Jornal n.º 111

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SETEMBRO 2015

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Derrotar a política de direita, abrir caminho à

Devolver soberania salários e direitos aos Ao fim quatro anos de governação PSD/ CDS-PP, os trabalhadores portugueses estão empobrecidos e fragilizados nos seus direitos, e o País mais dependente e endividado ao exterior.

A

o contrário do que é apregoado, os enormes sacrifícios impostos logo a partir de 2010, ainda pelo anterior governo de José Sócrates, com os famigerados PEC I, II e III, e brutalmente agravados pelo actual governo de Coelho/ Portas, não serviram para recuperar o País e «salvá-lo» da bancarrota, mas sim para salvar a banca e aumentar os lucros dos grandes grupos económicos, à custa do empobrecimento generalizado dos trabalhadores e do povo português. A drástica diminuição do poder de compra, que resultou do roubo dos salários e pensões e do enorme aumento de impostos, levou O afundamento ao encerramento da economia, a de milhares de pesubmissão do País ao quenas e médias estrangeiro, o retrocesso empresas, incade décadas no bem-estar pazes de resistir social são resultados de à quebra da pro39 anos de governos do cura e ao aumento PS, PSD e CDS-PP do IVA, designadamente no sector da restauração. O desemprego explodiu, centenas de milhares de pessoas, em particular jovens qualificados, foram empurradas para a emigração, a precariedade e os salários de miséria alastraram como nunca antes, restringiu-se seriamente o acesso aos serviços públicos essenciais, nomeadamente na Educação e Saúde, reduziu-se drasticamente as prestações sociais, a população abaixo do limiar da pobreza disparou para níveis históricos. A responsabilidade pelo afundamento da economia, pela submissão do País ao estrangeiro, pelo retrocesso de décadas no bem-estar social, deve e só pode ser assacada ao PS, PSD e CDS-PP, partidos que, em coligação ou separadamente, conduziram a governação nos últimos 39 anos.

Inverter a rota do desastre Face ao inegável descalabro provocado pela política de direita, é imperativo para os trabalhadores travar e inverter esta rota do desastre. As próximas eleições legislativas, marcadas para 4 de Outubro, constituem uma oportunidade para garantir a necessária viragem política. Em primeiro lugar, trata-se de infligir uma pesada derrota à coligação PSD/ CDS-PP, sem dúvida o governo mais odiado pelos trabalhadores desde o 25 de Abril. Mas isso não basta. Na realidade, por trás do folclore eleitoral e das falsas promessas, os partidos responsáveis pelo declínio nacional (PS, PSD e CDS-PP) pretendem continuar exactamente o mesmo caminho. Os programas que apresentam mantêm a subjugação do País aos ditames da União Europeia, aos cons-

trangimentos do euro e ao garrote da dívida, cumprindo zelosamente as directrizes do grande capital. E isso significa o agravamento da exploração dos trabalhadores, a manutenção do desemprego elevado e dos baixos salários, de pesados impostos para os trabalhadores e alívio para as empresas, a degradação das condições de trabalho e a generalização da precariedade, a redução e privatização de serviços públicos, o desmantelamento da Segurança Social. Pouco importa que uns declarem abertamente tais objectivos e outros tentem dissimulá-los com uma retórica «social». As práticas governativas anteriores falam por si. As promessas benévolas para caçar votos foram sistematicamente quebradas por sucessivos governos do PS e do PSD com ou sem CDS, mostrando que os partidos da política de direita não têm qualquer pudor em enganar os portugueses.

Retrocesso económico

Entre 2011 e 2014, o Produto Interno Bruto caiu de 176 mil milhões para 168 mil milhões de euros. Em 2008 o PIB era superior a 181 mil milhões de euros. Em 2013, o nível de vida das famílias regrediu para valores de 1990, ficando 25 por cento abaixo da média europeia. O consumo de bens correntes e serviços recuou dez anos; o consumo de bens duradouros não chegou a dois terços do volume de 2007/2008.

Dívida insustentável Portugal tem hoje uma das maiores dívidas públicas do mundo, que ronda 130 por cento do PIB e custa anualmente perto de nove mil milhões por ano em juros (mais do que o custo anual do Serviço Nacional de Saúde). Em 2010 a dívida pública representava 96,2 por cento do PIB e antes de a crise financeira

Emigração massiva

rebentar, em 2007, o seu valor era de 66 por cento do PIB. Uma parte importante do endividamento público foi destinada ao resgate da banca e ao pagamento de juros agiotas impostos pelos credores internacionais. O défice público, em nome do qual se destruíram direitos, está longe de estar resolvido.

Cerca de meio milhão de portugueses, a maioria dos quais jovens qualificados, foram obrigados a sair do País por motivos económicos entre 2011 e 2014. Trata-se do maior êxodo de que há registo na história de Portugal, que perdeu desta forma cinco por cento dos habitantes e dez por cento da população activa.

Ricos mais ricos Ao mesmo tempo que os trabalhadores foram empobrecidos, as grandes fortunas não pararam de crescer. Hoje, os 25 portugueses mais ricos detêm 8,5 por cento da riqueza nacional, ou seja, qualquer coisa como 14,7 mil milhões de euros.


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