Agronegócio e Desenvolvimento - Pontos de vista

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produto interno bruto (PIB) da ordem de US$ 13 trilhões. Para o Brasil, é inaceitável a proposta dos americanos de formar essa área de livre comércio, excluindo a agricultura, que é o nosso principal poder barganha, pois, comparado a os Estados Unidos da América e Canadá, nosso setor industrial é muito menor. Na agricultura, ao contrário, temos a maior área de solos ainda não explorados, o que permite a expansão da área cultivada. Temos um clima diversificado, que vai desde um temperado no Sul até um tropical úmido no Norte. Além dos mais diferentes tipos de solos, o Brasil tem condições de produzir grãos, frutas, hortaliças, fibras, madeira etc das mais diferentes culturas, além de ter produção animal diversificada. Certamente, esse potencial agrícola brasileiro é visto como uma forte concorrência para os Estados Unidos. Apesar de ser o nosso principal parceiro comercial, os produtos agrícolas brasileiros são fortemente taxados quando entram naquele país. No suco de laranja, por exemplo, essa taxação chega a mais de 300%. O Rio Grande do Sul sofre as mesmas barreiras alfandegárias quando exporta sapatos e carne bovina para aquele país. Dessa forma, a adesão do Brail à Alca somente deve ocorrer se o comércio for livre para tudo, especialmente em relação aos produtos agrícolas, tanto de origem animal quanto vegetal. Isso seria decretar

Elmar Luiz Floss

definitivamente o alijamento do Brasil no comércio internacional de produtos agrícolas, conquistado lentamente e de forma muito difícil, seja por imposição alfandegária e sanitária, seja pela política dos países mais desenvolvidos. Além de perda de soberania, representaria um retrocesso econômico para agricultura, geração de desemprego, redução de preços dos produtos agrícolas, menor arrecadação tributária e a não obtenção das tão necessárias divisas para financiar nosso desenvolvimento com vistas à melhoria da qualidade de vida da população rural e urbana.

Importações desnecessárias Frequentemente, os produtores rurais do Rio Grande do Sul são prejudicados pelas importações de produtos agrícolas do Uruguai e Argentina. Uma das culturas mais atingidas é o arroz, afetando a renda e a sobrevivência do setor. Depois de uma safra extraordinária de arroz em nosso Estado, cujos rendimentos estão entre os melhores do mundo, os produtores não encontram mercado para a comercialização desse alimento em nosso país. E, quando conseguem comercializar o produto, o f a z por preços aviltados, muito abaixo dos custos de produção. Ao mesmo tempo, e diariamente, caminhões vindos da Argentina e do Uruguai estão trazendo arroz para abastecer nosso mercado.


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