Livro_TFG_Jaqueline_Mongeroth

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6.1. Da habilidade em habitar Querendo-se habitar sua habilidade será alcançada através da experiência, enfim, do exercício do habitar. E exercer o habitar, finalmente podemos compreender que, por mais inato que nos pareça na verdade não é, e se faz do conjunto de circunstâncias aqui tratadas e, principalmente, da manutenção e prática do lar. A prática que nos levará a uma transformação no nosso modo de habitar e mais que habitarmos espaços em que nos encontramos, poderemos ir à busca de lares ideais, pois como nos lembra Heidegger “somente em sendo capazes de habitar é que podemos construir”. A habilidade em habitar pressupõe a necessidade do homem em manipular o espaço e a procura pelo lar é o que permite ao indivíduo ser: “ (...) o homem pode habitar somente quando é de um outro modo que ele já ‘cultivaconstrói’... projetando constantemente o ‘construir-cultivar’.” É este fazer (poièsis) que conduz o homem sobre a terra, à terra e que o conduz, assim, na habitação.”

Entendemos anteriormente que o “cultivar-construir” se dá na estruturação psicológica do indivíduo e exprime exatamente o hábito que impulsiona o habitar ao ser construir e cultivar relações de identidade. O notar e fazer-se notável, o envolvimento defendido por Tuan que classifica o indivíduo que implemente “vê” como um expectador que não possui relação com a cena. A habilidade em habitar reside em “enxergar” lares, talvez como parte de nossas crenças ou dos referidos ritos emocionais, é a abertura do Ser: “ Para o homem positivo, tudo o que é irreal se parece, já que as formas estão submersas e afogadas na irrealidade. Só as casas reais poderiam ter uma individualidade. Mas um sonhador de casas vê casas em toda parte. Tudo serve de motivação para os sonhos de abrigo.”

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