JNE 03/04/2018

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terça-FEIRA • 3 de abril de 2018

POLÍCIA

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crueldade

Advogada é vítima de latrocínio em Aquidauana; ela já foi furtada outras vezes pelo autor giselli figueiredo

A advogada e comerciante Clarinda Yamaura Tamashiro, 72 anos, foi encontrada morta em sua residência por vizinhos na tarde desta quartafeira (28), amordaçada, nua e com sinais visíveis de estrangulamento. Um adolescente de 16 anos foi flagrado por populares pulando o muro do imóvel, onde foi imobilizado e entregue a Polícia Militar. De acordo com o delegado titular da Delegacia de Polícia Civil de Aquidauana, Eder Oliveira Moraes, o menor confessou e não demonstrou nenhum arrependimento. “Frio, muito frio em seu depoimento, uma frieza terrível, de uma calma assustadora e contou em detalhes toda a ação, como se estivesse conversando com um amigo”, contou. Segundo o delegado, o adolescente planejou o crime na noite de terçafeira (27) e disse que entrou por volta das 5 horas da manhã desta quarta no quintal da residência e ficou escondido. Por volta das 6 horas Clarinda se levantou e foi até a cozinha, que fica do lado de fora da casa, momento em que o menor vai para o quarto e se esconde, quando a vítima retorna para o cômodo é surpreendida com um soco no rosto. A idosa então cai com o golpe e é arrastada para a cama, onde o adolescente contou ao delegado que imobilizou a vítima com a perna em seu rosto, enquanto a amarrava e em seguida colocou uma toalha na boca da advogada e com um fio enrolou em seu pescoço. “Ele matou a vítima estrangulada, com requintes de crueldade e não demonstrou nenhum remorso. Ele viu a mulher que estava com as mãos

Menor pretendia levar quase R$ 14 mil de Clarinda. Em outra ocasião ele foi flagrado pela PM com R$ 5 mil da víti-

e pés amarrados morrer asfixiada, é de uma frieza sem tamanho”, narrou o delegado. O adolescente então vasculhou o guarda-roupas e achou o montante de dinheiro, total de R$ 13,880 reais e começou a colocar no porta-malas do carro da vítima. Questionado se ele sabia dirigir, ele negou e disse que era só para tirar o dinheiro de dentro da residência. Ele nega que tenha abusado sexualmente da advogada, mas o delegado disse que a confirmação depende do resultado de exames laboratoriais de materiais coletados pela Perícia. O jovem passou praticamente o dia na casa, com a vítima morta no

quarto. Mas teve os planos frustrados por vizinhos, que estranharam o fato da loja de Clarinda estar fechada e foram até o local, como a idosa não atendeu, uma vizinha conseguiu entrar na casa e se desesperou ao vê-la morta. O menor que estava escondido no quintal, tentou pular o muro, mas foi flagrado por populares que impediram a fuga e acionaram a Polícia Militar. Ele irá responder por ato infracional análogo ao crime de latrocínio. Menor latrocida ganhou a confiança da vítima Segundo as investigações, o adolescente de 16 anos mora em Aquidauana desde dezembro. Ele morava com o pai em Bonito e veio para a cida-

de morar com a mãe, em uma casa que fica aproximadamente três quarteirões da Casa Tamashiro. Passando pelo local várias vezes, ele acabou se aproximando de Clarinda e ganhou sua confiança, onde viu que seria uma “presa fácil” para seus delitos. Ainda de acordo com a Polícia, a vítima foi furtada outras vezes pelo autor. Em uma delas, ele chegou a levar R$ 5 mil, mas a Polícia Militar foi acionada e conseguiu apreender o adolescente e recuperar a quantia. Assassino entrou em contato com familiares Após cometer o crime, o menor ainda fotografou o montante do dinheiro e enviou para o pai e para a irmã. Questionado pelos familiares, ele descon-

versou e encerrou o assunto. Segundo o delegado, ele também acionou um táxi e programou a corrida para às 21h30 de ontem. Mais um indício de que ele estava convicto do crime perfeito. Outras vítimas Apesar de pouco tempo na região, o menor se tornou conhecido da polícia, por diversos furtos praticados. Inclusive foi detido na última sextafeira (23) em Anastácio por furtar um agente penitenciário. Em quase todos os delitos, a Polícia Militar obteve êxito em identifica-lo e recuperar pertences das vítimas. Adolescente aguarda vaga para UNEI – Unidade Educacional de Internação. O JNE conversou com

o juiz Giuliano Máximo Martins, da Vara Criminal – Infância e Juventude, Comarca de Aquidauana, onde ele informou que, o juiz plantonista vai decidir sobre a apreensão e sua manutenção. Caso mantenha, deve solicitar vaga na Unei. Este é o procedimento. Mas o magistrado reforça que em um caso bárbaro como esse, provavelmente será mantida a apreensão e a vaga concedida rapidamente, em razão da gravidade. Caso o adolescente não seja encaminhado para uma UNEI no prazo de cinco dias, ele poderá sair pela porta da frente da delegacia. Após esse período, a Polícia Civil é obrigada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente a abrir a porta da cela e colocar o menor na rua. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, ele tem que ficar em uma cela separada em um prazo máximo de cinco dias, até uma vaga na UNEI ser disponibilizada. Mesmo nos casos dos menores que são liberados por falta de vaga, o processo na Justiça continua e um mandado de busca e apreensão pode ser expedido a qualquer momento, mas daí a polícia tem que tentar encontrar novamente o menor infrator, que foi liberado por falta de vaga. Mesmo esse adolescente de 16 anos matar a advogada Clarinda Tamashiro de forma cruel, estrangulada, com os pés e mãos amarrados, sem a chance mínima de sobreviver, pode estar nas ruas em menos de uma semana do crime, motivo de preocupação e revolta para a população de Aquidauana e Anastácio. Sentimento de medo, terror e impunidade por parte dos moradores.


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