(DES)Fazenda: o fim do mundo como o conhecemos

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Luciane Ramos Silva*

Artista da dança, antropóloga e mediadora cultural

SABER DE SI E SE ENCANTAR

MOVIMENTOS PARA A PERGUNTA: “COMO (DES)ENCANTAR O MUNDO COMO CONHECEMOS?” A primeira sugestão que ofereço às pessoas que lêem este texto, é que enraízem seus pés no solo e sintam-se empurrando o centro da terra, num compartilhamento de forças. Se você estiver sentada, sinta seus ísquios na cadeira e imagine que seu assoalho empurra o centro da terra, que seu tronco cresce e seu plexo abre, emitindo luz e dignidade. E por que começar organizando o corpo? O tempo presente exige que capturemos todas as forças, visíveis e invisíveis, para permanecermos em existência. O corpo é um dos alvos do pensamento colonizador que ao longo dos séculos definiu e validou um certo tipo de produção de conhecimento, conceituando “primitivos” e “civilizados” e instaurando dualismos perversos que estão impregnados nas formas hegemônicas de percepção da experiência humana. O corpo e a linguagem foram suportes fundamentais para a definição da ordem deste mundo tal qual conhecemos e

* É doutora em Artes da Cena e mestre em Antropologia pela Unicamp. Nos últimos dez anos, desenvolveu projetos sobre corpo, cultura e colonialidade, aprofundando as relações Sul-Sul entre o Brasil e contextos da África do Oeste. É codiretora da revista O Menelick2Ato. É gestora de projetos do Acervo África e compõe a Anykaya dance Theater, companhia sediada em Boston e atualmente é editora convidada da WSQ Feminist Press.


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