatório para Tóquio, foi disputado em Fort Wayne, nos EUA, no ano passado. No futebol de 5, além do Mundial masculino, será realizada ainda a segunda edição da Copa do Mundo feminina – a primeira estava prevista para novembro deste ano, em Enugu, na Nigéria, mas foi adiada também por conta do surto de Covid-19. Outro torneio a inte-
CPB/Divulgação
para deficientes visuais tem a oferecer, os espectadores poderão ficar de perto da ação em Birmingham, além de experimentar outros esportes ao mesmo tempo", disse a presidente da IBSA, Jannie Hammershoi. Os Jogos Mundiais serão realizados na Universidade de Birmingham. Ao todo, são esperado mais de mil atletas de 70 países em 11 esportes diferentes – incluindo, além do futebol de 5, o goalball e o judô, modalidades também geridas pela Confederação Brasileira de Desportes de Deficientes Visuais (CBDV). (Fonte: CPB)
Copa do Mundo de Futebol de 5 será na Inglaterra
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grar este combo será o Mundial de futebol B2/B3. "Esta notícia certamente despertará o interesse dos fãs de futebol em todo o mundo, especialmente na Grã-Bretanha, onde o esporte é extremamente popular. Com vários Campeonatos Mundiais mostrando o melhor que o futebol