Relatório de Atividades IPÊ 2016

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IPÊ RELATÓRIO DE ATIVIDADES 2016

2016


2016 relatรณrio de atividades


sumário Summary

Quem somos e Missão 5

4. Projetos temáticos 54

Carta da presidente 6

4.1 Áreas protegidas 55

Prefácio 8

4.2 Pesquisa & desenvolvimento 62

Who we are and Mission Letter from the President Preface

1. Destaques, publicações e premiações 2016 10

Highlights, Publications And Awards In 2016

2. IPÊ em números 18 Ipê In Numbers

3. Projetos por local de atuação 20 Project By Site Of Operation

3.1 Pontal do Paranapanema 22

3.2 Nazaré Paulista 32

3.3 Baixo Rio Negro 38

Pontal do paranapanema Nazaré Paulista

Lower Rio Negro

3.4 Pantanal e Cerrado 44 Pantanal And Cerrado

(The Brazilian Savanna)

Thematic projects

Protected areas

Research & Development

4.3 Áreas urbanas 63

Urban Tree Plantation

5. Parcerias Institucionais e Campanhas 64

Institutional Partnerships And Campaigns

6. ESCAS 72 ESCAS

7. Conecte-se ao IPÊ 82 Connect to ipe

8. Quem fez o IPÊ 2016 83 Who Made Ipê In 2016

9. Apoiadores, parceiros e financiadores 84

Supporters, Partners And Financiers

10. Report in english 90 11. Dados financeiros 108

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quem somos O IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas é uma organização brasileira, sem fins lucrativos, com título de OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Criada em 1992 para promover a conservação da biodiversidade do Brasil, a instituição desenvolve cerca de trinta projetos socioambientais na Mata Atlântica, Amazônia, Pantanal e Cerrado. Todos os trabalhos são apoiados em pesquisa, educação, envolvimento comunitário, cadeias produtivas, negócios sustentáveis e influência em políticas públicas, frentes que fazem parte do Modelo IPÊ de Conservação, criado pela instituição. Além disso, o IPÊ também promove cursos por meio da ESCAS - Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade.

missão Desenvolver e disseminar modelos inovadores de conservação da biodiversidade que promovam benefícios socioeconômicos por meio de ciência, educação e negócios sustentáveis.

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carta da presidente

O ano de 2016 findou, com muitas ações concretizadas pela nossa equipe. Nos preparamos agora para 2017, ano em que celebramos os 25 anos do IPÊ! A palestra inaugural do Professor Kent Redford, em evento realizado na ESALQ, marcado pela criação do Instituto, trouxe uma mensagem marcante, que é pertinente até hoje. Comparou as muitas degradações que aviltam continuamente as Unidades de Conservação e demais áreas naturais, como mineração, estradas, ocupações irregulares, ou outras formas de exploração e desenvolvimento insustentável a Ulisses, quando pediu que fosse amarrado ao mastro do navio para não cair na tentação do canto das sereias. Quanto maiores as tentações mais necessárias são as amarras, dizia Kent. O tempo passou e as amarras não parecem ter sido fortes o suficiente. As perdas nesse período foram significativas e contínuas em todos os cantos do mundo. Nesse cenário, muitos perdem as esperanças, e o desânimo detém iniciativas que poderiam fazer diferença. Mas, este não é o caso do IPÊ e por isso temos razões de sobra para celebrarmos tantas conquistas que beneficiam gente e natureza, mesmo em meio a perdas e desarmonias. Cada pequena vitória se torna fonte de inspiração para nos impulsionar a fazer mais e melhor. E o que é surpreendente, tem muita gente que quer contribuir para um mundo socialmente justo e ambientalmente equilibrado e nossas esperanças se revigoram e não diminuem. O canto das sereias parece ter se distanciado dos ouvidos da equipe do IPÊ, que tem se beneficiado com as belezas que a própria natureza e as pessoas com quem trabalhamos inspiram. A música passou a ser mais comparável a lira de Orfeu do que ao canto das sereias, pois a fonte de inspiração vem do convívio com as belezas nos fazem curvar e nos render às maravilhas com as quais travamos contato. É um privilégio descobrir o quão rico é esse planeta e nossa responsabilidade aumenta ao querermos o proteger, e cuidar de cada aspecto de sua existência. Mais do que nunca o papel como IPÊ, por nosso momento de maior maturidade, é contagiarmos a todos que pudermos com as maravilhas pelas quais nos apaixonamos. Nossas liras são o coaxar dos sapos, as melodias dos pássaros, o chamado esganiçado dos micos-leões pretos, ou ao rosnar das onças. São infinitas riquezas que queremos proteger a assegurar que sobrevivam ao canto das sereias, para que nossos filhos e netos possam usufruir de toda essa herança única que herdamos, e que vale a dedicação de cada momento de nossa existência. Somos gratos a você, leitor, por estar nos acompanhando, nos apoiando e comemorado junto conosco todos estes anos. Que juntos consigamos que as liras ressoem por toda parte do mundo, propagando nossos ideais. Temos muitos a agradecer e esperamos que saibam o quanto reconhecemos cada um que faz parte de nossa equipe, nosso Conselho, nossos apoiadores e todos que nos têm ajudado de alguma maneira a realizar sonhos conjuntos. Você é fundamental para que possamos avançar e produzir as músicas que desejamos ouvir em nosso país e nosso planeta. Obrigada! Suzana Machado Padua Presidente

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prefácio

O IPÊ é uma organização formada por um grupo de mais de 50 profissionais, de áreas de interesse diversas, mas que têm em comum a intenção de aproveitar e aprimorar suas habilidades e conhecimentos para fazer transformações no planeta. Esse poder transformador é alinhado com a missão de desenvolver e disseminar modelos inovadores de conservação da biodiversidade, promovendo benefícios socioambientais por meio de ciência, educação e negócios sustentáveis. No presente relatório nós descrevemos as ações desenvolvidas em 2016 para atingirmos a missão institucional. O número crescente de publicações de autoria de nossos técnicos e pesquisadores e os prêmios recebidos, descritos nas primeiras páginas, são alguns dos indicadores de que conhecimento e inovação são elementos intrínsecos da nossa forma de atuação. Mas o impacto e as transformações que almejamos vão além da geração de conhecimento e se materializam com as ações de longo prazo de nossos projetos socioambientais e de nossas iniciativas de educação, relatadas nas páginas seguintes. Boa parte de nossos projetos ocorre em regiões específicas, que chamamos de “sites de atuação do IPÊ”: Pontal do Paranapanema, Nazaré Paulista (que inclui ações de proteção em áreas de influência do Sistema Cantareira), Baixo Rio Negro e Pantanal/Cerrado. Neles, buscamos estabelecer programas integrados de longa duração, que visam a conservação de biodiversidade aliada a ganhos socioambientais. Além dos projetos que acontecem nos sites do IPÊ, temos também os projetos temáticos, que seguiram se expandindo e se consolidando em 2016. Através destes projetos, os pesquisadores do IPÊ têm feito contribuições relevantes para a gestão e a conservação de áreas protegidas. Vale mencionar o desenvolvimento de gestão empreendedora de Unidades de Conservação, as estratégias de monitoramento de recursos socioambientais com o envolvimento comunitário e os planos de manejo. Outra linha de atuação do IPÊ que começou a se estruturar em 2016 é a conservação de biodiversidade em áreas urbanas. Ainda falando em projetos temáticos, realizamos pesquisas voltadas para identificar e quantificar os serviços ecossistêmicos, especialmente com o propósito de avaliar o impacto das atividades de restauração florestal. Ao mesmo tempo em que desenvolve projetos, o IPÊ procura disseminar o conhecimento e a experiência que são acumulados na sua equipe e na sua rede de colaboradores. A ESCAS concluiu a formação de mais 11 mestres em 2016, além de 11 alunos em seu curso em formato de MBA. Nos cursos livres houve destaque para “ferramentas de ação participativa”, “viveiros de mudas”, “SIG”, além do curso à distância para utilização do software “R”. As realizações descritas neste relatório só acontecem porque o IPÊ se estrutura a partir de um diálogo com todos os setores, incluindo governo, academia, sociedade e as parcerias com empresas. A Unidade de Negócios Sustentáveis do IPÊ tem um papel fundamental na construção e no fortalecimento dessas parcerias. Além das parcerias estratégicas com o grupo Alpargatas e o Tribanco, novas abordagens para engajamento do setor privado à causa socioambiental vêm acontecendo, como por exemplo a participação no programa Arredondar. A equipe do IPÊ convida o leitor a apreciar este relatório, esperando que com ele estejamos contribuindo para divulgar e disseminar boas lições. Eduardo H. Ditt Secretário executivo

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1. destaques, publicações e premiações 2016

TURISTAS DE ATIBAIA E REGIÃO AGORA PODEM CONTRIBUIR FACILMENTE COM O MEIO AMBIENTE

1. destaques, publicações e premiações 2016 10

Em 2016, o IPÊ, a Corretora FRX, e o Atibaia e Região Convention & Visitors Bureau (ARC&VB) lançaram o projeto “Turista+”. A iniciativa propõe destinar uma parte do room-tax para contribuir em pesquisas, estudos e ações de proteção ambiental do IPÊ, além de garantir ao turista da região um seguro especial de proteção contra acidentes pessoais da Porto Seguro durante a hospedagem. O room-tax é uma contribuição voluntária do hóspede aplicada em todo o mundo nos hotéis associados ao Convention & Visitors Bureau. Cada hóspede que aderir ao projeto recebe um certificado online de “Turista+” com as informações dos diversos projetos realizados pelo IPÊ e agradecimento pela participação. Em Atibaia, o valor do room-tax é de R$2,40 por quarto/dia e 20% do que é arrecadado no mês é revertido para o IPÊ. A iniciativa tem um grande potencial. Em 2016, quatro empresas hoteleiras se associaram ao projeto e 1.973 hóspedes participaram, doando o room-tax para o IPÊ. “Para nós, ter a chancela do Convention & Visitors Bureau nesse projeto foi muito importante. Sempre foi uma instituição que nos apoiou. Entramos no Turista+ porque vimos o diferencial de ajudar a causa ambiental”, explica a gerente geral do Hotel Vila Verde, Julia Ribeiro Abade. Há 10 anos no centro de Atibaia, o hotel é um dos adeptos do projeto Turista+. Com os desafios do setor nos últimos três anos, o hotel tem passado por uma transição de um local para hospedagem de negócios para uma hospedagem também de lazer aos finais de semana. De acordo com Julia, isso só vai beneficiar o projeto Turista+. “Não tínhamos um envolvimento tão grande com causas ambientais, então o projeto veio complementar isso. Temos recebido muito turista agora nos finais de semana e isso se torna também um atrativo para quem vem visitar Atibaia. As pessoas fazem a doação do room-tax e entendem a importância disso. Um ponto importante é ter o envolvimento da equipe do hotel, principalmente da recepção, para estimular essa doação, explicando todas as oportunidades do projeto”, afirma. Para saber mais: www.ipe.org.br/ra2016

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1. destaques, publicações e premiações 2016

ONÇA-PINTADA EM RISCO Estudo estima que existam menos de 300 indivíduos em seus habitats na Mata Atlântica Estudo conduzido por pesquisadores do Brasil, Argentina e Paraguai indica que a onça-pintada (Panthera onca) perdeu mais de 85% do seu habitat na Mata Atlântica - região ecológica de quase 2 milhões de km2 que abrange a província Argentina de Missiones, estende-se pelo Paraguai oriental e atinge região central e costeira do Brasil. Além disso, identificou que populações

que ainda resistem sobrevivem em apenas 3% do seu território original. Estima-se que existam menos de 300 indivíduos em seus habitats. O trabalho, publicado em 2016 na revista Scientific Reports, é baseado em dados de 14 grupos de pesquisa de diferentes países. Segundo a pesquisa, três núcleos de Mata Atlântica são considerados de grande importância por ainda permitirem a sobrevivência de onças em longo prazo, e onde existem pouco mais de 50 indivíduos: as regiões do Alto Rio Paraná-Paranapanema (SP, PR, MS) e Serra do Mar (SP) no Brasil e o Corredor Verde, em Missiones, na Argentina. Também foram identificadas quatro áreas com populações menores, entre cinco e 15 indivíduos cada.

“O grande diferencial deste trabalho é ter conseguido reunir tantas instituições e pessoas dispostas a compartilhar dados e contribuir, fazendo deste o diagnóstico mais completo sobre a espécie em um bioma.” afirma Fernando Lima, pesquisador do IPÊ. Embora na última década tenham aumentado os esforços para proteger a onça-pintada, as ações ainda são insuficientes para garantir a conservação da espécie. A intenção deste diagnóstico, explicam os pesquisadores, é estabelecer as bases para estratégias que exigem decisões políticas e apoio financeiro para implementação dos Planos de Ação para Conservação da Onça-pintada no Brasil, Argentina e Paraguai.

TEMPO DE LATÊNCIA DAS ESPÉCIES: FENÔMENO QUE NÃO PODE SER IGNORADO NA MATA ATLÂNTICA

Alexandre Uezu

Arquivo IPÊ

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Alexandre Uezu

“Desmatamentos ocorridos especialmente no último século não apenas causaram a perda instantânea de muitas espécies localmente, como também serão responsáveis por muitas perdas futuras. Isso acontece porque muitos animais e plantas sensíveis ao ambiente não desaparecem subitamente após um distúrbio, mas podem resistir por algum tempo, às vezes décadas, até serem extintos localmente. É o fenômeno conhecido por especialistas como tempo de latência, o time lag”. A explicação é do pesquisador Alexandre Uezu, que, junto com Jean Paul Metzger, é autor de estudo publicado em 2016 na revista PloS One sobre o período de latência de aves em remanescentes da Mata Atlântica de interior, mais especificamente no Pontal do Paranapanema, extremo oeste do estado de São Paulo. Quando o desmatamento é tão intenso que só restam pequenas manchas de florestas em meio a ocupações humanas, as espécies em geral desaparecem de maneira relativamente rápida, permanecendo apenas aquelas mais comuns e menos exigentes. Foi o que aconteceu com algumas aves na Mata Atlântica do Pontal do Paranapanema. Ali, a ocupação humana fez com que a floresta, que em 1956 ocupava quase 80% da região, cedesse lugar para a pastagem e a plantação de cana-de-açúcar, passando a compor apenas cerca de 19% da região. Em 50 anos foram perdidos mais de 150 mil hectares de floresta. O que restou ficou agrupado em pequenas manchas florestais responsáveis por guardar boa parte da biodiversidade da região. Entre elas o Parque Estadual do Morro do Diabo e as áreas da Estação Ecológica Mico-Leão-Preto. O estudo identificou que ali, as aves mais comuns e generalistas não apresentaram o tempo de latência, o que provavelmente aconteceu porque elas se adaptaram mais facilmente às alterações ambientais. Por outro lado, a pesquisa indicou que as aves mais sensíveis (que necessitam de áreas mais bem preservadas para viver) ainda não se moldaram à paisagem atual fragmentada e que mais perdas acontecerão no futuro se as ações de restauração não ocorrerem de forma ampla na região. Para mais detalhes destes e outros artigos e publicações acesse: www.ipe.org.br/ra2016 13


1. destaques, publicações e premiações 2016

Guia de Educação Ambiental em UCs

EXPANSÃO PARA PRODUÇÃO DE PUBLICAÇÕES ÓLEO DE PALMA PODE AFETAR Disseminar o conhecimento sobre conservação da biodiversidade faz parte do DNA do IPÊ. Confira alguFLORESTAS EM 20 PAÍSES mas publicações lançadas a partir de experiências de

na Gestão de unidades de conservação

nossos projetos.

Livro traz capítulo sobre projeto “Semeando Água” e suas estratégias de conservação do solo no Sistema Cantareira apoio:

O projeto “Semeando Água” foi um dos escolhidos para fazer parte da publicação Planejamento e Gestão Territorial. O livro foi organizado pelo Grupo de Pesquisarealização: em Planejamento de Gestão Territorial (PGT) e Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da UNESC (PPGCA) e Universidade do Extremo Sul Catarinense. A publicação relata experiências sustentáveis de várias áreas do conhecimento como Engenharia, Biologia, Geografia, Turismo e Ciências Ambientais, dentro de um projeto de debate e divulgação científica. Para acessar: www.ipe.org.br www.ipe.org.br/ra2016. www.iCMbio.goV.br/prATiCASiNoVADorAS

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Good practices in the manaGement of protected areas

IPÊ e ICMBio lançam nova revista sobre gestão em UCs A segunda edição da Revista Boas Práticas na Gestão de Unidades de Conservação traz matérias que mostram como soluções simples podem ter grande impacto no dia-dia da gestão de áreas protegidas, e de que forma elas têm contribuído para a implementação e desenvolvimento das UCs Federais. A publicação bilíngue (português/ inglês) é uma iniciativa do IPÊ com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e faz parte do projeto “Motivação e Sucesso na Gestão de UCs”. Apoiada por Gordon and Betty Moore Foundation, parceiros de longa data para este projeto, a revista busca mostrar que problemas bastante comuns em UCs - como fogo florestal, mau uso do solo, invasões, caça e extração ilegais, entre outros - foram enfrentados a partir de inovações trazidas por gestores e parceiros dessas unidades. São 36 casos sistematizados numa linguagem simples e direta com o objetivo de reconhecer o trabalho executado pelos gestores e também de ser um instrumento informativo e inspirador para outras UCs. A revista também pode ser acessada online: www.ipe.org.br/ra2016. Veja mais sobre o projeto “Motivação e Sucesso na Gestão de UCs”, em Projetos Temáticos.

O IPÊ participou do lançamento do Guia “Educação ambiental em Unidades de Conservação: 2016 ações voltadas para comunidades escolares no contexto da gestão pública da biodiversidade”, iniciativa vinculada às Boa Práticas de Gestão de UCs no Parque Nacional do Iguaçu que tem um trabalho de longo prazo com professores com foco na Educação Ambiental para Gestão Pública. Download em: www.ipe.org.br/ra2016.

Novo artigo discute variação genética em pelagem do mico-leão-preto

conheça as iniciativas que buscam soLuções para Gestão de unidades de conservação no brasiL

Edição 02 – Ano 2016

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BoAs PráticAs boas práticas na Gestão de áreas proteGidas

Nos últimos anos, a produção de óleo de palma tem aumentado a ponto de tornar o produto dominante globalmente. Embora mais de 80% do óleo de palma do mundo seja atualmente produzido na Indonésia e na Malásia, a palma é cultivada em 43 países e, em pelo menos 20 deles (na Ásia, América do Sul, África e América Central), o aumento dessa produção já é uma grande ameaça às suas florestas e à sua biodiversidade. O alerta é do estudo liderado pela Universidade de Duke, que considerou não apenas o passado das áreas de plantio como as ameaças futuras para as florestas que ainda existem nos países analisados. Os resultados foram publicados em 2016 na revista PLoS ONE, por quatro pesquisadores dos EUA e do Brasil, incluindo Clinton Jenkins, professor da ESCAS e pesquisador do IPÊ. Nas florestas brasileiras, a ameaça encontra-se em áreas ainda não exploradas e igualmente vulneráveis pelas condições socioambientais atuais, especialmente em áreas não protegidas pela legislação. “Quase toda a palma cresce em áreas que eram florestas úmidas tropicais e, no Brasil, isso é um risco futuro para áreas da Amazônia, por exemplo. A expansão desse mercado ameaça a biodiversidade e aumenta as emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo. Florestas em todas as quatro regiões de produção são importantes para a biodiversidade, contendo muitas espécies de mamíferos e aves em risco de extinção. Uma das sugestões seria utilizar áreas já desmatadas e inativas para o plantio desse produto”, informa Clinton Jenkins.

Edição 02 – Ano 2016

Learn about the initiatives that seek manaGement soLutions for protected areas in braziL

Artigo lançado em 2016 na Folia Primatologica trata sobre variação ontogenética e individual na pelagem do mico-leão-preto. O artigo tem autoria de Claudio Valladares Padua e Gabriela Cabral Rezende, do IPÊ, e Guilherme T. Garbino, da UFMG. Ele discute, entre outros assuntos, a grande questão que separa mico-leão-preto (L. chrysopygus) e mico-leão-da-cara-preta (L. caissara), apresenta todos os registros conhecidos atuais e históricos pra mico-leão-preto (inclusive com registros novos encontrados no Museu de Berlim, nunca antes citados na literatura) e sugere uma zona de contato histórica entre ele e o sagui-da-serra-escuro (C. aurita).

Arquivo IPÊ

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1. destaques, publicações e premiações 2016

PRÊMIOS

“Estamos muito felizes com o prêmio. É um reconhecimento do trabalho do Instituto e também de todo o grupo de mulheres que se dedicou durante um ano todo e pôde ampliar suas capacidades empreendedoras.”

Pesquisador recebe prêmio “Guerreiro da Vida Selvagem” O biólogo Gabriel Massocato ganhou o prêmio “Guerreiro da Vida Selvagem”, promovido pelo Houston Zoo (EUA), que reconhece os pesquisadores de destaque dos projetos apoiados pelo zoológico ao redor do mundo. Gabriel atua desde 2012 no projeto Tatu-Canastra, realizado no Pantanal e Cerrado.

Fernanda Pereira, coordenadora do projeto Claudio, Suzana e R. Mittermeier. Arquivo IPÊ

Prêmio reconhece esforços para proteção do mico-leão-preto Suzana e Claudio Padua, presidente e vice-presidente do IPÊ, receberam no dia 22 de agosto o prêmio Margot Marsh de Excelência na Conservação de Primatas (The Margot Marsh Award for Excellence in Primate Conservation), durante o Congresso da Sociedade Internacional de Primatologia, em Chicago (EUA). A premiação, entregue pelo primatólogo Russell Mittermeier, reconhece o trabalho de conservação do mico-leão-preto, iniciado pelo casal no Pontal do Paranapanema há mais de 30 anos e que deu origem ao IPÊ.

Claudio e Suzana com Thane Maynard. Arquivo IPÊ

Prêmio internacional em Conservação da Vida Selvagem Suzana e Claudio Padua receberam o prêmio Wildlife Conservation, oferecido pelo Cincinnati Zoo & Botanical Garden (EUA). A cada ano, o zoo convida ambientalistas de destaque no mundo para participar do “Lecture Series Conservation Barrows”, um momento de trocas de conhecimentos e debates entre naturalistas e cientistas sobre questões da vida selvagem e esforços globais de conservação. No encontro são anunciados os vencedores da premiação. O prêmio existe desde 1993 e já homenageou Jane Goodall, E.O.Wilson, Ted Turner, John Ruthven e outras figuras do mundo da conservação.

Destaque em Geração de Renda O projeto “Talentos da Natureza” foi um dos vencedores do prêmio Destaque em Geração de Emprego e Renda, oferecido pelo Instituto Renner em parceria com a Aliança Empreendedora. O trabalho realizado pelo IPÊ, em Nazaré Paulista (SP), buscou talentos entre mulheres moradoras do município e iniciou a produção de artigos relacionados à reciclagem e às tradições locais. (Saiba mais nos projetos de Nazaré Paulista).

“É uma honra receber Suzana e Claudio Padua e agraciá-los com o Prêmio de Conservação da Vida Selvagem do Zoológico de Cincinnati. A coisa mais importante sobre o trabalho deles é que, desde o início, entenderam que a conservação eficaz das espécies requer o apoio das comunidades. Eles ajudaram os residentes nas áreas de entorno da floresta dos micos a entenderem que a proteção da Mata Atlântica, já muito ameaçada, também melhorou suas próprias vidas.”

Gabriel Massocato. Arquivo IPÊ

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Thane Maynard, diretor do Cincinnati Zoo

Equipe do IPÊ e Instituto Lojas Renner. Arquivo IPÊ

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2. ipê em números

PESQUISAS

para conservação de

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espécies de fauna ameaçadas e vulneráveis

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

GERAÇÃO DE RENDA INFORMAÇÃO PARA PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL para + de

10 MIL Em 2016

2. ipê em números

E N V O LV I M E N T O COMUNITÁRIO

18

+ DE

PESSOAS POR ANO

200

FAMÍLIAS BENEFICIADAS

com atividades sustentáveis

Educação Ambiental e Mobilização para

+DE

6PESSOAS MIL CAPACITADAS E FORMADAS

na ESCAS

Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade

+DE

2,6

MILHÕES

DE ÁRVORES

plantadas na Mata Atlântica que

protegem animais como o M I C O - L E Ã O - P R ET O conservam a água de locais como o SISTEMA CANTAREIRA (SP)

formam o MAIOR CORREDOR REFLORESTADO do Brasil

+ DE

+80 11,6 840 10,5 MIL

MIL pessoas

+ DE

alunos, gestores e comunidades de UCs capacitados

ÁRVORES na Mata Atlântica

MIL pessoas alcançadas e beneficiadas

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3. projetos por local de atuação 20

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3.1 pontal do paranapanema

NOVO PROJETO COM ABELHAS SEM FERRÃO BUSCA GERAÇÃO DE RENDA E MELHORIA NOS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS

3.1 pontal do paranapanema

Abelhas sem ferrão. Arquivo IPÊ

bioma: Mata Atlântica nº de pessoas beneficiadas: 3.100 região: Oeste de São Paulo desafio: Desenvolver sistemas e metodologias de

gestão de paisagens, equilibrando os ganhos socioeconômicos com a manutenção dos serviços ecossistêmicos e a conservação de espécies ameaçadas.

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principais realizações: Plantio de mais de 1.200

hectares de floresta no maior corredor reflorestado do Brasil e arredores. As pesquisas com espécies como mico-leão-preto e a onça pintada já serviram para criação de políticas públicas para conservação. Em Teodoro Sampaio (SP), cidade onde o IPÊ consolidou suas ações, a educação ambiental faz parte do currículo escolar municipal.

Antonio Nicolau de Andrade. Arquivo IPÊ

Moradores de oito assentamentos no Pontal do Paranapanema fazem parte do projeto “Jardineiras da Floresta”, que incentiva o uso de abelhas Jataí (Tetragonisca angustula), sem ferrão, para a produção de mel em suas propriedades. O projeto começou em 2016 e envolve 20 famílias. Cada uma implementou quatro colmeias de abelhas nos sistemas agroflorestais de suas propriedades, com apoio do IPÊ. Além da obtenção de produtos como mel, cera, resina e própolis para comercialização, as colmeias são instrumentos para aumentar a polinização na produção agrícola dos assentados, incluindo as áreas de “Café com Floresta” iniciativa agroecológica que funciona como trampolins ecológicos (stepping stones) na paisagem. As 20 propriedades participantes ainda beneficiam indiretamente a polinização de outras 80 áreas vizinhas. Isso porque estima-se que as abelhas polinizam em um raio de até 1.000 metros. O projeto é considerado uma inovação local, porque fortalece as ações sociais e ambientais na região, promovendo a geração de renda ao combinar produção com a restauração de paisagens rurais sustentáveis e a conservação da biodiversidade regional. O grande desafio nessas propriedades é a adaptação das colmeias nos sistemas agroflorestais, principalmente em assentamentos expostos à pulverização aérea de agrotóxicos. Para isso, o IPÊ promoveu a capacitação de 60 produtores (participantes do projeto e interessados), forneceu assistência técnica e trocou experiências com os produtores no intuito de criar mecanismos para facilitar a adaptação das colmeias nos bosques. A coleta do mel e condução das colmeias também foram pontos de preocupação nesse sistema, por isso o Instituto vai manter as atividades de assistência técnica. O assentado Antonio Nicolau de Andrade apostou na ideia. Ele tem em seu terreno quatro colmeias e já começa a ver os primeiros resultados. “É uma coisa que não dá muito trabalho e que pode render alguma coisa pra gente. Acho que vai ser positivo”, diz ele, que já produz alimentos no Sistema Agroflorestal. Mandioca, batata, maxixe, abobrinha, entre outros, dividem harmoniosamente o espaço com árvores nativas da Mata Atlântica e garantem renda ao produtor, que comercializa os alimentos em feiras e na Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). 23


3.1 pontal do paranapanema

SISTEMAS AGROFLORESTAIS (SAFS) “Nunca imaginei plantar árvore na minha vida. Hoje a gente já sente como é bom ter uma sombra enquanto trabalha na terra, já vê alguns bichos usando os espaços. Tem horas que passam seis araras de uma vez, um casal de tucanos... E tudo junto com a plantação de batata, mandioca, abacaxi...”. O relato feliz é de Sônia Maria da Silva Moura. Ela e o marido, Nivaldo Antonio Moura, deixaram para trás a cidade de Assis (SP) para tentar a vida na zona rural de Mirante do Paranapanema (SP). Ela, ex-empregada doméstica, e ele, antigo motorista de uma usina de cana-de-açúcar, conseguiram uma área que antes era usada como pasto. Dois anos depois, a transformaram por completo, com apoio do projeto do IPÊ com Sistemas Agroflorestais (SAFs). O desafio do projeto é promover sistemas de produção agroecológicos, que tragam ganhos socioeconômicos e ambientais para a região. A iniciativa atende 51 famílias de pequenos agricultores, oferecendo uma alternativa aos sistemas tradicionais de produção. Os ganhos ambientais acontecem de várias maneiras: com o plantio de árvores para cobertura vegetal na Mata Atlântica, com o retorno da biodiversidade, e com a diversidade na produção agrícola e o não uso de agrotóxicos. Há também ganhos socioeconômicos, visto que o projeto garante insumos para restaurar as áreas de reserva previstas em lei e para plantar culturas diversificadas, garantindo maior segurança alimentar e uma renda complementar aos produtores, com a venda dos alimentos. 24

Cada família tem 1 hectare de SAF implementado pelo projeto. Em 2016, o IPÊ monitorou a consolidação dos plantios de mais de 2,6 mil mudas frutíferas, 75 mil mudas de café e 18 mil mudas de árvores nativas, implantados no ano anterior. Além disso, promoveu o primeiro de uma série de quatro cursos sobre SAFs. No curso “Adubação orgânica

e controle alternativo pragas e doenças em sistemas agroflorestais”, mais de 30 produtores rurais tiveram acesso a conhecimentos para enriquecerem suas áreas. O projeto também envolve mais seis famílias com acompanhamento em Sistemas Silvipastoris, que combinam árvores, pastagens e gado numa mesma área.

CORREDOR DA MATA ATLÂNTICA CRESCE E SE CONSOLIDA NO PONTAL DO PARANAPANEMA O maior corredor reflorestado do Brasil, com sete quilômetros, 1.200 hectares de áreas plantadas e conservadas e 2,3 milhões de árvores, não para de crescer! Ele conecta as duas principais Unidades de Conservação da Mata Atlântica de interior: o Parque Estadual Morro do Diabo e a Estação Ecológica Mico-Leão-Preto. Em 2016, mais 80 mil árvores foram plantadas, sendo

60 mil em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e 20 mil em Áreas de Reserva Legal, consolidando este contínuo florestal localizado na Fazenda Rosanela. Para a restauração são usadas aproximadamente 100 espécies nativas espalhadas ao longo do corredor e também em Sistemas Agroflorestais e Silvipastoris, que dão suporte ao reflorestamento, aumentando a conectividade da paisagem do Pontal do Paranapanema. Em 2016, o IPÊ passou a medir a evolução biológica do corredor, avaliando os serviços ecossistêmicos que ele presta à região e verificando a utilização da mata restaurada por espécies da fauna. O levantamento está atrelado a um projeto de Pesquisa & Desenvolvimento do Instituto. Ver mais em Projetos Temáticos.

Nivaldo e Sônia Maria. Arquivo IPÊ

“Faz um ano que plantamos café. Nossos vizinhos acharam uma loucura, dizendo que café não vai pra frente debaixo de árvore. Mas já vimos que em outros lugares vai, então a gente acredita que daqui um tempo vamos colher. O pessoal do IPÊ acompanha a gente e isso é um apoio importante. Se não fosse com o projeto, não tinha condição financeira e nem conhecimento para fazer. Nossa plantação é toda sem agrotóxico, usamos esterco de gado e folhas como adubo. Tem sido muito bom” Sônia Maria da Silva Moura Trecho do Corredor da Mata Atlântica. Arquivo IPÊ.

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3.1 pontal do paranapanema

VIDA RETORNANDO À FLORESTA: CÂMERAS DO IPÊ FLAGRAM ANIMAIS NO CORREDOR Após 14 anos desde os primeiros plantios para restauração do Corredor da Mata Atlântica do Pontal do Paranapanema, o IPÊ começou a confirmar os primeiros resultados em benefício da fauna local. Onças pardas e pintadas, jaguatiricas, tamanduás, entre outros mamíferos de médio e grande porte, já estão circulando nas áreas restauradas com árvores nativas. Câmeras instaladas em pontos estratégicos do corredor mostram que a área restaurada – que antigamente dava lugar a um pasto na Fazenda Rosanela, em Teodoro Sampaio (SP) – já vem sendo utilizada pelos bichos, seja para deslocamento ou alimentação. O IPÊ criou até um Map Tour, que pode ser acessado para saber os pontos onde os animais estão circulando. Acesse em www.ipe.org.br/ra2016. A presença de animais no corredor florestal é tida como um dos principais indicativos de sucesso do projeto Corredores da Mata Atlântica. A ideia é que espécies

como o mico-leão-preto, a onça-pintada, a jaguatirica, entre outras, tenham mais áreas de floresta disponíveis, aumentando suas possibilidades de busca por alimentos, reprodução e, portanto, sobrevivência. O Map Tour também tem fotos dos animais em fragmentos florestais e áreas protegidas, resultado de um monitoramento de longo prazo realizado pelo IPÊ a partir de outro projeto de longa duração, o Detetives Ecológicos. Com o trabalho, os pesquisadores buscam entender os caminhos por onde os animais circulam: (fragmentos florestais, Unidades de Conservação e agora no corredor) e gerar subsídios para restaurar o habitat dessas espécies, de acordo com suas necessidades.

Benefícios sociais e econômicos A restauração da paisagem no Pontal beneficiou diretamente, em 2016, cerca de 230 pessoas. Parte das mudas utilizadas no corredor do IPÊ são produzidas nos viveiros comunitários apoiados pelo Instituto. Ao todo, 11 deles recebem suporte técnico e de insumos. Em 2016, os viveiros produziram mais de 500 mil mudas, beneficiando diretamente 20 famílias cuja renda vem dessa produção. Além disso, o reflorestamento envolveu o trabalho de 30 técnicos e pesquisadores, e beneficiou mais de 120 estudantes e professores que visitaram a iniciativa.

Arquivo IPÊ

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“UM PONTAL BOM PARA TODOS” AVANÇA

Espaço IPÊ em Nantes. Arquivo IPÊ

2016 foi importante para a consolidação do Programa de Educação Ambiental “Um Pontal Bom para Todos”. Transformado em uma ação regional, que alcançou 15 municípios, o trabalho beneficiou 2.851 pessoas, entre alunos, professores e cidadãos. O Programa é construído por meio de ações e projetos, entre eles o “Nossa Bacia D’Água”, financiado pelo Fehidro. Com mais uma etapa finalizada, o projeto promoveu atividades com estudantes, professores e comunidades, sensibilizando o público para a proteção da água na Bacia Hidrográfica do Pontal do Paranapanema. Foram promovidos cinco Espaços Itinerantes, cinco Oficinas de Produção de Mudas e Conservação da Água, e cinco Encontros Participativos com articuladores locais e palestrantes de temas de interesse dos municípios. Além disso, mais de 2.000 mudas de árvores nativas foram doadas. Uma parte foi plantada na área verde do Fórum em Teodoro Sampaio. O projeto também promoveu atividades de férias, visitas de estudantes em assentamento rural e campanhas de educação ambiental. As ações do IPÊ são realizadas em parceria com as Prefeituras Municipais, envolvendo diretamente os Departamentos e Divisões de Educação e Meio Ambiente nos espaços públicos disponíveis em cada um dos municípios, incluindo escolas, centros comunitários e praças urbanas.

Atividade no Viveiro Viva Verde. Arquivo IPÊ.

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3.1 pontal do paranapanema

EXPOSIÇÃO FALOU SOBRE CONSERVAÇÃO DO MICO-LEÃO-PRETO Em 2016, um grande destaque das ações de Educação Ambiental na região foi a realização da II Edição da Expo Mico, nas cidades de Euclides da Cunha, Presidente Epitácio, Marabá Paulista e Teodoro Sampaio.

A exposição foi parte final de um processo de capacitação de professores do ensino fundamental em Educação Ambiental e contou com a parceria do Parque Estadual Morro do Diabo (Fundação Florestal/SP), do Departamento Municipal de Educação de Teodoro Sampaio e da Estação Ecológica Mico-Leão-Preto (ICMBio). Intitulado como “Mostra Fotográfica & Trabalhos Escolares sobre biodiversidade e sustentabilidade socioambiental”, o evento atraiu 1.370

alunos e 52 professores da rede municipal de ensino, participantes do 16º curso de Formação e Atualização em Educação Ambiental para Professores do Pontal do Paranapanema. Além de fotos da biodiversidade local, tendo como destaque o mico-leão-preto, a exposição contou com os trabalhos realizados pelos alunos junto com os professores, que exploraram temas como biodiversidade, fauna, flora, rios, nascentes, reciclagem e plantios ecológicos.

PARCERIA DE FUTURO Na escola de período integral EMEF “Prefeito Paulo Alves Pires”, em Teodoro Sampaio, Educação Ambiental é parte do currículo escolar dos 400 alunos do ensino fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Professora dedicada ao tema há mais de cinco anos, Marilda Rodrigues de Carvalho conta que os cursos do IPÊ fazem toda a diferença no seu dia-a-dia, com ferramentas educativas de apoio e atividades que ampliam o potencial de disseminação da informação ambiental aos alunos.

“Eu moro em sítio e sempre gostei de mexer com terra e plantas. Transmitir isso aos alunos é muito interessante, mas é bom ter um apoio para a gente desenvolver nosso conhecimento sobre esses assuntos. Por isso o curso com professores foi bastante enriquecedor, para uma abordagem mais completa. Um bom exemplo disso foi a aula de compostagem, que me deu uma boa base para trabalhar isso nas minhas turmas” Marilda Rodrigues de Carvalho, professora

A professora dá aulas para crianças do 1º ao 5º ano e também para o grupo de EJA. Para ela, não existe diferença entre as turmas quando o assunto é meio ambiente. “Aprendo muito com meus alunos mais velhos e também com as crianças, assim como eles aprendem comigo. Todos são interessados nesse cuidado com as árvores. As aulas despertam esse olhar de mais cuidado com a natureza”, afirma. O tema ambiental não se restringe apenas às aulas da professora Marilda. Os projetos da escola “Empreendedorismo”, “Ler e Escrever” e o “Grupo de Teatro” também inserem questões ambientais em suas atividades. Para a diretora Maria Aparecida Ferreira Lifante, não há meios de se formar um cidadão sem o meio ambiente presente na sua vida. “Como temos a oportunidade de inserir esses temas na escola de período integral, acredito muito que estamos formando um cidadão consciente da importância ambiental para a sua vida. Sem isso não é uma formação completa. Essa percepção é extremamente necessária. Essa semente está sendo plantada e espero que dê frutos não só para os moradores de Teodoro Sampaio, mas para todo o planeta”. A diretora também destaca que parcerias com organizações como o IPÊ são fundamentais para alcançar os objetivos da escola. “Faz toda a diferença ter o respaldo de pessoas especializadas, como os pesquisadores do IPÊ, no tema ambiental, nos orientando para uma abordagem correta e levando as informações das pesquisas de campo para dentro da nossa sala de aula. A escola só tem a ganhar e espero continuar com mais atividades conjuntas”, afirma.

Alunos na Expo Mico 2016. Arquivo IPÊ

Marilda Rodrigues de Carvalho e Maria Aparecida Ferreira Lifante. Arquivo IPÊ

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Mico-Leão-Preto (Leontopithecus chrysopygus) COLARES DE GPS PARA CONSERVAÇÃO DE MICOSLEÕES-PRETOS SÃO USADOS PELA PRIMEIRA VEZ EM PEQUENOS PRIMATAS PELO IPÊ O Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto foi o primeiro no Brasil a utilizar colares de GPS para monitorar primatas de pequeno porte. Em 2016, esses colares foram instalados em indivíduos de um grupo que está sob monitoramento pela equipe. Para o uso dos colares com GPS foi necessária uma primeira avaliação, que verificou a adaptação dos animais aos colares através da instalação destes em micos-leões do Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, em Sorocaba (SP). Após três dias, os colares foram retirados, e os micos foram examinados pelo veterinário do zoológico para comprovar a integridade física dos animais. Antes de iniciar o uso dos novos colares, uma segunda avaliação em campo foi realizada e os resultados, reportados à empresa responsável pela produção dos colares. “A grande vantagem dessa nova tecnologia é a possiblidade de monitoramento de um número maior de grupos, simultaneamente, e sem a necessidade

de habituação de todos eles. Poderemos expandir nossos trabalhos de monitoramento para mais populações e conseguir cada vez mais informações úteis ao planejamento de ações para a conservação do mico-leão-preto”, afirma Gabriela Cabral Rezende. O programa tem como objetivo de longo prazo garantir ao menos duas populações viáveis e autossustentáveis de mico-leão-preto em toda a sua área de distribuição, vivendo em um habitat mais amplo, protegido e conectado. Para isso, conta com pesquisas científicas e ações que envolvem as comunidades locais na conservação da espécie. Em curto prazo, as estratégias envolvem o manejo metapopulacional que garanta a existência de populações saudáveis e viáveis para ocupar o habitat reconectado e protegido.

O trabalho acontece ao longo de toda área de ocorrência da espécie, a bacia hidrográfica do Rio Paranapanema, no estado de São Paulo. Em 2016, foram realizadas pesquisas em três fragmentos de Mata Atlântica no Pontal do Paranapanema, no PE Morro do Diabo, na ESEC Mico-Leão Preto e na fazenda Santa Maria, no Pontal do Paranapanema. O IPÊ também busca disseminar os dados das suas pesquisas para impulsionar ações conservacionistas em prol da espécie. Em 2016, o Programa participou de um congresso internacional e promoveu sete palestras dividindo o conhecimento sobre o primata. Além disso, os dados foram publicados em um artigo científico e os resultados dos estudos levados para discussões da Oficina da Lista Vermelha da fauna do Estado de São Paulo e em reuniões da Comissão Permanente para Proteção dos Primatas Nativos de São Paulo (PRÓ-PRIMATAS), da Secretaria Estadual de Meio Ambiente. Comunicar sobre o status da espécie é também uma estratégia para mobilizar as pessoas sobre o mico, que é símbolo do Estado de São Paulo, e promover políticas públicas para a conservação da espécie. Para 2017, o projeto tem como prioridade o desenvolvimento de pesquisas e ações de manejo que aumentem a viabilidade das pequenas populações, para reduzir seu risco de extinção.

“Estamos inovando na forma de planejar e medir o impacto das nossas ações de conservação da espécie, através de tecnologias já consagradas para outras espécies. Mas como é a primeira vez com micos, precisávamos avaliar, em um ambiente controlado, como os micos reagiriam a um novo mecanismo: se o formato, tamanho e peso do equipamento não trariam nenhum impacto ao seu comportamento. Verificamos o comportamento de cada indivíduo para analisar tudo com base científica” Gabriela Cabral Rezende, coordenadora da iniciativa

TROCA DE EXPERIÊNCIAS

Arquivo pessoal

“Mesmo que a estrutura organizacional seja diferente, acredito os dois trabalhos têm semelhanças. Nós temos uma abordagem integrada, com pesquisas de campo, proteção florestal, educação e trabalho comunitário. Viemos até o IPÊ interessados na questão do reflorestamento e da conectividade, que não temos experiência ainda, mas que começamos a usar agora como estratégia de proteção. Isso é nosso maior desafio no momento” Rosamira Guillen, diretora da ONG Proyecto Titi, da Colômbia Katie Garrett

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Para trocar conhecimento sobre ações integradas de conservação da biodiversidade, o IPÊ recebeu, em 2016, o Proyecto Titi, da Colômbia, no Pontal do Paranapanema. Sob a direção de Rosamira Guillen, o projeto protege o primata endêmico da região, o tamarin ou sagui cabeça-de-algodão (Saguinus oedipus). A ONG começou a atuar de forma similar ao IPÊ com o mico-leão-preto, e agora investe também em restauração florestal para salvar a paisagem e a espécie. De acordo com a diretora da ONG, a visita foi importante para entender o que é necessário para a realização dessa nova etapa de ações para a proteção do primata. Além de estratégias de restauração, o projeto Titi atua também na criação de um Plano Nacional de conservação do sagui cabeça-de-algodão na Colômbia e trabalha para a sensibilização das pessoas em prol da conservação da espécie pelos meios de comunicação. Em 2017, será a vez do IPÊ conhecer de perto o trabalho da ONG colombiana, com a pesquisadora Gabriela Cabral Rezende. “Gabriela vai visitar uma das duas áreas onde atuamos, chamada Ceibal. É um bosque de 421 hectares, protegido graças ao nosso trabalho, e onde pesquisamos há mais de 19 anos. Ali, estudamos 11 grupos de saguis e será possível acompanhar a captura dos animais”, comenta Rosamira. 31


3.2 nazaré paulista

“TALENTOS DA NATUREZA” ENCERRA ETAPA DE ATIVIDADES E GANHA PRÊMIO O IPÊ encerrou a primeira etapa do projeto “Talentos da Natureza”, financiado pelo Instituto Lojas Renner. O objetivo da iniciativa foi buscar talentos entre mulheres moradoras de Nazaré Paulista e trabalhar suas capacidades empreendedoras com um olhar para a causa socioambiental. O resultado foi a criação de um grupo de empreendedoras que agora usa o artesanato e a fabricação de cosméticos como produtos que representam as tradições da cidade. Entre 2015 e 2016, 27 mulheres do município (a maioria moradora da área rural) participaram de nove oficinas destinadas ao empreendedorismo feminino. Neste projeto, a metodologia “Jornada Empreendedora” criada pela ONG Aliança Empreendedora - foi utilizada

3.2 nazaré paulista

com as participantes, que puderam descobrir seus potenciais e aprender sobre como aplicar seus talentos em produções sustentáveis. Além desse processo de autoconhecimento para empreender, elas puderam participar de oficinas para o aprendizado de novas técnicas produtivas. Hoje, cada mulher fabrica produtos naturais de limpeza e cosméticos, além de artigos com reciclagem de papel (papietagem), reutilizando resíduos que antes eram destinados aos aterros. A utilização e adequação do uso da metodologia da Aliança foi um fator de grande sucesso do projeto. De um lado, um grande resultado foi a criação da coleção Sete Dons, com produtos de papietagem, que retratam a Festa do Divino, tradicional evento cultural-religioso de Nazaré Paulista. De outro, o projeto foi um dos vencedores do prêmio Destaque em Geração de Emprego e Renda oferecido pelo Instituto Renner em parceria com a Aliança Empreendedora, reconhecendo que bons resultados podem emanar da junção de tecnologias desenvolvidas por diferentes instituições. Ver mais em Prêmios.

bioma: Mata Atlântica nº de pessoas beneficiadas: 4.736 região: Sudeste do Estado de São Paulo desafio: Conservar os serviços ecossistêmicos dessa

região prioritária para a proteção da Mata Atlântica, com pesquisas científicas e envolvimento da comunidade. As ações propõem novos modelos de uso do solo e práticas de plantio para pequenos e médios proprietários; apoiam a geração de renda local; e ainda contribuem com o ensino público por meio da educação ambiental, promovendo a participação da comunidade na proteção de áreas restauradas e de recursos hídricos. 32

principais realizações: Plantio de 300 mil árvo-

res nativas da Mata Atlântica em áreas de mananciais. Detalhado mapeamento da situação socioambiental do Sistema Cantareira e promoção da Educação Ambiental em 100% das escolas estaduais de Nazaré Paulista.

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3.2 nazaré paulista

NOVO APOIO Em 2016, o IPÊ fechou uma parceria com o Instituto C&A para apoio ao grupo de bordadeiras do projeto “Costurando o Futuro”, de Nazaré Paulista. O foco do trabalho é desenvolver novas linhas de produtos mais alinhadas com as tendências da moda, privilegiando as técnicas tradicionais das bordadeiras e valorizando a rica biodiversidade brasileira. Para a criação de uma nova coleção, o projeto conta agora com a estilista Simone Nunes, que já desenvolveu produtos para as marcas Iódice, Aquamar, Primeshine, entre outras. Além das novas peças, o projeto terá novidades como o aperfeiçoamento do site para comercialização dos produtos da marca IPÊ.

PARCERIAS PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO SISTEMA CANTAREIRA Há mais de 10 anos, o IPÊ vem contando com grandes parceiros da rede de ensino público da região de Nazaré Paulista. Por meio de dois projetos, em 2016, o Instituto desenvolveu temas da educação ambiental com professores e alunos da região. O projeto “Nascentes Verdes, Rios Vivos” é um dos trabalhos mais abrangentes já realizados com educação ambiental na cidade, chegando a atender 700 estudantes de escolas estaduais (do 6o ao 9o ano) e

professores por ano. O projeto “Água Boa”, por sua vez, capacitou jovens e deixou um legado com materiais didáticos produzidos em parceria com o corpo docente da região e distribuídos gratuitamente nas escolas. No ano, em parceria com a Diretoria Regional de Ensino, o IPÊ apoiou a capacitação em educação ambiental de cerca de 60 professores da rede estadual dos municípios de Nazaré Paulista, Piracaia, Joanópolis, Vargem, Bom Jesus dos Perdões e Atibaia. A atividade da Diretoria buscou estimular os professores e dar mais subsídios para a sua atuação em sala de aula sobre meio ambiente. “Foi muito importante ter feito esse evento de capacitação no IPÊ. Sentimos que os professores gostaram de estar em um local mais acadêmico, onde puderam ficar imersos e interagir entre eles. Aproveitamos o momento para que eles conhecessem o jogo ‘Água Boa’,

do IPÊ, enquanto participavam do processo de formação. Foi uma forma de tirarem todas as dúvidas antes de aplicarem a ferramenta em aula”, afirma o educador Valdemir Augusto Pinheiro. Valdemir e a a professora Hercimary Bueno de Oliveira acompanham o desenvolvimento de atividades educativas como essa de perto. Como coordenadores do núcleo pedagógico e membros da Diretoria de Ensino da Região de Bragança Paulista, eles afirmam que a proximidade com organizações da sociedade civil traz muitos benefícios.

“É um ganho real para a escola, para os professores e também para o IPÊ. As parcerias fortalecem as atividades educativas e motivam os professores, por sentirem que as pessoas enxergam a escola dentro de um contexto social, como uma instituição que atua pela mudança social, por meio de seus alunos e professores” Hercimary Bueno de Oliveira, professora

Arquivo IPÊ

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3.2 nazaré paulista

MAIS AÇÕES

MULTIPLICANDO INFORMAÇÕES

No ano, a equipe de educação ambiental também atendeu cerca de 40 estudantes de Bom Jesus dos Perdões (Projeto Casulo) no seu viveiro e na sua sede. Além disso, realizou palestra para estudantes do 1º ano do Ensino Médio e apoiou o projeto de arborização da Escola Estadual Maria Heloísa Pinheiro Ramos, no bairro Mascate, em Nazaré Paulista, com participação de cerca de 50 estudantes e três educadores. O IPÊ ainda realizou palestra para todos os educadores da rede municipal de ensino de Nazaré Paulista, integrando o Programa de Formação de Educadores, voltado à conservação, valorização e minimização de riscos no entorno da represa Atibainha, uma inciativa da Sabesp e da Prefeitura Municipal.

O conhecimento ambiental também foi levado pela equipe de educação do IPÊ a mais de 4,5 mil pessoas durante a 36a Festa de Flores e Morangos de Atibaia. Ali, o Instituto atendeu diretamente adultos e crianças com atividades educativas, e distribuiu materiais didáticos produzidos exclusivamente para o público da festa. As ações de educação ambiental junto à população buscam superar o desafio da falta de conhecimentos, práticas e consciência sobre a importância dos serviços ecossistêmicos da floresta

para a produção de água (especialmente no Sistema Cantareira) e conservação da biodiversidade. O trabalho junto à rede de ensino tem comprovado a importância de se atuar dando suporte às atividades da educação formal e envolvendo os estudantes em um período de formação cidadã. Em 2016, foi iniciada uma pesquisa avaliando o impacto de mais de seis anos das atividades do projeto “Nascentes Verdes, Rios Vivos” na formação dos estudantes de Nazaré Paulista. Os resultados serão divulgados em 2017, quando o projeto também pretende expandir sua atuação para escolas privadas que queiram se beneficiar das atividades e apoiar a continuidade das ações com escolas públicas.

VIVEIRO ESCOLA Para realizar as atividades de educação, o IPÊ conta com o Viveiro Escola, em Nazaré Paulista. Mantido por meio de doações de pessoas físicas e eventos, o viveiro produziu 36 mil mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, que são utilizadas para reflorestamento de áreas estratégicas para a conservação da água, para educação ambiental e também para atender a população local. Com a venda das mudas, o dinheiro é reinvestido em benefício do viveiro. Saiba como apoiar os projetos e o Viveiro Escola: www.ipe.org.br/doe

Arquivo IPÊ

Arquivo IPÊ

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3.3 baixo rio negro

TURISMO E CULTURA PARA CONSERVAÇÃO SOCIOAMBIENTAL O apoio a cadeias produtivas sustentáveis é foco do trabalho do IPÊ na margem esquerda do Baixo Rio Negro (AM). Dentre as atividades apontadas como importantes pelas próprias comunidades locais, o turismo vem crescendo como uma fonte de renda e um meio de valorizar e conservar a biodiversidade na região. Nesse contexto, existe o desafio de ordenar a atividade turística, transformando as iniciativas locais como artesanato, restaurante comunitário, produção agroecológica e atividades culturais em atrativos de Turismo de Base Comunitária (TBC), feito pelos próprios moradores, com respeito às suas tradições e à floresta. Para isso, o IPÊ investe em atividades junto a parceiros, organizações, empresas de turismo, visitantes e comunitários. O Instituto participa de fóruns, realiza capacitações para desenvolvimento e execução de roteiros turísticos responsáveis, e ajuda na assessoria de infraestruturas turísticas para melhor operação dos empreendimentos comunitários. Em 2016, o IPÊ continuou marcando presença apoiando a realização de encontros anuais de iniciativas de Turismo como o “Encontro Nacional de Turismo de Base Local, CONECOTUR/ECOUC”, o evento “Diálogos criativos: empreendedorismo ribeirinho” e o “Fórum de Turismo de Base Comunitária do Amazonas”. O Instituto também continuou a apoiar a implementação e consolidação dos empreendimentos que fazem parte do Roteiro Tucorin (Turismo Comunitário do Rio Negro).

3.3 baixo rio negro bioma: Amazônia nº de pessoas beneficiadas: 120 região: Margem esquerda do Baixo Rio Negro e Novo Airão

desafio: Implementar modelos inovadores de gestão

territorial para a qualidade de vida e a conservação da biodiversidade, a partir do apoio a cadeias produtivas sustentáveis e ações de envolvimento comunitário; apoiar a conservação do peixe-boi-da-amazônia, disponibilizando resultados de pesquisas científicas.

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principais realizações: Desde o ano 2000 na região,

o trabalho do IPÊ já rendeu frutos importantes, como contribuições para: reconhecimento do Mosaico de Áreas Protegidas do Baixo Rio Negro; processo de recategorização do Parque Estadual Rio Negro - Setor Sul; levantamento e estruturação ou fortalecimento de cadeias produtivas da sociobiodiversidade; e a criação de um Roteiro de Turismo de Base Comunitária junto com as comunidades.

Restaurante da comunidade Nova Esperança. Arquivo IPÊ

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3.3 baixo rio negro

Por meio do Roteiro, os visitantes conhecem e vivenciam o dia-a-dia de populações ribeirinhas. Os recursos dos visitantes são destinados diretamente às comunidades, sem intermediários. Em Nova Esperança, por exemplo, os turistas podem acompanhar a produção de farinha, comer no restaurante da comunidade e ainda aproveitar a rede para descanso. Tudo isso com uma boa conversa com os moradores locais que proporcionam todos os atrativos. Esse era exatamente o modelo de turismo que a empresa Turismo Consciente buscava para seus clientes. O gerente de operações e coordenador de atendimento Juliano Barbosa conta que a empresa levou cerca de 110 turistas em 2016 para conhecer o Baixo Rio Negro via Roteiro Tucorin. “Trabalhamos no Rio Negro há algum tempo e em 2016 começamos a trabalhar o Tucorin, incluindo Nova Esperança. O feedback dos nossos clientes foi bem positivo. Vimos que a comunidade proporciona o que a gente busca para os clientes: atividades diferentes, feitas de forma simples e real. Isso agrada bastante e é visto de forma positiva. Em 2017 esperamos continuar e passar a trabalhar também com a comunidade de São Sebastião”, afirma. A maior parte do público da agência é brasileira e das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo Juliano,

esse tipo de turismo tem muito a crescer, porque a procura só aumenta. Entretanto, para ele, o Turismo de Base Comunitária na Amazônia ainda tem muito a se desenvolver para atrair mais públicos.

“Buscamos sempre mostrar o lado humano da Amazônia e promover essa aproximação das pessoas com a realidade local. Vemos que existe um enorme potencial no turismo feito pela própria comunidade na região, mas muitas vezes não existe uma estrutura muito organizada, por exemplo, comunicação, sistemas de reserva, problemas com precificação dos passeios, fatores que são muito importantes no negócio. É preciso que mais comunidades invistam nisso.” Juliano Barbosa, Turismo Consciente

VALORIZAÇÃO DO ARTESANATO LOCAL: UM LEGADO PARA O BAIXO RIO NEGRO Atividade tradicional no Baixo Rio Negro, o artesanato foi outra prática impulsionada localmente pelos projetos do IPÊ nos últimos quatro anos. A proposta foi levar aos artesãos informação e capacitação para aperfeiçoamento da qualidade do artesanato em madeira e fibras e desenvolvimento de seus negócios. O Instituto garantiu a obtenção de carteiras de artesãos e vem apoiando na busca por parcerias para o escoamento dos produtos e acesso a mercados.

Falar de artesanato no Baixo Rio Negro sem falar de Célio Arago Terêncio é, hoje, algo impensável. O artesão, de 36 anos, trabalha no ofício há 10 e é morador da comunidade Nova Esperança (AM). Desde 2014, Célio vem sendo reconhecido pelo seu trabalho, com indicação a prêmios e divulgação em revistas de decoração e eventos. Em 2016, ganhou o selo Sebrae Top 100 de Artesanato, que identifica as unidades produtivas com as melhores práticas de gestão. A prática com a madeira ele aprendeu com o pai, carpinteiro, e a aperfeiçoou ao longo do tempo. Das suas mãos saem arraias, botos e peixes-bois, que retratam a riqueza e beleza da biodiversidade amazônica. Hoje, Célio comercializa seus produtos sem atravessadores e afirma que isso é uma grande evolução e o que

tem gerado resultados para o seu trabalho. “Fui em rodadas de negócios em 2016 que me garantiram entregas até julho de 2017. Quando a gente se dedica a algo que a gente gosta, colhe bons frutos. E eu estou colhendo. Costumo falar que o IPÊ é grande culpado disso por tudo o que apoiou a gente”. Na comunidade onde vive, cerca de 10 artesãos continuam a aplicar o que aprenderam nos cursos do IPÊ e parceiros. “Na minha comunidade, valorizamos muito o artesanato, temos uma boa produção. Sinto que aqui tivemos uma transformação para a valorização do artesanato. Não é fácil viver disso, mas hoje eu posso dizer que a minha renda vem desse meu trabalho. Quando a gente se dedica a coisa acontece”, conta, orgulhoso.

“Nunca tive curso. Mas a carpintaria me ajudou a desenvolver a arte em madeira. Aprendi muita coisa ao longo dos anos com o IPÊ, mas eu destaco a questão da organização, gestão, saber precificar e saber como se preparar para fazer feiras e vender. Isso eu não sabia e aprendi nas palestras e nos cursos” Célio Arago Terêncio, Artesão

Trilha do roteiro Tucorin. Arquivo IPÊ

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Célio Arago Terêncio. Arquivo pessoal.

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3.3 baixo rio negro

NOVO PROJETO BUSCA FORTALECER CULTURA INDÍGENA NO BAIXO RIO NEGRO (AM) O IPÊ deu início às atividades do seu novo projeto no Baixo Rio Negro (AM), denominado “Auto-Fortalecimento da Cultura Baré”. A iniciativa é um convênio do IPÊ com o Instituto C&A e a comunidade Indígena Nova Esperança, no Amazonas, que busca revitalizar as práticas da cultura desta comunidade. Nova Esperança localiza-se no Rio Cuieiras, dentro do território do município de Manaus (AM), na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista. A comunidade está em uma região central do Roteiro de Turismo de Base Comunitária do Rio Negro (Tucorin) e, por ser próxima a Manaus, concentra a recepção de visitantes que contratam os serviços do roteiro. A comunidade é referência iconográfica para o artesanato e para promoção da cultura indígena Baré, mas a proximidade com o centro urbano faz com que receba várias influências que podem culminar em uma gradual descaracterização das raízes de sua etnia. Como forma de ampliar a curiosidade e a valorização sobre a cultura local, o IPÊ e o Instituto C&A, em parceria com a Secretaria Estadual de Meio-Ambiente

(SEMA) e a USAID, fomentaram a construção da “Casa do Conhecimento” Uka Yayumbué Baiakù (UKA), um centro de cultura que beneficia a comunidade local e as populações do entorno, com opções de leitura e atividades de fortalecimento das tradições. A UKA foi construída com apoio de funcionários voluntários das lojas C&A. Após a inauguração do centro, a primeira atividade do projeto foi a realização do I Seminário de Educação Indígena e Cultura. “Com o seminário, fizemos uma abordagem com as crianças, jovens, professores e guardiões da UKA. O encontro foi todo pautado na construção do conceito de promoção da leitura e sua importância na formação das pessoas na perspectiva desses públicos e da valorização da etnia Baré. Contamos com a participação bem significativa da comunidade e foi encantador. Além disso, criamos estratégias de registros e organização do espaço junto com os guardiões, como organizar consultas, empréstimos de livros, ou ainda a realização de mediação de leitura, que vai expressar o número de ações culturais que a UKA começa a desenvolver”, comenta Marcia Cavalcante, do Instituto C&A. Até 2017, serão desenvolvidas atividades com foco na sociobiodiversidade, para fortalecimento e empoderamento da comunidade a fim de valorizar o trabalho justo, a educação indígena, a qualificação e a atuação das mulheres na cadeia de valor do artesanato e do turismo.

CONTINUIDADE DE PROJETOS BENEFICIARAM A AGROBIODIVERSIDADE Em 2014, o IPÊ apoiou a criação da Rede Tucumã do Rio Negro, uma associação que agrega cerca de 30 famílias de agricultores de 10 comunidades da região. A rede é um dos meios para ajudar a fortalecer a cadeia produtiva da

Reunião Rede. Arquivo IPÊ.

biodiversidade amazônica. Em 2016, o grupo de agricultores continuou o trabalho com o financiamento do Fundo Socioambiental CASA, desenvolvendo ações de formação, gestão, comercialização e infraestrutura para a Rede. Outro projeto de fortalecimento da agrobiodiversidade no ano foi conduzido pela Rede Maniva de Agroecologia, da qual IPÊ e Rede Tucumã fazem parte. Chamado Rede Ecoforte, foi executado pelo Museu da Amazônia e parceiros, com financiamento da Fundação Banco do Brasil e Fundo Amazônia/BNDES. As atividades beneficiaram distintos núcleos de agricultores com infraestrutura, oficinas e intercâmbios. No núcleo do Baixo Rio Negro, foi implantado um sistema de captação e tratamento de água, e um galinheiro na sede da Rede Tucumã. E foi adquirido o motor para o barco da Rede, que foi construído com apoio do Fundo Vale e Brazil Foundation. O barco desempenha um papel fundamental no escoamento da produção e comercialização e já vem sendo usado para este fim. No ano, também foram realizadas duas oficinas práticas de formação, com os temas: Implantação e Manejo de Sistemas Agroflorestais e Adubação Orgânica. Além dos agricultores da Rede Tucumã, participaram integrantes do Programa Jovens Protagonistas (ARPA) da RDS Rio Negro.

Sede da UKA. Arquivo IPÊ

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3.4 pantanal e cerrado

Anta Brasileira (Tapirus terrestris) PROJETO DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO DA ANTA BRASILEIRA COMPLETA 20 ANOS

3.4 pantanal e cerrado bioma: Pantanal e Cerrado nº de pessoas beneficiadas: 2.117 região: Mato Grosso do Sul desafio: Desenvolver ações para conservacão da

anta brasileira (Tapirus terrestris) e do tatu-canastra (Priodontes maximus) no Pantanal e Cerrado de Mato Grosso do Sul (MS). São realizados: pesquisa científica; ações de conservação; educação ambiental; treinamento e capacitação; turismo científico; e comunicação. As estratégias são usadas para alcançar os mais diversos públicos que podem influenciar e contribuir para a causa. 44

principais realizações: As pesquisas com a anta originaram o mais completo banco de dados e informações sobre a anta brasileira no mundo. O trabalho contribui para divulgar a causa, ampliando o conhecimento dos brasileiros sobre nossa fauna e flora e a urgência para sua conservação. Com o projeto tatu-canastra, foi possível realizar um levantamento de dados inéditos sobre o comportamento da espécie, que contribuem para futuros planos de conservação.

Trabalho de campo INCAB. Arquivo IPÊ

Em 2016, o IPÊ celebrou os 20 anos da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB). O trabalho foi inicialmente estabelecido na Mata Atlântica (em 1996) e atualmente está em andamento no Pantanal (desde 2008) e Cerrado (desde 2015), no Mato Grosso do Sul. As duas décadas de estudos resultaram no mais completo e detalhado banco de dados do mundo sobre a anta brasileira, que ajuda a planejar ações efetivas para a conservação da espécie nos âmbitos regional, nacional e mundial. O modelo de projeto conservacionista da INCAB é hoje inspiração para diversos profissionais e grupos que trabalham com a conservação da espécie em vários países da América do Sul e do mundo. Para a conservação da anta, a INCAB trabalha de maneira integrada com: pesquisa científica que gera dados de alta qualidade; modelagens populacionais e avaliações de risco de extinção; planejamento de ações de conservação; educação ambiental; formação e capacitação de profissionais e estudantes; comunicação e marketing; e turismo científico. A combinação dessas ações tem se mostrado eficiente para a criação de estratégias de conservação da espécie e sensibilização de públicos diversos sobre a importância da anta para a manutenção de nossa biodiversidade. “A pesquisa científica de longa duração é de extrema importância no processo de subsidiar o desenvolvimento de ações de conservação realistas e efetivas. Grande parte das informações que utilizávamos anteriormente para avaliar o risco de extinção das antas na natureza provinha de estudos em cativeiro. Atualmente, depois de trabalhos de pesquisa rigorosos na Mata Atlântica, Pantanal e Cerrado, contamos com um banco de dados consolidado com informações de antas em vida selvagem. Podemos, por exemplo, calcular alguns parâmetros reprodutivos da espécie tais como índices de mortalidade de filhotes, intervalos entre nascimentos, com base em nossos resultados de pesquisa”, diz Patrícia Medici, coordenadora da INCAB. Em 2016, foram realizadas nove expedições: três no Pantanal, com 25 antas capturadas, e seis no Cerrado, com 20 antas capturadas. No Pantanal, a equipe realiza um monitoramento contínuo de 63 antas, capturadas nos últimos nove anos, com rastreamento por rádio 45


3.4 pantanal e cerrado

telemetria e armadilhas fotográficas. O projeto possui uma grade de 30 armadilhas fotográficas distribuídas por toda a Fazenda Baía das Pedras, a área de estudo da INCAB no Pantanal. No Cerrado, a área de estudo fica a 250 quilômetros da capital Campo Grande (MS). Ali, todos os indivíduos adultos capturados (7 machos, 9 fêmeas) foram equipados com colares GPS Iridium, uma tecnologia que envia dados através de mensagens de e-mail. Na região, a INCAB monitora 23 antas, por meio de rádio telemetria e armadilhas fotográficas. Durante as pesquisas de campo, são coletadas amostras biológicas para estudos de saúde e genética, cruciais para entender a organização e a reprodução social da anta. Em 20 anos, a equipe capturou 121 antas, incluindo 35 indivíduos na Mata Atlântica, 63 no Pantanal e 23 no Cerrado. Oitenta e três desses indivíduos foram equipados com rádio-colar e monitorados por longos períodos. Por ter um trabalho de longo prazo, a INCAB já pode estimar parâmetros da tabela de vida, que incluem taxas

de mortalidade para diferentes classes etárias, idade de maturidade sexual, intervalos entre nascimentos, entre outros. Tais parâmetros serão utilizados para Análises de Viabilidade Populacional (PVA), considerando restrições demográficas, genéticas e epidemiológicas, bem como uma variedade de cenários de conservação e manejo, incluindo impacto de ameaças, conectividade de paisagem entre outros.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL, FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO PARA A PROTEÇÃO DA ESPÉCIE As atividades educacionais realizadas pela INCAB no Pantanal e Cerrado, em 2016, alcançaram 15 professores e mais de 500 crianças, adolescentes e jovens em escolas rurais e urbanas, bem como 35 proprietários

rurais e cerca de 800 pequenos agricultores em três assentamentos rurais. As atividades incluíram apresentações para diferentes grupos escolares, distribuição de folhetos educativos e participação em eventos como a Semana Brasileira do Meio Ambiente, Dia Nacional do Cerrado, Dia Nacional do Pantanal, entre outros. Além disso, o IPÊ continuou a distribuir materiais educativos em parceria com a Associação Brasileira de Zoos (SZB) para a campanha “Minha Amiga é uma Anta”, que teve participação de mais de 40 zoológicos em 10 estados brasileiros desde 2013. Dentro do eixo de educação ambiental, em parceria com o Grupo Especialista de Antas da UICN/SSC (TSG), a INCAB começa a desenvolver um currículo escolar com informações sobre antas e sua conservação. O material será finalizado em 2017 e apresentado ao Ministério da Educação e aos Departamentos Estaduais de Educação do Mato Grosso do Sul, para ser incluído como parte do currículo formal nas escolas primárias.

Em 2016, as informações sobre pesquisa e conservação da anta também chegaram a cerca de 400 estudantes de graduação e 150 profissionais de conservação por meio de palestras e apresentações em universidades em todo o país. A INCAB também mantém um Programa de Treinamento Veterinário para profissionais e estudantes da vida selvagem de todo o país. Em 2016, sete veterinários participaram.

TURISMO CIENTÍFICO Visitantes e voluntários de organizações como Taronga Zoo (Austrália), Kent University e Chester Zoo (Reino Unido) e Calviac Zoo (França) participaram de dois eco-tours promovidos em 2016. A equipe da INCAB também fez apresentações sobre o trabalho para 55 hóspedes da Fazenda Baía das Pedras onde as pesquisas acontecem, no Pantanal.

Equipe INCAB acompanha anta que acaba de ser equipada com rádio-colar. Arquivo IPÊ.

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3.4 pantanal e cerrado

Anta atropelada em rodovia. Arquivo INCAB/IPÊ.

DADOS DE PESQUISA SÃO USADOS PARA COMBATER ATROPELAMENTOS DE FAUNA NO CERRADO Em Agosto de 2016, o Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul abriu um Inquérito Civil para investigar os atropelamentos de fauna silvestre nas rodovias do Estado. Uma reunião para discutir essa questão foi realizada no Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL), em Campo Grande, onde foram debatidas medidas urgentes para redução dos acidentes automobilísticos envolvendo animais silvestres, que não só impactam diretamente a biodiversidade do estado, como colocam em risco a segurança e a vida dos usuários. Os dados usados nesse inquérito foram levantados pela INCAB, que monitora, desde 2013, os atropelamentos de antas em 10 trechos de oito rodovias em MS (três federais: BR-267, BR-262 e BR-163; e cinco estaduais: MS-040, MS-080, MS-134, MS-145 e MS-395). Apenas nesses trechos, 215 carcaças de anta foram registradas no período estudado e a estimativa é que, ao todo, cerca de 325-350 antas devam ter sido atropeladas e mortas nessas rodovias. 48

As rodovias campeãs em mortalidade de antas no MS são a BR-267, particularmente no trecho entre os municípios de Nova Alvorada do Sul e Nova Casa Verde, e a MS-040, que liga a capital Campo Grande ao município de Santa Rita do Pardo (tema do Inquérito Civil). Na BR-267, o total de carcaças detectadas foi de 71, podendo chegar até cerca de 110 e já na MS-040, foram registradas 62 carcaças, podendo este número chegar a 90. A perda desses animais é extremamente negativa para a manutenção da biodiversidade brasileira. A anta brasileira é uma espécie listada com “vulnerável à extinção” e corre sérios riscos particularmente no Cerrado, onde as pesquisas são realizadas. Entretanto, também existe o enorme impacto em vidas humanas. Em um período de seis anos, houve um total de 29 feridos e 18 vítimas humanas fatais em rodovias do MS, por colisões com antas. “O atropelamento da fauna é um impacto visível e mensurável que deve ser mitigado e compensado com urgência. Profissionais capacitados, diversas técnicas e métodos, equipamentos e tecnologias estão acessíveis para que os órgãos competentes do Estado se mobilizem em adquiri-los, aplicá-los como medidas de mitigação a fim de que tanto a biodiversidade faunística seja protegida tanto a segurança do usuário seja aumentada”, diz Fernanda Abra, especialista em mitigação de perdas de fauna em rodovias e colaboradora da INCAB.

AGROTÓXICOS TAMBÉM SÃO AMEAÇA A INCAB vem coletando amostras biológicas de antas vivas capturadas para instalação de colar de rádio telemetria e de antas mortas por atropelamentos em rodovias (necropsias) de forma a realizar exames de detecção de resíduos de agrotóxicos. Até o momento, foram encontrados resultados positivos para diferentes tipos de pesticidas (organofosforados, piretróides e carbamatos) e metais pesados (cádmio, chumbo, cobre e manganês). Estes compostos são utilizados na agricultura em grande escala (cana-de-açúcar, soja, milho) e pecuária.

COORDENADORA DA INCAB PARTICIPOU DO REVEZAMENTO DA TOCHA OLÍMPICA Patrícia Medici foi uma das brasileiras que conduziu a tocha olímpica celebrando as Olimpíadas no Brasil. Para ela, foi uma grande oportunidade de promover a causa pela conservação da anta.

Patrícia Medici no revezamento da tocha Olímpica. Arquivo INCAB/IPÊ

“Estamos constantemente em busca de novos meios de chegar às pessoas com a nossa mensagem pela conservação da anta. A oportunidade de participar do revezamento da Tocha Olímpica foi mais uma forma de disseminar a mensagem. É um orgulho para nós e um meio de chamar atenção para uma causa importante, de uma espécie vulnerável”, afirmou.

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3.4 pantanal e cerrado

TATU-CANASTRA (Priodontes maximus) O tatu-canastra é a maior espécie de tatu e pode alcançar até 150 cm e pesar até 50 quilos. A espécie está ameaçada de extinção e é atualmente classificada como Vulnerável pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN/SSC. Com o projeto Tatu Canastra, no Pantanal e Cerrado do Mato Grosso do Sul (MS), o objetivo é investigar a ecologia e biologia da espécie e compreender sua função no ecossistema para propor ações que possam contribuir para a sua conservação. Para a pesquisa científica são usados transmissores, armadilhas de câmera, pesquisas de comportamento, monitoramento e mapeamento de ocorrência da espécie. O projeto atua em diferentes frentes integradas: pesquisa científica, educação ambiental, treinamento e capacitação e comunicação. Na frente de Pesquisa Científica, em 2016, os objetivos foram consolidar a pesquisa sobre o tatu canastra no Pantanal, testar um novo método para estimar as densidades, e continuar as avaliações sobre epidemiologia e estudo reprodutivo de outras espécies de Xenarthra, como o tamanduá. No ano, foram também iniciados novos

estudos com armadilhas fotográficas no Pantanal. Cinco novos tatus gigantes foram capturados para pesquisa e houve oito recapturas para fixar um GPS, para monitoramento. Este é um número bastante expressivo que culminou no ano mais bem sucedido em capturas deste animal. Há um grande desafio nas capturas do tatu canastra, por ser um animal raro e de hábitos noturnos. Desde 2010, foram 26 os tatus capturados e 15 monitorados pelos pesquisadores.

CÂMERAS DO PROJETO TATU CANASTRA FLAGRAM MAIS UM FILHOTE NO PANTANAL Em expedição ao Pantanal, a equipe do projeto flagrou por meio de armadilha fotográfica mais um filhote. Tatus canastra jovens ou adultos são dificilmente avistados na natureza e um filhote é um fato ainda mais raro. O uso de câmeras facilita esse registro e auxilia os pesquisadores a monitorarem a espécie. Este é o terceiro tatu filhote registrado em seis anos de projeto. A equipe, entretanto, só conseguiu acompanhar a vida inteira de apenas um desses filhotes (chamado

Imagem de câmera-trap. Arquivo IPÊ

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de Alex) durante dois anos e, pela primeira vez, documentar o comportamento parental de um tatu canastra. Mas em 2015, os pesquisadores registraram a morte do tatu monitorado que, segundo a necropsia, foi atacado por uma onça. De acordo com o coordenador do projeto, Arnaud Desbiez, esta é uma importante etapa para o trabalho. “ Um novo capítulo para o projeto acaba de se abrir. Nós temos uma segunda chance para seguir a história de Alex, que começou a ser escrita, mas foi interrompida. No entanto, para chegarmos ao ponto onde paramos, levaremos ainda dois anos e tudo pode acontecer, já que a natureza é um mundo perigoso para um jovem tatu gigante. Mas estamos muito animados por essa oportunidade!”, conta. A equipe vai continuar as buscas para acompanhamento do novo tatu após a época de cheias de 2017. A ideia é responder agora à pergunta sobre quantos animais

existem na área de estudo no Pantanal. Estima-se que existam entre cinco a oito tatus a cada 100 km2. O número de tatus canastra também é uma incógnita no Cerrado. Para estimá-lo, o projeto mapeou as áreas de provável ocorrência da espécie no bioma, com ajuda de moradores locais. Os pesquisadores distribuíram cartazes e panfletos pedindo aos moradores que relatassem indícios de rastros, pegadas, tocas e fezes do tatu. Evidências de tatus foram encontradas em 99 das 258 bacias hidrográficas. Também por meio de entrevistas com 500 pessoas de 19 municípios do interior de Mato Grosso do Sul, a equipe registrou os possíveis lugares de presença de tatus canastra na região. Chamada de Ciência Cidadã, esse envolvimento dos moradores ajuda a ampliar o conhecimento sobre a espécie entre as pessoas e consequentemente o apoio pela sua proteção. Os dados apontados pela população foram inseridos

Ciência Cidadã. Projeto Tatu-Canastra

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3.4 pantanal e cerrado

em um mapa de distribuição preliminar, já disponível. O trabalho de mapeamento, que em 2017 será estendido para a Mata Atlântica, agregou novos parceiros locais como a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, o WWF Brasil Pantanal / Cerrado e o Smithsonian Conservation Biology Institute.

como trabalhadores, que participam ativamente na busca pelo tatu. Educação Ambiental também é uma frente do trabalho. O projeto participa da educação ambiental de duas escolas rurais locais e leva informações às fazendas vizinhas. No Cerrado, graças à iniciativa de Ciência Cidadã, o projeto conseguiu parceria com a Secretaria Municipal de Educação para capacitar professores de ciências da rede pública na conservação de tatus canastra. Ao todo, 250 professores foram beneficiados. O primeiro objetivo do programa de educação ambiental foi introduzir o tema “tatus” para o público em geral. Antes do projeto, poucas pessoas nas áreas do projeto conheciam tatus canastra ou outros tatus. A melhor medida do sucesso do trabalho em 2016 foi a designação do tatu canastra como um dos cinco

TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO PARA CONSERVAÇÃO

principais mamíferos a serem usados como indicadores de áreas protegidas em Mato Grosso do Sul. O projeto também aposta na comunicação em diferentes mídias no Brasil e no mundo para disseminar a mensagem sobre os tatus. Em 2016, o projeto produziu um documentário para MaraMedia (BBC e PBS), chamado Hotel Armadillo, que deve estrear em abril no Reino Unido e em setembro em os EUA. O documentário, narrado por David Attenborough, destaca o papel importante dos tatus como engenheiros de ecossistemas. Imprensa, redes sociais e outras ferramentas comunicativas são usadas para chegar aos mais diferentes públicos. No ano, o projeto promoveu uma extensa comunicação sobre a espécie em 30 jardins zoológicos na América do Norte e Europa.

Para exercer um trabalho de ponta e ainda disseminar o conhecimento em conservação do tatu, o projeto investe em treinamento e capacitação de profissionais. Em 2016, pesquisadores da equipe participaram de quatro conferências diferentes, em 44 Universidades, instituições de pesquisa e zoológicos. Além disso, cinco trabalhos e uma tese foram publicados. Ao todo, 17 profissionais brasileiros (8 biólogos da vida selvagem e 9 veterinários) conheceram os diferentes aspectos do projeto de conservação de campo no Cerrado e no Pantanal.

IMPACTO NA COMUNIDADE LOCAL: EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO No Pantanal, o projeto continua sendo recebido positivamente pela comunidade local na área de estudo. O projeto permanece apoiado pela Fazenda Baía das Pedras. Turistas que visitam a fazenda recebem informações sobre o projeto, assim 52

Educação Ambiental Projeto Tatu-Canastra.

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4. projetos temáticos

4 .1 ÁREAS PROTEGIDAS Projeto Monitoramento Participativo da Biodiversidade

4. projetos temáticos

No “Monitoramento Participativo da Biodiversidade”, em parceria com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), o IPÊ realiza atividades em oito Unidades de Conservação federais da Amazônia, com apoio e participação comunitária. Em 2016, 430 pessoas e 20 organizações locais participaram de diversas ações que colaboram com a conservação da biodiversidade em significativas áreas do bioma. Manguezais, castanhais, quelônios, mamíferos, borboletas e peixes

de áreas protegidas estão sob os olhares atentos de moradores do entorno das áreas protegidas, como Christina Santos Braga. Na Reserva Biológica de Uatumã, ela realiza monitoramento do tucunaré, uma das espécies de peixe mais cobiçadas na região. Em conjunto com o IPÊ e o ICMBio a comunidade da Rebio também produziu um protocolo para a pesca esportiva e trabalhou no aprimoramento do protocolo do desembarque pesqueiro. Os dois protocolos foram avaliados pela comunidade e passarão a ser utilizados em 2017. “Agora entendo melhor a importância do monitoramento pesqueiro na região para ajudar na preservação de tucunarés no rio Uatumã. A sobrepesca está afetando os peixes e só vamos entender como conservar as espécies se alinharmos ao desenvolvimento das pescas comerciais e

Monitoramento de quelônios. Virginia Bernardes. Arquivo IPÊ

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4. projetos temáticos

esportiva na região com o monitoramento dos estoques naturais. Com mais peixes no rio, melhora o equilíbrio da natureza, o desenvolvimento da comunidade, do turismo e da qualidade de vida”, comentou a monitora. Em 2016, 227 novos monitores foram capacitados pelo projeto em seis eventos de formação. Com a capacitação, os monitores estão aptos a fazerem levantamentos sobre o estado de conservação da biodiversidade local. No projeto, atuam 93 deles, realizando o trabalho seguindo protocolos criados e adaptados com a participação dos próprios comunitários em conjunto com profissionais do ICMBio e IPÊ, pesquisadores e técnicos de instituições parceiras. No ano, os monitores realizaram, ao todo, 22 coletas do monitoramento florestal (em seis UCs) e 11 eventos de coletas do monitoramento complementar (em sete UCs).

“Queremos sensibilizar os atores locais sobre a importância o monitoramento e a partir disso produzir conhecimento sobre a biodiversidade local. Isso gera informações e subsídios para elaboração de propostas de manejo dos recursos naturais eficazes, além de apoiarem tomadas de decisão com relação à gestão dessas UCs”, afirma a coordenadora do projeto, Fabiana Prado. Dentre os destaques do monitoramento estão o registro de cerca de 1600 mamíferos e aves - com mais de 50 espécies registras só em uma amostragem na Resex Tapajós-Arapiuns - e também o de 3.323 borboletas frugívoras, 12 espécies só na Resex Cazumbá-Iracema. A iniciativa é parte do Programa Brasileiro de Monitoramento da Biodiversidade em UC Federais (bioma Amazônia), ICMBio. O objetivo é gerar dados sobre a

VIRGINIA BERNANRDES. ARQUIVO IPÊ.

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biodiversidade aplicáveis à gestão das UCs e elaborar ações conjuntas com os envolvidos nessa gestão. Até 2017, o objetivo do IPÊ é implementar e consolidar o monitoramento participativo da biodiversidade em 15 UC da Amazônia, em uma área de Área total de atuação 8.730.000 hectares, com 11 protocolos de monitoramento participativos testados e ajustados. O projeto pretende também gerar subsídio para institucionalização de procedimentos do Sistema de Monitoramento da Biodiversidade nacional, por meio da implementação do monitoramentos global/local nas UC da Amazônia e da sistematização dos dados. UCs participantes: Resex: Rio Unini, Cazumbá-Iracema e Tapajós-Arapiuns; Rebio Uatumã; Parques Nacionais: Jaú, Cabo Orange e Montanhas do Tumucumaque; e Floresta Nacional do Jamari.

PAULO BONAVIGO. ARQUIVO IPÊ.

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4. projetos temáticos

Aldeci Cerqueira Maia. Foto cedida ICMBio.

“UMA VERDADEIRA REVOLUÇÃO” A vontade de ver o local onde nasceu prosperar e de contribuir para a melhoria de vida das pessoas fez com que Aldeci Cerqueira Maia se tornasse um dos líderes comunitários mais participativos na Reserva Extrativista (Resex) Cazumbá-Iracema, no Acre. A história de Nenzinho, como é mais conhecido nessa região, está profundamente ligada a importantes transformações que essa área sofreu ao longo das últimas décadas. Enfermeiro por profissão, Nenzinho nasceu nesta região da Amazônia e contribuiu para transformá-la em uma Unidade de Conservação de uso sustentável, uma das mais reconhecidas por unir o uso responsável dos recursos naturais com a conservação da biodiversidade. “Comecei a fazer parte dessa liderança por necessidade

e por ver a batalha da minha mãe e dos meus avós vivendo da floresta. Nos anos 90, vimos muitas áreas vizinhas sendo loteadas e transformadas em pasto para gado e não queria que isso acontecesse aqui. Junto com a comunidade, nos organizamos para ficarmos na terra e viver dos recursos naturais dela. A criação da Resex foi um grande passo para isso. Hoje, em muitos loteamentos você só vê gado. Aqui temos floresta”, comenta ele. Reconhecida como Resex em 2002, Cazumbá-Iracema tem uma área de 750 mil hectares e ocupa os municípios de Sena Madureira e Manuel Urbano, com cerca de 350 famílias, divididas em 11 comunidades e cinco macrorregiões. As atividades econômicas incluem extrativismo de castanha-do-Brasil, borracha, artesanato de borracha, além de pesca, agricultura e pecuária para subsistência. A UC é hoje uma das participantes do projeto Monitoramento Participativo da Biodiversidade e Nenzinho o presidente da associação, atuando na gestão da Resex, e apoiando o IPÊ e o ICMBio nas atividades de formação de monitores e de novas lideranças. A Resex tem hoje oito monitores que também são responsáveis por multiplicar o conhecimento entre a população moradora da UC. Há dois anos o projeto faz parte da rotina de Nenzinho, que só viu pontos positivos com a mobilização comunitária em prol da biodiversidade “O projeto veio é uma revolução para a Cazumbá. As pessoas não sabiam que tudo aquela biodiversidade

VIRGINIA BERNARDES. ARQUIVO IPÊ.

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era nossa e que temos que cuidar dela. O extrativista tem o olhar de que está vivendo na terra do governo, mas isso está mudando, a partir do envolvimento das pessoas com esse trabalho de monitoramento. As pessoas hoje estão se sentindo mais valorizadas, cuidando do que é nosso, se apropriando e se sentindo responsável por essa riqueza que é a Resex. A formação de novas lideranças é bom pra que a gente continue esse trabalho e que tenha isso por toda vida”, afirma. Confira mais: ipe.org.br/RA2016

PROJETO “MOTIVAÇÃO E SUCESSO NA GESTÃO DE UCS” O projeto “Motivação e Sucesso na Gestão de UCs” busca ampliar a qualidade da gestão das Unidades de Conservação (UCs) no Brasil, por meio do incentivo as boas práticas dos gestores de áreas protegidas. Para isso, dá apoio técnico, capacitação e promove debates entre os seus principais articuladores e interessados. As ações buscam reconhecer boas práticas de gestão nessas áreas protegidas e propõe atitudes inovadoras para superação de desafios. Em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e apoiado pelo Gordon and Betty Moore Foundation, apenas em 2016 o projeto beneficiou 50 gestores, além de moradores das UCs e do entorno.

SEMINÁRIO E REVISTA TÊM NOVAS EDIÇÕES A iniciativa nasceu em 2012 e continua a render frutos. Em 2016, por exemplo, foi realizada a segunda edição do Seminário de Boas Práticas na Gestão de UCs, em Brasília (DF). No evento, participaram mais de 120 profissionais entre gestores de áreas protegidas, parceiros locais, coordenadores regionais do ICMBio e gestores estaduais, além de representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Tribunal de Contas da União (TCU), Organizações Não-Governamentais (ONGs) e universidades. O encontro foi a oportunidade para todos conhecerem 36 experiências de sucesso em gestão de UCs em diferentes temas: manejo de fauna, produtos da floresta, recursos pesqueiros, ecoturismo, populações tradicionais e pesquisa em biodiversidade. A riqueza da troca de experiências entre os profissionais foi o ponto alto do encontro, quando, em grupos, apontaram caminhos a serem seguidos pelas UCs para garantirem sucesso na gestão. A promoção de parcerias, o voluntariado, e o investimento em tecnologia, foram apontadas como prioridades. As boas práticas apresentadas no seminário foram transformadas em matérias para a segunda edição da revista bilíngue do projeto. A publicação “Boas Práticas

Seminário Boas Práticas de Gestão em UCs (DF). Arquivo IPÊ.

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4. projetos temáticos

na Gestão de UCs” pode ser encontrada online: www.ipe.org.br/ra2016. Saiba mais em Publicações. Em 2017 o projeto teve como foco o apoio aos gestores oferecendo uma maior força de trabalho através do apoio ao “Programa de Voluntariado” e contratação de comunitários locais.

Participativo da Biodiversidade é um dos exemplos disso. É todo um esforço para trazer as comunidades para perto da gestão, inserindo-os nas diretrizes, mas fazendo com que eles também as construam e, com o IPÊ, avançamos nesse movimento necessário. Nenhuma UC é viável sem isso” diz Claudio Maretti

PROGRAMA DE VOLUNTARIADO Implementado pelo ICMBio em 2009, o Programa de Voluntariado é uma importante estratégia para a proteção das Unidades de Conservação brasileiras. A iniciativa passou por uma atualização em 2016 com a parceria do IPÊ para o desenvolvimento de ações estruturantes, como planejamento estratégico, o desenho da identidade visual, a elaboração do Guia do Gestor e do Caderno do Voluntário, além de outros materiais para fortalecimento do programa e sua ampliação. “Este é um trabalho a várias mãos que tem forte relação com a missão do IPÊ, que é conservar a biodiversidade a partir de modelos inovadores. Colocamos nossa expertise de cerca de 25 anos de atividades de pesquisa, ciência e educação à disposição dos parceiros para que todos possamos chegar a um objetivo comum que é a conservação da biodiversidade brasileira. Isso acontece não só no programa de voluntariado, mas nos diversos outros programas que realizamos principalmente nas Unidades de Conservação da Amazônia”, explica a coordenadora de projetos do IPÊ Fabiana Prado. “Precisamos de Unidades de Conservação (UCs) mais abertas à sociedade e à sua participação. Já estamos começando esse movimento, mas ele tem que ser mais veloz, em benefício das áreas protegidas do Brasil. Uma das saídas para isso é fazer com que a sociedade reconheça as UCs e as valorizem. Um outro passo é ter um melhor modelo de gestão de UCs, com a união de diversos setores: as empresas privadas, as organizações da sociedade civil, o voluntariado, as comunidades, os gestores e trabalhadores do ICMBio. Se a gente juntar essas forças, multiplicamos por dez a força de trabalho para o desenvolvimento dessas ações de fortalecimento das UCs. Não é só ajudar na gestão, mas entender toda a dinâmica que envolve proteger uma área natural e entender que todos têm um papel de grande relevância para que isso dê certo. O IPÊ é uma organização de importância fundamental nesse processo. O Instituto traz conteúdo, ideias, e vem num processo de construção conjunta conosco, não apontando o que deve ser feito, mas criando junto com os vários atores. O projeto Monitoramento 60

PLANOS DE MANEJO Plano de manejo como ferramenta de participação e conservação socioambiental

Claudio Maretti. Foto cedida: ICMBio.

Como forma de contribuir com a implementação e o desenvolvimento das áreas protegidas no Brasil, o IPÊ realiza projetos de elaboração participativa de planos de manejo. Em 2016, o IPÊ concluiu o Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Ilha Comprida (APAIC), em São Paulo. O trabalho aconteceu em conjunto com a Fundação Florestal de SP, desde 2015, e envolveu a participação de cerca de 200 pessoas, incluindo técnicos, pesquisadores, comunidade,

representantes de organizações, empresas e do setor governamental. O documento reúne informações sobre a fauna, flora, meio físico e aspectos socioeconômicos locais e determina normas de uso e ocupação do território, seu zoneamento e programas e ações prioritárias, com base em seus objetivos de criação. As pesquisas para a formulação desse plano revelaram que a região possui um significativo conjunto de atributos ambientais e histórico-culturais e protege amostras bastante íntegras de ambientes como floresta alta e baixa de restinga, praias e dunas, escrube, brejos e manguezais. Mais da metade do município possui vegetação de restinga e áreas em excelente estado de conservação. Os pesquisadores também indicaram a ocorrência de cerca de 500 espécies de plantas, muitas endêmicas ou com algum grau de ameaça, além de uma fauna local diversa com a provável ocorrência de cerca de 70 espécies de mamíferos, 60 de anfíbios, 50 de répteis e mais de 340 espécies de aves (55 endêmicas, 58 em ameaçadas e 45 migratórias). O IPÊ considera a participação social

no processo de elaboração de planos de manejo de grande importância. Durante as oficinas realizadas foi possível um rico intercâmbio e a identificação das percepções dos diferentes atores sociais que se relacionam com a área protegida sobre a visão de futuro da mesma, o que auxiliou no delineamento do documento. “Embora os interesses de uso da APA sejam diversos entre os participantes, as oficinas foram importantes para constatar o amplo reconhecimento sobre importância ambiental da área e a influência que ela tem na qualidade de vida dos moradores da região. Tivemos uma atividade com mapas temáticos que permitiu levantar informações relevantes sobre áreas prioritárias para preservação e recuperação, onde ocorrem espécies importantes de fauna e flora e quais as áreas de relevância para o extrativismo. Sem contar as necessidades de infraestrutura, áreas potenciais para o turismo, e usos conflitantes com o zoneamento atual. Os pontos abordados foram considerados para propor um novo zoneamento no Plano de Manejo”, explica a coordenadora Angela Pellin.

“Temos que reconhecer que não dá para seguir o modelo convencional de gestão nas Unidades de Conservação. Precisamos ser mais velozes e precisamos de mais! Temos que liderar esse movimento de mudança que eu considero uma revolução nas UCs e que tem uma parcela considerável de participação do IPÊ.” Claudio Maretti, Diretor de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial em Unidades de Conservação. Jussara Christina Reis. ARQUIVO IPÊ

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4. projetos temáticos

Para o estudo, o IPÊ usa tecnologias inovadoras como: LiDAR (Light Detection and Ranging), para avaliar a biomassa florestal e taxas de acúmulo de carbono em áreas de revegetação e biomas florestais; gravadores remotos (“audiorecorders”) e o Sistema ARBIMON (Automated Remote Biodiversity Monitoring Network), para detecção de espécies de aves e anfíbios; e câmeras “trap” para avaliação da biodiversidade em áreas de revegetação e biomas. Em 2016, 18 pontos foram monitorados por audiorecorders e 24 por câmeras trap. Tais tecnologias, aliás, impulsionaram o Instituto a realizar e participar de workshops junto com parceiros da iniciativa, para a disseminação do conhecimento técnico sobre as ferramentas. Assim, foram realizados o I Workshop sobre Bioacústica e Paisagens Sonoras, em parceria com o Laboratório de Ecologia Espacial e Conservação - LEEC/UNESP (Rio Claro), e o Workshop “LiDAR- Novos Horizontes e Desafios”, promovido pela ESALQ/USP e IPEF. Os resultados das pesquisas desenvolvidas nos diversos eixos temáticos serão divulgados a partir de julho de 2017, por meio de seis dissertações de mestrado e uma de doutorado. O projeto é desenvolvido em parceria com: Laboratório de Ecologia Espacial e Conservação, LEEC da UNESP Rio Claro; Grupo de Estudos em Tecnologia LiDAR (GET-LiDAR), da ESALQ-USP;Fazenda Rosanela; Estação Ecológica do Mico Leão Preto (ICMBio); e Parque Estadual do Morro do Diabo (IF-SMA).

PESQUISA & DESENVOLVIMENTO Projeto “Desenvolvimento de Tecnologias para Valoração de Serviços Ecossistêmicos e do Capital Natural em Programas de Meio Ambiente” Inserido no eixo temático de Pesquisa & Desenvolvimento, o IPÊ iniciou em 2016 um levantamento para análise do capital natural do Corredor da Mata Atlântica, o maior corredor reflorestado do Brasil, no Pontal do Paranapanema (estado de São Paulo). Fruto de um trabalho de mais de 20 anos, o corredor contou com inúmeros parceiros ao longo do tempo, inclusive com a iniciativa privada, a partir de seus programas de revegetação, como a Duke Energy - Geração Paranapanema. A empresa aposta agora, por meio do IPÊ, no desenvolvimento de uma metodologia para valoração dos serviços ecossistêmicos promovidos por estas áreas restauradas. A equipe do IPÊ, formada por técnicos e especialistas, além de cinco mestrandos bolsistas da ESCAS - Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, busca quantificar quatro serviços ecossistêmicos e desenvolver modelos para prever como esses serviços mudam, dependendo do uso do solo e ambiente biofísico. Como resultado, será possível também identificar os melhores locais para promoção da restauração ecológica no Pontal do Paranapanema. O projeto divide-se em quatro frentes: Conservação de Recursos Hídricos, Biodiversidade (aves, anfíbios e mamíferos), Solo e Florística e Carbono Florestal. 62

ÁREAS URBANAS IPÊ promove primeiro debate sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade de Áreas Urbanas

Equipe do IPÊ em campo. Arquivo IPÊ.

Em 2016, o IPÊ deu início à sua nova frente de atuação: Meio Ambiente e Sustentabilidade nas Áreas Urbanas. Com o Grupo de Estudos com Atuação em Áreas Urbanas, o Instituto promove discussões sobre as questões pertinentes ao tema com diferentes atores sociais. Uma das ações do grupo de estudos foi a realização do I Encontro Desafios Ambientais em Áreas Urbanas, em Nazaré Paulista (SP). O encontro reuniu 10 pessoas de organizações sociais, prefeituras e empresas, que lidam com as questões ambientais nas zonas urbanas de cidades como Nazaré, São José dos Campos, Atibaia e Bom Jesus dos Perdões. O objetivo foi discutir com os participantes as maneiras de fortalecer a sustentabilidade ambiental nos centros urbanos e fazer com que ela seja reconhecida como pauta importante dos tomadores de decisão.

“Estamos propondo um novo olhar para o meio ambiente dentro dos centros urbanos. O objetivo é que ele seja considerado matéria prioritária nos planejamentos municipais como acontece com áreas de saúde, de educação, de mobilidade urbana, entre outros elementos que compõem os atributos de uma cidade com qualidade de vida”, explica Patrícia Paranaguá, uma das participantes da iniciativa. As Unidades de Conservação urbanas também são foco dos estudos do IPÊ. Artigos e publicações de pesquisadores, como Angela Pellin, vêm apontando a crescente necessidade de olharmos para as áreas verdes em regiões urbanas como forma de melhoria do bem-estar social e ambiental. Saiba mais em: www.ipe.org.br/ra2016.

Foto: Angela Pellin

ESTUDO DO IPÊ PARA CIDADE DE ATIBAIA FOI DESTAQUE DO PROGRAMA MUNICÍPIO VERDE AZUL O estudo do IPÊ para a arborização urbana de Atibaia passou a integrar o Banco de Boas Práticas do Programa Município Verde Azul (PMVA), em 2016. O levantamento sobre a situação da arborização da zona urbana garantiu também ao município uma melhora no ranking do programa estadual, que tem como objetivo estimular e auxiliar as prefeituras paulistas na elaboração e execução de suas políticas públicas para o desenvolvimento sustentável. Na diretiva Arborizaçāo Urbana, a cidade de Atibaia foi destaque com a elaboraçāo e a execuçāo do Plano de Arborizaçāo Urbana. O trabalho do IPÊ, realizado a partir de um termo de parceria, resultou em um mapa da situação da cobertura vegetal dos bairros e das regiões que mais precisam de arborização no município. 63


5. parcerias institucionais e campanhas

5. parcerias institu­cionais e campanhas

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Com a Unidade de Negócios Sustentáveis (UNS), o IPÊ desenvolve uma série de parcerias e atividades que promovem ideias inovadoras em prol da conservação da biodiversidade. As ações vão de projetos de Marketing Relacionado a Causas e campanhas, que buscam promover a participação da sociedade pela causa, até o desenvolvimento de projetos que geram benefícios socioambientais e econômicos a comunidades moradoras de áreas ecologicamente estratégicas, como no caso do projeto Costurando o Futuro.

PRODUTO COM CAUSA Pelo 12º ano consecutivo de parceria, IPÊ e Havaianas lançaram novidades da coleção que contribui com a conservação da biodiversidade brasileira. As Havaianas IPÊ em 2016 trouxeram a beleza do popular tucano/tucanuçu (Ramphastos toco), da Libélula (Erythrodiplax fusca) e da Cobra Coral (Micrurus corallinus). Além de divulgar a riqueza natural genuinamente brasileira, as sandálias contribuem com a causa socioambiental: 7% do valor líquido de cada par é destinado ao IPÊ para fortalecimento de seus trabalhos de conservação. A iniciativa entre IPÊ e Havaianas é um dos exemplos mais citados e de sucesso em Marketing Relacionado a Causas (MRC) e só em 2016 resultou em R$ 623.439,82 com a venda de 805.376 pares.

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5. parcerias institucionais e campanhas

TRIBANCO

Jeferson Marques. Arquivo IPÊ

MAIS DE 800 NADARAM PELA MATA ATLÂNTICA NO ECOSWIM A nona edição do Ecoswim reuniu mais de 800 pessoas no Complexo Esportivo Pedro Dell’Antonia, em Santo André (SP). O evento, promovido pela equipe de natação da Poli-USP, combina esporte e meio ambiente. Parte das inscrições da competição de natação é revertida para o IPÊ, em prol da Mata Atlântica. Neste ano, a arrecadação de R$6.500,00 foi destinada ao viveiro de mudas nativas, em Nazaré Paulista (SP). Além de ser berço para novas árvores plantadas em áreas de influência do Sistema Cantareira, o espaço é utilizado para educação ambiental de alunos de escolas públicas locais. Entre os participantes, estava o consultor de negócios Jeferson Marques. A natação já faz parte da vida dele há muitos anos, mas a escolha pela competição tem uma motivação maior: o apoio à conservação ambiental. “Essa é a segunda vez que eu participo com a equipe do SESC Belenzinho. E viemos pelo tema. O nosso professor apresentou a iniciativa e abraçamos isso na hora. Nada melhor do que poder dar um recado sobre a importância do meio ambiente juntando isso com o esporte. 66

Desde então, viemos sempre pelo grande propósito de contribuir com o meio ambiente”, conta ele. Iniciativas como essa são importantes para a continuidade de alguns projetos. Com o viveiro, por exemplo, o Instituto colabora com a sensibilização ambiental e leva conhecimento sobre o tema para 700 alunos da cidade de Nazaré Paulista e ainda contribui levando uma opção de atividade extra-classe aos professores. “Parcerias como essa são muito importantes para o meio ambiente. As pessoas precisam saber sobre os problemas que o desmatamento traz e quanto mais organizações e empresas puderem ajudar, é um benefício a todos”, afirma o participante Vinicius de Souza, que, assim como os outros nadadores, ganhou uma muda pela inscrição no evento.

O IPÊ e o Tribanco e o Tricard completaram 10 anos de parceria de Marketing Relacionado a Causas. A empresa contribui com o Instituto por meio de doações atreladas a alguns dos seus produtos financeiros. A cada operação do Produto Crédito Certo Tribanco (CCT) , são doados R$0,10. Além disso, 1 centavo de cada fatura paga na Tricard também é destinado ao IPÊ, colaborando com o fundo financeiro para a sustentabilidade dos projetos de conservação socioambiental. No ano, a iniciativa resultou em R$62.646,45 para a causa. A parceria também acontece na produção de conteúdo sobre sustentabilidade para os públicos atendidos pela empresa. Em 2016, clientes e colaboradores tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre os ODS - Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, da ONU. O objetivo é envolver e disseminar o conhecimento sobre desenvolvimento sustentável a um número cada vez maior de pessoas, por meio dos canais de comunicação do banco, pertencente ao Grupo Martins, parceiro institucional do IPÊ.

LET’S STAY 2GHETER De ingresso de cinema a cursos, o Get2gether proporciona descontos e vantagens para quem é um doador! No site www.get2gether.com.br, é possível contribuir com causas sociais e ambientais com doações diretas para as ONGs e pelo Clube do Bem, com um apoio mensal. A plataforma tem como objetivo reunir pessoas, empresas e causas sociais em torno da cultura de doação no Brasil. O IPÊ é uma das organizações beneficiadas.

POLINIZANDO O BEM O Polen é uma startup nacional que financia iniciativas sociais e ambientais por meio de ferramentas não convencionais utilizando a internet. Usando o aplicativo e website, qualquer pessoa pode fazer uma doação ao fazer compras online, sem gastar nada a mais por isso. O IPÊ é uma das organizações beneficiadas. Qualquer pessoa pode polinizar e apoiar uma causa. www.opolen.com.br 67


5. parcerias institucionais e campanhas

QUANDO CENTAVOS VALEM MILHÕES

FESTA DE FLORES E MORANGOS EM ATIBAIA TEM PARTICIPAÇÃO DO IPÊ

2016 foi o terceiro ano de participação do IPÊ como organização beneficiada no Movimento Arredondar. A iniciativa aposta na microdoação para apoiar instituições que geram benefícios sociais e ambientais. No movimento, os centavos valem muito! Ao arredondarem o valor das compras em um estabelecimento parceiro do IPÊ no Movimento Arredondar, as pessoas podem contribuir para a proteção da biodiversidade. O valor arredondado é destinado para fortalecimento das ações do Instituto. Em 2016, foram arredondados para o IPÊ R$114.523,20. Há estabelecimentos que doam exclusivamente para o IPÊ, como Luigi Bertolli, Mercatto, Offashion, Havaianas e Meggashop.

Pela primeira vez, o IPÊ participou da tradicional Festa de Flores e Morangos de Atibaia, que chegou a sua 36a edição em 2016. Durante os dias de evento, o Instituto proporcionou aos visitantes momentos de descontração e aprendizado sobre meio ambiente e também apresentou os produtos feitos por comunidades da Mata Atlântica e da Amazônia. A iniciativa foi uma parceria com a Associação Hortolândia de Atibaia e a Unidade de Negócios do IPÊ. No estande de educação ambiental, os visitantes puderam conferir informações sobre espécies nativas da região, além de participarem de atividades lúdicas. Mais de 3.000 cartilhas sobre educação ambiental foram distribuídas e centenas de mudas vendidas, com arrecadação destinada ao viveiro escola do IPÊ, em Nazaré Paulista (SP). www.floresemorangos.com.br

“QUER ARREDONDAR?” A pergunta já é uma rotina no caixa da Loja Luigi Bertolli. Uma das maiores redes parceiras do Movimento Arredondar, a marca destina o valor doado pelos seus clientes ao IPÊ, para as ações de conservação da biodiversidade. Há dois anos trabalhando na loja do Shopping Patio Paulista, em São Paulo, Camilla Azevedo de Sousa, de 20 anos, comenta que participar do projeto é uma forma importante de motivação e vê-lo acontecer é motivo de orgulho. “Eu acho o máximo poder participar de um projeto como esse. Todos aqui na loja gostamos muito. Você vê que essa movimentação que você faz pela doação vira algo com retorno real. Poder dar essa chance às pessoas é muito legal”, conta a jovem. De acordo com ela, de 10 clientes atendidos na loja, 8 desejam arredondar as compras. A praticidade e transparência da transação, segundo ela, dá mais segurança para quem vai comprar. Ao arredondar, cada cliente recebe uma nota fiscal separadamente com a informação sobre o valor doado. “Passamos para eles informações sobre quem é o IPÊ, para onde o dinheiro vai. Eles gostam muito, perguntam onde podem ter mais informações. Sinto que eles se interessam de verdade. Acho que dá certo principalmente porque é uma ação que, do nosso lado, não atrapalha nosso operacional e, do lado do cliente, é praticamente um dinheiro simbólico, mas que a gente sabe que faz muita diferença para o IPÊ. Às vezes tem cliente que surpreende e já chega falando que quer arrendondar. É muito bom ver quando isso acontece!”, afirma. 68

Arquivo IPÊ

Camilla Azevedo Soares. Arquivo IPÊ

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5. parcerias institucionais e campanhas

IPÊ no Dia de Doar

CAMPANHAS

O Dia de Doar em 2016 aconteceu em 29 de novembro. Este é um grande movimento para promover a cultura de doação no Brasil e no mundo. Uma mobilização nacional para termos um país mais generoso e solidário, em especial para com as organizações da sociedade civil. Para o evento deste ano, o IPÊ ampliou suas formas de receber doações, em especial a partir do novo site do Instituto, com um espaço exclusivo para isso. Além disso, iniciativas como Movimento Arredondar, aplicativo O Polen, site Get2gether e Pay Pal são meios de apoiar o Instituto, por meio de doações.

VIVEIRO VIVO Em 2016, o IPÊ lançou a campanha de crowdfunding “Viveiro Vivo”. Pelo site Catarse, foram arrecadados R$6.900,00 que foram investidos no viveiro escola do Instituto, localizado na cidade de Nazaré Paulista. Além de um local de produção de mudas para reflorestamento da Mata Atlântica e de matas ciliares, o viveiro é um ambiente de aprendizado, que beneficia 700 estudantes da rede pública de ensino, na cidade.

Doe para o IPÊ com o PayPal Desde 2016 é possível fazer doações ao IPÊ por meio do PayPal: www.paypal-brasil.com.br/doe/doecompaypal O apoiador do IPÊ pode escolher entre uma doação única ou doar uma quantia por mês. Os recursos são aplicados no IPÊ e ajudam os trabalhos de conservação da biodiversidade brasileira e sustentabilidade.

Loja do IPÊ A Loja do IPÊ divulga e comercializa de forma justa o trabalho feito por comunidades apoiadas por projetos do Instituto. Artesanato do Baixo Rio Negro, bordados do grupo de Nazaré Paulista e Café Agroflorestal da Mata Atlântica do Pontal do Paranapanema são alguns dos itens, assim como livros e outros produtos cuja parte da renda é destinada à causa socioambiental. A venda dos produtos na loja beneficiou 21 famílias. www.lojadoipe.org.br

Arquivo IPÊ

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6. escas

ESCAS EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE Um dos grandes objetivos do IPÊ ao longo dos anos de atuação foi compartilhar o conhecimento socioambiental com um número cada vez maior de pessoas. A ESCAS - Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade é uma iniciativa baseada nesse princípio, que capacita e forma profissionais e futuros líderes na área socioambiental. A escola tem sede em Nazaré Paulista (SP) e, desde 1996, já capacitou 6.171 pessoas por meio de cursos de curta duração e, desde 2006, também por meio de cursos de pós-graduação:

6. ESCAS

MBA em Gestão de Negócios Socioambientais e Mestrado Profissional em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável. Em um modelo diferenciado de educação, a ESCAS cria o ambiente necessário para os alunos aplicarem seus conhecimentos de forma prática, conviverem próximos a pesquisadores e docentes ampliando o networking, e acessarem ensino qualificado e multidisciplinar garantindo uma visão mais ampla dos temas abordados. A escola alcança profissionais do Brasil, EUA e América Latina, promovendo sinergias entre os participantes, produzindo estudos para a sociedade, estimulando a criação de negócios socioambientais, e dando a oportunidade de criação de redes profissionais com desafios semelhantes.

ESCAS 6.171alunos desde 1996

38

alunos atendidos de forma parcialmente

GRATUITA

CURS OS

7 GRATUITA alunos atendidos de forma

81 70 alunos em cursos

DE CURTA DURAÇÃO online

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alunos em cursos

presenciais

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6. escas

O QUE ORGÂNICOS, MESTRADO E MORCEGOS TÊM EM COMUM?

Arquivo IPÊ

A ESCAS atrai um público variado, levando a sustentabilidade a diferentes profissionais. Desta forma, atende pessoas que atuam na área governamental, Terceiro Setor, empresas, universidades nacionais e internacionais e pessoas interessadas em temas socioambientais. A maioria dos cursos traz o que há de mais atual no mercado da sustentabilidade e conservação socioambiental, alinhado à expertise do IPÊ em seus projetos de pesquisa. A proposta é transformar o conhecimento acadêmico em ferramentas aplicáveis para a conservação socioambiental. Em 2016, a ESCAS ofereceu cursos de curta duração já tradicionais como “Ferramentas de Ação Participativa” e “SIG (ArcGIS)”. O curso “Viveiros e Mudas” ganhou uma atualização e um novo curso passou a fazer parte da grade: “Produção e Comercialização de Orgânicos”. Além dos cursos presenciais, a ESCAS promoveu ainda o curso online “R Aplicado à Análise da Biodiversidade”. Em mais um ano, as aulas online conquistaram um grande público, comprovando a importância de ampliar o alcance da educação para a sustentabilidade a um número maior de pessoas. Em seus programas internacionais, a ESCAS recebeu pela quarta vez, 16 alunos do Colorado University Boulder, para o curso Conservation Biology in Brazil’s Atlantic Forest – Brazil Global Seminar. 74

Adarene Guimarães Silva Motta. Arquivo pessoal.

Tudo. Pelo menos para a bióloga Adarene Guimarães Silva Motta. Em 2016, ela conheceu a ESCAS participando do primeiro curso de curta duração em “Produção e Comercialização de Orgânicos”, com o professor Jackson Pontes Vasquez. O objetivo do curso foi apoiar produtores e demais interessados nesse mercado, tanto aqueles que só tinham um conhecimento básico, ou ainda aqueles que queriam desenvolver técnicas e aprender um pouco mais sobre como inserir os produtos orgânicos no mercado. Foi o caso de Adarene. “Sempre ouvi falar muito bem dos cursos da ESCAS e resolvi tentar, porque estou interessada em tocar um negócio com orgânicos futuramente. Gostei muito da grade do curso e achei o professor cuidadoso no que diz respeito a trazer informações bem reais do que é o mercado de orgânicos. Tivemos uma boa base tanto teórica como prática, o que ajudou, porque não é fácil lidar com tanta informação ao redor deste tema”, afirma. Esta, entretanto seria apenas a primeira experiência de Adarene na ESCAS. Alguns meses depois do curso de curta duração, ela voltaria como aluna no Mestrado Profissional. Moradora do Rio de Janeiro, ela conta que teve várias oportunidades de cursar outro mestrado, mas a grade curricular do curso pesou muito na hora de escolher pela ESCAS. “As grades das outras universidades não tinham o olhar tão direcionado para a conservação como esse mestrado tem. E isso, para mim, fez toda a diferença”, conta. Especialista em quiropterofauna (morcegos), Adarene atua como consultora nessa área e é apaixonada pela questão de restauração florestal e o papel dos morcegos nesse trabalho, estudo que pretende levar adiante no Mestrado. Ela também conta que o mais interessante do Mestrado tem sido conviver com a diversidade de profissionais em sala de aula e ter a chance de poder trabalhar enquanto estuda. “Nosso grupo é bem diverso. Temos biólogos, mas também psicólogo, químico, gestor ambiental... pessoas com formações diferentes pensando sustentabilidade. Isso amplia o seu leque de conhecimento, a sua visão sobre vários conceitos. Outro diferencial é o formato modular do curso, pois se fosse de outra forma, não conseguiria continuar trabalhando”, conclui. 75


6. escas

BOLSISTAS DA ESCAS PARTICIPAM DE PROJETO

MESTRADO PROFISSIONAL

15 12 11 ALUNOS

ALUNOS

na turma Bahia

em Nazaré Paulista

MESTRES formados em 2016: 7 na Bahia e 4 em Nazaré

O Mestrado Profissional em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável existe desde 2008, em parceria com o Instituto Arapyaú. Reconhecido pela Capes, o curso já formou 78 mestres, em cursos nos formatos intensivo e regular, em dois campi: Nazaré Paulista (SP) e Uruçuca (Bahia). Em 2016, o curso contou com o suporte de alguns importantes parceiros como Instituto Arapyaú, Fibria, WWF/Education for Nature Program, AES Tietê, Duke Energy International - Geração Paranapanema S.A, e Veracel, que apoia o mestrado especificamente no Sul da Bahia. Gerente de sustentabilidade da Veracel há 8 anos, Renato Gomes Carneiro Filho afirma que o Mestrado Profissional da ESCAS é o caminho para capacitar pessoas com um olhar para os territórios, com o poder de fazerem a diferença para a conservação socioambiental. Pelo segundo ano consecutivo, a empresa apoiou o mestrado no Sul da Bahia, colaborando para bolsas integrais a profissionais e alunos que atuam na região. A empresa tem ações em oito municípios na Costa do Descobrimento, onde realiza projetos diversos de sustentabilidade, educação ambiental e geração de renda para a conservação da biodiversidade. “Queremos ajudar a construir um movimento para ganhar escala e efetividade na conservação deste, que é um território bastante complexo. Uma das nossas linhas de atuação é orientada para a formação de pessoas que atuem nesse território em prol da restauração e da conservação. O mestrado vem ao encontro porque colabora complementando conhecimentos e dá um aporte de saber nessa área. Quanto mais qualificadas as pessoas estão no enfrenteamento dos desafios socioambientais, mais resultados efetivos vamos ter para todo o território e consequentemente para a conservação da Mata Atlântica dessa região”, afirma. 76

Anália Fernandes Carneiro - Arquivo pessoal.

Alguns estudantes da ESCAS tiveram a chance de, em 2016, participar do projeto “Desenvolvimento de Tecnologias para Valoração de Serviços Ecossistêmicos e do Capital Natural em Programas de Meio Ambiente”. A iniciativa do IPÊ conta com apoio da Duke Energy Geração Paranapanema e destinou cinco bolsas de estudo a mestrandos interessados em realizar pesquisas para o projeto. Natália Moretti Rongetta e Anália Fernandes Carneiro são duas das participantes que desenvolvem seus produtos finais do Mestrado apoiando a análise do capital natural do corredor no Pontal do Paranapanema. “A experiência tem sido muito boa. Essa participação como bolsista caiu como uma luva. Eu já atuava com pesquisa de aves e sempre foi minha paixão. Estudar como elas vão impactar uma área reflorestada, é um desafio que tenho um grande prazer em trabalhar. Além disso, estou sendo acompanhada por profissionais do IPÊ e uma grande equipe, todos trabalhando por um objetivo único”, comenta Natália. Em sua pesquisa sobre aves, a mestranda irá avaliar os fatores que podem influenciar a vida das espécies no corredor e os seus dados serão incorporados no projeto. Já o trabalho sobre qualidade e regularidade de água no corredor, realizado por Anália, vai apoiar a análise global sobre o ecossistema dessa área. A aluna da ESCAS comenta sobre a vivência de campo: “Nunca tinha ido ao Pontal do Paranapanema. Ver ali de perto a realidade ambiental foi incrível. Ficamos no Parque Estadual Morro do Diabo e tivemos um grande suporte para a realização dessa primeira etapa de estudos. Estou ansiosa para saber os resultados que teremos sobre a água”, disse.

Renato Gomes. Arquivo pessoal.

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6. escas

MESTRE PELA ESCAS QUER PROMOVER PECUÁRIA NEUTRA NO BRASIL

Leonardo Resende. Arquivo pessoal.

Equipe do IPÊ acompanhando bolsistas. Arquivo IPÊ

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O Brasil tem mais de 212 milhões de cabeças de gado, em um mercado que movimenta cerca de R$167,5 bilhões por ano e produz 9,5 milhões de toneladas de carne, sendo que 1,8 milhão exportadas para mais de 140 países e o restante para o mercado interno. Esse índice positivo para a economia, entretanto, é bastante preocupante do ponto de vista ambiental. Além do histórico de áreas desmatadas para a criação, existe o impacto no clima, por conta da emissão de gases de efeito estufa (GEE) originados de conversão da terra para pastagem, produção de grãos para ração, transporte de animais, de esterco e gases da ruminação, produzidos pelos animais com destaque para a maior emissão o gás metano. Com o desafio de transformar a produção pecuária em um negócio mais amigável para o planeta, Leonardo Resende, Mestre pela ESCAS/IPÊ, propõe estimular nas fazendas brasileiras a iniciativa que ele aplica na propriedade da família: a pecuária “neutra em metano entérico”. Em um sistema de silvipastoril (integraçao da pecuária com florestas), implementado há cerca de 8 anos na Fazenda Triqueda (MG), hoje, Resende já consegue neutralizar a principal fonte de GEE do sistema produtivo através do sequestro de gás carbônico equivalente (CO2 eq) realizado pelas árvores. Para a sua defesa de mestrado, em 2016, inclusive, Resende mapeou a cadeia produtiva da carne e elaborou uma sugestão de protocolo a ser seguido para um selo de certificação de pecuária neutra em metano entérico. “Hoje já existe um movimento no mercado e nos cons midores de que a pecuária pode ser diferente. Isso está alinhado às Convenções do Clima da ONU e com o plano do governo federal brasileiro da Agricultura de Baixo Carbono. Nesse contexto, direcionei minha pesquisa a fim de incentivar a adoção da integração da pecuária com as florestas plantadas renováveis. Esse é um sistema produtivo inteligente, capaz de conciliar aumento da lucratividade a pegada ecológica significativamente menor do que a pecuária extensiva convencional”, explica Resende. Saiba mais em www.ipe.org.br/ra2016 79


6. escas

11

ALUNOS

EM 2016

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ALUNOS

FORMADOS

DESDE 2012

MBA EM GESTÃO DE NEGÓCIOS SOCIOAMBIENTAIS O MBA Gestão de Negócios Socioambientais proporciona ao aluno um olhar aprofundado para desafios globais e locais do desenvolvimento socioambiental. O curso capacita profissionais em transição de carreira, empreendedores e jovens executivos no desenvolvimento de novos modelos de negócios comprometidos com a sustentabilidade. Realizado com apoio pedagógico da ARTEMISIA Negócios Sociais e do CEATS /USP (Centro de Empreendedorismo e Administração em Terceiro Setor), o MBA oferece uma abordagem totalmente inovadora e prática sobre os conceitos que hoje fazem

a diferença nos negócios das empresas e organizações de destaque: sustentabilidade socioambiental, negócios inclusivos junto à base da pirâmide e valor compartilhado. Em 2016, o IPÊ abriu inscrição para mais uma turma do MBA e também promoveu um encontro dos docentes, alunos e egressos para troca de ideias e propostas para o curso.Eliane de Góis Monteiro é administradora de empresas e economista. Gerente de uma empresa metalúrgica em Campinas (SP), nunca ficou tranquila com relação aos impactos do seu ramo de atividade no aspecto socioambiental. Essa inquietude a fez ingressar no MBA da ESCAS. “Sempre soube que eu poderia unir meu esforço e conhecimento para melhorar alguma condição mais urgente da cidade. Eu sabia que esse curso iria me dar as ferramentas e o conhecimento necessários

pra poder agir e impactar positivamente a vida das pessoas e principalmente o meio ambiente. Como profissional do setor industrial, sempre vi muito abuso, muito desperdício de recursos e entrar nessa área me fez olhar de uma maneira diferente para o meu ramo de negócio e atuar de maneira diferente, com as pessoas, inclusive”, afirma ela. Como trabalho de conclusão, Eliane escolheu estudar outra atividade de grande impacto socioambiental, o eucalipto. O local escolhido para o estudo foi Nazaré Paulista (SP). O trabalho buscou elencar as oportunidades e desvantagens da produção, do ponto de vista econômico e socioambiental. A aluna fez uma lista de recomendações ao processosde produção de lenha dos pequenos produtores, as formas de se agregar valor ao produto, além de apresentar um relatório de opiniões e tendências do ponto de vista dos atores. A ideia central foi auxiliar na criação e incentivo de boas práticas ambientais que possam, inclusive, melhorar as condições econômicas e sociais das pessoas envolvidas em todos os elos e atividades do sistema produtivo da lenha. Além do aprendizado com o trabalho e da oportunidade de colaborar com ideias para a melhoria de uma atividade tradicional, Eliane destaca outros pontos positivos do curso.

“Foi uma experiência e tanto, que eu recomendo a todos que têm esse chamado para a ação socioambiental. O curso trabalha o lado humano, porque não há ambiental sem social. Poder trabalhar muito de perto com as pessoas que tiram seu sustento da terra, que fazem as coisas acontecerem onde elas acontecem... No mundo acadêmico a gente não tem essa prática. Isso me fez entender qual é meu papel no mundo e na construção do mundo que eu quero ver no futuro.” Eliane de Góis Monteiro, administradora de empresas e economista

Arquivo IPÊ

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8. quem fez o ipê em 2016

7. conecte-se ao IPÊ www.ipe.org.br www.facebook.com/ipe.instituto.pesquisas.ecologicas www.twitter.com/institutoipe www.youtube.com/videosdoipe www.instagram.com/institutoipe http://migre.me/wIGIO www.blog.ipe.org.br www.escas.org.br

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8. quem fez o IPÊ em 2016 Adriana Sagiani Aires Aparecida Cruz Alexandre Uezu Aline de Fátima Rocha dos Santos Aline dos Santos Souza Amanda Gutierrez Andrade Andrea Peçanha Travassos Andrea Pupo Bartazini André Pereira de Albuquerque Angela Pellin Antonio Carlos Coelho Arnaud Desbiez Camila Lemke Caroline Testa José Cibele Tarraço Claudio Padua Clinton N. Jenkins. Cristiana Saddy Martins Cristina F. Tófoli Danilo Kluyber Débora Buscariollo Denis Cassio Ramos Diego Aguiar Santos Eduardo Humberto Ditt Eduardo Goularte de Fiori Eduardo Paraiso

Eliane Ferreira de Lima Fabiana Prado Fábio Bueno de Lima Fabíola Cristina da Silva Fernanda Abra Fernanda Pereira Fernando Lima Francisco da Silva de Amorim Gabriela Cabral Rezende Gabriel Masocatto Giovana Dominicci Silva Haroldo Borges Gomes Hercules Quelu Ilnayara Sousa Ivete de Paula João Batista Caraça João Vitor Moraes Silva Joana Darque da Silva José Eduardo Lozano Badialli José Maria de Aragão José Wilson Alves Juliana Ezmenda Jussara Christina Reis Lais Fernandes Laury Cullen Jr Luis Gustavo Hartwig Quelu

Luiz Fonseca Filho Marcela Beraldo de Paiva Marcela Paolino Marco Antonio Vaz de Lima Maria das Graças de Souza Maria Helena de Paula Mariana Semeghini Mauro Rufato Jr. Mirela Alcolea Nailza Pereira Nivaldo Ribeiro Campos Oscar Sarcinelli Olavo Faustino da Silva Patrícia Medici Patrícia Paranaguá Paula Piccin Paulo Henrique Bonavigo Pedro M. Pedro Pedro Tadeu Gonçalves da Silva Pollyana F. de Lemos Rafael Morais Chiaravalloti Rafael Ruas Martins Regina Reinaldo da Silva Renata Carolina Fernandes Santos Renata Teixeira Roberto de Lara Haddad Roseli de Paula Rosemeire Ferreira de Moraes Silva Ruan Vitor Loureiro Gomes Rúbia Goreth Maduro Sérgio Augusto Góes Simone Tenório Suzana Padua Tiago Pavan Beltrame Vinicius Rodrigues Vitória Carvalho Viviam Conceição Viviane Pinheiro Virgínia Campos Diniz Bernardes Walter Ribeiro Campos Williana Souza Leite Marin Voluntários Alexandra Zimmermann (Reino Unido) Armando Dans (Nicarágua) Arnaldo Lacerda Ben Christ Caio Motta Carine Casarin Débora Yogui

Deleece Mclaren Emmanuel Mouton (France) Felipe Fantacini Frances Hulst (Austrália) Grace Parrish (Reino Unido) Jeffrey Espinoza (Nicarágua) Juliana Velez (Colômbia) Kleber Martins da Silva Mariana Landis Mario Ferraro Pedro Watanabe Rogério Zacariotti Ruth Pye (Austrália) Thamy Moreira Vinícius Gasparotto Pesquisadores associados Kauê Cachuba de Abreu Maria José Zakia Ryan Richards Thiago M. Cardoso CONSELHO Presidente Suzana Machado Padua Vice-presidente e reitor da Escas Claudio Valladares Padua Conselho administrativo Alice Penna e Costa Ana Maria Laet 
 Juscelino Martins Christina Gabaglia Penna Mary Pearl Graziella Comini Conselho fiscal Gustavo Wigman Maria Cristina Archilla Alexandre Alves Conselho consultivo Paulo Lalli Roberto Waack Secretário executivo Eduardo Humberto Ditt

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9. apoiadores, parceiros e financiadores 84

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10. apoiadores, parceiros e financiadores

APOIADORES

Comunidades do Rio Cuieiras e Margem Esquerda do Rio Negro, Manaus, AM (Brasil)

ACARI

Conselho Consultivo da Estação Ecológica Mico-leão-preto, Pontal do Paranapanema, SP (Brasil)

Associação de Amigos do Peixe-Boi da Amazônia | AMPA, AM (Brasil)

Conselho Consultivo da Floresta Nacional de Capão Bonito, Capão Bonito, SP (Brasil)

Associação de Escritores e Ilustradores de Teodoro Sampaio | AEITS, SP (Brasil)

Conselho Consultivo do Parque Estadual do Lagamar, Cananeia, SP (Brasil)

Associação de Produtores Orgânicos do Amazonas |APOAM, AM (Brasil)

Conselho Consultivo do Parque Nacional de Anavilhanas, Novo Airão, AM (Brasil)

Associação dos Produtores de Produtos Artesanais do Pontal do Paranapanema

Conselho Consultivo do Parque Estadual do Rio Negro – Setor Sul, Manaus, AM (Brasil)

Associação Pró-Menor de Teodoro Sampaio/ Projeto Guarda Mirim Ambiental, SP (Brasil)

Conselho Deliberativo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista, AM (Brasil)

Associação Central de Turismo Comunitário da Amazônia | ACTCA(Brasil)

Conselho Gestor da APA de Guaraqueçaba, PR (Brasil)

Association of Zoos & Aquariums |AZA Tapir Taxon Advisory Group | TAG (EUA) Bocaina Biologia da Conservação Brascan (Brasil) Brevard Zoo (EUA) Câmaras Municipais de Rosana e Santo Anastácio, SP (Brasil) Câmara Técnica de Educação Ambiental do CBH-PP Centro Comunitário de Estrela do Norte, SP (Brasil) Centro de Pesquisas e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul | CEPSUL (Brasil) Centro Nacional de Pesquisas para a Conservação de Predadores Naturais CENAP/ICMBio (Brasil) Centro Nacional de Pesquisa e Conservação dos Primatas Brasileiros | CPB/ICMBio (Brasil) CESP de Rosana, – Setor de Educação Ambiental, SP (Brasil) Chicago Zoological Society, Brookfield Zoo (EUA) Cia Energética de São Paulo | CESP Rosana - (Brasil) – DEPTO EDUCAÇÃO AMBIENTAL (Brasil) COMDEMA – Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Tabaraí, SP (Brasil)

Estação Ecológica Mico-leão-Preto - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade | ICMBio (Brasil) European Association of Zoos&Aquaria |EAZA Tapir Taxon Advisory Group | TAG (Internacional) Faculdade de Medicina Veterinária | FMV| Universidade de São Paulo | USP, SP (Brasil) Fórum Permanente em Defesa das Comunidades Rurais de Manaus | FOPEC, AM (Brasil)

IUCN/SSC Tapir Specialist Group | TSG (Internacional) IUCN/SSC Sirenian Specialist Group| SSG (Internacional) IUCN/SSC Conservation Breeding Specialist Group|CBSG (Internacional) IUCN/SSC Primate Specialist Group|PSG (International) John Ball Zoo (EUA)

Fundação Banco do Brasil

Laboratório de Mamíferos Aquáticos LMA/INPA (Brasil)

Fundação Florestal do Estado de São Paulo | FF/SP (Brasil)

Laboratório Renato Arruda - Sabin, Campo Grande, MS (Brasil)

Fundação Parque Zoológico de São Paulo, SP (Brasil)

Macboot (Brasil)

Fundo Brasileiro para Biodiversidade |FUNBIO (Brasil)

Ministério do Desenvolvimento Agrário | MDA (Brasil)

Future for Nature Foundation (Holanda)

Ministério do Meio Ambiente SBF (Brasil)

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior | CAPES (Brasil)

Hotel Fazenda Baía das Pedras, Pantanal, MS (Brasil)

Ministério Público Estadual Presidente Prudente, SP (Brasil)

Coordenadoria de Assistência Técnica Integral | CATI, Nazaré Paulista, SP (Brasil)

Hughes Telecomunicações do Brasil (Brasil)

Coordenadoria de Assistência Técnica Integral | CATI Registro | Secretaria de Agricultura SP (Brasil)

Instituto Ambiental do Paraná | IAP, PR (Brasil)

Cooperativa dos Assentados de Reforma Agrária | COCAMP, SP (Brasil)

Houston Zoo (EUA) Idea Wild (EUA)

Copenhagen Zoo (Dinamarca)

Instituto Biológico do Estado de São Paulo, SP (Brasil)

CRAS – Centro de Referência de Assistência Social de Tabaraí, SP (Brasil)

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis | IBAMA (Brasil)

Departamento de Educação de Nazaré Paulista (Brasil)

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis | IBAMA | SISBIO (Brasil)

Departamento Municipal de Educação de Teodoro Sampaio, SP (Brasil) Departamento Municipal de Meio Ambiente de Teodoro Sampaio, SP (Brasil) Diretorias de Ensino Regional de Bragança Paulista, Mirante do Paranapanema e Santo Anastácio, SP (Brasil) Divisões Municipais de Educação, Divisões Municipais de Meio Ambiente, e Secretarias de Meio Ambiente e Cultura das cidades: Estrela do Norte, Presidente Venceslau, Tarabaí, Rosana, Santo Anastácio e Narandiba.

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade | ICMBio (Brasil) Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas I IDESAM (Brasil) Instituto de Cooperativismo e Associativismo do Estado de São Paulo | ICA | Célula Registro (Brasil) Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas | IDAM, AM (Brasil) Instituto de Terras do Estado de São Paulo |ITESP (Brasil) Instituto Florestal de São Paulo | IF/SP (Brasil)

Comitê da Bacia Hidrográfica do Pontal do Paranapanema Companhia Nacional de Abastecimento I CONAB, AM (Brasil)

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária | EMBRAPA, Amazônia Ocidental (Brasil)

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária | INCRA (Brasil)

Comunidade Ecológica do Assentamento Ribeirão Bonito | CERB, SP (Brasil)

ETEC Nair Luccas Ribeiro - Centro Paula Souza

Instituto de Terras do Estado de São Paulo |ITESP (Brasil)

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IUCN Brasil (Brasil)

Fórum de Turismo de Base Comunitária AM (Brasil)

EMEFs: João Antônio Rodrigues (Iepê), Prof. Luiz Fernandes Serafim (Nantes), Dr. Alvaro Coelho (Pres. Venceslau), Waldyr Romeo da Silveira (Pres.Epitácio), Jorgina de Alencar (Tarabaí)

Comunidade Ecológica do Assentamento Tucano | CEAT, SP (Brasil)

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia | INPA (Brasil)

Escola Estadual Delfina Nogueira de Souza, Cerrado (Brasil) Escola Pantaneira Fazenda Primavera, Pantanal (Brasil)

Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (Brasil)

Instituto Florestal de São Paulo | IF/SMA Parque Estadual Morro do Diabo | PEMD (Brasil)

Museu da Amazônia I MUSA, AM (Brasil) ONG Instituto Itapoty (Brasil) Parque Estadual do Lagamar de Cananeia | PELC – FF/ SP (Brasil) Parque Estadual Morro do Diabo | PEMD – FF/SP (Brasil) Polícia Militar Ambiental de Teodoro Sampaio, SP (Brasil) Ponto de Cultura Caiçara Fundação Florestal/PELC (Brasil) Praça Nicolino Rondó, Presidente Venceslau , SP (Brasil) Prefeitura Municipal da Estância de Cananeia, SP (Brasil)

SABESP - Teodoro Sampaio, SP (Brasil)

WWF-Brasil (Brasil)

Salão Paroquial da Igreja São Sebastião (Estrela do Norte) e Capela São Francisco de Paula (Narandiba), SP (Brasil).

World Wildlife Fund for Nature (Internacional)

Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo (Brasil) Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Manaus | SEMMAS (Brasil) Secretaria de Meio Ambiente e do Estado do Amazonas | SEMA (Brasil)

Agência de Cooperação Internacional do Governo da Alemanha| GIZ (Alemanha) Ajuri de Novo Airão (Brasil) Alpargatas S/A | Havaianas (Brasil)

Secretaria de Trabalho do Estado do Amazonas I SETRAB (Brasil)

ARC&VB-Atibaia e região Convention & Visitors Bureau

Ana Laet Comunicação (Brasil)

Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Paraná | SEMA, PR (Brasil)

ARTEMISIA Negócios Sociais (Brasil)

Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo | SABESP, SP (Brasil)

Associação Bem-te-vi Diversidade

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Novo Airão, AM (Brasil) Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB) (Brasil) TED Fellowship Program

Ashoka (Brasil) Associação de Escritores e Ilustradores de Teodoro Sampaio | AEITS, SP (Brasil) Associação Hortolândia de Atibaia / Festa de Flores e Morangos Associação Pró-Menor de Teodoro Sampaio/ Projeto Guarda Mirim Ambiental, SP (Brasil)

Universidade de São Paulo (USP), FMVZ - Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal (VPS) (Brasil)

Banco Triangulo/Tribanco/Tricard

Universidade de São Paulo (USP), FMVZ - Departamento de Patologia e Toxicologia (VPT) (Brasil)

Campus Brasil

Universidade Estadual Paulista (UNESP), Centro de Assistência Toxicológica de Botucatu (CEATOX) (Brasil) Universidade Estadual Paulista I UNESP: Rio Claro – Laboratório de Primatologia (Brasil) Universidade Estadual Paulista I UNESP: Campus de Rosana (Brasil)

Prefeituras Municipais de Piracaia, Joanópolis e Vargem, SP, Extrema, Itapeva e Camanducaia, MG (Brasil)

Universidade Federal de Minas Gerais | UFMG, MG (Brasil)

Prefeitura Municipal de Mirante do Paranapanema, SP (Brasil)

PARCEIROS

Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo - Projeto PDRS (Brasil)

Prefeitura Municipal de Nazaré Paulista, SP (Brasil)

Prefeitura Municipal de Teodoro Sampaio, SP (Brasil)

Zoológico de Sorocaba, SP (Brasil)

Universidade Federal de São Carlos |UFSCAR | Laboratório de Biodiversidade Molecular e Citogenética, SP (Brasil) Viveiro Alvorada, Pontal do Paranapanema, SP (Brasil)

Prefeituras Municipais de Iepê, Nantes, Estrela do Norte, Presidente Venceslau, Presidente Epitácio, Tarabaí, Taciba, Rosana, Santo Anastácio e Narandiba.

Viveiro Viva Verde, Pontal do Paranapanema, SP (Brasil)

Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa)/Ministério do Meio Ambiente (Brasil)

Whitley Fund for Nature | WFN (Reino Unido)

Wildlife Conservation Network | WCN (EUA)

Biofílica (Brasil) Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (CEATS/USP) (Brasil) Columbia University (EUA) COMDEMA – Conselho Municipal de Meio Ambiente de Teodoro Sampaio, SP (Brasil) Copenhagen Zoo (Dinamarca) Crescimentum Consultoria (Brasil) Departamento Municipal de Educação de Teodoro Sampaio, SP (Brasil) Departamento Municipal de Meio Ambiente de Teodoro Sampaio, SP (Brasil) Diretoria Regional de Ensino de Mirante do Paranapanema, SP (Brasil) Durrell Wildlife Conservation Trust | DWCT (Reino Unido)

Rede Cananeia

Woodland Park Zoo (EUA)

Escolas Estaduais Francisco Derosa, Fabio H. Pínola, Clélia B. L. Silva, Luzia Della Rosa Hacl, Bairro do Mascate, e Bairro Divininho, Nazaré Paulista, SP (Brasil)

Rede Maniva de Agroecologia do Amazonas, AM (Brasil)

World Association of Zoos and Aquariums | WAZA (Suíça)

Escolas Estaduais, Municipais e Particulares do Município de Teodoro Sampaio, SP (Brasil)

Royal Zoological Society of Scotland | RZSS (Reino Unido)

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10. apoiadores, parceiros e financiadores

Compra3 Assessoria Informação e Tecnologia Ltda

International Foundation for Science | IFS (EUA)

Taiwan Forestry Bureau (Taiwan)

Pete Puleston

Copenhagen Zoo (Dinamarca)

Ipplan - Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento de São José dos Campos (Brasil)

Taronga Zoo (Australia)

Rick Barongi

The Conservation Division, Forestry Bureau (Taiwan)

Rita & Carlos Jurgielewicz e Família

The Elisabeth Giauque Trust (UK)

Rudy Rudran

The Royal Zoological Society of Scotland (Escócia)

Salisbury Zoo-Chesapeake AAZK

Touroparc (França)

Tim e Gwen Kittel

Tribanco / Tricard (Brasil)

Victor Ruiz Huidobro

Estação Ecológica Mico-leão-Preto (Brasil) | ICMBio (Brasil)

Pé-de-Pincha/UFAM, Secretaria de Estado de |Meio Ambiente do Amazonas, Fundação Vitória Amazônica)

ETEC Nair Luccas Ribeiro - Centro Paula Souza

Punta Verde In Situ Onlus (Itália)

Equilibrium Research (Reino Unido)

Rede Rio Negro (Brasil)

Conservation des Espèces et des Populations Animales/ CEPA (França)

Fazenda Laranjeira, Cerrado, MS (Brasil)

SABESP (Brasil)

Disney Worldwide Conservation Fund (EUA)

Jacksonville Zoo (EUA)

Fazenda Lucas, Cerrado, MS (Brasil)

Sea to Shore Alliance (EUA)

Disney Club Penguin’s Coins For Change (EUA)

João e Branca Moreira Salles (Brasil)

Fazenda Rosanela (Brasil)

University of Colorado Boulder (EUA)

Disney Conservation Fund (EUA)

Lion Tamarins of Brazil Fund (Europa e EUA)

Fazenda Santa Sofia, Cerrado, MS (Brasil)

University of Florida (EUA)

Dublin Zoo (Irlanda)

Liz Clairborne Art Ortenberg Foundation (EUA)

Fibria Celulose S.A (Brasil)

U.S. Fish and Wildlife Service (EUA)

DUKE Energy Brasil - Geração Paranapanema (Brasil)

Luiz Seabra (Brasil)

Fundação Almerinda Malaquias | FAM, Amazonas (Brasil)

Veracel (Brasil)

Durrell Wildlife Conservation Trust (Reino Unido)

Margot Marsh Biodiversity Foundation (EUA)

Viveiro Alvorada, Pontal do Paranapanema, SP (Brasil)

Embaixada da França (Brasil)

Minnesota Zoo (EUA)

Future for Nature Foundation (Holanda)

Viveiro Viva Verde, Pontal do Paranapanema, SP (Brasil)

Fanwood Foundation (EUA)

Nashville Zoo (EUA)

Greenville Zoo, the San Antonio Zoo and Aquarium

Whitley Fund for Nature (Reino Unido)

Familia Moreira Salles (Brasil)

Natura Cosméticos S.A (Brasil)

Grupo Martins (Brasil)

Wildlife Conservation Network | WCN (EUA)

Fibria Celulose S.A (Brasil)

Natural Research (MMA) (Reino Unido)

FIES - Fundo Itaú de Excelência Social (Brasil)

Oklahoma City Zoo (EUA)

Fondation Segré (Suíça)

Papoose Conservation Wildlife Foundation (EUA)

Ford Foundation (EUA)

Paradise Wildlife Park (Reino Unido)

Fresno Chaffee Zoo Wildlife Conservation Fund (EUA)

Parc Zoologique d’Amnéville (França)

FSA-Fundo Socioambiental CAIXA (Brasil)

Parco Zoo Falconara (Itália)

FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL (Brasil)

Panthera Foundation

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo | FAPESP (Brasil)

PDRS - Programa Micro Bacias II - Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável I Secretaria do Meio Ambiente (SMA) BIRD

Get2gether

Hotel Fazenda Baía das Pedras, Pantanal, MS (Brasil) Houston Zoo (EUA) Instituto Arapyaú (Brasil) Instituto Arredondar / Movimento Arredondar (Luigi Bertolli, Mercatto, Offashion, Havaianas e Meggashop)

FINANCIADORES AES Tietê Energia S.A. (Brasil) Alexandria Zoo (EUA)

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade | ICMBio (Brasil)

Agência de Cooperação Internacional do Governo da Alemanha| GIZ (Alemanha)

Instituto Internacional de Educação do Brasil | IEB (Brasil)

Akron Zoological Foundation

Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais | IPEF (Brasil)

Association Beauval Nature, Beauval Zoo (França)

Instituto Pró-Carnívoros (Brasil) International Union for Conservation of Nature| IUCN (Internacional) IUCN/SSC Conservation Breeding Specialist Group | CBSG (Internacional)

Association Basin Arcachon Association Française des Parcs Zoologiques – AfdPZ (França) l´Association Jean-Marc V¬ichard pour la Conservation (França) Belizean Grove

IUCN/SSC Tapir Specialist Group | TSG (Internacional)

Bergen County Zoo (EUA)

Legatto Creative Works

BNDES | Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Brasil)

Núcleo Oikos (Brasil) Parco Zoo Punta Verde (Itália) Parque Estadual Morro do Diabo | PEMD Fundação Florestal do Estado de São Paulo | FF/SP (Brasil) Parque Nacional de Iguaçu (Brasil) Parque Nacional de Anavilhanas/ICMBio (Brasil) Polícia Militar Ambiental de Teodoro Sampaio, SP (Brasil) Prefeitura Municipal de Teodoro Sampaio Programa de Conservação dos Quelônios do Baixo Rio Negro (Wildlife Conservation Society (Projeto

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Fundo de Direitos Difusos | FDD/Ministério da Justiça (Brasil)

Americo Guelere Filho

Vienna Zoo (Áustria)

André Ghizi de Mello

Zoo Wroclaw (Polônia)

Antonio Eduardo Citron

We Forest (Bélgica)

Associação Bem-Te-Vi Diversidade

WWF-EUA - Education for Nature Program / EFN (EUA)

Cristine Handel

Whitley Fund for Nature (Reino Unido)

Egon Handel

Wildlife Conservation (Reino Unido)

Lincoln Delgado

Wildlife Trust (Reino Unido)

Maria Amélia Gelli Feres Barreto

Primate Action Fund - Conservation International (EUA)

Alex and Sybilla Balkanski

Fundo Nacional para a Biodiversidade | Funbio (Brasil) / Tropical Forest Conservation Act (TFCA) (Brasil)

Prince Bernhard Fund for Nature (Holanda)

Dieter Entelmann

Punta Verde in Situ Onlus (Itália)

Doug & Sheila Grow

Quagga Foundation (Holanda)

Elias Sadalla

Reid Park Zoo Teen Volunteers (EUA)

Erick Benone

Réserve Zoologique de Calviac (França)

Hope & Bob Stevens

Roger Williams Park Zoo (EUA)

George Carver

Rhode Island Zoo (EUA)

George Rabb

Riverbanks Zoo and Gardens (EUA)

Guilherme Peirão Leal

Russel E. Train Education for Nature Program | EFN/ WWF (EUA)

Juscelino Martins

Fundo Socioambiental CASA Givskud Zoo (Dinamarca) Gordon and Betty Moore Foundation (EUA) Guilherme Leal (Brasil)

Caixa Econômica Federal – Fundo Socioambiental (Brasil)

Houston Zoo (EUA)

Companhia Energética de São Paulo | CESP (Brasil)

Almos Makray

Van Tienhoven Foundation (Holanda)

Fundo Nacional do Meio Ambiente | FNMA (Brasil)

Hotel Fazenda Baía das Pedras, Pantanal, MS (Brasil)

Columbus Zoo Conservation Fund (EUA)

US Fish and Wildlife Service (EUA)

United States Marine Mammal Commission | USMMC (EUA)

DOADORES

Brevard Zoo (EUA)

CNPq (Brasil)

University of Colorado (EUA)

DOADORES CAMPANHA VIVEIRO VIVO

United States Agency for International Development | USAID (EUA)

Pólen Gestão Financeira LTDA-ME

Hogle Zoo (EUA)

Chester Zoo, North of England Zoological Society (Reino Unido)

Phoenix Zoo (EUA)

Tropical Forest Conservation Act| TFCA (EUA)

Fundo Estadual de Recursos Hídricos | FEHIDRO (Brasil)

Bradesco S/A

CERZA Lisieux Zoo (França)

IUCN (EUA)

Idea Wild (EUA) Instituto Arapyaú de Educação e Desenvolvimento Sustentável (Brasil) Instituto C&A de Desenvolvimento Social Instituto Lojas Renner (Brasil) International Development Research Center | IDRC (Canadá)

Save the Manatee Club (EUA) Sea World Busch Gardens (EUA) Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo Schoenbrinner Zoo SEMARH - Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - Goiás

Mary Corliss Pearl Sergio Almeida Pais

Laura Mattera Liana John Luccas Longo Luiz Seabra Naples Zoo and Caribbean Gardens

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11. report in english

10. report in english

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11. report in english

2016 IPÊ REPORT SUMMARY WHO WE ARE AND MISSION 1. HIGHLIGHTS, PUBLICATIONS AND AWARDS IN 2016 2. IPÊ IN NUMBERS 3. PROJECT BY SITE OF OPERATION 3.1 PONTAL DO PARANAPANEMA 3.2 NAZARÉ PAULISTA 3.3 LOWER RIO NEGRO 3.4 PANTANAL AND CERRADO (THE BRAZILIAN SAVANNA) 4. THEMATIC PROJECTS 4.1 PROTECTED AREAS 4.2 RESEARCH & DEVELOPMENT 4.3 URBAN TREE PLANTATION 5. INSTITUTIONAL PARTNERSHIPS AND CAMPAIGNS 6. ESCAS 7. CONNECT TO IPE 8. WHO MADE IPÊ IN 2016 9. SUPPORTERS, PARTNERS AND FINANCIERS

1. HIGHLIGHTS, PUBLICATIONS AND AWARDS IN 2016 JAGUAR AT RISK STUDIES SHOW THAT THERE ARE FEWER THAN 300 INDIVIDUALS IN THEIR HABITATS IN THE ATLANTIC FOREST A study developed by researchers in Brazil, Argentina and Paraguay shows that the jaguar (Panthera onca) has lost over 85% of its Atlantic Forest habitat - an ecological region of almost 2 million square kilometers that covers the Argentine province of Missiones, part of eastern Paraguay and reaches the central and coastal regions of Brazil. Furthermore, it has identified that the populations that remain survive on just 3% of their original territory. The work, which counted on IPÊ participation, was published in magazine Scientific Reports in 2016 and is based on figures collected by 14 research groups in each of the countries. According to the research, it is estimated that there are fewer than 300 jaguars in their habitats. In the Atlantic Forest, three nuclei are considered very important as they still allow for long-term survival of 92

jaguars, and they contain little over 50 individuals: the regions of Higher Paraná-Paranapanema Rivers (São Paulo, Paraná and Mato Grosso do Sul states), the Serra do Mar (São Paulo state) in Brazil, and the Green Corridor in Missiones, Argentina. Another four areas with smaller populations were also identified, containing between five and 15 individuals each.

TOURISTS MAY NOW EASILY CONTRIBUTE TO THE ENVIRONMENT In 2016, IPÊ, Corretora FRX, and Atibaia e Região Convention & Visitors Bureau (ARC&VB) released project “Turista+”, in the city of Atibaia (São Paulo). The initiative proposes transforming part of the room tax into contributions to IPÊ research, studies and environmental protection actions, as well as guaranteeing tourists in the region a special insurance against personal accidents during the stay.

EXPANSION TO PRODUCTION OF PALM OIL MAY AFFECT FORESTS IN 20 COUNTRIES In recent years, production of palm oil has grown so strongly that it has become a dominant global product. Although over 80% of the palm oil in the world is produced in Indonesia and Malaysia, palms are grown in 43 countries and in at least 20 of them (in Asia, South America, Africa and Central America), the growth in production is already a great threat to forests and their biodiversity. The warning was issued in a study led by Duke University, which took into consideration not only the past of cultivation areas, but also the plantation areas, and the future threats to forests that are still standing in the countries analyzed. The results were published in magazine PLoS ONE in 2016. The study was developed by four researchers from the United States and Brazil, including Clinton Jenkins, ESCAS professor and IPÊ researcher. “Almost all palm oil grows in areas that were damp tropical forest and, in Brazil, that is a future risk for areas in the Amazon, for example. Expansion of this market threatens biodiversity and increases greenhouse gas emissions all over the world. Forests in all four production regions are important to biodiversity, as they have many species of mammals and birds facing extinction. One of the suggestions would be using areas that are already deforested and are inactive for the cultivation of the product”, says Clinton Jenkins.

SPECIES TIME LAG: A PHENOMENON THAT CANNOT BE IGNORED IN THE ATLANTIC FOREST “Deforestation that took place mostly last century caused not only the instantaneous loss of many local species, but will also be responsible for many future losses. This takes place because many animals and plants that are sensitive to the environment do not disappear immediately after the disturbance, but may resist for some time until they have become locally extinct. Specialists call this phenomenon time lag”. This explanation is by researcher Alexandre Uezu, who, alongside Jean Paul Metzger, is the author of a study published in 2016 in magazine PloS One, discussing the time lag in birds remaining in inland Atlantic Forest, but mostly in the Pontal do Paranapanema, in the far west of the state of São Paulo.

PUBLICATIONS IPÊ AND ICMBIO RELEASE NEW MAGAZINE ABOUT THE MANAGEMENT OF PROTECTED AREAS The second bilingual edition (Portuguese/English) of magazine Boas Práticas na Gestão de Unidades de Conservação (Good Practices in the Management of Protected Areas) brings articles that show how simple solutions may have a great impact on the everyday management of protected areas. The publication is an IPÊ initiative in partnership with Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio - Chico Mendes Institute for Biodiversity Conservation), and is part of project “Motivação e Sucesso na Gestão de UCs - Motivation and Success in the Management of Protected Areas”, with the support of Gordon and Betty Moore Foundation. It shows 36 systematized cases with the objective of recognizing the work developed by managers and is also an informative and inspiring instrument for other protected areas. The magazine may also be viewed at site www.ipe.org.br/ra2016.

NEW ARTICLE DISCUSSES GENETIC VARIATION IN THE COAT OF THE BLACK LION TAMARIN An article published in 2016 in Folia Primatologica discusses the ontogenetic and individual variation in the coat of the black lion tamarin. The article is authored by Claudio Valladares Padua and Gabriela Cabral Rezende, from IPÊ, and Guilherme T. Garbino, from UFMG. It discusses, among other topics, the great question that

separates the black lion tamarin (L. chrysopygus) from the black-faced lion tamarin (L. caissara), presents all current and historic records for the black lion tamarin (including new records found in the Berlin Museum, never published in literature before) and suggests a new historic contact zone between the species and the buffytufted marmoset (C. aurita).

AWARDS RESEARCHER RECEIVES THE WILDLIFE WARRIORS AWARD Biologist Gabriel Massocato won the Wildlife Warriors award, promoted by the Houston Zoo (USA), which recognizes prominent researchers in projects supported by zoos all around the world. Gabriel has been operating in the Giant Armadillo project, promoted in the Pantanal and the Cerrado (the Brazilian savannah) since 2012. Award recognizes protection of the black lion tamarin Suzana and Claudio Padua, president and vice president at IPÊ, received The Margot Marsh Award for Excellence in Primate Conservation during the International Primatology Society Congress, in Chicago (USA). The award, granted by primatologist Russell Mittermeier, recognizes the black lion tamarin conservation work that the couple started in Pontal do Paranapanema over 30 years ago, which originated IPÊ.

INTERNATIONAL AWARD FOR WILDLIFE CONSERVATION Suzana and Claudio Padua received the Wildlife Conservation award, offered by the Cincinnati Zoo & Botanical Garden (USA). Each year, the zoo invites prominent worldwide environmentalists to participate in the “ Barrows Conservation Lecture Series”, a moment for exchange of knowledge and for debates between naturalists and scientists on topics related to wildlife and global conservation efforts. At the event, the winners of the award, which has been granted since 1993, are announced. Among the award winners are Jane Goodall, E. O. Wilson, Ted Turner, John Ruthven and other personalities in the conservation world. “It is an honor to host Suzana and Claudio Padua and to present them with the Cincinnati Zoo’s Wildlife Conservation Award. The most significant thing about their work is that, from the start, the Paduas understood that effective species conservation requires the support of communities. They helped residents in the areas surrounding the tamarins’ forest home understand that tamarin conservation not only preserved the 93


11. report in english

Atlantic Forest, already very much threatened, but also improved their own lives,” said Cincinnati Zoo Director Thane Maynard.

3. PROJECT BY SITE OF OPERATION

HIGHLIGHT IN INCOME GENERATION

Pontal do Paranapanema Biome: Atlantic Forest No. of people benefited: 3,100 Challenge: Develop systems and methodology for management of landscapes, balancing socioeconomic gains with the maintenance of ecosystem services and conservation of threatened species. Main accomplishments: Plantation of over 1,200 hectares of forests in the main reforestation corridor in Brazil and surrounding areas. Research on species like the black lion tamarin and the jaguar have already served for creation of public conservation policies. In Teodoro Sampaio (SP), the city in which IPÊ consolidated its actions, environmental education is part of the municipal school calendar.

Project “Talentos da Natureza” (Talents of Nature) was one of the winners of award Destaque em Geração de Emprego e Renda (Highlights in Generation of Employment and Income), offered by Renner Institute, in partnership with the Entrepreneurship Alliance. The work promoted by IPÊ, in Nazaré Paulista (SP), sought talents among the women who live in the city and started the production of articles related to recycling and to the local traditions.

2. IPÊ IN NUMBERS Protecting Brazilian Biodiversity Since 1992 Atlantic Forest I Amazon I Lowland I Cerrado SCIENTIFIC RESEARCH For conservation of 6 endangered and vulnerable fauna species + 2.6 MILLION TREES planted in the Atlantic Forest, protecting animals like the Black Lion Tamarin, conserving water and forming the largest reforested corridor in Brazil ENVIRONMENTAL EDUCATION, COMMUNITY INVOLVEMENT, GENERATION OF INCOME and INFORMATION for sustainable production to + 10,000 people per year + 6 THOUSAND STUDENTS at ESCAS - School of Environmental Conservation and Sustainability. In 2016 + THAN 200 FAMILIES BENEFITED WITH SUSTAINABLE ACTIVITIES Environmental Education and Mobilization for + THAN 10,500 PEOPLE + THAN 840 students, managers and communities trained in PAs + 80 thousand TREES in the Atlantic Forest + THAN 11,600 people reached and benefited

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3.1 PONTAL DO PARANAPANEMA

NEW PROJECT WITH STINGLESS BEES SEEKS GENERATION OF INCOME AND AN IMPROVEMENT IN ECOSYSTEM SERVICES Residents of eight settlements in Pontal do Paranapanema are part of project “Jardineiras da Floresta” (Forest Gardeners), which fosters the use of Jataí bees (Tetragonisca angustula), which are stingless, for honey production at their properties. The project started in 2016 and involves 20 families. Each one has set up four beehives in the agroforestry systems on their properties, with IPÊ support. Apart from obtaining products like honey, wax, resin and propolis, for sale, the hives are instruments for expansion of agricultural production in settlements, including areas for “Café com Floresta” (Coffee with Forest) - an agroecological initiative that operates with stepping stones in the landscape. The 20 properties participating also indirectly benefited the pollination of another 80 neighboring areas. That is because it is estimated that bees pollinize a radius of up to 1,000 meters. The project is considered a local innovation as it strengthens social and environmental actions in the region, promoting the generation of income by combining production with a restructuring of sustainable rural landscapes and the conservation of regional biodiversity. The greatest challenge in these properties is the adaptation of hives in the agroforestry systems, mainly in

settlements exposed to crop spraying. For such, IPÊ promoted the training of 60 farmers (participants in the project and others who showed interest), provided technical assistance and exchange of experiences with producers to create mechanisms to facilitate adaptation of the hives to the woods. The collection of honey and the management of the hives were also matters of concern, so the Institute is going to maintain the technical service activity.

SISTEMAS AGROFLORESTAIS (SAFS - AGROFORESTRY SYSTEMS) “I had never imagined I’d plant a tree in my life. We now feel how good it is to have shade while working on the land, and we can see some animals using the areas. Sometimes, six macaws fly over at the same time, a couple toucans... And all of this alongside our potato, manioc and pineapple crops...” This happy report is by Sônia Maria da Silva Moura. She and her husband, Nivaldo Antonio Moura, left the city of Assis (SP) to try out a new life in the rural zone of Mirante do Paranapanema (SP). She, a former housemaid, and he, formerly a driver for a sugarcane mill, acquired an area of land that used to be grazing ground. Two years later, they had transformed it completely, with the support of the IPÊ Sistemas Agroflorestais (SAF - Agroforestry Systems) project. The project challenge is promotion of agro-ecological production systems, bringing socio-economic and environmental gains to the region. It reaches 51 families of small farmers, offering an alternative to the traditional productive systems. Environmental gains are present in several ways: with the plantation of trees for vegetable coverage in the Atlantic Forest, a return of biodiversity, diversity in agricultural production and no use of pesticides. There are also socio-economic gains, as the project guarantees inputs to restore the reservation areas forecasted by law and to plant diversified cultures, guaranteeing greater food safety and complementary income to farmers, with the sale of food. Each family has 1 hectare of SAF implemented in the project. In 2016, IPÊ monitored the consolidation of cultivation of over 2,600 fruit saplings, 75,000 coffee saplings and 18,000 native tree saplings, implemented in the previous year. Furthermore, it also promoted the first of a series of four courses about SAFs.

ATLANTIC FOREST CORRIDOR GROWS AND CONSOLIDATES ITSELF IN PONTAL DO PARANAPANEMA The largest reforestation corridor in Brazil, covering seven kilometers, 1,200 hectares of planted area and 2.3 million trees, is constantly growing! It connects the two main Atlantic Forest Protected Areas in the interior: Morro do Diabo State Park and Black Lion Tamarin Ecological Station. In 2016, over 80,000 trees were planted, 60,000 in Permanent Preservation Areas (PPA) and 20,000 in Legal Reservation Areas, consolidating this forestry continuum in Rosanela Farm. Restoration uses approximately 100 native species spread throughout the corridor and the Agroforestry and Silvopastoral Systems, which support reforestation, increasing the connection of landscape in Pontal do Paranapanema. In 2016, IPÊ started measuring the biological evolution of the corridor, evaluating the ecosystem services that it provides to the region and verifying the use of restored woods per fauna species. The evaluation is connected to an Institute Research & Development project.

LIFE RETURNING TO THE FOREST: IPÊ CAMERAS SHOW ANIMALS IN THE CORRIDOR Fourteen years after the first plantation for restoration of the Atlantic Forest Corridor in Pontal do Paranapanema, IPÊ has started confirming the first results benefiting the local fauna. Cougars and jaguars, ocelots, anteaters, among other medium and large mammals, are already circulating in the areas restored with native trees. Cameras installed in strategic points of the corridor show that the restored area – which previously was grazing grounds on Rosanela Farm, in Teodoro Sampaio (SP) – is already being used by animals, be it for movement or feeding. IPÊ has even created a “Tour Map”, which may be viewed to know where the animals are exploring. Visit it at www.ipe.org.br/ra2016

SOCIAL AND ECONOMIC BENEFITS In 2016, the restoration of the landscape in Pontal directly benefited some 230 people. Part of the saplings used in the IPE corridor are produced in community nurseries supported by the Institute. In all, 11 nurseries receive technical support and inputs. In 2016, the nurseries produced over 500,000 saplings, directly benefiting 20 families whose income is generated by this production. Furthermore, reforestation involved the work of 95


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30 technicians and researchers, and benefited over 120 students and teachers who visited the initiative.

“UM PONTAL BOM PARA TODOS” (A GOOD PONTAL FOR ALL) PROGRESSES The year of 2016 was important for consolidation of Environmental Education Program “Um Pontal Bom para Todos” (A Good Pontal For All). Transformed into a regional action, reaching 13 cities, the work has benefited 2,851 people, including students, teachers and citizens. Activities were promoted with students, teachers and communities, generating awareness among these audiences regarding protection of water in the Pontal do Paranapanema Water Basin. Five Itinerant Spaces were promoted, as were five Workshops for Production of Saplings and Water Conservation, alongside five Participative Meetings with local farmers and talks on themes of interest to the cities. Furthermore, over 2,000 native tree saplings were donated. IPÊ actions are promoted in partnership with the local City Halls, directly involving the Education and Environment Departments and Divisions, and are developed in public spaces made available by each of the cities, among them schools, community centers and urban squares.

PARTNERSHIP FOR THE FUTURE At state school “Prefeito Paulo Alves Pires”, in Teodoro Sampaio, Environmental Education is part of the curriculum of the 400 students in primary school and also in Youth and Adult Education. A teacher dedicated to the topic for over five years, Marilda Rodrigues de Carvalho explains that the IPÊ courses make all the difference to her everyday life, with educational support tools and activities that expand the potential for the disclosing of environmental information to the students. “I live on a farm and have always liked to work on the land and with plants. Transmitting this to the students is very interesting, and it is good to have support so that we can develop our knowledge on the matters. That is why the course for teachers was very enriching, granting us more complete coverage. One good example was the lesson on composting, which provided me with a good basis to work on the subject with my classes,” she says.

GPS COLLARS FOR CONSERVATION OF BLACK LION TAMARINS USED BY IPÊ ON SMALL PRIMATES FOR THE FIRST TIME

EXPO MICO

BLACK LION TAMARIN (LEONTOPITHECUS CHRYSOPYGUS)

In 2016, a great highlight of the Environmental Education activities in the region was promotion of the II Edition of Expo Mico. The exhibition is the final part of a primary school Environmental Education teacher training program developed in the region. Named “Mostra Fotográfica & Trabalhos Escolares sobre biodiversidade e sustentabilidade socioambiental” (Photography Exhibit & School Papers on biodiversity and socioenvironmental sustainability), it attracted 1,370 students and 52 teachers in municipal schools, who participated in the 16th competition for Teacher Training and Updating in Environmental Education in Pontal do Paranapanema, promoted in two phases throughout the year. Apart from photographs of local biodiversity, focusing on the black lion tamarin, the exhibition counted on works promoted by students and teachers, who explored themes like biodiversity, fauna, flora, rivers, springs, recycling and ecological plantation.

The Black Lion Tamarin Conservation Program was the first in Brazil to use GPS collars for the monitoring of small primates. In 2016, these collars were installed on individuals in a group that is being monitored by the team. “The great advantage of this new technology is the possibility of monitoring a greater number of groups, simultaneously, and without the need for habituation of all of them. We may expand our monitoring work to further populations and may collect more and more useful information for the planning of actions for the conservation of the black lion tamarin,” says Gabriela Cabral Rezende, research coordinator for the Black Lion Tamarin. The program aims to guarantee at least two viable and self-sustainable black lion tamarin populations throughout its distribution area, living in a broader habitat, protected and connected. For this purpose, it counts on scientific research and actions that involve local communities in conservation of the species. In the short term, the strategies involve metapopulational management to guarantee the existence of healthy

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and viable populations to occupy the reconnected and protected habitat. IPÊ also aims to use the research data to boost conservationist activities in favor of the species. In 2016, the Program participated in an international congress and promoted seven talks sharing knowledge on the primate. Apart from that, the data was published in a scientific article and the results of the studies were presented at talks at the fauna Red List Workshop in the State of São Paulo. They were also presented at meetings of the Permanent Commission for Protection of Native Primates of the State of São Paulo (PRÓPRIMATAS), promoted by the State Environment Secretariat. Providing information on the status of the species is also a strategy to mobilize people around the tamarin, which is the symbol of the State of São Paulo, and to promote public policies for conservation.

3.2 NAZARÉ PAULISTA Biome: Atlantic Forest No. of people benefited: 4.736 Region: Southeast of the State of São Paulo Challenge: Conserving the ecosystem services of this priority region for protection of the Atlantic Forest, with scientific research and involvement of the community. The actions propose new models for use of the soil and cultivation practices for small and medium properties; they support the local generation of income; and they also contribute to public education through environmental education, fostering community participation in the protection of restored areas and water resources. Main accomplishments: Cultivation of 300,000 native trees in the Atlantic Forest in watershed areas. Detailed mapping of the socio-environmental situation of Cantareira System and promotion of Environmental Education at 100% of the state schools in Nazaré Paulista.

turned to female entrepreneurship. In this project, methodology “Entrepreneurial Journey” - created by NGO Aliança Empreendedora - was used with the participants, who could find their potential and learn about how to apply their talents to sustainable production. Apart from this process of self-knowledge for entrepreneurship, they were able to participate in workshops in which they learnt new productive techniques. Today, each woman makes natural cleaning products and cosmetics, as well as articles like paper recycling (papier collé), reusing residues that were previously turned to landfills. The use and preparation of the Aliança methodology was a great success factor for the project. On one hand, a great result was the creation of collection Sete Dons, with papier collé products, which show the Festa do Divino (Feast of the Divine), a traditional culturalreligious event in Nazaré Paulista. These products were exhibited and put on sale during the traditional divine celebration in the city, in 2016. On the other hand, the project was one of the winners of award Highlight in Generation of Jobs and Income offered by Renner Institute, in partnership with the Aliança Empreendedora, recognizing that good results may come from joining technologies developed by different institutions.

NEW SUPPORT In 2016, IPÊ closed a partnership with the C&A Institute to support the group of embroiderers in project “Sewing the Future”, in Nazaré Paulista (SP). The focus of the work is development of new product lines that are more aligned to fashion tendencies, privileging traditional embroidery techniques and appreciating the rich Brazilian biodiversity.

PARTNERSHIPS FOR ENVIRONMENTAL EDUCATION IN THE CANTAREIRA SYSTEM

“TALENTS OF NATURE” ENDS ACTIVITY PHASE AND In 2016, IPÊ followed the fruit of the work developed for over 10 years with partners in public teaching instiRECEIVES AWARD IPÊ ended the first phase of project Talents of Nature, financed by Lojas Renner Institute. The idea behind the initiative was to seek talents among women who reside in Nazaré Paulista and to foster their entrepreneurial capacities with an eye on socio-environmental causes. The result was the creation of a group of entrepreneurs who now use handicraft and production of cosmetics to represent the city traditions. Between 2015 and 2016, 27 women in the city (most residents in the rural region) participated in nine workshops

tutions in Nazaré Paulista (SP) region. Through the projects, the Institute took environmental training and education to teachers and students in the region. Project “Nascentes Verdes, Rios Vivos” (Green Springs, Living Rivers) is among the broadest projects in environmental education ever promoted in the city, reaching over 700 students (from 6th to 9th grade) and teachers in state schools each year. Project “Água Boa” (Good Water), in turn, trained youths and generated a legacy of teaching material produced in partnership with the teaching staff of the region and distributed freely to schools. 97


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In the year, in partnership with the Regional Education Directorship, IPÊ supported training in environmental education of around 60 state school teachers in the cities of Nazaré Paulista, Piracaia, Joanópolis, Vargem, Bom Jesus dos Perdões and Atibaia. The activity by the Directorship sought stimulation of teachers and aimed at granting greater subsidies for classroom work focused on the environment.

MULTIPLYING INFORMATION Environmental education activities alongside the population seek to overcome the challenge of lack of knowledge, practice and awareness of the importance of forest ecosystem services to production of water (especially in Cantareira System) and for conservation of biodiversity. The work developed alongside teaching institutions has shown the importance of operating granting support to formal education activities that involve students while they are being prepared for citizenship. In 2016, research to evaluate the impact of over six years of activities of the Nascentes Verdes Rios Vivos (Green Springs, Living Rivers) project on the education of students in Nazaré Paulista was started. The results will be disclosed in 2017, when the project also plans to increase its operation to private schools that may be interested in benefiting from the activities and in proceeding with the activities alongside public schools.

SCHOOL NURSEY To promote education activities, IPÊ counts on a School Nursey in Nazaré Paulista. Maintained through donations of natural people and events, the nursery has produced 36,000 saplings of trees native to the Atlantic Forest, used for reforestation of areas that are strategic to the conservation of water, for environmental education and also for supplying the local population. With sapling sales, the funds are reinvested in the nursery. http://www.ipe.org.br/en/donate-now

3.3 LOWER RIO NEGRO Biome: Amazon No. of people benefited: 120 Region: Left bank of the Lower Negro and Novo Airão Rivers Challenge: Implement innovative models for territorial management in favor of quality of life and conservation of biodiversity, based on supporting productive chains and community involvement actions; support 98

conservation of the Amazonian manatee, making results available for scientific research. Main accomplishments: Since 2000, IPÊ work in the region has already generated important fruit: recognition of the Mosaic of Protected Areas in Lower Rio Negro; the process for recategorization of the Rio Negro State Park - Southern Sector; evaluation and structuring or strengthening of the socio-biodiversity productive chains; and creation of a Community Based Tourism Route alongside the communities.

TOURISM AND CULTURE FOR SOCIO-ENVIRONMENTAL PROTECTION Support to sustainable productive chains is the focus of IPÊ work on the left bank of Lower Rio Negro. Among the activities identified as important by the local communities themselves, tourism has been growing as a source of income and a means to appreciate and conserve biodiversity in the region. In this context, there is the challenge of organizing tourist activity, transforming local initiatives like handicraft, community restaurants, agroecological production and cultural activities into activities to attract Community Based Tourism (CBT), made by the residents themselves, with respect to their traditions and to the forest. For such, IPÊ invests in activities alongside partners, organizations, travel companies, visitors and communities. The institute participates in forums, promotes training for development and execution of responsible tourism routes, and helps in consultancy regarding touristic infrastructure for better operation of community enterprises. In 2016, IPÊ continued present and supporting the promotion of annual meetings of Tourism initiatives like the “Encontro Nacional de Turismo de Base Local, CONECOTUR/ECOUC” (National Meeting for Local Base Tourism, CONECOTUR/ECOUC), event “Diálogos criativos: empreendedorismo ribeirinho” (Creative dialogue: riverside entrepreneurship) and the “Fórum de Turismo de Base Comunitária do Amazonas” (Amazon Community Based Tourism Forum). The Institute also continued supporting implementation and consolidation of enterprises that are part of the Tucorin Route (Community Tourism in Rio Negro). Through the Routes, visitors learn about and experience the everyday life of riverside populations. The resources of visitors are turned directly to the communities, without intermediaries. In Nova Esperança, for example, tourists may accompany the production of

flour, eat in the community restaurant and even enjoy a snooze in a hammock. All of that, plus a nice chat with the local residents who provide all the attractions.

APPRECIATION OF LOCAL HANDICRAFT: A LEGACY FOR THE LOWER RIO NEGRO A traditional activity of the Lower Rio Negro, handicraft was another practice boosted locally by IPÊ projects over the last four years. The proposal was to provide artisans with information and training for improvement of the quality of the wooden and fiber handicraft and for development of their businesses. The institute assisted in obtaining artisan certification cards and has been supporting their search for partnerships for the transfer of products and market access. Talking about handicraft in the Lower Rio Negro and not mentioning Célio Arago Terêncio is currently unforgivable. The artisan, aged 36, has been in the area for 10 years and resides in Nova Esperança community, in Amazonas state. Since 2014, Célio has been recognized for his work, being nominated for awards and published in decoration magazines and events. In 2016, he got the Sebrae Top 100 Handicraft stamp, which identifies productive units with the best management practices. He learned his craft from his father, a carpenter, and improved it with time. His hands make rays, river dolphins and manatees that richly portray the beauty and biodiversity of the Amazon. “I have never studied. But carpentry helped me develop wooden art. I have learned very much with IPÊ over the years, but I think that among the most important points are organization, management, pricing and knowing how to prepare yourself for fairs and for selling. I didn’t know that, and learned it during the talks and courses,” he recalls. He now sells his products without intermediaries and says that this is a great evolution, generating great results for his work. In the community in which he lives, around 10 artisans continue applying what they learned in the courses promoted by IPÊ and partners. “In my community, we greatly appreciate handicraft and have good production. I believe that here we have lived a transformation for appreciation of handicraft. It is not easy living off handicraft, but I can now say that my income comes from this work. When we dedicate ourselves, things happen,” he says, proudly.

NEW PROJECT AIMS TO STRENGTHEN THE INDIAN CULTURE IN THE LOWER RIO NEGRO (AM) IPÊ has started its new project in the Lower Rio Negro (AM), denominated “Auto-Fortalecimento da Cultura Baré” (Self-Strengthening for the Baré Culture). The initiative is a partnership between IPÊ and C&A Institute and the Indian community of Nova Esperança, in Amazonas state, and it seeks to revitalize the cultural practices of said community. Nova Esperança is on Cuieiras River, in Manaus (AM), in the Puranga Conquista Sustainable Development Reservation. The community is in a central region for the Rio Negro Community Based Tourism Route (Tucorin). The community is a reference in handicraft and promotion of Baré Indian culture, but its proximity with an urban center results in it receiving much influence that may result in a gradual mischaracterization of the routes of their ethnicity. To increase curiosity and appreciation of this local culture, IPÊ and C&A Institute, in partnership with the Environment State Secretariat (SEMA) and USAID, fostered the establishment of a “House of Knowledge” Uka Yayumbué Baiakù (UKA), a cultural center that benefits the community and the surrounding populations, with options for literature and activities to strengthen traditions. The UKA was built with the support of volunteers from C&A shops. After inauguration of the center, the project’s first activity was promotion of the 1st Indian Education and Culture Seminar.

PROJECT CONTINUATION BENEFITS AGROBIODIVERSITY To strengthen the agrobiodiversity productive chain in Lower Rio Negro, in 2014, with IPÊ support, the Rede Tucumã do Rio Negro (Rio Negro Tucumã Network) was created. The association brings together some 30 farming families in ten communities in the region. In 2016 the group progressed with the project financed by the CASA Socio-environmental Fund to support the foundation activities, management, trade and infrastructure. Another agrobiodiversity fostering project was conducted by Rede Maniva de Agroecologia (Maniva Agroecology Network), in which IPÊ and Rede Tucumã also participate. Called Redes Ecoforte, it was executed by the Amazon Museum and partners, with financing by the Bank of Brazil Foundation and the Amazon Fund/ BNDES. The activities benefitted specific farmer nuclei with infrastructure, workshops and exchange. In the Lower Rio Negro nucleus, a system for water collection and treatment was implemented, as was a 99


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chicken coop at the Rede Tucumã headquarters. An engine was also purchased for the Network boat, which was built with the support of the Vale Fund and Brazil Foundation. The boat plays a fundamental part in the transport and trade of produce and is already being used for this purpose. In the year, two workshops were also promoted focusing on the following themes: Implementation and Management of Agroforestry Systems and Organic Fertilizing. Apart from Tucumã Network farmers, the workshops also included members of the Programa Jovens Protagonistas (ARPA - Young Player Program) at RDS Rio Negro.

3.4 PANTANAL AND CERADO BIOMES: PANTANAL AND CERRADO (BRAZILIAN SAVANNA) N. OF PEOPLE REACHED: 2117 SITE: Mato Grosso do Sul CHALLENGE: Develop actions for the lowland tapir (Tapirus terrestris) and the giant armadillo (Priodontes maximus) in the Pantanal and Cerrado (Brazilian Savanna) in Mato Grosso do Sul (MS) state. The projects performed include: scientific research, conservation activities, environmental education, training, scientific tourism and communication. The strategies are used to reach the most varied of audiences that may influence and contribute to the cause. MAIN ACCOMPLISHMENTS: Research with the tapir resulted in the world’s most complete databank and information about the lowland tapir. The work contributes to promotion of the cause, expanding Brazilian knowledge about our fauna and flora and the urgency for conservation. With the giant armadillo project, it was possible to promote a collection of new data on the behavior of the species, contributing to future conservation plans.

LOWLAND TAPIR RESEARCH AND CONSERVATION PROJECT CELEBRATES 20 YEARS LOWLAND TAPIR (TAPIRUSTERRESTRIS) In 2016, IPÊ celebrated the 20th anniversary of the Lowland Tapir Conservation Initiative (INCAB). The two decades of studies have resulted in the world’s most complete and detailed databank on the lowland tapir, helping plan effective actions for conservation of the species in the regional, national and global scopes. The INCAB model of conservation project is currently 100

inspiration for professionals and groups that work on conservation of the species in several countries in South America and the world. In the same year, INCAB promoted nine expeditions: three in the Pantanal, with 25 tapirs captured, and six in the no Cerrado, with 20 tapirs caught. In Pantanal, the team has constantly been monitoring 63 tapirs, captured over the last nine years, with radio telemetry tracking and camera traps. The project has a network of 30 camera traps distributed throughout Baía das Pedras Farms, the INCAB study area in Pantanal. In the Cerrado, the study areas is 250 kilometers away from state capital Campo Grande (MS). There, all adult individuals captured (7 males, 9 females) have been equipped with GPS Iridium collars, a technology that sends data via e-mail messages. In the region, INCAB monitors 23 tapirs, using radio telemetry and camera traps. In 20 years, the team has captured 121 tapirs, including 35 individuals in the Atlantic Forest, 63 in the Pantanal and 23 in the Cerrado. Eighty-three of these individuals were equipped with radio collars and monitored for long periods. As it develops long-term work, INCAB can already stimulate lifetime parameters, including mortality rates of different age groups, sexual maturity and intervals between offspring, among others. Said parameters will be used for Population Viability Analysis (PVA), considering demographic restrictions, genetics and epidemiology, as well as a variety of conservation and management scenarios.

ENVIRONMENTAL EDUCATION, TRAINING FOR PROTECTION OF THE SPECIES The educational activities promoted by INCAB in the Pantanal and Cerrado, in 2016, reached 15 teachers and over 500 children, adolescents and youths at rural and urban schools, as well as 35 owners of rural properties and around 800 small farmers in three rural settlements. The activities included presentations by different school groups, distribution of educational pamphlets and participation in events like the Brazilian Environment Week, the National Day of the Cerrado, and the National Day of the Pantanal, among others. Furthermore, in partnership with the Brazilian Zoo Association (SZB), IPÊ continued distributing educational material for the Minha Amiga é Uma Anta (My Friend is a Tapir) campaign, which has included the participation of over 40 zoos in 10 Brazilian states since 2013. In 2016, information on research and conservation of the tapir was also taken to over 400 undergraduate students and 150 conservation professionals through

talks and presentations at universities throughout the country. INCAB also has a wildlife Veterinary Training Program for professionals and students throughout the country. In 2016, seven vets participated.

SCIENTIFIC TOURISM Visitors and volunteers of organizations like the Taronga Zoo (Australia), Kent University and Chester Zoo (United Kingdom) and Calviac Zoo (France) participated in two eco-tours promoted in 2016. The INCAB team also gave presentations on their work to 55 guests at Baía das Pedras Farm, where the research takes place, in the Pantanal.

RESEARCH FIGURES ARE USED TO FIGHT FAUNA ROADKILL IN THE CERRADO In August 2016, the Public Prossecutor’s Office of the State of Mato Grosso do Sul opened a Civil Inquiry to investigate wildlife roadkills on State highways. A meeting between representatives of the civil society and the public prosecutor’s office discussed urgent measures for the reduction of car accidents involving wildlife, which not only directly impact the biodiversity in the state, but also place the safety and life of user at risk. The figures used in this investigation were collected by the INCAB, which has been monitoring tapir roadkill on 10 stretches of 8 highways in Mato Grosso do Sul state. On these stretches alone, 215 carcasses of tapirs were recorded in the study period and the estimate is that, in all, between 325 and 350 tapirs were probably run over and killed on these highways. The loss of these animals is extremely negative to maintenance of Brazilian biodiversity. The Brazilian tapir is a species listed as “Vulnerable” and is running serious risks, especially in the Cerrado, where research takes place. But that is not all. These accidents have significant impact on human lives. Over a period of six years, there have been a total of 29 injuries and 18 fatal human victims on these highways due to collisions with tapirs. “Fauna roadkill is a visible and measurable impact that must urgently be mitigated and compensated. Trained professionals, several techniques and methods, equipment and technology are accessible so that the competent organizations in the state may mobilize and acquire them and apply them as measures for mitigation so that both the fauna biodiversity is protected and user safety may be increased,” says Fernanda Abra, specialist in fauna loss mitigation on highways and INCAB collaborator.

PESTICIDES ARE ALSO A THREAT INCAB has been collecting biological samples from live tapirs captured for installation of radio telemetry collars and from tapirs run over on highways (necropsies) to perform tests for detection of pesticide residues. Up to the moment, positive results were found for different kinds of pesticides (organophosphates, pyrethroids and carbamates) as well as heavy metals (cadmium, lead, copper and manganese). These compounds are used in large-scale agriculture (sugarcane, soy, maize) and in fishing.

GIANT ARMADILLO (PRIODONTES MAXIMUS) With the Giant Armadillo project, in the Pantanal and Cerrado in Mato Grosso do Sul (MS), the objective is to investigate the ecology and biology of the species and understand its workings in the ecosystem to propose actions that may contribute to its conservation. For scientific research, transmitters, camera traps, behavioral research, monitoring and mapping of occurrence of the species are used. The project operates on different integrated fronts: scientific research, environmental education, training and communication. On the Scientific Research front, in 2016, the objectives were to consolidate the research on the giant armadillo in the Pantanal, to test a new method for estimating densities, and to continue evaluations on epidemiology and reproductive studies of other Xenarthra species, like the anteater. In the year, new camera trap studies were also started in the Pantanal. Five new giant armadillos were captured for research and there were eight recaptures for installation of monitoring GPS. These are very expressive figures which resulted in the most successful year to date in terms of captures of the animal. Capturing the giant armadillo is a great challenge, as it is a rare animal and one of nocturnal habits. Since 2010, 26 armadillos have been captured and 15 have been monitored by the researchers.

GIANT ARMADILLO CAMERAS PICTURE ONE MORE YOUNG IN THE PANTANAL During an expedition in the Pantanal, the project team spotted one more young armadillo using camera traps. Young and adult giant armadillos are difficult to see in nature and a young one is an even rarer fact. The use of cameras simplifies said recording and helps researchers monitor the speices. 101


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This is the third young armadillo recorded in six years of the project. However, the team has only managed to follow the whole life of one of these young (named Alex) for two years and, for the first time, document the paternal behavior of a giant armadillo. However, in 2015, researchers recorded the death of the armadillo they were monitoring. According to the necropsy, he was attracted by a jaguar. The number of giant armadillo is also unknown in the Cerrado. To estimate it, the project mapped the areas of probable occurrence of the species in the biome with the help of local residents. The researchers distributed posters and pamphlets asking residents to report sightings, footprints, dens and armadillo feces. Evidence of armadillos were found in 99 of the 258 water basins and, through interviews with 500 people in 19 cities in the interior of the state of Mato Grosso do Sul, the team recorded the possible locations with the presence of giant armadillos in the region. Called Citizen Science, this involvement of residents helps expand knowledge of the species among people, generating support for protection. The figures identified by the population were inserted into a preliminary distribution map, which is already available.

TRAINING FOR CONSERVATION To develop high-level work and spread knowledge about conservation of the armadillo, the project invests in training of professionals. In 2016, team researchers participated in four different conferences and visited a total of 44 universities, research institutes and zoos. Furthermore, five papers and a thesis were published. In all, 17 Brazilian professionals learned about different aspects of the field conservation project in the Cerrado and the Pantanal.

IMPACT ON THE LOCAL COMMUNITY: EDUCATION AND COMMUNICATION In the Pantanal, the project continues being received positively by the local community in the area of study. The work continues supported by Baía das Pedras Farm and the tourists who visit the farm receive information about the project, as do workers, who participate actively in the search for the armadillo. Environmental Education is also a work front. The project participates in environmental education in two local rural schools and takes information to the neighboring farms. In the Cerrado, thanks to the Citizen Science initiative, the project was granted a partnership 102

with the Municipal Education Secretariat to train science teachers in public schools about conservation of the giant armadillo. In all, 250 teachers were benefited. The project also bets on communication on different media in Brazil and worldwide for the spreading of the message about the armadillos. In 2016, the project produced a documentary for MaraMedia (BBC and PBS), called Hotel Armadillo, narrated by David Attenborough, which should be broadcast in the United Kingdom in 2017.

4. THEMATIC PROJECTS 4.1 PROTECTED AREAS PARTICIPATIVE MONITORING OF BIODIVERSITY PROJECT In the “Monitoramento Participativo da Biodiversidade” (Participative Monitoring of Biodiversity), in partnership with ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), IPÊ promotes activities in eight federal protected areas in the Amazon, including community support and participation. In 2016, 430 people and 20 local organizations participated in several actions that collaborated with the conservation of biodiversity in significant areas of the biome. In the year, 227 new monitors were trained in six events. The project counts on 93 of them, who develop the work following protocols created and adapted with their own participation, in their communities, together with ICMBio and IPÊ professionals, researchers and technicians in partner institutions. In 2016, the monitors promoted a total of 22 forestry monitoring collections and 11 complementary monitoring collection events. Among the highlights of said monitoring are the recording of around 1,600 mammals and birds - with over 50 species recorded in one area in Tapajós-Arapiuns Extractivist Reservation - and also 3,323 frugivorous butterflies, 12 species in Cazumbá-Iracema Extractivist Reservation alone. The initiative is part of the Brazilian Program for Biodiversity Monitoring in Federal Protected Areas - PAs - (Amazon Biome), by ICMBio. The objective is to generate biodiversity figures that may apply to the management of PAs and elaborate joint actions alongside those involved in management.

“A TRUE REVOLUTION”

SEMINAR AND MAGAZINE

The desire to see his birthplace prospering and to contribute to improvement of people’s quality of life caused Aldeci Cerqueira Maia to become one of the most participative community leaders in CazumbáIracema Extractivist Reservation (Resex), in Acre. The story of Nenzinho, as he is known in the region, is closely connected to important transformations lived by the area in recent decades. A male nurse, he was born in this region of the Amazon and contributed to making it into a sustainable use Protected Area. Officially recognized as a Resex in 2002, CazumbáIracema covers an area of 750,000 hectares, with around 350 families, divided into 11 communities in five macro regions. Economic activities include Brazil nut and rubber extraction, rubber handicraft, as well as fishing, agriculture and subsistence livestock farming. The Resex currently counts on eight monitors who are also responsible for multiplication of knowledge among the population living in the PA. Over the last two years, the project has been part of Nenzinho’s routine, and he has only seen positive aspects to community mobilization in favor of biodiversity. “The project is a revolution for Cazumbá. People did not know that all that biodiversity was ours and that we have to take care of it. The view of people in extractive activities is that they are living on government land, but that view is changing with the involvement of people in this monitoring work. People are currently feeling more appreciated, taking care of what is ours, taking over and feeling responsible for the wealth that is the Resex. The training of new leaders is good so that we can continue this work and so that we may take that on throughout our lives,” he says.

The initiative was born in 2012 and continues generating results. In 2016, for example, the second edition of the Seminar for Good Practices in Management of PAs was promoted in Brasília (DF). The event included over 120 professionals, including managers of protected areas, local partners, ICMBio regional coordinators and state managers, as well as representatives of the Environment Ministry (MMA), Federal Court of Auditors (TCU), NonGovernmental Organizations (NGOs) and universities. The meeting offered an opportunity for everybody to learn about 36 successful experiences in management of PAs in different areas: management of fauna, forestry products, fishery resources, ecotourism, traditional populations and biodiversity research. The good practices presented in the seminar were transformed into articles for the second edition of the project’s bilingual magazine: “Good Practices in the Management of Protected Areas”. Visit: www.ipe.org.br/ra2016

PROJECT “MOTIVATION AND SUCCESS IN MANAGEMENT PAS” Project “Motivação e Sucesso na Gestão de UC” (Motivation And Success In Management PAs) seeks to expand the quality in management of Protected Areas (PAs) in Brazil. The actions aim to recognize good management practices in these protected areas and propose innovative actions to overcome challenges. In partnership with Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) and supported by Gordon and Betty Moore Foundation, in 2016, the project benefited 50 managers, as well as residents of PAs and their surrounding areas.

VOLUNTEER PROGRAM Implemented by ICMBio in 2009, the Volunteer Program is an important strategy for the protection of Brazilian Protected Areas. The initiative was updated in partnership with IPÊ in 2016, for the development of structuring activities, like strategic planning, the development of visual identity, the elaboration of the Manager Guide and of the Volunteer Booklet, as well as other material for the strengthening of the program and for its expansion. “We must recognize that it is not possible to follow the conventional model of management of Protected Areas. We must lead this change movement, which I consider a revolution in Protected Areas and which includes a considerable participation of IPÊ. The Institute brings content, ideas, and is living a process of joint construction with us, not identifying what must be done, but creating - alongside the several players. This is all an effort to bring communities towards management, helping them create guidelines and getting them to build them. No Protected Area is viable without that.” Claudio Maretti, Director of Socio-environmental and Territorial Consolidation Activities in Protected Areas. Local communities The strengthening of the link between PA and its environment is fundamental to the management effectiveness. The more people value and participate, the more PA becomes a driving force for local development. Local partnerships are considered one of the most important management actions. Thus, 103


11. report in english

the project is working so that the manager can hire local residents who support day by day management of the PA.

MANAGEMENT PLANS MANAGEMENT PLAN AS A TOOL FOR SOCIO-ENVIRONMENTAL PARTICIPATION AND CONSERVATION In an attempt to contribute to the implementation and development of protected areas in Brazil, IPÊ is developing projects for joint elaboration of management plans. In 2016, IPÊ concluded the Environmental Protection Management Plan for the Ilha Comprida Area (APAIC), in São Paulo. The work has been taking place alongside the São Paulo Forestry Foundation since 2015 and has involved the participation of around 200 people, including technicians, researchers, community, representatives of organizations, companies and the government sector.

RESEARCH & DEVELOPMENT PROJECT “DEVELOPING TECHNOLOGIES TO APPRECIATE ECOSYSTEM AND NATURAL CAPITAL SERVICES IN ENVIRONMENT PROGRAMS” Inserted in the theme axis of Research & Development, in 2016, IPÊ started a study for analysis of the natural capital in the Atlantic Forest Corridor, the main reforestation corridor in Brazil, in Pontal do Paranapanema (in the state of São Paulo). The result of over 20 years of work, the corridor has counted on several partners over time, including the private initiative, starting with its programs for revegetation, with Duke Energy. The company now bets, through IPÊ, on the development of a methodology for appreciation of ecosystem services promoted in several restored areas. The IPÊ team, which includes technicians and specialists, as well as five ESCAS - Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (Faculty for Environmental Conservation and Sustainability) Master’s students, seeks to quantify ecosystem services and develop models to forecast how these services change, depending on the use of soil and the biophysical environment. Thus, it will also be possible to identify the best sites for promotion of ecological restoration in the Pontal do Paranapanema. For this study, IPÊ uses innovative technologies like: LiDAR (Light Detection and Ranging), to evaluate the forestry biomass and rates of carbon accumulation in areas of revegetation and forestry biomes; remote 104

recorders (“audio recorders”) and the ARBIMON (Automated Remote Biodiversity Monitoring Network) System, for detection of species of birds and amphibians; and camera traps for evaluation of biodiversity in revegetation areas and biomes. The project was developed in partnership with: Laboratório de Ecologia Espacial e Conservação, LEEC, at UNESP Rio Claro; Grupo de Estudos em Tecnologia LiDAR (GET-LiDAR), at ESALQ-USP; Rosanela Farm; Black Lion Tamarin Ecological Station (ICMBio); and Morro do Diabo State Park (IF-SMA).

year, revenues of R$ 6,500.00 were turned to the native sapling nursey, in Nazaré Paulista (SP). Initiatives like this are important to the continuation of some projects. With the nursery, for example, the Institute collaborates to the generation of environmental awareness and provides knowledge on the matter to 700 students in the city of Nazaré Paulista, as well as contributing by providing teachers with an extracurricular activity.

URBAN AREAS

For their 12th year of partnership, IPÊ and Havaianas released a new collection that contributes to conservation of Brazilian biodiversity. In 2016, Havaianas IPÊ brought the beauty of the popular toucan (Ramphastos), the dragonfly (Erythrodiplax fusca) and the coral snake (Micrurus corallinus). Apart from promoting genuinely Brazilian nature, the flip-flops contribute to the socioenvironmental cause: 7% of the net value of each pair is turned to IPÊ to strengthen its conservation work. The initiative between IPÊ and Havaianas is one of the most mentioned and successful examples of Cause Related Marketing (CRM) and, in 2016 alone, resulted in R$ 623,439.82, with the sale of 805,376 pairs of flip-flops.

IPÊ PROMOTES FIRST DEBATE ABOUT THE ENVIRONMENT AND SUSTAINABILITY OF URBAN AREAS In 2016, IPÊ started its new front of operation: Environment and Sustainability in Urban Areas. With the Study Group for Operation in Urban Areas, the Institute promotes discussions with different social players about matters pertinent to the theme. Among the activities developed by the group was promotion of the I Environmental Challenges in Urban Areas Meeting, in Nazaré Paulista (SP), which brought together 10 people from social organizations, city halls and companies who lead in environmental questions in cities. The objective was to discuss with those participating ways to strengthen environmental sustainability in urban centers and also methods to make decision makers view the topic as an important one.

5. INSTITUTIONAL PARTNERSHIPS AND CAMPAIGNS With the Sustainable Business Unit (UNS), IPÊ develops a series of partnerships and activities that promote innovative ideas in favor of conservation of biodiversity. The activities are Cause Related Marketing projects and campaigns, seeking to promote participation of the society in the cause, including the development of socio-environmental projects that generate socioenvironmental and economic benefits to communities living in ecologically strategic areas. Over 800 swam for the Atlantic Forest in the Ecoswim The ninth edition of Ecoswim brought together over 800 people. The event combines sports and environment. Part of the fees for registration for participation in the competition, organized by Poli-USP, are turned to IPÊ, to aid in protection of the Atlantic Forest. This

PRODUCTS WITH A CAUSE

TRIBANCO IPÊ and Tribanco and Tricard completed 10 years of their Cause Related Marketing partnership. The company contributes to the institute through donations connected to some of its products. With each Crédito Certo Tribanco (CCT) operation, R$ 0.10 is donated. Furthermore, 1 centavo of each bill paid on Tricard is also turned to IPÊ, collaborating with the financial fund for sustainability of socioenvironmental conservation projects. In the year, the initiative resulted in R$ 62,646.45 for the cause.

POLLINIZING GOOD Polen is a Brazilian startup that finances social and environmental initiatives through non-conventional tools using the Internet. Using the app and website, any person can donate while shopping online, spending no more to make that donation. IPÊ is one of the organizations benefited. Any person can pollinize and support a cause. www.opolen.com.br

WHEN CENTS ARE WORTH MILLIONS 2016 was the third year of IPÊ participation as an organization benefited by the Movimento Arredondar (Rounding Up Movement). The initiative bets on microdonations to support institutions that generate social and environmental benefits. In the movement, cents are worth very much! On rounding up the value of purchases at IPÊ partner establishment in the Rounding Up Movement, people may contribute to protection of biodiversity. The total rounded up is turned to the strengthening of Institute activities. In 2016, the rounding up for IPÊ generated R$114,523.20. Some establishments donate exclusively to IPÊ, among them Luigi Bertolli, Mercatto, Offashion, Havaianas and Meggashop. GPA, through its Minuto Pão de Açúcar brand, supports the environmental cause as a whole.

LET’S STAY 2GHETER From movie tickets to courses, Get2gether provides discounts and advantages to all donors! On site http:// www.get2gether.com.br/, it is possible to contribute to social and environmental causes with direct donations to NGOs, and you can also join the Clube do Bem (Club of Good), with monthly support. The platform objective is to bring together people, companies and social causes focusing on a culture of donation in Brazil. IPÊ is one of the organizations benefited.

- CAMPAIGNS VIVEIRO VIVO (LIVING NURSERY) In 2016, IPÊ released crowdfunding campaign “Viveiro Vivo” (Living Nursery). Via the Catarse site, R$6,900.00 was invested in the Institute’s school nursey, located in the city of Nazaré Paulista. Apart from being a place for production of saplings for reforestation of the Atlantic Forest and riparian forest, the nursery is an environment for learning that benefits 700 public school students in the city.

IPÊ AT GIVING TUESDAY In 2016, Giving Tuesday took place on November 29. This is a great movement to promote the donor culture in Brazil and worldwide. National mobilization for us to have a more generous and giving country, especially 105


11. report in english

regarding civil society organizations. For this year’s event, IPÊ has expanded its ways of receiving donations, especially with the organization’s new site, with a space exclusively for that purpose. Furthermore, initiatives like the Movimento Arredondar (Rounding Up Movement), app O Polen, site Get2gether and Pay Pal are ways to support the Institute, making donations.

DONATE TO IPÊ USING PAYPAL Since 2016 it is possible to make donations to IPÊ using PayPal: https://www.paypal-brasil.com.br/doe/ doecompaypal. The IPÊ supporter may choose between a single donation or a monthly donation. The funds are invested in IPÊ and help the work for conservation of Brazilian biodiversity and sustainability.

6. ESCAS ESCAS - EDUCATION FOR SUSTAINABILITY One of the main IPÊ objectives over the years since its inauguration has been the sharing of socio-environmental knowledge with greater and greater numbers of people. ESCAS - Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (Faculty for Environmental Conservation and Sustainability) is an initiative based on this principle, training professionals and future leaders in the socio-environmental area. The school is headquartered in Nazaré Paulista (SP) and, since 1996, has already trained 6.171 people in short courses and, since 2006, also offering post-graduate courses: The MBA in Management of Socio-Environmental Business and the Professional Master’s in Conservation of Biodiversity and Sustainable Development.

ESCAS 6.171 students since 1996 07 students educated for free 38 students educated partially for free Short Courses 81 students in online courses 70 students in classroom courses Professionals in government, third sector and businesses; financial institutions; international universities; local universities; university students and people interested in socio-environmental matters. This broad 106

public is enlisted in short courses promoted by ESCAS. Most of the courses bring what is most up to date in the sustainability and socio-environmental conservation markets, added to the IPÊ expertise in its research projects. The proposal is to transform academic knowledge into tools that may be applied to socio-environmental conservation. In 2016, ESCAS offered its traditional short courses like “Ferramentas de Ação Participativa” (Participative Activity Tools) and “SIG (ArcGIS)”. Course Viveiros e Mudas (Nursery and Saplings) has been updated and a new course has been added to the list: “Produção e Comercialização de Orgânicos” (Cultivation and Trade of Organics). Apart from classroom courses, ESCAS also promoted online course “R Aplicado à Análise da Biodiversidade” (R Applied to Biodiversity Analysis). In less than one year, the online lessons reached the broader public, proving the importance of expanding the reach of education for sustainability to a greater number of people. In its international programs, for the fourth time, ESCAS received 16 students from University of Colorado Boulder, for course Conservation Biology in Brazil’s Atlantic Forest - Brazil Global Seminar. “I have always heard very good references of the ESCAS courses and decided to try one, as my future plans include developing an organic product business. I liked the disciplines in the course very much and found the teacher very concerned about bringing very true information about the organic product market. We got a good background both of theoretical and of practical knowledge, which was helpful, as it is not easy to deal with so much information on the topic,” said Adarene Guimarães Silva Motta, a student in the Production of Organic Products short course in 2016. Today, Adarene is a student in the ESCAS Professional Master’s. As a resident of Rio de Janeiro, she explains that she had several opportunities to choose Master’s courses, but that the subjects in the course helped her decide for ESCAS. “The courses given by other universities were not as focused on conservation as this one is. And, to me, that made all the difference. Our group is very diverse. We have biologists, but also a psychologist, a chemist, an environmental manager... people with very different training who are thinking about sustainability. That expands your knowledge, your vision regarding several topics. Another differential is the modular format of the course. If it were different, I would not be able to continue working,” she finishes off. Professional Master’s 15 students in the Bahia group

12 students in Nazaré Paulista 11 Master’s completed in 2016: 7 in Bahia and 4 in Nazaré The Professional Master’s in Conservation of Biodiversity and Sustainable Development has been in operation since 2008, in partnership with the Arapyaú Institute. Recognized by Capes, the course has already trained 78 masters, in courses in the intensive and regular formats, on two campuses: Nazaré Paulista (SP) and Uruçuca (Bahia). In 2016, the course counted on the support of some important partners like Arapyaú Institute, Fibria, WWF/Education for Nature Program, AES Tietê, Duke Energy International - Geração Paranapanema S.A, and Veracel, which specifically supports the master’s in the south of Bahia. “We want to help build a movement to gain scale and effectiveness in conservation of this, a very complex territory. One of our lines of operation is guided by the training of people to operate in this territory in favor of restoration and of conservation. The Master’s is in perfect alignment as it collaborates with the complementation of knowledge and brings knowledge on the area. The more qualified people are to face socio-environmental challenges, the more effective results we will have for the entire territory and, consequently, for the conservation of the Atlantic Forest in the region,” said Renato Gomes Carneiro Filho, sustainability manager at Veracel.

ESCAS SCHOLARSHIP HOLDERS PARTICIPATE IN THE PROJECT In 2016, some ESCAS students participated in project “Developing Technologies to Appreciate Ecosystem and Natural Capital Services in Environment Programs”. The IPÊ initiative counts on the support of Duke Energy, which granted five scholarships to Master’s students interested in developing research for the project. Natália Moretti Rongetta and Anália Fernandes Carneiro are two of the participants who developed their final Master’s products supporting the analysis of natural capital of the Pontal do Paranapanema corridor. “The experience has been great. I already worked in research of birds and they have always been my passion. Studying how they will impact a reforested area is a challenge that I am very pleased to be working on. Furthermore, I am being assisted by IPÊ professionals and by a great team, all working for a single objective,”

said Natália. In her research on birds, the Master’s student is going to study the factors that can influence the life of species in the corridor and her figures will be incorporated into the project. On the other hand, Anália’s work on the quality and regularity of water in the corridor will support the global analysis on the ecosystem of the area. The ESCAS student talks about her experience in the field. “I had never been to Pontal do Paranapanema. Seeing the environmental truth up close was incredible. We stayed at Morro do Diabo State Park and had much support for promotion of this first phase of studies. I am anxious to learn about the results we will have about the water,” she said. Social-Environmental Business MBA - 11 students in 2016 - Students trained since 2012: 33 The MBA in Management of Socio-Environmental Business provides the student with a deeper outlook on global challenges and on sites for socio-environmental development. The course trains professionals in career transition, entrepreneurs and young executives to develop new business models, committed to environmental sustainability. Promoted with the pedagogical support of ARTEMISIA Negócios Sociais (Artemisia Social Business) and CEATS/USP (Centro de Empreendedorismo e Administração em Terceiro Setor/USP – the Center for Entrepreneurship and Administration in the Third Sector/USP), the MBA offers a totally innovative and practical outlook on concepts that currently make the difference in company business and prominent organizations, namely: Socio-environmental sustainability, inclusive business close to the base of the pyramid and shared value. In 2016, IPÊ opened registration for one more MBA group and promoted a meeting between professors, students and alumni for the exchange of ideas and proposals for the course.

7. CONNECT WITH IPE www.ipe.org.br/en www.facebook.com/ipe.instituto.pesquisas.ecologicas www.twitter.com/institutoipe www.youtube.com/canaldoipe www.instagram.com/institutoipe 107


1. destaques, publicações e premiações 2016

11. dados financeiros 108

109


7. dados financeiros

BALANÇO PATRIMONIAL EM 31 DE DEZEMBRO DE 2016 E 2015 (Valores expressos em reais)

ATIVO

Notas explicativas

2016

2015

CIRCULANTE

PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Notas explicativas

2016

2015

CIRCULANTE

Caixa e equivalentes de caixa

4

7.850.710

5.939.691

Fornecedores

11

123.845

186.548

Contas a receber

5

1.561.627

2.666.062

Obrigações trabalhistas

12

96.674

88.122

Adiantamentos

6

48.692

40.076

Obrigações tributárias

8.620

23.770

23.103

13.339

Outras contas a pagar

103.806

20.691

543.151

243.526

TOTAL DO CIRCULANTE

332.945

319.131

10.027.283

8.902.694

Estoques Empréstimos a Receber

7

TOTAL DO CIRCULANTE

NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE Aplicações financeiras

8

14.440.220

13.155.892

Imobilizado

9

1.057.863

914.339

Intangível

10

1.476

2.489

15.499.559

14.072.720

TOTAL NÃO CIRCULANTE

Projetos a executar

13

6.467.716

5.242.264

Projetos em execução

14

1.492.790

2.514.529

7.960.506

7.756.793

Patrimônio social

3.044.122

1.064.191

Superavit / (Deficit) do período

(251.351)

679.404

14.440.620

13.155.892

17.233.391

14.899.487

25.526.842

22.975.411

TOTAL NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Fundo Endowment TOTAL DO ATIVO

25.526.842

15

8

22.975.414 TOTAL DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações contábeis. Acesse em: www.ipe.org.br/ra2016 110

111


7. dados financeiros

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO PERÍODO PARA OS EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2016 E 2015

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE PARA OS EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2016 E 2015

(Valores expressos em reais)

(Valores expressos em reais) Notas explicativas

2016

RECEITAS OPERACIONAIS Receita de financiadores e doadores

16

7.813.954

7.216.261

Receita de prestação de serviços

16

1.183.430

1.147.468

Receita de vendas

16

74.779

140.248

Resultado financeiro líquido

20

341.540

247.182

266.993

13.088

9.680.696

8.764.247

(5.833.916)

(4.378.567)

(97.576)

(74.060)

(4.752)

(15.049)

(5.936.244)

(4.467.676)

Outras receitas / despesas operacionais líquidas

Custos com Projetos

21

Tributos sobre serviços e vendas Custo dos produtos vendidos e serviços prestados

2016

2015

(DEFICIT) / SUPERAVIT DO PERÍODO

(251.351)

679.404

Ajustes de exercícios anteriores

1.300.527

(376.082)

RESULTADO ABRANGENTE DO PERÍODO

1.049.176

303.322

2015

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações contábeis. Acesse em: www.ipe.org.br/ra2016

RECEITAS / (DESPESAS) OPERACIONAIS Despesas com pessoal

17

(776.705)

(894.977)

Despesas administrativas

18

(2.429.145)

(1.997.842)

Despesas com viagens

19

(318.981)

(315.524)

Despesas com Manutenção/ Locação

(232.649)

(229.839)

Depreciações e amortizações

(238.323)

(178.984)

(3.995.803)

(3.617.166)

(251.351)

679.404

(DEFICIT) / SUPERAVIT DO PERÍODO

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações contábeis. Acesse em: www.ipe.org.br/ra2016 112

113


7. dados financeiros

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO PARA OS EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2016 E 2015

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA PARA OS EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2016 E 2015 (Valores expressos em reais)

(Valores expressos em reais)

2015

(251.351) 238.323 1.300.527

679.404 178.984 (376.082)

1.104.435 (9.365) (308.241)

(1.489.293) (3.175) 382.827

Fornecedores Obrigações fiscais Outras obrigações Obrigações trabalhistas

(62.703) (15.150) 83.115 8.551

144.610 15.666 (9.720) (55.301)

CAIXA GERADO PELAS ATIVIDADES OPERACIONAIS

2.088.141

(532.079)

(1.021.740) 1.225.452

1.422.532 727.042

203.712

2.149.574

Aquisições de ativo imobilizado

(380.834)

(133.322)

CAIXA GERADO PELAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS

(380.834)

(133.322)

CAIXA LÍQUIDO GERADO NAS ATIVIDADES OPERACIONAIS E DE INVESTIMENTOS

1.911.019

1.484.174

Caixa e equivalentes no início do exercício Caixa e equivalentes no final do exercício

5.939.691 7.850.710

4.455.517 5.939.691

1.911.019

1.484.174

FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS

Patrimônio Social

SALDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2014

2016

1.101.329

Fundo Endowment

12.125.759

Superavit / (Deficit) do exercício

Patrimônio líquido

338.944

13.566.032

Superavit / Deficit líquido do exercício Depreciação e amortização Ajuste de exercícios anteriores Aumento (redução) nos ativos: Contas a receber Estoques Impostos a recuperar Outros créditos Aumento (redução) nos passivos:

Transferência para o patrimônio social Ajuste de exercícios anteriores

338.944 (376.082)

Fundo Endowment

-

Superavit / (Deficit) do período

-

SALDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2015 Transferência para o patrimônio social Ajuste de exercícios anteriores

(338.944)

1.064.191

(376.082)

1.030.133

1.030.133 679.404

13.155.892

679.404

679.404

679.404

14.899.487

(679.404)

-

1.300.527

-

1.300.527

Fundo Endowment

-

1.284.728

1.284.728

Superavit / (Deficit) do período

-

SALDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2016

3.044.122

(251.351)

14.440.620

(251.351)

(251.351)

17.233.391

FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS Projetos em execução Projetos a executar CAIXA GERADO PELAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS

VARIAÇÃO DO CAIXA E EQUIVALENTES As notas explicativas são parte integrante das demonstrações contábeis. Acesse em: www.ipe.org.br/ra2016 114

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações contábeis. Acesse em: www.ipe.org.br/ra2016 115


Agradecimentos especiais à ilustradora Shirley Felts que nos cedeu o uso das imagens que fazem parte deste relatório. Special thanks to Shirley Felts who provided us with the illustrations contained in this report.

Direção de arte e projeto gráfico: Ana Laet Comunicação Texto: Paula Piccin Tradução: Ament Traduções Ilustrações: Shirley Felts Impressão: Mubbe Soluções Gráficas


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